quarta-feira, dezembro 18, 2013

Meu José


Se meu coração tivesse uma caneta em suas mãos sairia por aí fofocando e desnudando os sentimentos que me invadem neste momento. Meu José. O José. Ele tem o sorriso que me desarma quando eu tento reprová-lo por alguma ação. Não há como manter o rosto rígido “furioso” quando ele olha nos meus olhos e repete com a voz doce aquilo que eu acabara de dizer. Ele tem o dom de desenhar os meus melhores sorrisos, como um escultor que – cuidadosamente -, esculpi a sua obra. Ele arranca a felicidade dos meus lábios.

Há dias eu penso em discorrê-lo nas minhas linhas, mas achava que poderia roubar um pouco da beleza disso tudo. Bobagem. Eu que há muito falava sobre amores platônicos, hoje vivo um recíproco e meio que não sei como lidar. Como recebê-lo. É doce. É impressionante. É assustador – a maioria das vezes, mas é confortável.

Escolhi me dar uma chance ao receber o seu primeiro abraço, porque envolvida em seus braços me senti como se ali fosse minha casa. E, embora houvesse uma pequena relutância eu me deixei levar pelos abraços, pela fala mansa e macia que ele tem, pelo abraço caloroso e pelos sonhos que ele tece ao pé do ouvido. É assustador: eu repito.

Eu me apaixono todos os dias – irremediavelmente – quando ele me olha nos olhos e responde aos meus questionamentos. Quando ele me abraça e diz que há medo no sentir, mas que ele está disposto a correr o risco. Ele me apavora e me devora. Devora o meu coração e todas as borboletas que ali, por anos, se mantiveram instaladas.

Quando saio por aí e as suas mãos se entrelaçam às minhas sinto que meu coração facilmente poderá explodir. É esquisito. É como se não estivesse em meu corpo, como se não fosse eu ali. E mesmo que tantas vezes eu sinta vontade de soltá-lo, meu coração diz que as nossas mãos sempre formaram um laço.

Eu me vejo em seus olhos e a sensação que me dá é que posso derreter a qualquer momento. Ele me apaixona em todas as suas formas de ser. Quando observo o meu reflexo em sua íris me dá vontade de chorar, porque eu me desconheço e sinto que estamos dentro um do outro. É absurdo. Sei que é. É tão novo. Tão novo esse sentir. Ele me tem e acho que não sabe o quanto. Talvez nem eu saiba.

quarta-feira, outubro 30, 2013

A alma que poetiza (a poetisa)



Talvez eu acenda mais um cigarro esta noite e transborde o cinzeiro que você tanto detesta. Ou talvez eu apenas vire o rosto para a parede e durma sossegado. As letras não rabiscam mais o papel com a mesma facilidade e escrever me é, demasiado, doloroso.  São urgências inadiáveis estas que me levam a ti. No pensamento. No peito. É, Teodora. Ando te adorando em todos os passados e versos indizíveis e tu não olhas sequer para o telefone que te grita a noite inteira. 

Talvez eu beba mais um copo de vodca. É, eu ando bebendo aquela vodca barata nos copos americanos que peguei no boteco do meu avô. Quer algo mais decadente? É a decadência que os teus versos me impõe. É a ausência deles que me suprimem o ar e tudo aquilo que pode gerar oxigênio ao meu redor. Diziam que poeta era pessoa triste. E eu ando me vestindo plenamente esse ditado.

Ah, Teodora. Tu não vês que sou eu quem te adora? É um adorar sem controle, desenfreado e sem porquê. É uma manifestação involuntária que atravessa o meu interior feito lança rasgando-me por inteiro. Ah, Teodora! Se eu conjugar o verbo adorar tu estarás  iniciando cada tempo, adornando com tua beleza todos os modos verbais.

Seja-me o verbo, querida. 
Ou me dê a oportunidade de tê-la aqui tão somente. Cale os meus versos tristonhos e sem vida. Tire-me dessa sina de ser um poeta louco. Rasgue as minhas folhas. Queime os meus cadernos. Me tire de mim. Roube essas letras que me cortam inteiro. Corte. Recorte. 


quarta-feira, outubro 23, 2013

Jardineiro


Você começou a primavera dentro de mim, e não importa em qual estação esteja sempre haverá flores crescendo aqui dentro. Você que é o jardineiro que me cultiva e a razão pela qual espero as tão sonhadas borboletas. Um coração que se deixa virar solo e se permite abraçar sementes. Você, menino, que me colore a vida com hortênsias, margaridas e gérberas. Você que transforma a minha alma em uma roseira. É impossível não desejar que a vida floresça quando te vejo e me apaixono por seus olhos de estrelas. Você que é constelação, é espelho de estrelas.

segunda-feira, outubro 21, 2013

Sobre confissões

I was cryin' when I met you
Now I'm tryin to forget you ♪♫Aerosmith.



O amor é um doce sofrimento. E talvez seja por isso que nós nos apegamos a ele mesmo sabendo da sua letalidade. Fazemos de nossos corações um relicário onde depositamos o sagrado sentimento, sem ao menos importar se ele está ou não maculado. Houve um tempo em que quis preservar um amor dentro de mim, embora ele estivesse envolto de amargura. Era uma espécie de contentamento deixá-lo ali, porque os momentos bons sobressaiam aquilo que era bom. O maior erro que cometemos é tapar os nossos olhos à verdade. Deixar que o amor que sentimos pelo outro seja sempre superior aos defeitos.

Estive pensando esses dias o poder destrutivo que alguns têm sobre nós. Não há como negar que nossos caminhos são traçados em linha reta e, muitas vezes, quando desviamos em alguma curva a vida dá uma desandada. A gente dá amor a quem não merece e o nega a quem daria tudo por ele. Bem sei que muitas vezes por arrogância deixei pessoas maravilhosas passarem por mim vida. E também sei que dei valor aquilo que não tinha. É como pagar mil reais em uma bijuteria que vale menos de 15. Seus olhos brilham ao vê-la, mas não se enxerga como ela realmente é. O 'amor' é uma bijuteria que você paga como joia. 

terça-feira, outubro 15, 2013

Azul

É azul.

A vida anda pintando tons diversos desde que aprendi a enxergar você. Ando desenhando a tua face por aí nesse céu de brigadeiro que os dias de Brasília vêm nos presenteado. E, aprendido também a entender que as pessoas são o que são. Com seus defeitos, seus medos, suas histórias e seu passado. O céu que me apaixona os olhos traz uma nostalgia não vivida. Uma prece que os dias corram devagar e que corramos juntos em direção aos nossos sonhos. É azul. Isso que me invade e traz ao meu coração uma paz e o anseio de que sejamos um. É a cor que vem adjetivando as minhas vontades. E tudo isso vem acontecendo sem ao menos – propriamente – acontecer. Mergulho em tons azulados e te encontro a cada céu-mar.

É azul.
Você é.


Você dobrou e desdobrou o meu coração com a facilidade de alguém que brinca com origamis. Veio sem razão aparente sambar bonitinho dentro do meu coração. Onde versam prosas sem nexos e poemas sem pretensões. Sei que é azul. Porque sinto do azul brotar o amor.  O amor que o vermelho esconde tantas vezes.

quarta-feira, outubro 02, 2013

Guerra ao coração

A vida ensina a cada minuto o que devemos fazer, mas não estamos atentos aos sinais. Preferimos observá-los de rabo de olho e dizer: "isso não é para mim." E, desse modo, aceitamos as coordenadas que o nosso coração nos dá. O coração é enganador, meu caro. Vive sob efeito letárgico das paixões e emoções que afloram dentro de nós. E não se dá conta do perigo iminente correndo mais rápido que um guepardo em nossa direção. E o maior problema de tudo isso é que o coração, alimentando assim o amor, nos dá uma coragem tremenda de enfrentar tudo e todos. Só que nem sempre ganhamos essa guerra.

segunda-feira, setembro 30, 2013

Ah, a felicidade!



Aprenda que você veio ao mundo sozinho e, por isso, não depende de ninguém para que ela faça sentido. A felicidade não deve estar amarrada a  alguém. Você tem que se bastar. O problema é que depositamos todas as nossas fichas em pessoas que sequer compreendem a grandeza daquilo que sentimos. E não, não podemos exigir que estes nos amem de volta. Afinal, as expectativas são criadas por nós em nossas mentes e corações. Dê asas ao seu amor, deixe que ele voe, o que há de ser seu encontrará o caminho de volta. Mas, por favor, ame-se primeiro. O que vier será consequência desse seu amor.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Esvazie os cômodos


Cuidado com a carência. Ela pode ser uma arma engatilhada na sua cabeça sem que você perceba. Algumas pessoas leiloam seus corações com o intuito de se livrar do rótulo de solteiro. Dê seu coração a quem você acha que merece. Àquele que faz seus olhos brilharem quando passa, à moça que com carinho te veste de gentilezas desinteressadas, ao rapaz que com um bom dia consegue acelerar o teu coração. Não entregue a qualquer um ou porque acha que ninguém jamais te amará. Não dê motivos para que os outros acreditem que seu coração é um objeto. Não dê.

O problema é que abraçamos a primeira oportunidade de abandonarmos esse título e pouco nos importamos se estamos preparados ou não. Limpe a casa. Organize todos os cômodos do seu coração e aguarde o momento certo. O ditado que diz que devemos cuidar de nosso jardim para atrairmos as borboletas é verídico. Não há como receber um visitante sem condições de recepcioná-lo, acolhê-lo. Ele sairá batendo a porta em questão de tempo apenas por causa de sua desorganização.

O amor não tem que ser desesperado. Ao contrário, devemos deixar que ele surja aos poucos. Que ele nasça insuspeitado e sem razão de ser. Assim como as lianas que aos poucos se enroscam à árvore que desejam viver, ‘namorar’. O amor deve ser aguardando, mas para que isso aconteça devemos dar espaço para que ele cresça em nós. Não há como ele sobreviver em nosso interior como se vivesse espremido em uma despensa.


Por isso eu digo: esvazie os cômodos, limpe todas as gavetas, desfaça-se daquilo que não lhe cabe. Deixe os sentimentos antigos de lado, não se atemorize com o passar do tempo, não seja afoito. O amor surgirá quando menos você esperar. Assim como uma borboleta que pousa sem prévio aviso em nossos ombros. Paciência é uma virtude. Se é.

quarta-feira, setembro 25, 2013

Quanta saudade cabe em um olhar


Ao amigo Charles J. Bravo.
Por ter me dado hoje – em um dia tão cinza –
 o vigor necessário para continuar.




Acontece que saudade não é coisa que se mede com fita métrica. Mas, conseguimos entender a sua dimensão em um abraço guardado em nossas memórias. Meu coração relembra – feito uma película cinematográfica -, o abraço caloroso e os olhos que anunciavam uma tempestade. Ele abraçando-me chorou sobre os meus ombros e sem esperar apenas acolhi. Até que a emoção transbordasse e inundasse o meu coração também. Ele trouxera do norte a docilidade que o centro-oeste desconhecia. Conquistou e roubou para si metade do meu coração.

Quanta saudade cabe em um olhar? Cabe a conversa de uma tarde inteira e confissões meio adolescentes. Cabe a história de uma vida inteira de decisões e decepções. Cabe também um adeus (não dado) aos pais em uma pequena cidade interiorana. Cabe a saudade de um amigo que partiu sem ao menos dizer adeus e que resta apenas a saudade em fotos na web. Cabe o olhar da menina que se apaixonada a cada palavra dita. Cabe a risada dos amigos rindo por ela não comer alga marinha. Cabe um lanche com esfinhas e batata frita sorrindo com a irmã da moça. Cabe os desejos de conhecer várias pessoas pelo Brasil e roubar um pouco de si a cada despedida.

E algumas pessoas não conseguem definir a palavra saudade. Ela é desenhada diante de nossos olhos a cada ação, a cada palavra dita e levada pelo vento. A minha saudade hoje é de um cara que tem o coração mais bonito que já vi. De um rapaz que merece ter a vida mansa e docinha só pelo fato de existir. A minha saudade tem nome é mora em Porto Velho. Essa saudade esteve sentada comigo por alguns minutos no ônibus da W3 Sul em direção a Rodoviária do Plano Piloto. Essa saudade ria descontroladamente, se fazia de esnobe para me arrancar sorrisos e ficava embasbacada com a falta de educação de alguns ‘brasilienses’.


Hoje essa mesma saudade me enviou um e-mail quilométrico que me arrancou lágrimas e um sorriso de orelha a orelha. Porque meu coração tem tentado caminhar nos últimos dias, mas tem doído muito. Eu reconheci o amor naquele rapaz e sei que ele reconheceu em mim. A amizade que é o amor que jamais morrerá. E hoje, ansiosa, eu aguardo pelo retorno e digo: “meu coração é porto-seguro, morada certa e casa de veraneio caso você queira voltar.”

segunda-feira, setembro 02, 2013

Vigésimo dia

Em parceria com a escritora Maria Fernanda Probst


Fico acordado noites inteiras
Os dias parecem não ter mais fim
[Seguindo Estrelas – Paralamas do Sucesso]


Devia ser o oitavo cigarro. Eu deixei queimar uns três ou quatro e só absorvi o aroma, mas depois disso não resisti e fumei um atrás do outro até que a consciência pesasse e eu me detestasse sem fim. É sempre desse jeito quando a insônia rouba minha pseudo-felicidade; enlouqueço com tanto silêncio, enlouqueço com tanto sonho perdido, com tanta gente ressonando e dormindo tranquila, enquanto eu fico aqui fodido e acordado e pensando em você sei lá quantas vezes. 

Já faz vinte e três dias desde que tu recolhestes umas calcinhas da gaveta e jogasse fora tua escova de dentes e sussurrasse um ‘sinto muito’ tão sem sentir que me dói só de lembrar. Depois que você bateu a porta da sala, eu voltei a consumir um maço de cigarro inteiro por dia, mas fica tranquila, metade eu deixo só queimar. Não trago. Não quero tragar. A barba eu deixei por fazer e ela cresceu os vinte e três dias que se passaram e ao me olhar no espelho eu vejo nítida a mudança que a tua partida deixou aqui. ‘tá tudo bagunçado.


Talvez amanhã no vigésimo quarto dia eu pare para pensar na merda que ando fazendo com a minha vida e queira olhar o Sol lá fora e não mais pelas frestas da janela. Só que agora eu quero afundar no sofá da sala e me entregar a essa tristeza que insiste em me consumir. Só que pode ficar sossegada, não há o que se preocupar. Como dissestes já sou bem crescido e não preciso de babá, mas se ainda quiseres podes vir aqui cuidar de mim. É só um apelo, ou melhor, é uma brincadeira. Dessas que a gente faz com um fundinho de verdade. E quem sabe no vigésimo quinto dia a minha barba esteja bem feita, o terno alinhado e a vontade de ter você aqui comigo já não seja tão urgente. 

terça-feira, agosto 27, 2013

...

Não consigo escrever uma linha sequer a você. É, bonito, meu coração endureceu e o sentimento se perdeu em alguma veia aqui dentro. Sumiu.

terça-feira, junho 11, 2013

Não dito.

Texto em parceria com a escritora Maria Fernanda Probst.


Olhei-o pela octogésima vez. Durante semanas, ele fora deliberadamente gentil e doce e fofo e carinhoso e apaixonado comigo, me levando à bares, cinemas e bancos de praça. Eu me envolvia na velocidade da luz, porque não sei me envolver de maneira lenta. Triste mania de me jogar de cabeça em tudo que me convidam: me convidam para um relacionamento bobo, ok, mas me jogo de cabeça, alma e coração e, no caso dele que foi deliberadamente gentil e doce e fofo e carinhoso e apaixonado comigo, não podia ser diferente. Eu já o amava, e olhei-o pela octogésima primeira vez no meio daquele filme e engoli duzentas e trinta e duas vezes o “eu te amo” que queria dar um jeito de escapulir dos meus lábios.

O amor não é escambo – eu pensei. E enquanto eu meditava isso, pensava se era capaz de ouvir um: “valeu” ou algo do tipo: “que bom”. As pessoas não aceitam facilmente a rejeição e por que eu seria diferente? Eu ensaiava as palavras e os meus lábios entreabriram-se diversas vezes enquanto ele, com os olhos fixos no telão, sorria até perder o ar. E então eu analisava o efeito que o “não amar” dele surtiria sobre mim e sabia que o meu coração pesaria. E eu o olhava pela octogésima terceira vez.

Subitamente, ele pegou-me o olhando e riu. Puxou minha mão até seus lábios, beijou-a docemente e sorriu-me com os olhos nadando em estrelas. Derreti-me inteira e engoli as ditas palavras junto com o turbilhão de borboletas que se alvoroçaram cá dentro, deixando-me inebriada em felicidade palpável e notória. Virei-me, antes que fosse tarde demais, para o filme que não roubava nem um pouco a minha atenção.

O filme nada me atraia, isso era fato, mas pude notar alguma semelhança entre a personagem e eu. Ela também tentava confessar o amor e sempre era impedida. Ora pelo cara que cuspia, verborragicamente, vários empecilhos. Ora por ela mesma que se via tentada a dizer e sem coragem quando era possível. E enquanto via aquela situação só pude concluir, mentalmente, é claro: “como é difícil expressar o que sentimos.” E quando resolvi olhá-lo pela octogésima quarta vez ele me sorriu dizendo: “bobagem dele e dela não perceberem que amor é convivência, que ele se prova nas atitudes, no dia-a-dia e não apenas em um simples e formal: eu te amo. Nós, querida, não precisamos de verbos para amar um ao outro e ainda assim nos amamos. Profundamente.” Eu por minha vez apenas assenti. E senti.

sexta-feira, maio 31, 2013

2.190 dias

Eu disse sem pretensão alguma: “são apenas 2.190 dias. Apenas dias sem importância”. E ele não pôde ler as minhas entrelinhas. Talvez as minhas metáforas sejam tão enfadonhas quanto a programação de domingo da Tv aberta. Ou então ele não queira ler o que está evidente. Ou então [...]

Acontece que as interrogações já foram respondidas, mas a minha cabeça insiste em abrir brechas e exceções. Tolice! Eu repito diversas vezes, mas os meus ouvidos não fazem questão de ouvir. De que adianta, me diga, você tecer vários poemas dentro de si e sonhar com uma pessoa que não quer te estender a mão? E de que adianta você se interrogar tanto em frente ao espelho se as respostas não existem?

Foram apenas 2.190 dias – inexatos. O bastante para dilacerar meu coração devido a minha falta de coragem. O suficiente para me sufocar todas as vezes que eu ouvia o nome dele e minha cabeça devaneava: “por que eu deixei ele partir?”. Então você se dá conta que não é era realmente para ser. A inexatidão de sentimentos não permitiu que o amor se cumprisse ali. Não estou dizendo que o amor de fato existiu, mas que ele poderia sim ter existido se houvesse brecha, se houvesse um terreno fértil para que ele se plantasse. Não houve.


Apenas 2.190 dias. 

quarta-feira, maio 29, 2013

A delícia de você ser quem é.

“Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus.”
Chico Buarque


A confusão aconteceu quando os meus passos começaram a vacilar. Eu tentei não olhar para trás e, de alguma forma, aceitar que os nossos destinos não estavam destinados a se cruzarem. E, então, em meio ao caos e a turbulência que se instalava dentro de mim, percebi que você não era passagem. Senti que o seu olhos haviam ancorado em meu coração e presa me mantive sem nenhuma resistência. Permaneci.

Tu não sabes a explosão que me causas com esse olhar sereno que me invades, com a tua voz que de tão macia - aveludada -, torna-se tangível, com o amor que surge dos teus lábios quando você fala sobre o que há em teu coração. E eu mergulho nessa imensidão de sentimentos, nesse turbilhão de sensações que desconcerta até o meu caminhar, na tua simplicidade que me comove e apaixona a alma. 

Quando teus olhos pousam sobre os meus não há texto, verso ou prosa suficiente para definir o que sinto. É vulcão em erupção e acrescentando, doçura, apenas  te digo: que delícia você ser quem é.

terça-feira, maio 28, 2013

Do inesperado.

Em parceria com a bonita da Juliane Rodrigues.


Eu não pretendia encontrar o amor ali e, ainda assim, em meio a tantas equações e orações subordinadas ele me apareceu. E sem pretensão alguma ele se alojou em meu coração. Foi necessário apenas algumas palavras bobas de adolescentes açucaradas. E, antes mesmo que o visse, meu coração já havia escancarado as portas para que ele viesse. E veio.

Primeiro dia de aula, expectativas, ansiedade, coração acelerado, uma curiosidade aguçada por querer saber, ver e conhecer o menino, que antes mesmo de nos encontrarmos, já despertava em mim o sentimento mais bonito. Borboletas no estômago se ouriçaram no momento em que o vi entrar vindo em minha direção. Mal sabia eu que dali, daquele dia em diante o destino se encarregaria de unir os nossos caminhos.

Com o passar dos dias eu me encantava mais, ao observá-lo. Olhos escuros, sorriso largo e um jeito meio desengonçado que acabou chamando minha atenção. Definitivamente eu não me reconhecia mais, tudo em mim parecia estar mudando, sentia como se estivesse a ponto de explodir, frenética. Sabe o contato visual? Então, acho que a partir do dia que o vi, conheci o verdadeiro significado dessa expressão.

Amor à primeira vista existe? Até o presente momento não acreditava. E achava uma babaquice toda essa história de que o cupido vem e solta a flecha, de que o amor vem e nos assalta. Mas era impossível lembrar de todos os meus conceitos, ideologias, diante daquele sorriso que era capaz de derreter uma geleira. O meu coração encontrava-se em estado de liquidificação. Eu sentia que era ele, só podia ser ele.

terça-feira, maio 21, 2013

O quarto dele.





A janela não denuncia que o Sol há muito se aproxima, mas os pássaros insistem em avisar que o dia já está nascendo. Olho para o relógio sobre a cabeceira e vejo os ponteiros se movimentarem preguiçosamente e acredito, talvez, que ele seja nosso cúmplice e queira estender um pouco mais o nosso encontro. Tudo que me cerca é de alguma forma familiar, apesar de não ter objetos meus, sinto que até o travesseiro se molda ao meu desejo de ficar. A respiração dele é tão calma, tão serena que me leva a imaginar o que se passa em seus sonhos. Não desejo que ele acorde, não naquele momento, quero apenas observá-lo. E assim faço.


O dia, aos poucos, anuncia sua chegada pelas frestas da janela sem persianas do quarto dele. Estou sonolenta e perdida em meus pensamentos. Queria, de alguma forma, parar de existir para o mundo e viver somente aquele instante. Como se pudesse envolver nossas vidas em uma redoma de vidro e recriar as nossas vidas ali. Sem trânsito, sem trabalho, sem os estudos que me deixam tão distante dele. Só queria. 

Olhando-o ali tão indefeso e quieto, sinto que poderia observá-lo apenas por horas a fio. Deixar os seus braços envoltos a minha cintura, naquele abraço leve e inocente que somente ele tem a me oferecer. Não há como não amar aquele menino de sorriso largo e coração grandioso. Não há como não querer que sua mão esteja estendida para me ajudar atravessar a rua. E em meio a tantos desejos e sonhos eu só quero que ele continue ali: deitado e indefeso. À espera de um mundo ao qual somente nós pertencemos.

quarta-feira, maio 08, 2013

Feliz você ♥


Irmã,


Desejo que as pessoas te descubram, Poli. E enxerguem a pessoa maravilhosa que você é. Quero que o mundo inteiro te conheça e veja o quão valiosa tu és, que o Universo possa contemplar a mesma alegria que sinto por tê-la em minha vida. Quero que você trilhe um caminho sem pedras íngremes em direção à felicidade. Desejo assim como na música do Frejat: "que você tenha quem amar" e que essa pessoa seja digna de receber todo esse amor. 


Eu te desejo todo o bem maior do mundo. Que as pessoas enxerguem, assim como eu, o brilho que tu tens. Você é uma jóia rara, Poli. Nunca se esqueça disso, viu? Você é a poesia que o coração de Deus sonhou. Eu sou orgulhosa por tê-la em minha vida e de poder dizer aos quatro ventos que você é minha irmã. Bato no peito mesmo e digo que você é um exemplo para mim e que te admiro por infinitas razões.

Estava aqui lembrando de quando você nasceu e eu perguntei para minha mãe: "mãe, eu estou no canto?" E então ela disse que não. Que você era minha irmã e amiga, e, então, a nossa amizade nasceu ali. Eu daria a minha vida por você. Não há no mundo alguém que eu torça tanto pela felicidade e eu sei que ela está próxima, sinto que que ela já está namorando você.

O aniversário é seu, mas nós que ganhamos o presente. Obrigada por ser meu porto-seguro, por acreditar sempre em mim, por enxugar as minhas lágrimas nos momentos de tristeza, por me dar ombro quando o meu coração já não quer mais acreditar na vida. Você é a alegria dos meus dias. Você é um exemplo de sabedoria. E apesar de todos os meus defeitos, inclusive minha ansiedade que te incomoda, eu quero dizer que você me ensina cada dia ser uma pessoa melhor. O que escrevi aqui não é nem um terço daquilo que realmente você é. Eu te amo em toda a tua essência, no teu jeito doce de ser e no teu carinho em ser amiga. Obrigada por existir e me fazer tão feliz.


Amo você com a minha alma e coração.
 

terça-feira, maio 07, 2013

Amor, eu te proíbo.

"Sou sua mas não posso ser
Sou seu mas ninguém pode saber
Amor eu te proíbo
De não me querer."

— Nando Reis.


Preciso falar contigo — ela falou. O diálogo fora ensaiado por dias, ou melhor, por meses. Pensava que poderia convencê-lo que o seu lugar era ao lado dela e que os destinos realmente estavam entrelaçados. Olhava pela janela e observava a liana que envolvia majestosamente a goiabeira de folhas vívidas e frutos saborosos, e pensava — como ele pode não se comover com o que sinto. E tentava conversar com os olhos, porém achava que ele não conseguiria enxergar o que havia ali. 

Silenciou.


Seus argumentos não são válidos — dizia sistematicamente. E ela não entendia e gostaria - sinceramente -, saber o que precisa fazer para que ele acreditasse. Fechou os olhos e suspirou. Mentalmente dizia: "sou sua, mas não posso ser." E ela queria que ele entendesse o que os olhos dela lhe gritavam, mas o amor nem sempre é bem aceito. Ela tentou diversas vezes falar e quantas outras deu espaço para que houvesse uma aproximação. Todas erradas e sem jeito. 


Todas.


Acendeu um cigarro e serviu uma dose de wisky e com voz de deboche lhe indagou: "por que insiste em me procurar sem ter nada a dizer". E doeu. Talvez a resposta estivesse implícita em seus olhos que insistiam em chover. Ou talvez estivesse nas mãos inquietas que insistiam em estalar os dedos. Ou estivesse ainda no bater de pés descompassados em seu assoalho de madeira. 


Havia tantas razões explícitas e tantas outras guardadas ali dentro dela. E ele tomava despreocupadamente a sua bebida e fitava o nada. A parede pintada de branco, o gato siamês que estava deitado sobre a cama e até mesmo o carteiro que passava na rua parecia ser mais importante. E mais uma vez os olhos dela transbordaram e as chances que eles tinham escorreram pelas mãos (de ambos).

sexta-feira, maio 03, 2013

O que eu não sei dizer

Cada voz que canta o amor não diz

Tudo o que quer dizer (...)
Lulu Santos





Você é (...)
Dois dias já se passaram e a vontade de te escrever machuca o meu peito. Não há adjetivos que lhe caibam e até pensei em inventar alguma palavra para te definir. Tudo é tão estranho. Os dias passam e parece que os nossos pés caminham na mesma direção, mas quando nos aproximamos há uma abismo imenso a nos separar. Fechei os olhos por alguns minutos e busquei na cabeça o que você é para mim e, confesso, que ainda não sei. Acho que você está me doendo um bocado hoje e tudo sem pretensão. Acho que as pessoas me doem muito e a maioria das vezes a culpa é minha. Ando tentando criar alguns versos daqueles bem doces para te entregar, assim como quando alguém faz uma cesta de doces e entrega a pessoa querida, mas o meu coração parece travar e a cabeça não corresponde. 

Você é (...)
Todas as vezes que penso em te definir, a frase é completada por reticências e eu queria que desse vez tivesse um ponto final. Aquela história clichê, mas que toda menina sonha, de "felizes para sempre". E então eu vejo que anda bagunçando a minha cabeça e percebo também que eu não consigo organizá-la. Você é (...) eu não sei o que você é. Quem você é. O que você quer ser. A única coisa que sei é que minhas linhas andam bem tortas e as palavras andam bem desalinhadas. Eu queria te dar algo bem bonito, dar meu coração em um papel cor de rosa ou até mesmo na minha agendinha de papel reciclado, mas eu não posso. E eu não sei o motivo.

quinta-feira, abril 25, 2013

Sorteio: livro Mel & Pimenta.




Quase não falo aqui no blog, mas escrevi um livro. É, escrevi. O Mel & Pimenta é a materialização de um sonho. O sonho de uma criança que aprendeu a amar as letras a partir dos gibis da Turma da Mônica. Não me considero uma escritora, me considero uma eterna aprendiz e amante das palavras. Costumo dizer que as palavras me traem quando resolvo falar - penso muito rápido e consequentemente faço besteira -, por isso despejo tudo o que sinto nas minhas linhas (dá tempo de pensar, rs). Agora um pouco de mim poderá fazer parte da sua vida, enfeitar a sua estante ou cabeceira da cama. Você poderá sentir um pouco da poesia que eu sinto ao meu redor. Talvez eu tenha me inspirado em você. Porque todos que vivem comigo me inspiram. É isso. O meu livro não é só meu. É seu. É nosso.

Como havia dito há algum tempo eu irei sortear um exemplar do meu livro. O sorteio será realizado dia 07/06/2013, às 18h e o resultado será divulgado aqui, no meu twitter: www.twitter.com/lovelyzinha e na minha página pessoal. O ganhador receberá em sua casa o meu livro devidamente dedicado e ainda confeccionarei um marcador de páginas (rs!). Para participar é bem simples.

1 – Curta a página Pedaços (http://www.facebook.com/pedacos);
2 – Compartilhe em sua página esse link com a seguinte frase: vou ganhar o livro Mel & Pimenta de Pâmela Marques;
3 – Clique https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/184243  e em seguida: "Quero participar".

Boa sorte!

quarta-feira, abril 17, 2013

Um trem chamado saudade.



Ela se materializa nas fotos e em cadernos de poesia guardados debaixo de minha cama. Enquanto eu te vejo pequeno e com sardas, os meus olhos se enchem de lágrimas, tudo é salgado em mim. Sonho há tempos e, para ser mais exata desde que você se foi, com o sabor de tê-lo novamente ao meu lado. Saudade de comprar pirulito de coca-cola e sentarmos em frente a calçada da escola, de quando você estendia as mãos para que eu pudesse atravessar a rua e até mesmo de você me enchendo a paciência por eu não gostar de pagode. Era tudo tão feliz, sabe? Aquela cumplicidade que tínhamos só de olhar o outro, nossos olhos pareciam janelas e podíamos, com toda a certeza, enxergar através do outro. Saudade de quando você me abraçava de manhã, da sua implicância com o meu cigarro e até mesmo com a ameaça de contar aos meus pais. Que vontade de te dizer: "você salvou meu pulmão". Talvez um dia eu diga, enquanto isso queria só que soubesse, onde você estiver: ninguém jamais terá um terço do amor que dei a você.

sábado, abril 13, 2013

Vestígios

Texto em parceria com o bonito Alexandre L. Fernandes,
escritor em Elos do Horizonte.



Ao abrir a gaveta da minha escrivaninha encontrei aquele colar contendo um pingente com a inicial do seu nome. Me deste naquele nosso encontro no terraço do seu prédio. Lembra-se do pôr do sol? Do vento morno que acariciava nosso abraço? Uma das coisas mais bonitas que ganhei de ti em um dos momentos mais felizes da minha vida. E agora estava ali, tamanho tesouro, misturado aos papéis sem relevância espalhados pela gaveta. Perdoe-me. Eu errei em querer escondê-la, em tentar ludibriar os olhos do meu coração. Perambulei absorto sem querer racionar. Abrir a gaveta me permitiu acender novamente o coração. O suficiente pra te ver bela e radiante. Ainda.

Acordei ainda sonolenta, com a cabeça pesando quilos e ao esticar o braço derrubei sem querer a caixinha de música: aquela que você ganhou no “tiro ao alvo” na última vez em que o circo esteve em nossa cidade. Ouvir “Für Elise”, de Beethoven, me transportava até você. Eu podia sentir os teus dedos gelados sobre as minhas mãos, tua respiração quente sobre o meu ombro, o cheiro doce de madeira que vinha do seu corpo... Doía-me saber que nós nos resumimos a lembranças e objetos inanimados. Segurei a lágrima e respirei fundo. Eu não posso chorar, não devo e não vou.

Seu perfume ainda impregnava o colar. Ao acariciá-lo com a mão, senti desnudar-me com a inflamada lembrança da sua pele macia e cheirosa. Suspirei. Você rimava em meu coração feito poesia de Vinícius. Cambaleei inebriado no quarto enquanto você me penetrava à distância. Por um momento senti falta do teu calor, da tua presença febril que aninhava meu olhar e causava frisson em meu sorriso. Transportei-me até o gosto doce do teu beijo, aquele devagarinho e cheio de mordidas leves. Senti que já não raciocinava direito. Percebi-me incapaz de te encobrir do coração. Fui tolo demais. Teus vestígios eram fortes e intensos. Lágrimas nasceram... Não tive forças pra segurá-las...

Eu não tinha domínio sobre mim e as lágrimas, involuntárias, traíam-me descaradamente. Sentia-me, apesar de tudo, feliz por estar sozinha naquele quarto. Por não ter de dar explicações a ninguém e sentir os olhos piedosos de quem quer que fosse sobre mim. Os meus olhos chorosos assemelhavam-se as cascatas que outrora visitamos e, até isso, me fazia chorar. Desaguei. Não compreendia como todo o universo conspirava a nosso desfavor e não entendia como tudo ao meu redor me conectava a você. Guardei a caixinha de música e tentava preservar ali dentro o meu coração, ou que sobrara dele, numa tentativa quase que vã de mascarar o que realmente sentia por você e a falta evidente que você causava aos meus dias.

Tentei me recuperar e espairecer. Fui até a biblioteca ler um livro para ocupar a cabeça. Mal conseguia intercalar os pensamentos. Peguei o primeiro por impulso. Por obra do destino foi “O Caminho pra distância” de Vinícius. Um dos que mais gosto. Mas a minha surpresa maior foi quando encontrei, dentro dele, um pedaço de papel com a sua letra. Tive um sobressalto. Meu coração acelerou. Não sabia dele. Li com emoção... Havia trechos de uma música muito especial, da sua banda favorita: “You don't understand me, my baby, You don't see to know that I need you so much. You don't understand me, my feelings,”. Senti você ali sussurrando no meu ouvido aquelas letras tão significativas. O coração se rendeu de vez... Talvez agora eu seja capaz de te entender...

Enxuguei os meus olhos e ao olhar para o espelho pude perceber o leve inchaço que havia recebido de brinde. Não podia ser tão fraca, eu não queria ser. Olhando para a cabeceira vi aquele cd do Roxette que você me deu no nosso primeiro natal juntos, coloquei-o no pc e procurei minha faixa preferida: “You don't understand me”. Queria poder dizer a você que ouvisse aquela música, que soubesse que realmente é o único, que estou aqui caso queira me encontrar, que eu aceito as suas desculpas e posso confiar que as coisas serão diferentes, que você mudou e que nossa história será bonita. Porque assim como a canção diz, quando minha boca encontra a sua já não tenho certeza de onde começo e termino. Só queria que tudo fizesse sentido, que você viesse, que mostrasse e me ajudasse a vencer o meu orgulho. Mas você não me entende, meu bem. Não entende. 

domingo, março 24, 2013

Das vontades.


Em parceria com a bonita da MF.



Entoava Cazuza na voz rouca da magnífica Cássia Eller em minha mente “eu quero a sorte de um amor tranquilo, com saber de fruta mordida...”. Botei o pensamento no repeat e cantei em silêncio esta mesma música quase a transformando num mantra. Minha testa gelava a medida em que ficava com ela apoiada no vidro da janela. Eu observava a quietude da rua, a noite alaranjada, os pontinhos de luz nos prédios como vaga-lumes que não piscam, a chuva que lavava o asfalto e esfriava gradativamente o mormaço da vida.
Eu desejava viver a música em sua integralidade. Sonhava em ter realmente um amor quase que sobrenatural, algo como Eduardo e Mônica ou até mesmo Romeu e Julieta, e a cada palavra cantada eu juro que rezava para que algum milagre acontecesse e a minha mente divagava em possíveis situações que me faria conhecer alguém. Confesso até que imaginei na clássica esbarrada derrubando livros e a fatídica troca de olhares e de tanto imaginar me doeu um bocado, porque eu via que sonhara demais e que histórias assim são muito hollywoodianas para uma vida normal.
Qual era o problema comigo, afinal? Ou melhor, qual era o problema do mundo? Que mal há em se querer um amor doce, um felizes para sempre bordadinho de clichês? Ando cansada dos quereres e chateada pelas recriminações silenciosas que recebo dos olhares de outrem, só por eu ser sonhadora e amar de mais. E eu amo. Eu amo aquele que não conheço, eu amo aquele que ainda não me descobriu e eu amo o amor que posso inventar para “nós dois”, esse nós que sequer existe.

quarta-feira, março 20, 2013

Alguém que eu costumava conhecer.


Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me ♫♪♪
Gotye.



Estava sentada  na calçada tentando lembrar quantas vezes quis te dar o céu, quis ouvir a sua voz do outro lado da linha e dizer:"oi, vem me ver". Acontece que as ligações não foram feitas e as tentativas de reaproximação foram todas desastrosas. Lembro também de todas as vezes que ensaiei versos para te apaixonar, mas descobri que só os poetas é que entendem a sutileza dos versos. Lembrei também de quantas vezes eu quis uma conversa clara e sincera, mas hoje compreendi que o ditado:"quando um não quer, dois não fazem" não foi escrito por qualquer motivo. 

Eu estava aqui com meus fones de ouvido olhando para o céu nublado e percebi que o meu coração esteve por um tempo assim, com nuvens cinzas, pesadas e que a qualquer momento eu poderia "chover". Eu me vi mergulhada, por um tempo, em um mar de tristeza e compreendi que ela pode ser viciosa e se não tomarmos cuidado aos poucos ela se alastra pelo corpo como uma trepadeira em busca de apoio. E, ainda inerte, nos pensamentos, um lapso de lucidez me abraçou e entendi que não fazemos sentido algum e, eu admito, estou feliz por ter acabado. 

Eu não preciso mais saber dos seus dias e você me deu isso sem pedir. Eu suporto os dias sem saber se você está feliz ou não, eu caminho bem sem ter você "ao meu lado", é fácil agir como se nada houvesse acontecido e pensar que tudo o que passou não foi nada. Eu nem sequer preciso saber se você almoçou, se foi ao trabalho ou se ficou irritado com alguém, eu nem sequer preciso do seu amor. De vez em quando eu penso em todas as vezes que você me magoou, e em todas as vezes que eu quis enxergar somente o bom em você, mas a gente cansa de ficar interpretando a pessoa o tempo todo. A gente cansa de amar sozinho e não ter a mão do outro para amparar. E hoje, diante de toda essa idiotice que vivi só me resta a dizer: "agora você será apenas alguém que eu costumava conhecer". De volta a realidade, beibe. De volta.

segunda-feira, março 11, 2013

Fé no amor.



"Never had much faith in love or miracles 
Never wanna put my heart on the line 
But swimming in your world is something spiritual 
I'm gonna get every time you spank the night"
— Bruno Mars.



É a cara de chateação quando a "mizinha" do seu violão quebra, é a sua voz embromando -, mas ainda sim perfeita -, em inglês britânico, é o seu coração que bate compassadamente com o meu quando estamos abraçados, é o teu cabelo despenteado ao acordar, é a tua mão pousando sobre o meu ombro de leve ao pôr-do-sol, é a tua voz baixa ao cantar "more than words" para me apaixonar, é o teu amor enroscando-se ao meu em cada sonhar.

Eu que  não rezava há tempos e, tampouco, acreditava no amor descobri que ainda era possível. Porque você veio plantar flores dentro de mim e, dessa forma, zilhões de borboletas foram atraídas até mim. Eu que não entendia sobre galáxias, hoje consigo enxergar milhares dentro dos teus olhos, eu que não me enamorava das estrelas, trago-as aos meus lábios cada vez que beijo os seus cílios, experimentando um céu inteiro em um ósculo quase santo.

Nós que não éramos e hoje somos, nós que deixamos de ser dois e tornamos um, nós que aprendemos a amar até mesmo a indelicadeza do outro, nós que não tínhamos pretensão alguma de ser, nós que andamos por aí de mãos dadas e com um sorriso nos lábios, nós que compreendemos que a felicidade está em ser e não em ter, nós que entendemos que a poesia é a vida que ninguém vê, nós que decidimos ter fé e acreditar. Acreditar que o amor é só isso: esse ser e estar.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Depois de tudo

"Now it's about time i wrote you a letter
Hey baby, it's me for worse or for better
Got nothing to waste in pace for another lane
No loss, only gain (...)"
After All - Roxette

Eu tentei na medida do possível não ser tão eufórica e levar as coisas devagarinho, mas os meus gestos são sempre tão desgovernados que eu me perdi. Acho que essa minha transparência e minhas falácias sempre atrapalham um pouco o processo de descoberta, mas eu precisava que você soubesse de mim por palavras minhas e não deduções. Queria que não houvesse nada obscuro, que tudo fosse claro e límpido como um aquário que tem a sua água recém trocada, mas não foi isso que aconteceu. No meio do caminho havia uma pedra, como outrora dissera Drummond, e essa pedra nos derrubou e vi que não era possível me reerguer.

Olhei para trás e vi um pouco da gente derramado pelo caminho, eu via nossos pedaços por todos os cantos, eu via flores e rosas como trilha na estrada e vi, também, um o vagão descarrilhado no caminho. Acabou. Eu sei que não tínhamos um acordo e que o lance era só deixar rolar, e rolou, ladeira abaixo levando metade do meu coração. E eu vejo que o amor é  um ladrão que vem e assalta na calada da noite, que é o autor de poemas virais em minha cabeça de madrugada, é os porquês que todos os dias faço a mim mesma, é uma doença que corrói o que tenho de saudável por dentro.

Hoje eu quis lhe escrever uma carta bonita e, brevemente, pensei que você leria e deixaria de lado. Você não é dado ao amor eu (não) entendo. Imaginei também que poderia lhe enviar um  torpedo, escrevi em caracteres a perder de vista o quão você é importante para mim e como eu te quero para valer, mas a operadora vendo que era um surto lunático resolveu não enviar. Acho que ela é mais sensata do que eu. E olhando para o espelho, relembrando tanta coisa, eu percebi que é o momento de fechar a porta de vez. Não haverá lágrimas no travesseiro, porque o meu melhor tentei fazer. Acredito que esse triângulo amoroso chegou ao fim, pois não há espaço para mim, você e meu orgulho. É, o orgulho venceu.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

233 sonhos;

"É tão estranho os bons morrem jovens." 
Legião Urbana


Estranho é ouvir essa música tocar incessantemente na "radiola" aqui dentro da cabeça. Sinto uma melancolia muito grande tomar conta de mim, porque sei o que é perder alguém que se ama. Nos últimos quatro anos perdi pessoas de forma tão abrupta quanto. Jovens que tinham uma vida inteira pela frente. Que teciam sonhos e planejavam um futuro de grandes vitórias, mas o amanhã não veio e sequer disse o motivo. Apenas não quis aparecer. A questão não é compadecer somente porque é "politicamente correto" isso, é que eu compartilho da dor. E sei que não haverá um sorriso ao chegar em casa, não haverá uma ligação combinando um cinema, não haverá um sms dizendo: "eu te amo", não haverá uma colação de grau, não haverá um anel de formatura. Não haverá.

O Brasil chora nos olhos do pai de família que assistindo ao Esporte Espetacular diz não acreditar no que vê. Chora nos olhos da mãe que tem filhos adolescentes e os espera todos os finais de semana depois de uma balada. Chora nos olhos dos avôs que criam seus netos tentando corrigir os erros que cometeram com seus filhos. Chora nos olhos dos irmãos que não souberam conviver com as suas diferenças e viviam em pé de guerra. Chora nos olhos dos amigos que não puderam dizer adeus. Chora nos meus olhos ao lembrar o quanto dói amar alguém que já não se pode abraçar.

Os meus olhos choraram e choram, não porque eu seja a mais sentimental, não porque é correto ser "humana" nessas horas. Chora porque algo de mim morre cada vez que eu leio uma notícia sobre as vítimas desse acidente, quando eu também tenho vontade de fazer um mestrado, quando eu também tenho pretensão de ser doutora em alguma coisa, quando a minha mãe também é jovem e poderia estar lá, quando os jornalistas usam de deduções para vender o seu "peixe", quando leio depoimentos daqueles que se salvaram, quando leio postagens àqueles que morreram.

E choro em saber que daqui 2 ou 3 meses para nós essas vítimas serão apenas estatística, história, enquanto que para os familiares e amigos serão um pedaço a menos em seus corações.