quinta-feira, novembro 08, 2012

Dormência


“Eu sei que há algo sagrado e reservado
E recebido somente por mim.”
Semisonic.



Essa dormência aqui dentro é boa, moço. Porque ela está amarrada em uma vontade doce de abraçar o mundo, desde que tu vieste aqui pintar arco-íris em meu coração. Existe uma alegria cá dentro impossível de não sentir. Não há como evitar. Não há como não querer. Porque ela faz com que milhões de borboletas dancem em meu estômago ao som de bateria de escola de samba. Porque a boca seca toda vez que tu vens carinhosamente me contar do teu dia e em seguida ouve, pacientemente, o meu.

É coisa pouca, moço. É coisa pequena. Mas penso que a vida é construída dessas pequenas miudezas que ninguém comenta. Essas coisas “pequenas” que nenhum jornal tem vontade de noticiar. Como quando alguém ajuda um velhinho atravessar a rua, alguém estende a mão a um irmão de rua ou quando a lagarta no fim do seu ciclo de transformação sai do casulo e vira borboleta. Tudo isso é tão lindo e ninguém noticia, não é?  Só que eu vejo, moço. Eu sinto. De uma forma tão desesperada cada gotinha de amor espalhada por aí. Absorvo tudo.

Acho que ninguém vai entender, porque eu mesma não entendo, como tudo está tão agitado e quieto ao mesmo tempo dentro de mim. Como eu não consigo pensar em você com a constância que desejaria e ainda assim sei que tu estás cá dentro guardadinho. Como você não vem a minha mente enquanto deito a cabeça sobre o travesseiro para dormir e ainda assim sei estás alojando-se dentro de mim. E embora haja tanta confusão dentro de mim, eu vou caminhando devagarinho, apreciando cada gesto, porque eu sei que há algo sagrado e reservado, e recebido somente por mim.

quarta-feira, outubro 10, 2012

Seu gosto.



Eu lembro o seu gosto em minha boca, guri. Da mesma forma que me lembro daquele seu tênis horroroso e surrado vindo em minha direção enquanto eu estava sentada naquela quadra poliesportiva, dos seus olhos observando-me brincar com a fitinha comprada na última romaria e o embolo de sua voz ao tentar puxar conversa. Eu lembro. De você enlouquecido com a minha calça heavy metal e o meu cabelo Black Power. 

De como você me apoiou quando disse que não conseguia levantar, pois minhas pernas estavam dormentes devido ao tempo em que estive sentada no chão. Lembro da sua cara super interessada com todas as minhas falácias, com o teu olhar atento ao me ouvir dizer que eu era poetisa e a tua insistência para que eu declamasse algum poema. E você venceu. E lá estava eu recitando Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes, e você sorriu e beijou minha testa dizendo: “me deixa cuidar de você?” Deixei.

Lembro de você me acordar às 08h da manhã de um domingo para que eu pudesse assistir uma apresentação de fantoches, de você me estender às mãos enquanto caminhávamos em direção a praça, de você me apresentar uma constelação inteira em seus olhos e ver estrelas caindo em um piscar de cílios. Do beijo de fogos de artifícios que até então desconhecia. De dependurar a minha vida em teus longos braços enquanto sentados na calçada você tecia sonhos de pop star. De sonhar um futuro que há nós não pertencia e ainda assim saltar em direção ao abismo esperando que tu viesses atrás.

Eu lembro o seu gosto em minha boca. Às vezes em que eu desejei contar os meses contigo, que o calendário voltasse aos dias felizes e não marcasse jamais o final do mês. Que o mês de Setembro voltasse a ser bonito e não se tornasse para mim um Agosto como Caio escreveu. Que o teu corpo dançasse com o meu debaixo de um luar de Lua Cheia e esplendorosa, que ela iluminasse todos os meus poros e que trôpegos de amor nos déssemos a viver desmedidamente. Que o meu eu te amo fosse capaz de te convencer a ficar. Hoje eu lembro. Só lembro.

terça-feira, outubro 02, 2012

Do amor e suas bobagens.


Ouvi dizer que as praias de Moçambique são belíssimas. Ela suspira enquanto continua a frase: - você poderia escrever cartas e colocar em garrafas jogando-as no mar ou então pode fazer algo mais direcionado, enviar um cartão-postal para seus amigos, de modo que eles pensem: “cara, esse moleque é doido, vai ser comido por leões.” É. Todo mundo acha que o fato de você estar na África te coloca em uma Savana, assim como todos acreditam que morar em Brasília te faz vizinho do Presidente. E então eu tomei uma dose de vodca. E sorri. Não dava para dizer que não iria enviar cartão-postal a ninguém, eu não era dado a manifestações de afeto. Achava aquilo tudo muito falso e sentimentalóide.

– Sim. As praias de Moçambique são lindas. Por fim falei. E enquanto ela acendia mais um cigarro eu pensei: “cara, como é sexy o jeito que ela acende o cigarro.” Estávamos mais ou menos em paz até então. E eu previa que a conversa humorada duraria poucos minutos, tempestade a vista era o que denunciava a cor de seus olhos. Eu lembrava de Alceu Valença, de Zé Ramalho e recordava o movimento estudantil e como ela era bonita quando abraçava alguma causa. Que ela tomava café como alguém que estivera há 3 dias sem tomar água no deserto do Saara. Que por vezes suas unhas escorriam sangue enquanto conversava nervosamente com alguém. E que ela (...) poxa, ela tinha um olho verde e outro castanho.

– Veja se as conchas da África são bonitas e... – Eu não entendia sequer uma palavra. Ela tinha covinha apenas na bochecha esquerda e uma pinta acima dos lábios estilo Marylin Monroe. E meu coração estava batendo, como diz a música, zabumba bumba esquisito dentro do peito. E embora houvesse sinais para ficar. A cabeça, comandante geral, apressou-me os passos e sem dar tempo ao coração agir “desferiu-lhe” em sua testa um beijo de adeus. Afetuoso. Não o suficiente para lhe dizer que eu era seu.

domingo, setembro 30, 2012

Adeus você.

Por favor, não me olhe com essa cara. Eu te imploro. Me dói um bom bocado te ver com chuva nos olhos, garoto. E me retarda um pouco, vês? Me deixa ir o quanto antes... eu preciso terminar de recolher as minhas coisas, mas ver você tão miúdo desse jeito me corta o coração. Você realmente não se lembra de tudo que você me disse ontem? Pois é, eu ponderei e concordei com todas as linhas atropeladas que saíram da tua boca chorosa. Então eu decidi recolher todos os meus pedaços e recomeçar no meu mundinho, na minha zona de conforto. Eu ‘tô levando tudo de mim, que é pra não ter razões pra chorar. Vai passar, talvez. Por favor. Me deixa ir. Deixa eu passar por essa porta. Entendo a tua raiva, por favor. Não pensa que vou por não te amar, mas eu realmente preciso ir. Sair dessa vida de mendigar amores.

Eu também acho que não deveria acabar dessa forma, mas ouvi dizer – não me recordo onde -, que alguns amores são bonitos simplesmente pelo fato de terem que acabar. E sabe? Eu concordo com isso. Ninguém lembraria de Romeu e Julieta se eles tivesse ficado juntos e constituído uma família, Titanic não teria sido um sucesso de bilheteria se o Jack não tivesse morrido também. A despedida sempre é bonita, beibe. E muitas vezes é necessária. Estou levando minhas coisas, para que tu não te apegues a mim. Me deixa ir. Enquanto ainda há um pouco de dignidade nesse relacionamento, enquanto podemos olhar um para o outro e dizer que valeu a pena. Só me deixe ir.



Em parceria com a bonita, Mafê.

quarta-feira, setembro 26, 2012

A culpa é?

A Culpa, realmente, é das Estrelas. Terminei de ler o livro ontem para uma discussão literária que participo no face, e não muito diferente dos outros eu também chorei. Não porque o livro fosse realmente muito triste. Porque não é. Ou é? Mas eu vejo apenas a vida “poetizada” por assim dizer. Quantas pessoas apenas morrem e viram névoa em nossas mentes até, por fim, simplesmente dissipar. Eu tive experiências dolorosas ao perder algu
ém querido. E enquanto eu lia um capítulo eu lembrei de mim, deitada com o cabeça afundada no travesseiro para abafar o meu choro. Sim! Aquele choro que você quer gritar, ou melhor, que você grita junto. É, não chorei exatamente por causa do livro. Chorei porque me arrancaram assim, do nada, pessoas que eu amava muito. Se você nunca perdeu alguém querido não sabe o que é não poder mais abraçar, não poder contar uma novidade. E eu fi
co pensando como a nossa “existencialidade” é tão efêmera. Nossa vida é água colhida pelas mãos que escorre pelos dedos em instantes. Ninguém eterniza ninguém. Você pode dizer que a pessoa ficará viva em seu coração. Eu já disse isso. Confesso. E realmente não somos “deuses” para manter ninguém vivo em nós, é impossível. A pessoa morreu. Morreu. A gente não lembra, sério. A não ser que sintamos alguma fragrância, estejamos em algum lugar que era comum aos dois, mas fora isso não lembramos. A própria memória trata de imitar a vida e mata a pessoa em nós também. 


Sinceramente. Eu choro hoje. De dor.

quinta-feira, setembro 20, 2012

Paciência.



Eu estive tão desconexa ultimamente e, sem perceber, fui criando motivos para não ter atravessar aquela linha tênue que hoje nos separa, pois sabia que de alguma forma ela era necessária para manter equilibrado aquele edifício que juntos construimos. E por que eu me importava tanto com a manutenção disso? Se eu disser que não sei facilmente você lerá em meus lábios que eu estou mentindo. Eu sei o motivo. É que eu tenho medo de atravessar a ponte, medo de dar passos em direção a você e perceber que não há mais o que se viver. Porque, caramba, eu sinto que ainda preciso desse sentimento.

E então divagando, como sempre, eu reajo a minha imagem refletida espelho que insiste em me interrogar: "o que você ama nessa história, moça?" Só que diferente da pergunta acima eu não tenho resposta. Porque eu simplesmente não sei o que dizer. Eu poderia dizer que sinto saudade do teu sorriso largo, poderia dizer que sinto saudades do seu sarcasmo ou até mesmo de apenas te ver passar por aí bem bonito como tu sempre fazes, mas eu embora eu busque argumentos para pedir que você permaneça de alguma forma aqui dentro, acredito, que não tenho paciência para lhe falar.

Paciência. Isso me falta tanto, sabe? Desde que você começou a ser ausente, quando resolveu ir à padaria comprar cigarro e me abandonar. Daí então é que as coisas ficaram mais claras, entenda que você não pode simplesmente entrar e sair da vida das pessoas como bem entende, como se as pessoas não tivessem sentimentos ou seus corações fossem uma loja de conveniência de beira de estrada. Entenda, é necessário partir de vez em quando, mas pessoas normais apesar de odiarem despedidas costumam por gratidão dizer adeus. Algumas mais cômicas no estilo Exterminador do Futuro, "Hasta la Vista, Baby." Mas você não. E eu sinceramente pergunto, por quê?

Talvez eu não saiba nunca. Porque, sinceramente, os meus pés permanecerão imóveis aqui. Não é que você não mereça esforço, ao contrário, é apenas uma forma de preservar aqui dentro a pessoa bonita que você é. É a única forma de manter viva em meu coração toda a tua docilidade. E talvez a melhor maneira de guardar em mim o teu sorriso, a tua voz, as lembranças mais suaves de um passado feliz, porque embora você tenha mudado em minhas recordações continuará sendo mesmo.  

quinta-feira, setembro 13, 2012

Para um amor que morreu


É duro você encarar uma decepção, ou melhor, conseguir enxergar uma situação como ela realmente é: nua e crua. Então, desde o início eu tentei deixar lá. Sozinho. Esquecido. Mas uma hora tudo o que a gente sente ou mantém, de alguma forma, vivo dentro de nós vem à tona. E venho sentindo, precisamente, na pele que esse dia chegou. Não seria exagero dizer que é necessário fazer uma faxina, de vez em quando dentro de nós, também confesso que tal decisão é excruciante. Será que excruciante é a palavra exata para medir a dor que estou sentindo? Sinto que há algo me consumindo, sabe? Dilacerando o que há de melhor em mim. E quando fecho os olhos a frase de Shakespeare: Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” , parece tomar vida própria, quase se personificando.
E por que eu estou escrevendo? Porque eu preciso me esvaziar de tudo. Preciso pôr em ordem a casa, meu coração, limpar as gavetas com recordações e simplesmente jogar fora. Cansei de ser refém do meu próprio coração. Cansei de fingir indiferença diante daquilo que me doía de verdade. Cansei, sabe? Cansei de toda essa minha educação e reverência diante de um amor que na verdade nunca existiu, a não ser na sua uniteralidade. Um respeito quase que imaculado diante de idealizações criadas por um coração doente e masoquista. E então, hoje diante dessa decadência amorosa eu me pergunto: “Será que amamos realmente uma pessoa ou o que idealizamos em relação a ela?”
Há tempos essa pergunta martela em minha cabeça e, confesso, que sempre que tentei interligar ao meu “pretenso” amor essa pergunta, o meu coração parecia dizer: deixe lá, está escondido e esquecido. E então, ele foi permanecendo ali dentro, criando raízes como bem queria e eu, sem perceber, vivi em uma prisão ao qual o carcereiro [meu coração], permitia somente enxergar o sol pelas frestas. E durante esse tempo todo dentro de mim, a tristeza me envolvia e sabe? Eu sorrio, minha gente. Não porque eu seja um poço de contentamento, eu sorrio porque eu preciso viver um tiquinho, mesmo que “amarelamente”. Só que cheguei no meu limite, não quero ver um pedaço do sol, não quero apenas ouvir e saber que há pássaros lá fora cantando, eu quero viver isso.
E hoje, antes tarde que nunca, eu ensabôo o meu coração, jogo água mesmo, puxo com o rodo, porque durou tempo demais. Não era para ter enraizado. Não era para ser alimentado. Era para ter morrido. Alguns amores são bonitos porque tiveram que acabar, e algumas pessoas são mantidas em nossos corações como prisioneiras simplesmente pelo desejo obsessivo de tê-lo ali dentro. E sabe, diante de todos esses “nãos”, toda essa existência sofrível do amor em mim, eu realmente decidi que há tantos outros sentimentos bons por vir. Há tantas pessoas que gostariam de receber todo o amor que há dentro de mim, e que sim estariam dispostas a ficar. E sei, que hoje hei de sofrer. Mas não dizem que o tempo cura tudo? Então, eis-me aqui tempo à tua disposição.
Sem mais. Sem choro.

quinta-feira, agosto 16, 2012

Quando o paraíso teve que esperar.

Foi tão súbita a sua chegada que ela mal pôde encontrar ar. Sua respiração trêmula ficara segundo após segundo entrecortada. Ele é tão bonito! - Pensara em voz alta. Talvez alta demais, tanto que fora obrigada a desviar o olhar por medo de entregar a sua inquietação. Ela brincava com a borda da taça de vinho que ele oferecera, tentando não revelar a sua curiosidade. Um homem que falava sobre cinema, rock n'roll e cantava em uma banda de hardcore vestido, estupendamente, em um terno Armani.

Ela pensava: - Ele não existe, não existe, não existe. - E, sim parecendo ouvir os pensamentos dela chamou-a junto a sacada do prédio. A noite morria macia lá fora e podia-se ver o céu pontilhado de pequenos cristais, belas estrelas namoradeiras. E olhando os olhos da moça amendoados dissera:

- Você gosta da Lua?
- Sim. Mas prefiro as estrelas. E você?
- Tanto faz. Acho que dependendo do contexto elas são apenas expectadoras.
- E que contexto seria esse?
- Vinho, jazz, você e eu. Essas coisas que se tornam bonitas quando se tem poesia na alma.
(Silêncio)

- Que foi?
- Nada. Só poetizando você por dentro. Assim como o jazz.
- Você não deveria me dizer essas coisas.
- Por quê?
- Porque não tenho alma de poeta. E porque eu sinto vontade de responder, mas tenho medo de parecer idiota.
- As respostas nem sempre precisam ser verbalizadas, moça. Tome mais vinho.

(Silêncio)

Os cômodos estavam todos vazios. Não perceberam que aos poucos todos os convidados haviam indo embora, os olhos dela fixaram a porta indicando que também era hora de partir. Tocava "Forever Young" do Alphaville e por fim ela gargalhou:
- Bons momentos?
- Não é isso. Só queria dançar assim como a música pede.
- Elegantemente?
- Do modo que conseguirmos.
- Dancemos.

E em seu ouvido ele cantava, docemente - como podia -, "Heaven can wait we're only watching the skies." - É hora de ir, compreendo. Mas só se quiser ir. - Ele falou.
- Sim. Eu fico. - Ela respondeu.

terça-feira, julho 17, 2012

Suave.





É suave amar você. De uma forma que eu jamais compreenderei. De um modo que talvez a ciência ou até mesmo a religião nunca consiga explicar. Porque simplesmente você existe aqui dentro de mim [enraizado]. E sim, eu perdi a mão para escrever sobre você. Sobre nós. É que eu não preciso embonitar nada mais. Porque o bonito de tudo que envolve a gente, hoje, tem que ser selado. Guardado. Sacramentado. Para continuar bonito.



terça-feira, julho 10, 2012

E se.



E se eu lhe entregar meu coração
E meu coração for um quindim
E se o meu amor gostar então
De mim.



Chico Buarque de Holanda

É que eu fiquei com medo de mergulhar no desconhecido. Embora, eu soubesse que há muito de mim aí dentro. É que às vezes de tanto sofrer a gente tem mania de se comportar como um animal acuado. Não consegue enxergar um óasis quando se depara com um e acha que tudo é miragem. E sabe, doce, eu acredito que andar por esse deserto contigo tem sabor de aventura. Você está sendo, de várias formas, uma fortaleza e porque não dizer um abrigo. Sabe, eu me prendi nos últimos anos no "se" e confesso que ele enroscou em mim tal qual uma liana em sua árvore escolhida e ficou tão difícil me desvencilhar dele. Porque sempre surgia: "e se não for pra ser", "e se ele me magoar", "e se a amizade acabar" e etc.

É. Você me conhece tão bem que sabia que as interrogações iriam fazer festa dentro da cabeça. Contudo, você soube me esperar. E confesso que por um minuto eu pensei que na primeira indecisão você cairia fora, diria que não estava disposto a ir tão longe por ninguém, mas não. Você ficou e me abraçou, e me quis, me fez te querer. E por isso estou escrevendo aqui essa carta desconexa, mas cheia de sentimentos, porque eu percebi que nem sempre é necessário ter as respostas para todos os "ses" em questão. Às vezes é preciso apenas deixar a vida seguir o seu devido curso.

E hoje, ouvindo o Chico cantar, percebi que não há motivos para não entregar o coração de novo. A gente sempre fica com medo de alguém magoar não é? Mas, sabe. Eu estou disposta a dar a alma e o coração a todos os "ses" que vou encontrar nessa nova fase com você. Porque o primeiro a se deparar com um "se" foi você e embora houvesse várias indicativas para um não, você resolveu insistir. Então, bonito, eis me aqui para todos os "ses" que a vida irá colocar em nossos caminhos.

quinta-feira, junho 28, 2012

Minha dor.








Em parceria com a doce, Brenda Matos.




Por que o teu nome me escorre doce pelos lábios? Eu fico me perguntando se não existe um motivo maior além do sentimento que pulsa aqui dentro, Léo. Como eu não pude acompanhar as evidências sempre tão claras e direcionais. Eu, embora não quisesse acreditar, sabia que o amor estava minguando e mesmo que eu tentasse apertar, segurá-lo em minhas mãos ele acabaria escapando por entre os dedos.


Sim. Eu sei que meu excesso de atenção, os telefonemas longos e açucarados, e até mesmo as minhas declarações na madrugada devem ter te assustado. Mas, sabe? Eu não consigo viver um sentimento pela metade. E quando deito sob as estrelas com os olhos fixos nela eu me pergunto: por que eu o amo tanto? Será que meu amor será suficiente para obrigá-lo a ficar? Será que o amor tem que ser obrigação? Então, eu me questiono muito, Léo. E se tu me fosses transparente, eu não precisaria ter medo de nada. Porque as respostas estariam sempre claras nos teus gestos, mesmo que eu não fizesse pergunta alguma.


Nosso relacionamento nada tem a ver com a sua idade, não a cronológica. Isso tem mais a ver com o que você estará abrindo mão daqui em diante. Sim, eu aguentei até onde pude, mas sabe quando a corda fica gasta demais e acaba por arrebentar? Acho que foi isso que aconteceu. E fico feliz de você ter tido "coragem" de me dizer essas coisas, embora eu acredite que merecia mais de você, uma conversa cara-a-cara, olho-no-olho, porque sempre agimos dessa forma, não é?


E, Léo, entenda. Terminar [o que não começou] não irá me causar dano algum. Porque há tempos venho me preparando para esse momento. Tu não sabes, mas desde o início sabia que o amor e quase relacionamento estava fadado a isso e era apenas questão de tempo. Contudo, espero que você seja bem feliz e não, não tenho pretensão alguma de te esperar. Até breve.


Com meu coração,


Madô.

terça-feira, junho 26, 2012

Eu gosto de você?








Querido Alex,




É tão complicado para um homem dizer: "eu gosto de você", sem soar compromisso? Acho tão absurdo esse seu jeito de lidar com as coisas, como se tudo tivesse segundas intenções, como se tudo o que sai da mim boca dêvesse ser analisado, porque tudo - segundo você -, que eu falo é seguido de entrelinhas ou subentende-se algo. Não. Não é!



Vamos combinar uma coisa? Quando eu digo: "gosto de você". É somente isso. Gosto! Não é um pedido de namoro, de casamento, não estou querendo tomar o chá das cinco com sua família, não quero ficar dormindo na sua casa de conchinha e muito menos deixar uma escova de dentes reservas no seu armário do seu banheiro.



Desculpe, quer dizer, desculpe é o caralho. Eu venho tentado contornar a situação há tempos, tentado colocar na cabeça que você só está com medo, que a sua ex-namorada continua no seu pé, mas quer saber? Cansei. Eu sou maravilhosa, tá! Não é isso que você diz sempre. Então, eu sei que sou M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!! E apesar de você não enxergar isso eu estou pouco me fudendo para você. Se quer saber.



Acontece, meu bem, que pedir desculpas para alguém não arranca pedaço. Reconhecer um erro é uma virtude e, infelizmente, você não é tão virtuoso assim. E sabe, eu simplesmente não me importo com o que você irá pensar depois que ler essa carta. Você não se importou comigo quando me deixou esperando até às 3 da madrugada, não se importou em responder os meus sms suplicantes e muito menos em ser arrogante quando na verdade eu só queria me redimir e consertar o nosso caminho. Quer saber? FODA-SE você.



Com amor,
Clarice.

segunda-feira, junho 18, 2012

Você me bagunça.




"Lapida-me a pedra bruta, insulta, assalta-me os textos, os traços."
O Teatro Mágico


Absorta.
Esse adjetivo vestiu-me perfeitamente aquela manhã. O visor brilhava e o seu nome, há muito esquecido, arrancou-me suspiros e além de despertar uma dúvida: atendo ou não? E então, depois de chamar - alguns breves segundos -, senti a necessidade "curiosística" de atender. E então minha voz soou mansa, quase inaudível, e eu não sei ao certo o motivo. Acredito que um misto de espanto, despero, saudade e porque não dizer: amor.


É que você me bagunça. E não é apenas uma frase solta qualquer. É como eu realmente me sinto quando você, docemente, pronuncia o meu nome. Acredito que se onze anos não foram capazes de acalmar essa chama que arde cá dentro, outros mais não serão suficientes. É que você, beibe, consegue causar em mim todas as sensações inimagináveis. É como se você soubesse tocar meu âmago. Ou como se você percebesse: ei, tô muito ausente. o coração dela vai me esquecer. E então, eu imagino que você deve ter um relógio que além de cronometrar esse tempo, te aviso quando é hora de aparecer.


E esses dias, para ser mais exata, na noite seguinte a sua ligação estava lendo e de repente meus olhos pousaram sobre a seguinte frase: "eu amo você, mas não gosto mais de você." Então eu imaginei redigindo aquilo para você. E embora eu acredite, que o tempo tenha calcificado em meu coração o amor por você, a minha cabeça e todo o resto do meu corpo prova o contrário. Porque mesmo sem querer: você me bagunça por inteira.

terça-feira, junho 12, 2012

Do amor e outras merdas.

Ela tem uma, hedionda, mania de embonitar as coisas. Desde sempre. Deve ter adquirido ainda na infância, quando sua prima lia contos sobre príncipes que escalavam torres e enfrentavam dragões e bruxas horrendas para salvar suas princesas. Se pudesse voltar no tempo, talvez, escolheria ouvir histórias de terror ou a narração de um jogo de futebol qualquer. Só que ela perderia sua essência, seu encanto. Não seria a mesma.


E então, ela se pergunta: por que mudar para se moldar a alguém? Ela não poderia simplesmente continuar escrevendo poesias, acreditar que o amor existe e que ele está próximo, contar suas pidas - mesmo não sendo boa nisso -, falar pelos cotovelos e mostrar que a sinceridade e a autenticidade são virtudes que as encanta. Bah! Acontece que a vida seria bem mais fácil se ela fosse controlada, falasse não dúvidas, se não tivesse ímpetos desesperados de enviar sms para ele às 03 da madrugada. Se ao menos conseguisse dizer:"cara, tô feliz pra caralho e tu não me faz falta." Mas daí, se conseguisse, não seria ela.


E em meio a essa a confusão, ela lista duas teorias: uma estapafúrdia e outra até considerável. A primeira seria um homem com super poderes, assim com identidade secreta e tudo. Aquela história que conhecemos bem, aranhas radiotivas, kriptonita. E então, ela se imagina como a mocinha que não pode ser vista, aquela super-protegida, afinal os arqui-inimigos não podem saber de sua exista. Okay, essa é insana. Mas daí ela pensa na segunda que é o modo como ela reage com relacionamentos, não sabendo distinguir o que é permitido e do que não é, masculinizou-se com todas aquelas conversas que o primo ensinara, que não se deve fazer isso, não deve fazer aquilo. Ou talvez, a moça apenas não tenha encontrado alguém que descobrisse, enxergasse, ao fundo o que há em seu coração.


quarta-feira, junho 06, 2012

Sobre você.

O som se foi há horas, apesar de o rádio continuar sintonizado na nossa estação predileta. Eu queria andar um pouco lá fora, mas o Sol resolveu tirar folga - e, mesmo que não houvesse -, isso também tem sido difícil ultimamente. Meu coração feito pedra, continua aqui, nem descompassado bate mais. E, embora eu creia, não há chances para nós. Só que eu queria te dizer: eu tenho uma coisa sobre você.

terça-feira, maio 22, 2012

Costura-se um coração

Eu queria ter o coração imaculado dos meus cinco anos de idade. Aquele que ainda não havia sido cerzido diversas vezes, que não tivesse marcas de costura. Contudo, o coração já anda tão desgastado que eu penso: - será possível ainda sofrer? E então, como não obtenho respostas vou me aventurando por aí. Afinal, meu coração é meio boêmio, gosta de aventura, das ondas molhando os pés as duas da madrugada. Concluindo: é meio vagabundinho.


Só que ando meio cansada de toda essa libertinagem. Essa história de não ter lugar onde pousar, não ter raízes - ou melhor-, não ter terra profunda o bastante para que elas se fortaleçam. E então, eu penso que ando fora do tempo, que já sou um pouco antiga, que não tenho mais idade para [re]começar.


E enquanto eu olho para o reflexo no espelho, mudo a tonalidade de voz para alcançar meu próprio coração, com tons que mudam de manso a severo. Complicado é convencer "alguém" tão genioso a fazer o que a cabeça acha que é correto. Difícil é entender o que se passa dentro, quando não se sabe o que acontece fora. E nesse emaranhando de confusão, acho que na verdade queria algo [ou alguém] que me completasse.



E mais uma vez eu respondo um questionamento com a palavra: difícil.

sexta-feira, maio 11, 2012

Igreja do seu coração.

"I believed in church of your heart.
Roxette"

Deitei sob as estrelas ontem à noite e enquanto ligava-as, como uma criança que completa seu dever de casa, formei teu coração no céu. Faz algum tempo que vi aquele sorriso largo em direção a mim, mas ainda lembro a perfeição de cada traço do seu rosto. É algo estúpido, confesso. Mas não te admirar em meus pensamentos parece desperdício, compreende? Esse entorpecente que alimenta meus pensamentos me é, de alguma forma, necessária.

Essa poesia toda que venho escrevendo é culpa sua, sabe. Essa ideia de embonitar as coisas, de transformar formigas em personagens magníficos, de criar pretextos para alcançar seu coração. Eu não compreendo quando comecei a perder o controle de mim mesma. Quando resolvi entregar as chaves do meu coração, colocar em suas mãos parte de minha alma, confiar os meus segredos e confessar qual o tijolo que sustenta meu edifício.

E eu queria acreditar que discar o seu número seria suficiente para me colocar novamente em sua vida, que seu ligasse você estaria de prontidão para atender e enquanto eu deslizo os dedos pelas teclas, eu rezo para que você esteja sozinho. Porque eu tenho uma coisa para lhe dizer, essas coisas poéticas que você sabe que vem de mim, como: passear sob o Sol, olhar juntos a estrela D`alva.

Só que meu coração está aqui acompanhando - descompassadamente -, cada toque do telefone. Porque eu só precisava mesmo te dizer que eu ainda acredito. Ainda acredito na igreja do seu coração.
Acredito.

segunda-feira, abril 23, 2012

O menino do tênis surrado

Eu lembro de você sempre que ouço All Star do Nando Reis. Okay! Não só quando ouço, mas em tudo que penso ou vejo. É inevitável que você me venha todos os dias, não só visitar meu coração, mas lembrar a minha alma que pertencemos um ao outro - por meio da poesia. E isso é estranho! Todo esse amor guardado, ou melhor, trancafiado aqui dentro. Esse sentimento que insiste em querer transbordar quando te vejo, mas que se enclausura a cada olhar e se restringe a dizer um "olá" murcho e sem vida.

São coisas da vida, - eu repito todas as manhãs. Tentando me convencer que essas idas e vindas são necessárias. Esse crescer doloroso, esse renascer constante e todas essas marcas que a vida vem me tecendo desde que você começou a fazer parte dela. E eu penso: "quanto masoquismo, meu Deus". E apesar de não obter respostas eu permaneço, porque mesmo que não haja razão, mesmo que não haja um final feliz, acho que o amor é assim mesmo: unilateral, mas combustível aos poetas.

Entretanto, eu venho - deveras, buscando um ponto de equilíbrio. Um movimentar nas ideias, caminhar pela estrada buscando aquele oásis no final dela. E embora não saiba até onde devo andar, continuo prosseguindo. Afinal, dizem que no final da batalha a vitória é certa aos que não desistem e continuam a caminhar. E sabe? Apesar de você me doer diversas vezes, todas as noites e dias sem fim, acredito que você nasceu para mim apenas assim: em forma de poesia. [ou, meu, menino de tênis surrado que sempre amei]


quinta-feira, março 15, 2012

Cheiro de saudade

É o cheiro da saudade que está impregnado em mim. Aquele que só quem viveu consegue distinguir. É um cheiro que nos entorpece, deixa boba e nos faz viajar em devaneios fantásticos. Descrever o cheiro que a saudade tem não é fácil, porque requer uma minuciosidade que só quem viveu consegue entender. Embora seja difícil tentarei trazê-los para dentro de minhas lembranças.

Doce é o cheiro da infância e toda as brincadeiras vividas nela. O cheiro que eu sentia enquanto sentada nos degraus da escada ouvia histórias de princesas que eram resgatadas por seus príncipes, o mesmo que sentia quando corria gritando apavorada por ser perserguida por "vampiros" ou quando comia escondida com os primos - cúmplices - leite em pó com farinha e açúcar. Devo confessar que esse é o cheiro que me arranca mais lágrimas, porque me remete a um pedaço da vida que mantenho viva dentro de mim.

Há também um cheiro floral que me traz a mente olhos castanhos escuros. Aquele que me esperava todas as noites ás 20h na esquina e avisa-me sua chegada com um assovio fino. Aquele que me ensinou a torcer e gostar de futebol, aquele que me ensinou o que era amar e sentir ciúmes e que mesmo não compreendendo entrou e saiu da minha vida apenas com um objetivo: me ajudar a crescer.

E por último: um cheiro amadeirado. Não poderia jamais esquecê-lo, afinal ele me segue por anos. E sim, eu tenho uma predileção por esse. Porque é o cheiro da pessoa que trago em meu coração juntamente com os beijos e abraços que insisto em cultivar dentro de mim. Sentir esse perfume perto de mim é necessário. Porque me faz acreditar que o amor já esteve verdadeiramente dentro de mim.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Do incêndio que se faz em você.






Eu tava ouvindo Tim Maia cantar algo do tipo: "que um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri." Só que eu percebi que a gente anda fazendo isso demais, sabe? Não sofrer. Mas andamos rindo de tudo e todos. E algo meio que disparou o sinal vermelho, só que eu não quis correr como se corre de um incêndio, eu quis ficar ali observando e pedi para o circo pegar fogo. Eu quis pagar para ver. Eu quis te ver ali sorrindo para mim, daquele jeito que só você sabe, derretendo-me aos poucos.
Porque você sabe fazer isso com maestria, derreter-me, deixar-me boa. Talvez seja sintoma, daquele amor antigo que o tempo resolveu resgatar. Sabe aquele? Que deixei passar, que foi abafado aqui dentro desse coração? Reviveu. E me fez reviver aquela história já esquecida. Mais que isso, nasceu a vontade de criar uma nova, com um novo fim. Feliz.



sexta-feira, janeiro 06, 2012

O gelo que te envolve, vezenquando.

- Ah, o amor. - Pensou ela.
E não pôde completar a frase. Não que ela não quisesse, não conseguia. Sempre soube que o amor tinha suas lascas afiadas e que acabaria se machucando. E assim sempre acontece. O amor, ela generalizou, irá matar você. Ela conversava com o pipoqueiro que, impacientemente, arrumava a sua carrocinha. A moça encontrou no desconhecido um ombro amigo, alguém para desabafar sobre a ausência dele. O velho com o olhar terno, despediu-se diante da noite que avançava furtivamente. E ela continuo ali.



A moça vermelha com o rosto em formato de coração estava ali. Sozinha. E soube, que doeria, voltar para casa e saber que não haveria recados na secretária eletrônica que a avó lhe dera, que faria apenas uma torrada e ainda assim deixaria metade e ele não estaria lá para obrigá-la a comer, que ele não seria mais a cobaia dele em seus experimentos gastrônomicos.



E andando meio zonza, abraçou-se enquanto olhava para o relógio na Praça Central. Sentia frio. E soube ali que não havia mais o nós, apenas um "eu" congelando em plena avenida. Porque até a mais bela rosa, poderia esconder os mais terríveis espinhos. E assim, ela soube, que o amor também poderia ser inimigo.