quarta-feira, março 07, 2018

Eu não perdi minha esperança

Sexta-feira passada meu coração me deu um falso alerta: eu estava morrendo. Respirei fundo. Contei até três e repeti a mim mesma que não, eu não estava morrendo. Era só a minha ansiedade batendo à porta. Entrei no banheiro, liguei o chuveiro e enquanto a água caía eu repetia: eu estou bem, eu estou bem, eu estou bem. Nada novo sob o céu. Há alguns anos venho lidando com essa visita desagradável e sempre inesperada. Nunca sei quando vou ter um surto. Sempre é doloroso. O ar me falta, meu coração acelera e a mente fervilha. Tão doloroso parecer uma bomba-relógio prestes a explodir.

De sexta para cá me isolei o máximo que pude. Tenho mais de cem mensagens para responder e a vontade que eu tenho é só de descansar. Às vezes a cabeça da gente pede descanso; ela pede silêncio. A minha vem pedindo paz. É como se ela dissesse: "tira férias, se cuida um pouco". E há alguns dias venho me permitindo desligar o celular ao chegar em casa, tomar um banho, assistir a novela com minha família ou simplesmente ir dormir.

Acontece que nem sempre dá para sumir por completo. A vida pede que a gente olhe com responsabilidade para as nossas obrigações. Então, aos poucos eu vou me obrigando a cuidar daquilo que é primordial. Este texto nem deveria ser tão pessoal, afinal o blog não é um diário. Mas ele acaba sendo reflexo daquilo que sinto. A gente escreve aquilo que há em nós. E há alguns dias venho lutado com esse desespero que se instalou dentro do meu peito.

Antes que você pense: "ela perdeu as esperanças". Eu quero te dizer que não perdi. Eu só compreendi que não dá para ser forte o tempo e que eu posso sofrer também. Que eu posso chorar no colo de Deus e dizer que eu não aguento. Que eu posso olhar para mim mesma e me abraçar como se fosse uma criança que acabou de se machucar ao cair. Que eu posso sim dizer que não quero falar com ninguém, que quero meu espaço e sofrer calada. Que eu posso entender a minha humanidade e ser um pouco vulnerável vez em quando. 

Esses dias eu decidi que caminharia devagarinho e que não maltrataria mais meu coração por causa das escolhas alheias, que não deixaria a minha mente me sabotar por quem sequer teve cuidado comigo, por quem nunca me amou ou por outros motivos mais que me assombram. Esses dias eu decidi que só me cabe aquilo que está sob meu controle e aos poucos vou percebendo que me abraçar foi a melhor decisão que eu tomei nos últimos tempos.