sexta-feira, maio 01, 2020

Cápsula do tempo: carta aberta à minha filha.




Em um futuro, espero que não distante, talvez você leia esse texto e compreenda que o meu amor por você é antigo. Antes mesmo que você nascesse ou tivesse sido gerada eu já te amava com o meu coração. Lembro das muitas vezes que pedi em meus sonhos para que sonhasse contigo. De quantas vezes, em minhas orações, questionei a Deus se nosso encontro demoraria ou não. E do silêncio que se fazia a cada questionamento.

Houve um tempo em que me desesperei por achar que nunca teríamos a chance de nos encontrar. Só que um anjo veio até mim em sonho e me disse que havia um tempo para cada coisa sob os céus. Desde então, passei a acreditar que a vida estava nos preparando. Às vezes eu me pego pensando em todas as aventuras que iremos viver, em todas as bagunças que iremos aprontar no tapete da sala e do seu cheirinho espalhado pela casa. Das nossas aventuras na cozinha, das nossas leituras noturnas enquanto te coloco para dormir, dos nossos pés descalços na areia e de cada descoberta sua enquanto seus olhinhos curiosos passeiam por estrelas muitas. 

Penso em tanta coisa, minha menina.
Imagino a cor dos teus olhos, dos teus cabelos e o formato dos seus lábios. Será que ele formará um coração? Penso e tenho medo também. Medo de não ser uma boa mãe ou de ser atrapalhada demais. Medo de não te apresentar o mundo da maneira correta, de ser super protetora, de ser muito ciumenta e te sufocar. Sei que você pode ler esse texto daqui alguns anos e dizer: a mamãe parecia que estava prevendo o futuro. 

Escrevo mamãe e me dá um frio no estômago. O mesmo frio que eu sentia quando era criança e ficava esperando o Papai Noel chegar. Você é um presentinho tão amado e sonhado. E antes mesmo de conhecer os seus traços sei que já os amo com todo o meu ser. A tua mãozinha que afaga o meu coração, as tuas perninhas que sinto vontade de morder e tudo aquilo que somente nós duas conheceremos nessa aventura mágica e bonita que é (será) a maternidade.

Tenho pouca ideia de quando nós estaremos juntas pela primeira vez (embora sinta que estamos caminhando para este grande dia). A única coisa que tenho certeza é que quando este dia chegar todos os títulos, todas as formações e tudo o que fiz serão pequenos diante da grandiosidade que é a honra de ser a sua mãe. De ver em teus olhos um pouco de mim. Eu te amo muito antes de saber que um dia poderíamos ser. 

Com amor,
sua mãe. 

2 comentários:

  1. Amiga, eu tô meio chocada. Essa noite sonhei que estava grávida. E foi um sonho diferente de tudo que já sonhei. Aí chego aqui e leio isso. Nossa. Eu já escrevi um texto para um filho, lá na casa dos meus vinte anos. Ler isso me fez feliz. Te ler sempre me faz feliz.

    Que bonito esse texto!

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    1. Eu me senti tão feliz em escrever essa carta, sabe? Eu escrevi ela quase sem a intenção de publicar, porque senti tão íntima. Espero que daqui alguns anos ela ou ele possam ler essa carta e se sentir muito amado.

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