sexta-feira, setembro 29, 2017

Pra dançar com você


Hoje eu só queria levantar as mãos pro céu e fazer um pedido. Gostaria de pedir a Deus para que você ficasse, sabe? Meu desejo era que você não viesse com data marcada de partida, que você chegasse calmamente e desfizesse as malas no guarda roupas do meu coração. 

Sabe por quê?  É que esse peito já anda cansado das despedidas, já anda sem forças para lidar com beijos finais. Então, só te peço que fique e nada mais. Mas fique pra fazer a diferença, pra organizar toda essa arruaça que tem aqui dentro e me mostrar que todas as teorias que me ensinaram de negativo sobre o amor é tudo mentira. 

Não ligue pro meu sorriso meio forçado, ele já se tornou natural, é que a última pessoa que passou por aqui deixou um estrago danado, sabe? Então ouça bem. Aceita fazer um trato? Vamos procurar não falar do passado, vamos deixar pra lá nossas dores e os planos que não deram certo. Vamos investir mais em sorrisos e em menos lágrimas. Vamos esquecer quem nos feriu e agradecer quem nos uniu. Vamos falar da gente, do quanto teus olhos me encantam e dos caminhos que temos que percorrer em busca dessa tal felicidade que tanto falam por aí. 

Até lhe peço desculpas. Pareço até um tanto quanto egoísta, eu sei. Estou aqui há exatamente 40 minutos falando sem parar das minhas frustrações e esqueço que em teu peito devem haver muitas cicatrizes de amores que fizeram você se sentir horrível também. 

Então faz assim: cola comigo e a gente se ajuda. A gente faz uma promessa em não ouvirmos mais aquelas benditas músicas que parecem uma verdadeira máquina do tempo e que nos remetem ao nosso passado. A gente vai esquecer - tenho muita fé - até porque se ainda o que sentimos não é amor, com certeza - um dia - poderá vir a ser.

Só segura minha mão e entenda que tenho meus medos. Sim, é bem verdade! Só que dessa vez não vou ter medo de viver, dessa vez não vou ter medo de me apaixonar e me entregar de verdade. Vou colorir minha vida, vou deixar que a minha retina veja a vida por outro prisma, porque sei que mereço.  

Quer saber de uma coisa? Dane-se tudo e todos, vou cuidar de mim, aliás vou cuidar da gente. Vou animar mais a minha alma com a música que sai da tua voz quando diz o tanto que me adora. Pra quando o teu amor bater na porta do meu coração eu abra com um lindo sorriso e te convide a dançar. 



quinta-feira, setembro 28, 2017

Não tenha medo de amar.



Enfurecida, era assim que eu estava, depois de tentar permanecer passiva. A raiva finalmente tomava conta. Ver o John tentando me acalmar, vê-lo com tanta paciência era o ápice da minha indignação.

- Até quando você vai decidir nossas vidas sozinho? Não, nós não vamos suportar a distância. E não, não vou mudar com você. Você sabe que não vamos conseguir!

Estava tão exaltada, acho que foi a primeira vez que me senti assim. Não queria perder o que tínhamos, ele era o meu suporte, minha bússola. Não ter abraço forte do John era não me ter. A vida já tinha me dado tantas surras, por isso acabei me tornando uma pessoa egoísta, caprichosa e que muitas vezes foge do que provoca alguma emoção. Mas ele era minha maior contradição. Estava totalmente apaixonada, sem razão e egoísta por não aceitar ser deixada como um móvel velho. Eu sei que ele precisava do emprego, era uma grande chance na sua vida, mas isso significava a derrota da nossa continuação.

- Nós vamos dar um jeito, sempre foi assim. É um tempo. Te levo comigo ou volto. Sempre vou voltar para você. Nós estamos ligados, lembra?

Então pegou minha mão, fez carinho, encaixou sua outra mão no meu maxilar. Meu coração acelerado, tentei morder a boca para evitar o choro. Meus olhos brilhavam como se tivessem mil estrelas cadentes. Era a minha queda. O meu desejo era me embrulhar no seu peito. Ele é tão grande, eu tão frágil. Meu orgulho tomou as rédeas.

- Vou embora. Não quero ficar aqui, não é uma boa hora.

Enquanto disse isso procurei olhar para qualquer lugar, não queria encarar e perder a coragem. Apertei as chaves, tomei distância dele e foi como cortar um laço. Estava abrindo a porta quando seu corpo me apertou. Quase esmaguei a textura da roupa dele. Me pegou no colo, pegou minhas pernas. Me achei segura na firmeza dele e da parede. Nos beijamos. Nos beijamos com desespero, uma intensidade inesgotável. Era assim, tínhamos o agora, amanhã algo já estava tentando nos separar. Mas nossa conexão era tão forte.

Nossa saliva se misturava, molhado, suave, quase até perder a respiração. Navegava com meus dedos na sua nuca, pescoço, peito. Nossas línguas já eram náufragos felizes que dançavam. Estávamos controlados pelo descontrole. Perdíamos a direção juntos. Na escada, na mesa da cozinha, na sacada, no chão, na cama. Cada átomo do meu corpo implorava para ser dele, cada partícula. Estava tão apaixonada. E era assim. Nos tomávamos um só. 

Deitada embaixo do John, nos olhávamos, sentia seu beijo na minha testa, seu carinho. Tirávamos a roupa, enquanto a luz laranja da luminária cobria e devorava tudo aquilo que tocava. A pele que rodeava, colonizava, aquecia. Uma alma fazendo morada na outra. Como o mar que se envolve até ser uma coisa só. Até não saber mais quem é de quem. Até aquietar os pensamentos e esquecer o tanto que machucava imaginar nossa separação.

Existem coisas que estão fadadas ao fim, e você sabe, então tenta adiar. Quase suplicando mais um instante. Uma aposta, jogo de azar. Como poderia dar certo se é amor e vivemos nesse mundo caótico? Mas eu amo, não posso fazer mais nada a respeito, me joguei conhecendo as consequências. E aceito. E não me arrependo. Nem por um segundo, nem por descuido. Sei que si existisse a possibilidade viveria uma e outra vez. Assim. Ligados. Como dois corpos completamente entregues, que logo serão velhos, um dia só o pó. Então me diga, qual o sentido disso tudo senão sentir? Qual a graça em não ser feliz por medo de sofrer?


quarta-feira, setembro 27, 2017

Eu tenho medo de te esquecer.



O tempo, sempre traiçoeiro, corrompe nossa memória sem ao menos pedir licença. Bagunça nossas gavetas secretas, misturando lembranças que julgávamos estarem muito bem vivas e organizadas. O tempo não perdoa, meu caro.

Como era mesmo a barba dele? A voz, lembrava Cazuza ou Renato? Não, os cabelos eram do Cazuza, a voz é que lembrava Renato. Ou seria contrário? O andar era calmo? Às vezes acho que era apressado, em passos curtos. — Por vezes me pego te esquecendo um pouco, ainda que esquecer de ti seja humanamente impossível. Seria esquecer, também, de mim.

Tempo... É danado pra confundir a gente, sabe. Têm dias que acordo inverno, mesmo que o sol me bata à porta e acabe invadindo tudo pelas janelas. Tem dias que fecho as cortinas e gosto de contemplar o breu do quarto vazio. Há pouco tempo que dividia o espaço com tuas malas e teu violão. Era marrom ou branco? — Dele não me recordo. Em contrapartida, sinto gosto de brigadeiro, sendo devorado ainda quente enquanto colocávamos o papo em dia.

Dia desses pude jurar que te vi na rua, parado no semáforo dentro do carro ao lado. Esfreguei os olhos com força e, confesso, me dei uns tapas na cara julgando ser culpa do sono. Olhei novamente e o rapaz em nada lembrava teu rosto. Era possível que eu estivesse te esquecendo? Logo eu, que conheço cada traço da tua... Conhecia. Percebe? Os verbos se confundem tanto quanto as nossas lembranças. Será que aí, do outro lado, de onde sei que me observas em silêncio, também esqueces das coisas? Duvido.

A verdade é que tenho medo, sabia? Tive medo no instante em que recebi aquele telefonema, por saber que os anos seriam mais difíceis sem tua risada de menino e teu abraço de homem-urso. Tive medo quando abri a porta de casa e não foi pra te receber. Tive medo de dar partida no carro. Tive medo quando saí na rua e o sol te traía, brilhando como nunca. Tive medo de, um dia, ser como o sol e não me importar com a tua ausência enquanto brilha.

Sei que não deveria, mas tenho medo da velhice. Não pelas rugas ou pela fraqueza nos passos. Não temo perder a força ou esquecer o caminho de casa. Poderia perambular pelas ruas, poderia me esquecer de quem vejo refletida no espelho, mas nunca me perdoaria se, por um instante que fosse, eu me esquecesse de você.


O tempo não perdoa, meu caro. Por isso, te peço, me perdoe se eu — mesmo lutando com todas as minhas forças — falhar. Não é por mal. O tempo bagunça nossas gavetas secretas, misturando lembranças que julgávamos estarem muito bem vivas e organizadas. Traiçoeiro, corrompe nossa memória sem ao menos pedir licença.



terça-feira, setembro 26, 2017

30 seconds.



O tempo titaqueia sem parar: piscou e abriu os olhos ele já acabou. Poderia ser uma história, uma música, um grito, um pensamento, mas são os segundos que me jogo sem medo de me estabanar no chão. Ele é meu, não é de mais ninguém, a rotina me consome, muitas vezes ela me engole, mas eu estou tão acostumada com a adrenalina que nem ligo pra tudo que se passa desapercebido, é uma mensagem que depois eu respondo, é aquele GIF engraçado que na hora eu nem dou tanta risada. São aquelas intermináveis fotos de bom dia no grupo da família. Um emoji daqui, um “tô ocupada dali” o baile segue, e se passam horas atrás de horas.

Dias, semanas, meses e anos, e tudo que me resta são 30 segundos. Eu sou egoísta e me permiti ter o luxo de gozar desse instante para meu único proveito. A nossa mente não desliga, a minha é hiperativa até mesmo quando estou dormindo, sonho com o trabalho e acordo para realiza-lo, troco meu café pelo almoço, e algumas vezes até esqueço que tenho que jantar. Mas dos meus 30 segundos eu prometi nunca mais abrir mão.

Ali, debaixo do chuveiro, com a água que molha meu corpo e leva a tristeza, as alegrias, a canseira da alma e muitas vezes do meu coração, eu me apoio na parede, fecho meus olhos, e me deixo libertar, e conto até 30, a cada número que sobe em minha contagem é uma dose de vida que sinto ser injetada em meu organismo.

Ali, eu me dou o luxo de ser quem eu quiser, a princesa, a bandida, a pessoa que ama e a pessoa que não quer a casa com uma cerquinha branca, me deixem apenas os cachorros, enfim, durante 30 segundos eu sou minha, apenas minha e de ninguém mais.

Não tem pai, mãe, melhor amiga, namorado ou quem é que seja, os segundos são meus, eu relaxo o meu corpo, eu me permito voar mesmo que meus pés continuem plantados no mesmo lugar. Eu solto o peso dos ombros, e foda-se se o mundo irá desabar, ali não tenho preocupações, não tem dramas, nem saudades, sou eu olhando reflexivamente para o meu “eu” interior.

Não importa de quantas horas será o meu banho, e no que minha cabeça irá pensar enquanto eu estiver ali, se vai me dar vontade de cantar, de sair correndo por que o dia foi um porre e tudo o que eu quero é cama, chocolate quente e Netflix, não importa se eu vou ter a festa mais importante do ano, todos os dias eu me prendo numa bolha de 30 segundos, onde o mundo é meu e eu posso ter e ser quem eu quiser.

Quando eu me recomponho, encaro de novo a realidade, eu saio dali com a força que Davi derrotou Golias. Eu me sinto viva, me sinto capaz, e nada e nem ninguém rouba isso de mim. Não sei como é seu dia, não sei como é sua rotina, não sei qual é a sua rota de fuga, mas acreditem, tirar nem que seja 1 segundo pra você, pode lhe impedir de desmoronar perante todas as outras horas que não irão lhe pertencer. 


segunda-feira, setembro 25, 2017

Moça de vermelho.





►Leia ao som de Lady in red, de Chris de Burgh◄

Lady in red toca na Antena 1 e a moça, que estava lendo distraída, se desconcentra e volta à adolescência. A voz açucarada de Chris de Burgh leva a moça aos seus quinze anos, à vontade de desbravar o mundo e viver um grande amor. Ela suspira profundamente e ri de si mesma, agradece a Deus pelos anos percorridos até ali e se descobre muito feliz. Não viveu um grande amor, mas viveu histórias que lhe trouxeram lições. Tornou-se uma mulher bem-sucedida, escreveu alguns livros dessas lições e, compreendeu que a vida nem sempre é como queremos: ela pode ser melhor do que imaginamos.

A moça abandonou seus cabelos castanhos, longos e encaracolados e hoje se mantém loira. Tanta coisa mudara na vida dela. Tanta coisa boa e bonita lhe aconteceu. Tantas quedas a vida lhe causara. Cicatrizes benditas e repletas de bençãos. Hoje ela aprendera que cair é para quem caminha, só cai quem dá passos ao futuro, às suas vontades. Ela cai, mas sempre se ergue. Sempre mais forte, sempre mais madura. Quedas benditas, bendiz ela.

Lady in red no final das contas, naquele carro, naquela rádio, não é somente uma música. É um hino de superação. É um voltar de olhos ao passado e vislumbrar todas as armadilhas, todas as lágrimas e poder abençoar aos céus pelo cuidado até aqui. Lady in red não é uma promessa de dias felizes ou de um amor avassalador. É somente uma lembrança bonita de que tudo na vida é lição, de que nenhuma queda fora capaz de fazê-la permanecer no chão.

Lady in red é amostra de superação. 
Ela sempre se supera e, no final das contas, é feliz.




terça-feira, setembro 05, 2017

Eu amo cada pedaço teu.



Eu amo cada pedaço teu. Cada pintinha desenhada em teu rosto. Cada pelo espalhado por tua pele. E gosto da forma como você me olha e, sem esforço algum, me desvenda. Gosto de me olhar dentro dos teus olhos e saber que o motivo da tua felicidade ou de alguma risada gostosa tua sou eu. Gosto quando me cantas, mesmo que desafinadamente, canções para me enamorar. Gosto das tuas pequenas-grandes declarações de amor. Gosto de como o meu nome sai macio da tua boca. Como as sílabas soam doces. Gosto quando você chega ao pé do ouvido e me chama de linda. Gosto, mais ainda, quando você sobre mim me fita os olhos. Gosto do nosso enroscar de pernas. Do nosso entrelaçar de vidas. Do nosso enlaçar de almas.

Gosto de me fundir em você.

Eu amo cada verso teu. Aqueles que se transformam em poema quando tu me amas em silêncio. Gosto da forma que você se faz poeta para me fazer musa tua. Gosto de saber que você é mais feliz desde que cheguei. Gosto de saber que você é diferente depois que me fiz em você. Gosto de saber que construímos uma história e que vamos construindo, apesar de todas as adversidades, um enredo tão bonito que é digno de películas cinematográficas. Gosto quando tu me abraça a alma e me faz pequena em teus braços só para me aninhar igual uma criança. Gosto quando tu me exalta e me faz grande só para admirar o meu talento. Gosto quando você me promove. Gosto, mais ainda, quando você se envolve. Quando faz dos meus sonhos os teus. Quando também me permite abraçar os teus sonhos.

Gosto de estar com você.

Eu amo cada dia ao teu lado. Dos azuis aos cinzas. Dos dias ensolarados aos dias de chuva. Gosto como você me pega na mão e me aponta o caminho. Gosto, mais ainda, quando você me dá a mão e caminha ao meu lado. Gosto de olhar pra você e perceber que a história se desenha para nos fazermos mais fortes. Gosto de olhar para nossa história e perceber o quanto crescemos. Gosto de olhar para o que vivemos e perceber que tudo na vida há uma razão. Gosto de saber que sou amada. Gosto de ver em teus olhos que sou amada. Gosto de sentir em teus lábios que sou amada. 

Eu amo cada pedaço seu.