sexta-feira, julho 31, 2015

Em tempos assim.


Você me beija os olhos e me abraça como se a qualquer momento eu pudesse sumir dali. E eu vou compreendendo o que é amar através dos teus gestos despretensiosos e pequenos. Pelo modo em que você dedilha suas canções preferidas em minhas costelas. Não conheço muito bem essa equação que se tornou o amor e venho brincando, ultimamente, de esconde-esconde com todas essas incógnitas que são próprias dele.

Sei também que meu humor é de potencializar um bilhão de vezes mais o azedume de um limão, que as minhas palavras saem explosivas como aqueles vulcões em erupção do filme o Inferno de Dante, que eu sou a expressão numérica mais difícil que a vida te deu para resolver e ainda assim você se mantém ali, vivo e cheio de entusiamo.

Eu sei, meu amor, que as divergências são tantas e que os caminhos insistem em querer se descruzar. Que minhas manias são péssimas, minhas vontades são - muitas vezes -, apenas birras de criança. A gente sabe que a convivência é árdua, mas também sabemos que o amor é muito. E tanto. Às vezes me vejo pequeno e indefesa, outras vezes grande e monstruosa. Sei que você aprendeu a ler as fases da lua para me compreender e sei que todos os luares são nossos desde então.

Em tempos assim eu me recolho.
Em tempos assim eu me mostro (te mostro tua).

quarta-feira, julho 29, 2015

Seja livre.



Eu tive meu coração despedaçado inúmeras vezes ao longo dos anos. Algumas dores dilaceravam o meu coração e eu achava que não suportaria, mas a vida me provou através dessas decepções o quanto sou forte. Nós achamos que nossa dor é única, que ela é maior que qualquer outra e que não venceremos. Mas não, não é. Eu já chorei diversas vezes por amores que eu acreditava serem eternos, depositei todas as minhas fichas em relações falidas e sem perspectiva. Eu chorei um mar inteiro por pessoas que sequer se comoveriam por saber que eu estava triste.

E o que eu aprendi com isso tudo? Que ninguém irá te amar de verdade se você não se amar primeiro. Que o amor a gente não mendiga, não implora a ninguém, porque a essência do amor é a sua gratuidade. Aprendi que o amor tem que nascer de dentro para fora e que a partir do momento que eu me amar, outras pessoas verão o amor em mim.

É uma tarefa árdua, mas é necessário que nós coloquemos limites sobre o poder que o outro tem sobre nós. Todas as vezes que eu falo que temos que viver um amor livre é porque me recordo que já vivi em uma prisão. Não há nada pior que viver um relacionamento onde a desconfiança, a insegurança e o medo são os protagonistas. Todas as vezes que falo sobre isso é porque tenho propriedade, porque lembro que consenti ao outro a me aprisionar.

Eu quero dizer a você, meu leitor, meu amigo, que eu não sou tão resolvida quanto vocês pensam, que eu tenho sim os meus problemas e luto com alguns 'demônios'. Eu choro como qualquer outra pessoa, eu brigo com meu namorado, eu bato boca, mas algo que eu tenho comigo agora é que eu sou autora da minha própria vida, o roteiro da minha vida é meu. E ser dona do roteiro não quer dizer que eu vou seguir a risca tudo o que escrevi, quer dizer que eu escolho os personagens que se manterão em minha história.

Ninguém é obrigado a viver com quem agride, destrói e violenta o outro. E isso não se restringe a agressão física, mas a psicológica. Nós não podemos viver um amor de aparência, um relacionamento fictício, porque achamos que nunca encontraremos ninguém. Sempre há alguém. E mesmo que não haja é melhor viver bem com sua companhia a viver solitária ao lado de outra pessoa.

quarta-feira, julho 15, 2015

Quando um amor se vai.

— Vai passar. É só questão de tempo — disse com o coração.
Todas as vezes que alguém decide partir de nossas vidas nos afundamos em um sentimento de derrota. Tentamos descobrir o porquê da decisão do outro e, a maioria das vezes, vestimos toda  a culpa e achamos que o problema está em nós. Nem sempre está. 

Quando meu antigo relacionamento terminou eu tentei de todas as formas compreender o motivo. E embora todos me dissessem que eu não tinha culpa de nada, eu insistia em procurar razões dentro de minhas atitudes e achava que até um 'bom dia' poderia ter sido a razão. Ao longo dos anos, depois de alguns relacionamentos, nós vamos compreendendo que cada um tem uma maneira de observar a vida. E ela nem sempre condiz com aquilo que buscamos.

Todo término é doloroso. Ninguém começa namorar com alguém pensando em terminar amanhã — conheci uma exceção, mas não vem ao caso —, mas a vida tende a nos pregar várias peças. Quando eu chorei o fim do meu namoro sentia uma dor inexplicável dentro de mim. Não como se o mundo fosse acabar, mas uma dor que me dilacerava por dentro. Talvez alguns digam que foi exagero, mas eu lembro como me sentia e o quanto me doía. Nós não estamos preparados para o fim. 

O sentimento de negação esteve comigo por um longo período. E muitos amigos me disseram: "vai passar. É só questão de tempo". Hoje eu compreendo o quão verdadeira é esta frase. Nenhuma dor é eterna e muitas vezes não compreendemos o presente que a vida nos dá naquele momento. Todo fim traz uma lição e nos deixa mais preparados e reflexivos em relação a vida.

Hoje eu percebo através dos meus dias passados e dos atuais o quanto fui abençoada com aquele fim. Ninguém merece viver um relacionamento de aparência, viver subjugado, aceitar traições e viver de mentiras. A nós é dado o livre arbítrio, embora não compreendamos o real significado disso. Deixar ir embora, muitas vezes, é necessário não somente para o nosso crescimento, mas para a nossa saúde física e mental.

Ouvi muito dos meus amigos — até hoje eu ouço —, que Deus me deu um livramento. Em termos eu realmente concordo. Entretanto, prefiro acreditar que a vida me preparou para outra pessoa, me fez mais madura para compreender e ser compreendida. Prefiro crer que o destino apenas me moldou para poder receber aquele que me fará feliz para sempre.