terça-feira, maio 22, 2012

Costura-se um coração

Eu queria ter o coração imaculado dos meus cinco anos de idade. Aquele que ainda não havia sido cerzido diversas vezes, que não tivesse marcas de costura. Contudo, o coração já anda tão desgastado que eu penso: - será possível ainda sofrer? E então, como não obtenho respostas vou me aventurando por aí. Afinal, meu coração é meio boêmio, gosta de aventura, das ondas molhando os pés as duas da madrugada. Concluindo: é meio vagabundinho.


Só que ando meio cansada de toda essa libertinagem. Essa história de não ter lugar onde pousar, não ter raízes - ou melhor-, não ter terra profunda o bastante para que elas se fortaleçam. E então, eu penso que ando fora do tempo, que já sou um pouco antiga, que não tenho mais idade para [re]começar.


E enquanto eu olho para o reflexo no espelho, mudo a tonalidade de voz para alcançar meu próprio coração, com tons que mudam de manso a severo. Complicado é convencer "alguém" tão genioso a fazer o que a cabeça acha que é correto. Difícil é entender o que se passa dentro, quando não se sabe o que acontece fora. E nesse emaranhando de confusão, acho que na verdade queria algo [ou alguém] que me completasse.



E mais uma vez eu respondo um questionamento com a palavra: difícil.

sexta-feira, maio 11, 2012

Igreja do seu coração.

"I believed in church of your heart.
Roxette"

Deitei sob as estrelas ontem à noite e enquanto ligava-as, como uma criança que completa seu dever de casa, formei teu coração no céu. Faz algum tempo que vi aquele sorriso largo em direção a mim, mas ainda lembro a perfeição de cada traço do seu rosto. É algo estúpido, confesso. Mas não te admirar em meus pensamentos parece desperdício, compreende? Esse entorpecente que alimenta meus pensamentos me é, de alguma forma, necessária.

Essa poesia toda que venho escrevendo é culpa sua, sabe. Essa ideia de embonitar as coisas, de transformar formigas em personagens magníficos, de criar pretextos para alcançar seu coração. Eu não compreendo quando comecei a perder o controle de mim mesma. Quando resolvi entregar as chaves do meu coração, colocar em suas mãos parte de minha alma, confiar os meus segredos e confessar qual o tijolo que sustenta meu edifício.

E eu queria acreditar que discar o seu número seria suficiente para me colocar novamente em sua vida, que seu ligasse você estaria de prontidão para atender e enquanto eu deslizo os dedos pelas teclas, eu rezo para que você esteja sozinho. Porque eu tenho uma coisa para lhe dizer, essas coisas poéticas que você sabe que vem de mim, como: passear sob o Sol, olhar juntos a estrela D`alva.

Só que meu coração está aqui acompanhando - descompassadamente -, cada toque do telefone. Porque eu só precisava mesmo te dizer que eu ainda acredito. Ainda acredito na igreja do seu coração.
Acredito.