sábado, julho 30, 2011

Tarde junho.





Desde que ele entrou em sua vida o mau-humor foi passear n'outro canto. Há dias que não escurece, que a noite vem experimentando a solidão. Porque para ela o sol sempre está apontando no horizonte desde que ele começou a fazer parte do universo dela. A mente dela navega além-mar durante as horas que permanece estudando na biblioteca central. Já não há como negar que ele mexe. Sim, mexe e muito com a sua cabeça, quiçá coração. E enquanto ela caminha para sua casa, atravessando a rua ela pensa: "meu Deus, como alguém pode nascer uma única vez e ser dotado de tantas qualidades?" - E ri de si mesma com tal interrogação.


Ela, que não conhecia o amor antes de avistá-lo nos olhos azul-piscina dele. Que aprendeu a aprecia o algodão doce do seu Zé da esquina ao lado, que entendeu que o mundo estava além dos seus livros de anatomia animal, essa mesma menina conheceu novos sabores e experimentou vários cheiros daí então. Ele que com seu jeito doce, tímido e incauto de ser conquistou cada milímetro do seu coração, que por vezes mostrava-se gélido, tornando-o aquecido, quente como o Sol das dez da manhã.


A moça de olhos rasos começou a compreender que crescia dentro de si um sentimento inexplicável, talvez não tivesse sentido qualquer sensação parecida até conhecê-lo. Talvez não. Tinha absoluta certeza disso. E ela permitia afogar-se naquele mundaréu de emoções, aquela tempestade de sentimentos indecifráveis e por incrível que pareça, embora a confusão estivesse plantada em seu peito ela só conseguia sorrir e sentir-se feliz com cada faísca de ilusão e amor-recíproco que nascia entre eles.


E desse amor que nasceu insuspeitado, nasceu uma das mais belas histórias de amor já contada. Uma história de superação, recheada daquela velha pieguice que adoramos tanto ler. Afinal o amor é piegas.



Àqueles que sentem saudade do Evan e Alice. Um livro incompleto. Por enquanto.

sábado, julho 23, 2011

Três.




Eu tinha nas mãos um coração dividido e várias interrogações que piscavam em luzes de neon. Buscava o limiar das minhas emoções, aquela linha tênue que dividia a paixão do bem-querer. Eu não amava nenhuma das duas, talvez tivesse acostumado a comodidade de suas carícias, os telefones e sms que inflavam o meu ego.


Só que com o tempo eu percebi que elas sofriam, mas como eu poderia dar adeus a qualquer uma delas? Eu me sentia no romance Dona Flor e seus dois maridos, sim. Talvez eu esteja enganado quando disse anteriormente que não amava nenhuma das duas, mas é que me parece cafageste afimar isso. Okay, sei que é cafagestagem de qualquer forma. Mas, entendam-me, sou apenas vítima desse coração bandido e incauto que tende a me pregar peças.


Eu não entendo como um coração pode agir dessa forma com alguém, calculando friamente cada passo. Mandando sem medidas no cérebro e me fazendo cometer atos impensados. O pior é não saber como pará-lo sem que alguém se machuque cruelmente.


Tudo o que ando sentindo ultimamente é tão excruciante que me falta forças para continuar, talvez eu tenha tipo um choque de realidade. Talvez tenha me comovido com as mocinhas que sofrem e correm no filmes de bang-bang ou talvez, apenas, eu tenha escutado algum cantor chorar minha história em alguma música.


A única coisa que sei, garotas. É que a decisão está nas mãos de vocês. E retifico quando disse que não as amava, talvez não exista palavra para definir o que bate cá dentro. Ultrapassa todas a maneiras de amar. É infinito.



Com amor,
Carlos.

quinta-feira, julho 14, 2011

O fim da linha.

Não vamos chorar dessa vez, certo? O adeus pode ser bonito, basta você juntar todos os dias que estivemos juntos. Porque se você lembrar todas as risadas, os momentos de tristezas e somar tudo vai sentir que valeu a pena a convivência. Eu não sou boa em colocar pontos finais, sempre gostei mais das reticências. Porque gosto de pensar que haverá um novo capítulo a ser escrito, mas eu acho que esse é o fim do linha para nós dois. Para que não nos magoemos com o passar dos anos, para que não se desgaste.


Não sei. Só queria dizer adeus de uma forma que você se lembrasse sempre. Que fosse importante como o início. Que não doesse. E embora eu esteja forte ou me sinta forte não sei o que acontecerá de que agora em diante. A vida, sem você, eu não gostaria abraçar. Novamente.


Enfim.

terça-feira, julho 05, 2011

Um mês.

"Oh flor, se tu canta essa canção
Todo o meu medo se vai pro vão
Pra longe, longe que eu não quero ir
Mas deixe seu rastro pólen, flor pra eu poder seguir ♪"
Maria Gadú

Enquanto eu pensava em te escrever, te discorrer maciamente em minhas teclas, muitas coisas vieram à mente. Só que nenhuma delas estaria aos pés do que vem crescendo aqui dentro, achei pequeno demais. As palavras iam nascendo timidamente, quase sem brilho. E então, na radiola que insiste em tocar incessantemente em minha cabeça, Maria Gadú cantava o amor para mim. O amor que venho escondendo, apenas dos olhos dos outros, por medo de embonitar demais. Porque o amor tem apenas que ser sentido como é, sem roupa, sem cascas, tem que ser visto como vem ao mundo: nu. Porque daí enxerga-se a pureza, conseguimos aproveitar toda a sua essência.

Eu venho aprendendo, estes tempos, que não é necessário tanta roupagem nas pessoas. Que não é preciso olhar sempre o lado positivo das coisas, olhar só o que as pessoas têm de bom a nos oferecer, venho conhecendo o lado obscuro das pessoas e tenho me surpreendido em ver que também é bonito. Tudo há poesia. A mulher que tem seus pretendentes e é vista como uma viúva-negra, a menina que sofre a decepção do primeiro amor, o rapaz que não consegue amar somente uma mulher. É estranho, mas é assim, essa é a vida.

E ando me conhecendo tanto, desde que você veio fazer parte da minha vida, desde que aprendi que amar não é exatamente a palavra, não aquele amor que os poetas buscam sempre, mas esse amar que vem nascendo entre nós no conhecer diário, no encher a paciência um do outro, de ouvir Rita Lee e fingir solos de guitarra, de sentir a alegria, alegria que Caetano Veloso cantava na época da Tropicália, de ouvir Roupa Nova deitados na rede. De saber que a verdadeira definição do amor é (...)

(...) que o que está no dicionário é errado. O amor, meus caros, apenas é.