domingo, setembro 30, 2012

Adeus você.

Por favor, não me olhe com essa cara. Eu te imploro. Me dói um bom bocado te ver com chuva nos olhos, garoto. E me retarda um pouco, vês? Me deixa ir o quanto antes... eu preciso terminar de recolher as minhas coisas, mas ver você tão miúdo desse jeito me corta o coração. Você realmente não se lembra de tudo que você me disse ontem? Pois é, eu ponderei e concordei com todas as linhas atropeladas que saíram da tua boca chorosa. Então eu decidi recolher todos os meus pedaços e recomeçar no meu mundinho, na minha zona de conforto. Eu ‘tô levando tudo de mim, que é pra não ter razões pra chorar. Vai passar, talvez. Por favor. Me deixa ir. Deixa eu passar por essa porta. Entendo a tua raiva, por favor. Não pensa que vou por não te amar, mas eu realmente preciso ir. Sair dessa vida de mendigar amores.

Eu também acho que não deveria acabar dessa forma, mas ouvi dizer – não me recordo onde -, que alguns amores são bonitos simplesmente pelo fato de terem que acabar. E sabe? Eu concordo com isso. Ninguém lembraria de Romeu e Julieta se eles tivesse ficado juntos e constituído uma família, Titanic não teria sido um sucesso de bilheteria se o Jack não tivesse morrido também. A despedida sempre é bonita, beibe. E muitas vezes é necessária. Estou levando minhas coisas, para que tu não te apegues a mim. Me deixa ir. Enquanto ainda há um pouco de dignidade nesse relacionamento, enquanto podemos olhar um para o outro e dizer que valeu a pena. Só me deixe ir.



Em parceria com a bonita, Mafê.

quarta-feira, setembro 26, 2012

A culpa é?

A Culpa, realmente, é das Estrelas. Terminei de ler o livro ontem para uma discussão literária que participo no face, e não muito diferente dos outros eu também chorei. Não porque o livro fosse realmente muito triste. Porque não é. Ou é? Mas eu vejo apenas a vida “poetizada” por assim dizer. Quantas pessoas apenas morrem e viram névoa em nossas mentes até, por fim, simplesmente dissipar. Eu tive experiências dolorosas ao perder algu
ém querido. E enquanto eu lia um capítulo eu lembrei de mim, deitada com o cabeça afundada no travesseiro para abafar o meu choro. Sim! Aquele choro que você quer gritar, ou melhor, que você grita junto. É, não chorei exatamente por causa do livro. Chorei porque me arrancaram assim, do nada, pessoas que eu amava muito. Se você nunca perdeu alguém querido não sabe o que é não poder mais abraçar, não poder contar uma novidade. E eu fi
co pensando como a nossa “existencialidade” é tão efêmera. Nossa vida é água colhida pelas mãos que escorre pelos dedos em instantes. Ninguém eterniza ninguém. Você pode dizer que a pessoa ficará viva em seu coração. Eu já disse isso. Confesso. E realmente não somos “deuses” para manter ninguém vivo em nós, é impossível. A pessoa morreu. Morreu. A gente não lembra, sério. A não ser que sintamos alguma fragrância, estejamos em algum lugar que era comum aos dois, mas fora isso não lembramos. A própria memória trata de imitar a vida e mata a pessoa em nós também. 


Sinceramente. Eu choro hoje. De dor.

quinta-feira, setembro 20, 2012

Paciência.



Eu estive tão desconexa ultimamente e, sem perceber, fui criando motivos para não ter atravessar aquela linha tênue que hoje nos separa, pois sabia que de alguma forma ela era necessária para manter equilibrado aquele edifício que juntos construimos. E por que eu me importava tanto com a manutenção disso? Se eu disser que não sei facilmente você lerá em meus lábios que eu estou mentindo. Eu sei o motivo. É que eu tenho medo de atravessar a ponte, medo de dar passos em direção a você e perceber que não há mais o que se viver. Porque, caramba, eu sinto que ainda preciso desse sentimento.

E então divagando, como sempre, eu reajo a minha imagem refletida espelho que insiste em me interrogar: "o que você ama nessa história, moça?" Só que diferente da pergunta acima eu não tenho resposta. Porque eu simplesmente não sei o que dizer. Eu poderia dizer que sinto saudade do teu sorriso largo, poderia dizer que sinto saudades do seu sarcasmo ou até mesmo de apenas te ver passar por aí bem bonito como tu sempre fazes, mas eu embora eu busque argumentos para pedir que você permaneça de alguma forma aqui dentro, acredito, que não tenho paciência para lhe falar.

Paciência. Isso me falta tanto, sabe? Desde que você começou a ser ausente, quando resolveu ir à padaria comprar cigarro e me abandonar. Daí então é que as coisas ficaram mais claras, entenda que você não pode simplesmente entrar e sair da vida das pessoas como bem entende, como se as pessoas não tivessem sentimentos ou seus corações fossem uma loja de conveniência de beira de estrada. Entenda, é necessário partir de vez em quando, mas pessoas normais apesar de odiarem despedidas costumam por gratidão dizer adeus. Algumas mais cômicas no estilo Exterminador do Futuro, "Hasta la Vista, Baby." Mas você não. E eu sinceramente pergunto, por quê?

Talvez eu não saiba nunca. Porque, sinceramente, os meus pés permanecerão imóveis aqui. Não é que você não mereça esforço, ao contrário, é apenas uma forma de preservar aqui dentro a pessoa bonita que você é. É a única forma de manter viva em meu coração toda a tua docilidade. E talvez a melhor maneira de guardar em mim o teu sorriso, a tua voz, as lembranças mais suaves de um passado feliz, porque embora você tenha mudado em minhas recordações continuará sendo mesmo.  

quinta-feira, setembro 13, 2012

Para um amor que morreu


É duro você encarar uma decepção, ou melhor, conseguir enxergar uma situação como ela realmente é: nua e crua. Então, desde o início eu tentei deixar lá. Sozinho. Esquecido. Mas uma hora tudo o que a gente sente ou mantém, de alguma forma, vivo dentro de nós vem à tona. E venho sentindo, precisamente, na pele que esse dia chegou. Não seria exagero dizer que é necessário fazer uma faxina, de vez em quando dentro de nós, também confesso que tal decisão é excruciante. Será que excruciante é a palavra exata para medir a dor que estou sentindo? Sinto que há algo me consumindo, sabe? Dilacerando o que há de melhor em mim. E quando fecho os olhos a frase de Shakespeare: Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” , parece tomar vida própria, quase se personificando.
E por que eu estou escrevendo? Porque eu preciso me esvaziar de tudo. Preciso pôr em ordem a casa, meu coração, limpar as gavetas com recordações e simplesmente jogar fora. Cansei de ser refém do meu próprio coração. Cansei de fingir indiferença diante daquilo que me doía de verdade. Cansei, sabe? Cansei de toda essa minha educação e reverência diante de um amor que na verdade nunca existiu, a não ser na sua uniteralidade. Um respeito quase que imaculado diante de idealizações criadas por um coração doente e masoquista. E então, hoje diante dessa decadência amorosa eu me pergunto: “Será que amamos realmente uma pessoa ou o que idealizamos em relação a ela?”
Há tempos essa pergunta martela em minha cabeça e, confesso, que sempre que tentei interligar ao meu “pretenso” amor essa pergunta, o meu coração parecia dizer: deixe lá, está escondido e esquecido. E então, ele foi permanecendo ali dentro, criando raízes como bem queria e eu, sem perceber, vivi em uma prisão ao qual o carcereiro [meu coração], permitia somente enxergar o sol pelas frestas. E durante esse tempo todo dentro de mim, a tristeza me envolvia e sabe? Eu sorrio, minha gente. Não porque eu seja um poço de contentamento, eu sorrio porque eu preciso viver um tiquinho, mesmo que “amarelamente”. Só que cheguei no meu limite, não quero ver um pedaço do sol, não quero apenas ouvir e saber que há pássaros lá fora cantando, eu quero viver isso.
E hoje, antes tarde que nunca, eu ensabôo o meu coração, jogo água mesmo, puxo com o rodo, porque durou tempo demais. Não era para ter enraizado. Não era para ser alimentado. Era para ter morrido. Alguns amores são bonitos porque tiveram que acabar, e algumas pessoas são mantidas em nossos corações como prisioneiras simplesmente pelo desejo obsessivo de tê-lo ali dentro. E sabe, diante de todos esses “nãos”, toda essa existência sofrível do amor em mim, eu realmente decidi que há tantos outros sentimentos bons por vir. Há tantas pessoas que gostariam de receber todo o amor que há dentro de mim, e que sim estariam dispostas a ficar. E sei, que hoje hei de sofrer. Mas não dizem que o tempo cura tudo? Então, eis-me aqui tempo à tua disposição.
Sem mais. Sem choro.