sábado, agosto 28, 2010

Mês do desgosto?

Não é o mês de agosto que me faz chorar incessantemente. Não é o calor de Brasília que frita os meus miolos, muito menos a fumaça que insiste em cobrir o cerrado e coçar meu nariz que me tira o ar. E o problema todo é: eu não reconheço. Qual é o problema? Eu queria continuar a escrever simplesmente pelo prazer de olhar a beleza das letrinhas que vão formando lindos contos. Eu queria acreditar que eu ainda consigo escrever algo que realmente preste. Mas, eu não consigo, eu não consigo. Talvez eu devesse me esforçar mais. Talvez.
Eu queria ter sonhos de criança, mas eu não queria ser a criança que fui. Não em alguns momentos. A minha infância me dói, arde e ela permanece tão viva e aberta, tal qual uma ferida a cicatrizar.

Tenho saudades das minhas bonecas. Saudade de esperar meu pai chegar em casa com cocadas e doces de abóbora. Sinto saudade de pentear-lhe os cabelos, de ouvir as histórias que o meu avô nos contava, a mim e meus primos, na calçada. Eu sinto saudade de brincar de pique-esconde com meus vizinhos, de atravessar a rua de mãos dadas com o Alan. E sinto, sinto, sinto. Que me falta tanta coisa e eu não sei. Que há um oco dentro de mim, que ao mesmo tempo que eu sinto, eu não consigo sentir. Tenho saudades de tantas coisas, que no final; resumindo - sinto saudade é de mim.

Onde é que eu deixei a mala com a minha felicidade? Em qual estação? Eu invento poesia, invento história desde sempre e as pessoas acham tão lindo, que menina talentosa. Quando na verdade não compreende que eu escrevo para me esvaziar da dor que eu sinto. Essa dor que eu sinto desde sempre e não é nova. E então quando eu digo que estou chovendo, que meus olhos estão "neblinados", as pessoas suspiram. Por quê? É dor. A dor é bonita? A culpa é minha, fico vestindo as minhas aflições com seda, mascarando a dimensão delas e todos pensam: é literatura. Porra. Por que eu estou aqui, assim e sem ideais? Eu vejo tantas portas, tantas saídas e me falta força nas pernas para caminhar. Falta-me coragem.

A verdade é que eu gostaria, realmente, escrever sobre amor é gostar de ler. A verdade é que a cada dia eu vou morrendo um pouco mais.

E talvez, talvez amanhã eu não esteja mais aqui.

[desculpem, mas eu realmente tirei os comentários desse post. obrigada]

sexta-feira, agosto 20, 2010

LH.

"Você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem." Caio F.

Os seus olhos azuis piscina me vem a mente desde sempre. Talvez, a vontade de me desvencilhar continuasse, mesmo que contida, aqui dentro do peito - impossível. O que sinto é que você ainda vive em mim, mesmo que as circunstâncias nos impeça de tocarmos o coração um do outro. Sim, como outrora fazíamos, peito com peito sentindo o compasso e o pulsar através da pele do outro.

É que estes dias você me vem em sonhos com tanta frequência que não compreendo. É como se o tempo quisesse me lembrar que em teu colo o frio não me cercava, que abraçar você durante o intervalo da aula era necessário. Mas, infelizmente, o destino foi responsável por nos separar. Contudo, agora que te vejo frente a frente novamente. Me dá uma vontade de te abraçar novamente e dizer: "existe um pedaço teu aqui dentro de mim."
Só isso.

Terei seus beijos novamente. Hoje à noite, em meus sonhos.

sábado, agosto 07, 2010

Último sonho.

"Faz um bom tempo que a vontade de escrever e de poetizar se resume a você."
Caio F.

Tive vontade de esmagá-lo contra a parede. Assim, com violência, como quem deseja ardentemente encurralar alguém. Efêmero. Quis apenas alguns centrímentos distante de tua boca, o suficiente para que sentisse o ar quente umedecendo os meus lábios. Embora as minhas pernas estivessem trêmulas cobiçava o teu gosto. E olhando os teus olhos confusos esboçei um sorriso de canto, convidativo. E enquanto os meus olhos, minhas mãos e todo o meu corpo te convidava a morar em mim, sentia minha cabeça pensar e pesar tudo o que viria depois: o abandono, o desespero, a saudade e, inevitavelmente, a dor. Esta que amarga, que me enlouquece e me prova cada vez mais que nada tenho de ti. Nada. Nenhuma palavra, um gesto -, apenas as minhas alucinações. Afastei-me e chorei.

Por alguns poucos minutos de coragem eu estive preparada para o que viesse. Para o não do outro dia, a indiferença e o telefone que continuaria mudo lá. Eu estava preparada para qualquer coisa, um pouco porque não aguento mais esperar que você me note ou deseje estar próximo a mim. Desejava que os meus olhos não me traissem, não revelassem que eu morro um pouquinho a cada dia que se passa, porque eu me sinto desnecessária em tua vida. Como se nunca tivesse existido para você e sofro. E estes meus sonhos tornaram-se tão constantes que desejo que à noite se aproxime logo para te encontrar.

Desejava ser urgente para ti, assim como tu és para mim. Mas sei que não sou e por saber que não há brechas, nunca houve margem e não possuo sequer o direito de reivindicar alguma coisa me isolo. E assim, submissa a ti, te desenho perfeitamente do modo que gostaria que fôssemos um ao outro, sem reservas, apenas sendo. E meu coração tão fatigado já não sabe qual caminho deve seguir, porque sinceramente, eu já não espero nada de você. Desejo apenas arrancar você daqui de dentro. E isso, nada mais é, do que a pura verdade.

Olhe. Se eu pudesse te dizer tudo o que penso em relação a você, a nós, diria que os dias tornaram-se azuis desde que te conheci. Que respirar tornou-se mais fácil e que amar agora me é macio. Mas, abstenho-me a dizer: amar você foi bom, mas eu arranco definitivamente, ou tento, a partir de hoje.

É, bonito. É o fim.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Querido, M.

Por favor. Não olhe dessa maneira. Os teus olhos me ferem mesmo que não seja a tua intenção. Dói-me apenas. Porque eles me provam o contrário daquilo que as pessoas tentam colocar em minha cabeça, e eu, submergo nestes. Entrego-me. Encontro o fundo e aconchego-me lá, nas tuas lembranças, nos teus sorrisos muitos e me perco.

Compreenda-me apenas. A questão não é desconfiança e sim insegurança, entende? Talvez medo. Acontece, porém, que os meus braços desejam tanto os teus que a minha vida começa a passar como um filme colorido. Não quero aplicar o preto e branco a nossos momentos vividos, pois seria apagar o cor dos teus olhos, a nuance de teus lábios e tudo aquilo que deu vida a nós, àqueles dias que serão tão nossos, quanto um filho é de sua mãe.

Perdoa-me por querer fazer destes momentos únicos, tal qual, relíquias a serem depositadas em um relicário. Entenda-me, por favor. Intocado ele continuará lindo, perfeito. Talvez, eu seja uma tola e não compreenda o que o destino nos reserva. Eu desejaria não ter ouvidos, não conhecer ninguém, mas infelizmente eu os ouvi.

E (...) droga. Doí-me sonhar com o depois. Quando não houver mais laços entre nós, quando tu decidires entregar os meus abraços a outra pessoa. E me sinto mal por desejar que não haja ninguém na tua vida. Egoísta. Sim, sei que sou. Mas enquanto não houver em mim, em meu coração, uma chance ou talvez uma luz para me mostrar o caminho desejarei ser para ti a única.
Apesar de.

Com amor,
L.