terça-feira, abril 12, 2011

A moça da história.

"Eu pensei em mim, eu pensei em ti, eu chorei por nós. Que contradição só a guerra faz, nosso amor em paz."

Gilberto Gil

Eu poderia usar de sofisma para inventar uma realidade diferente dessa. Mas, eu acho que devo me despir de toda essa roupagem que adquiri nos últimos tempos. Eu não era assim: carente, fraca, impulsiva, obsessiva e possessiva. Dentre outros adjetivos que pesariam ainda mais nessas linhas que vou tecendo confessamente. Acontece que o meu coração entrou em paranóia e anda tão independente que parece não se comunicar entre os outros órgãos dentro de mim, como se ele tivesse vontade própria e mesmo que eu grite com ele, bata, ele se comportará tal qual um menino birrento que só dá atenção as suas vontades.

Eu não queria viver nesse embate. Esse combate que não possui vencedores, esse sentimento estagnado que não evolui e nem regride. E essa perca de fluidez que me incomoda, sabe? É não correr e só discorrer sobre o sentimento, é viver um amor unilateral que me leva a loucura, que me confunde, me afunda em mim. O problema é que assim que entrei pela porta da frente havia alguém sussurrando ao ouvido dizendo: é perigoso, não vá, você vai se perder. Só que eu não dei ouvidos, porque eu sempre fui teimosa. É, talvez você não conheça, mas esse é o meu pior defeito. Eu gosto de pagar para ver, gosto do risco e sempre acabo mal no final das contas.

A minha vontade em escrever é apenas para desabafar o que está arranhando as paredes do meu estômago, essa dor lancinante que insiste em me cortar por dentro. É porque eu me perdi dentro de mim, da minha cabeça, das minhas vontades, eu não tenho as rédeas da minha própria vida. Eu perdi completamente a minha essência e não é culpa sua. É culpa de todos os relacionamentos passados que eu já tive, de todos os erros que tentei corrigir, de todo o não que eu quis tornar sim.


E você apenas surgiu nesse mundaréu de emoções e desconcertos. Num momento completamente errado e confuso. Tentei me encontrar e acabei me perdendo. E quando eu penso que estou no controle é que eu vejo o quão dependente dos meus instintos eu ainda sou. A única coisa que eu quero agora é paz, aquela que o Gilberto Gil canta. Eu só te quero amigo, só que meu desejo se confundi quando eu te vejo. Acho que na realidade é só apego.

terça-feira, abril 05, 2011

Deixe que o tempo cure.

"Deixe que o beijo dure

Deixe que o tempo cure." Zélia Duncan

São pequenas coisas que vão se amontoando, igual ao meu guarda-roupa que insisto em bagunçar, sem cuidado e com desleixo. E ainda assim, devido a minha correria, eu deixo lá sem tocar, sem mexer. Mas, menino, uma hora eu terei que abrir aquelas portas e, sentada ao chão, começar a dobrar e a separar as roupas que já não me cabem. Não está tão longe disso acontecer, entende? Eu olhando para as roupas que insistem em transbordarem pela gaveta e imagino que aqui dentro ainda tem muita coisa a ser descartada, porque há tempos transbordou.



Acontece que, por vezes, eu insisto em guardar todos os resquícios de um possível sentimento. Mesmo sabendo que este está fadado ao fracasso, ao nada. E ainda assim vou alimentando algo que não devia nem ter crescido. O problema é que meu coração, coitado, é terreno fértil. Semente jogada planta na certa. Então, dessa forma, sem razão tu foi crescendo aqui dentro. Não semelhante a uma erva daninha, há quem ache semelhanças, mas prefiro dizer que foi como uma avenca. Crescendo timidamente sem pretensão alguma e hoje tomou proporções que talvez eu mesma desconheça.



Mas sabe quando o coração já não suporta mais? Sei lá. Acho que tanto faz como tanto fez. Sei que escrever sobre o que eu sinto nem é mais prazeroso, porque eu simplesmente não sei mais o que se passa aqui dentro. Acho que é apenas um vício que insisto em alimentar. Talvez você nem more mais aqui dentro de mim. Quem sabe é só questão de tempo para eu enxergar isso. E sabe, não me dói mais essa expectativa do fim.