sábado, fevereiro 26, 2011

Love in the afternoon.

Eu digitei a inicial do teu nome pelo menos quarto vezes e apaguei. É que apesar dos dias correrem apressados eles não levam a dor e o vazio que ficou desde que você partiu. Antes de dormir eu olhava para o teto e como uma película cinematográfica conseguia ver você. Todas as coisas que passamos juntos, os sorrisos, as brigas, os carinhos e principalmente o amor e não contive a lágrima que escorria lenta e silenciosamente. Lembrei que há exatamente dois anos o meu travesseiro não era capaz de abafar o som das minhas lágrimas excruciantes. E lembrei também que naquele dia metade do meu coração morreu com você.

Falar de sentimentos que desatinam é inexorável. E cá estou eu tentando escrever algo que seja bonito para você, mas eu sinto que não vou conseguir. Você foi o amor mais sincero que já tive em toda a vida. O único irmão que Deus me concedeu e foi levado embora assim, tão cedo. Eu lembro que Renato Russo cantava: é tão estranho os bons morrem jovens. E eu concordo que você foi embora cedo demais e não pude demonstrar o quanto você era e ainda será importante para mim. Só que eu penso em tanta coisa que ainda poderia ser, tantas coisas que eu queria dividir contigo ainda. Sabe, eu queria dizer a você: vem passar as férias aqui ou dizer: prepara o meu quarto que estou indo te visitar. Só que eu jamais poderei falar isso novamente. Eu queria te ver lá no altar sendo um dos meus padrinhos, sabe? Só que isso será impossível.

Eu estou aqui escrevendo e sei que você não está gostando de ver essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto. Sei que está triste porque esse soluço está me deixando inquieta e sei que, assim como eu, você sente saudade da gente. Eu não encontrei ninguém em toda vida que acreditasse tanto em mim, só você. Eu passei em frente a tua casa antiga, antes de você ir morar em Belo Horizonte e vi a calçada em que sentamos para você tentar me ensinar a tocar cavaquinho e me doeu tanto. Eu sai chorando e assim que subi no ônibus as pessoas me olhavam. Senti uma raiva descomunal por isso e pensei: "será que ninguém respeita a minha dor?". Eu não sei quando é que vai parar de doer, eu não sei quando é que vou aceitar que você foi embora. A única coisa que sei é que hoje é um dia triste para mim e todo dia 26 de feveiro será. Fevereiro, sem sombra de dúvida, poderia ser riscado do meu calendário. Eu não sentiria falta.

Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder.
Alan Kardec de Sousa Silva
♥ 26/07/1984
+ 26/02/2009

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Sê feliz.


Quando você encontrar um amor agarre com todas as tuas forças. Se possível for laçe-o e dê um nó de marinheiro que somente você possa desatá-lo. Ame a pessoa, acima de tudo, da forma mais verdadeira. Deixar que a mentira faça parte do relacionamento é a forma mais exata de matar o amor, então seja sincero. Pingos nos "is" e "tês" cortados não magoam quando a real intenção é harmonizar a relação. Então não deixe que as desavenças se tornem uma bola de neve, não cultive dentro de você ervas daninhas, pois é difícil arrancar a raiz e ela continuará a crescer.

Evite certas situações para que no futuro você não tenha que dizer: "se eu fosse jovem teria feito diferente, devia ter feito isso...". Aquele lance de viver cada dia como se fosse o último e único é válido desde que você faça as coisas com mais dedicação e amor. Não tome decisões de qualquer forma, não empurre seu relacionamento com a barriga, não faça nada nas coxas. Porque dessa forma a sua vida será insignificante, totalmente sem sentido. Viva! Não sobreviva.

Ame. No sentido de enamorar-se pela vida, pelas pessoas que estão ao seu redor. É simples e não dói dar um bom dia, distribuir sorrisos. Não se torne uma pessoa amarga, daquelas que dizem: "o que tem bom o dia?", "por acaso sou dentista para abrir os dentes para mim." Seja amável. A ira destrói a vida do ser humano, mata a alma da pessoa aos poucos. Seja diferente. Aquele velho ditado se encaixa aqui: "se o mundo lhe oferecer espinhos, devolva rosas."

Você que ainda não tem filhos e tem pretensão de formar uma família ouça. Crianças não precisa somente de comida e roupas, elas precisam de atenção e carinho. Então, não pense que por você dar tudo aos seus filhos está sendo um ótimo pai ou uma boa mãe. Dar sustento ao seu filho é uma obrigação sua. O desejo da criança é que o pai vá as apresentações da escola, que fique feliz com o desenho que fez em sua homenagem, que torça para que ela faça um gol e vibre com a vitória, que se emocione com sua apresentação de ballet. Mas os pais estão mais preocupados com as contas no final do mês, com o futebol na quarta-feira e todas essas coisas tomam o lugar que é por direito do filho.

Diga sempre aos seus filhos o quão eles são importantes. É comum vermos os pais dizendo que amam seus filhos enquanto são bebês, mas a medida que vão crescendo esse hábito se torna cada vez mais escasso. É claro que palavras, algumas vezes, valem menos que gestos. Mas não há coisa mais gostosa de se ouvir dos seus pais: eu te amo, você é importante para mim. Hoje as pessoas dizem para qualquer um isso, mas a quem realmente importa não. Ame seus filhos com gestos, com palavras, com abraços, com os lábios. Mas não deixe de amar.

Não. Eu não sou mãe e muito menos encontrei um grande amor, mas eu observo as pessoas e vejo os seus erros e espero nunca comete-los. E se, por acaso, isso ocorre que eu tenha a humildade de corrigir e pedir perdão. Apenas digo não espere o amanhã, não diga que não há como consertar. Se o futuro a Deus pertence, como dizem, seja o auxiliar d'Ele e tente, ao máximo, andar pelos caminhos certos.

Sê feliz, caro, sê feliz.

A Alex Izumi que me enviou um aúdio incrível sobre a vida.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Se eu fosse um garoto.

"If I were a boy
Even just for a day..."
Beyoncé
.

Eu amaria apenas uma mulher e faria de tudo para não magoá-la. Eu diria, incansavelmente, que os momentos com ela são perfeitos. Porque eu sei como machuca não dar importância a pequenos momentos. Mas eu sou apenas uma garota ferida. Eu seria um típico romântico a moda antiga, mas não do tipo clichê. Eu mandaria flores e bombons, escrevia cartas e espalharia bilhetes pela casa.

Se eu fosse um garoto eu jamais diria palavras duras, não usaria os seus corpos como se usa uma roupa e logo se troca. Eu não entraria em um relacionamento se não tivesse certeza que poderia de, alguma forma, retribuir o sentimento. Eu não beijaria a boca de quem me ama, somente porque ela é bonita.

Eu não teria várias namoradas, me dedicaria a apenas uma, e tentaria ser o melhor homem. Eu levaria filmes aos finais de semana e comeria pipoca com brigadeiro, essa coisa porca que elas adoram, somente para satisfazê-la. Eu a escutaria falar sobre o dia terrível de serviço, sobre os sonhos de ter uma vida profissional brilhante, eu leria os seus textos e até falaria sobre o futuro com ela.

Se eu fosse um garoto eu terminaria o namoro da forma mais digna possível. Jamais diria a ela: "você merece coisa melhor, o problema sou eu e não você". Não a deixaria pensando mil coisas, sofrendo, para que depois ela descobrisse que eu a havia traído. Eu não diria que a amo até ter certeza. Não ocuparia um lugar em que eu tivesse certeza que abandonaria a qualquer momento. Daria a liberdade a ela.

Se eu fosse um garoto seria mais humano e não colocaria o seu coração em um moedor de carne. Fecharia os olhos diante das amigas delas, não teria vontade de pegar a irmã dela. Porque eu saberia como dói uma traição desse tipo. Não esfregaria outra mulher em sua cara, para mostrar que ela me perdeu. Eu, acima de tudo, a respeitaria as lembranças passadas, como amiga, namorada e mulher.

Apenas se eu fosse um garoto.

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Resposta.



Se não conseguir localizar o Vinícius eu posso tentar falar com o síndico e conseguir o endereço para você. De qualquer forma esse incidente foi responsável pela nossa aproximação. Fico feliz em ter aberto a tua carta, já que não se irritou comigo, e eu ficarei muito contente se continuares a me enviar cartas. Não se envergonhe, bonito, falar sobre os sentimentos hoje em dia é tão difícil que no primeiro momento além de surpresa eu quis que estivesse falando de mim. Deixe-me explicar, não que estivesses sofrendo por mim, mas que falasses do amor que sentes. É que eu acredito, que nesses 20 anos nunca ninguém me escreveu nada tão bonito, jamais me senti querida assim por alguém como tu queres a Sarah. Desculpe o desabafo, espero que não esteja sendo grosseira.


Sobre a tua letra eu realmente, desde pequena, sou curiosa com a grafia das pessoas. Faço caligrafia desde sempre e quando vi a tua letra curvilínea mostrou uma amabilidade que jamais havia visto em outro lugar. Então, por esse motivo, eu quis te conhecer. E ainda quero. Digo que quero, porque espero que não paremos por aqui. Quero te encontrar cada vez mais em outras linhas, em várias delas. E saiba que eu te leio todos os dias nas colunas que me indicaste. Cara sério e conciso você, hein?!


Não vou me estender tanto. Talvez você esteja pensando que falo demais, mas eu gostaria de saber como anda o teu coração desde então. Eu espero, sinceramente, que esteja melhor e que ele encontre um porto seguro. Você me perguntou sobre mim, acho que não tenho nada a dizer por enquanto, somente que eu sou uma poetisa apaixonada pelas horas, pelas pessoas, pelos dias e que tem um coração sempre vazio. Acho que o amor ainda não quis fazer morada em mim. Então, aguardo pacientemente até que ele me queira.
Acho que é isso, doce. Espero a tua próxima carta.


Beijos e abraço poéticos.
'Line.


Esse texto é uma parceira com a escritora Gabriela Diehl. Leia o início da história em seu site.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Ao meu único e verdadeiro amor.

"Com a cara e a coragem, com malas, viagens
Pra dentro de mim, meu amor."

Me custa a confessar o quanto eu amo você, porque é algo que quero renegar até a morte. Talvez por ferir o meu ego, por demonstrar quem sabe uma fraqueza minha. Mas cada vez que eu vejo você há uma batalha dentro de mim, são os meus pensamentos, as recordações que se enfrentam como em um ringue onde um deseja nocautear o outro. É o meu coração que fica flertando com a minha razão, tentando convencê-la que você deve ficar. Eu tento me convencer, inultimente, que você não era para mim. Mas eu, sinceramente, só quero acreditar que a gente nasceu um para o outro. Que os teus braços ainda têm o formato do meu corpo e que eles vivem me esperando para um abraço. Que você ainda beijará os meus olhos como fazia antigamente e me chamará de "meu bem" como sempre fazia. Mas isso não irá acontecer.

O que me apavora não é a distância entre nós e muito menos não estar com você. É saber que a qualquer momento nós vamos nos perder para sempre, seguiremos caminhos distintos, formaremos uma família. E o que me deixa nervosa é a possibilidade de entregar meu coração a alguém e você continuar aqui dentro do peito. Não quero que isso aconteça, mas me recuso a te despejar. O que acontece comigo, menino? Queria conter meu coração que tenta sair pela boca cada vez que te vejo, queria conter os meus olhos que te seguem sem nenhum pudor quando você está com ela, mas infelizmente os meus instintos são mais ávidos que minha sensatez.

Eu queria, menino, dizer que pouca coisa mudou desde que deixamos de ser. Acredito que o sentimento apenas amadureceu e a vontade tenha aumentado um pouquinho também. Aquela vontade de ficar abraçado olhando para o céu por sobre os teus ombros, da tua voz me chamando de menina maluquinha, de você dizendo que ficaríamos juntos para sempre. Eu sei que nunca mais seremos nós novamente, até mesmo porque apesar de te querer eu não te quero, entende?! Só quando eu te vejo é que esse desejo acentua. E confesso, que longe, você não me é mais apetecível. Eu só queria convencer às lembranças a se aposentarem, daí jamais voltaria a ter um vestígio de ti em meus pensamentos.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Coisa chata.

Para mim é realmente uma honra saber que meus textos estão sendo postados por outros blogueiros, desde que eles sejam devidamente creditados. Entretanto, há uma coisa que está me deixando bastante chateada. Escrevi um texto com a citação do Caio Fernando Abreu e não sei o motivo das pessoas terem atribuido o texto a ele. É claro, que o Caio F., é meu escritor preferido. Muitas vezes já comentei que ele é o meu eu masculino, contudo qualquer escritor ficaria assim como eu: enfezada! Se tivesse seu texto distribuido pela web como se fosse de outra pessoa.
Escrevi meu texto e agora é só você jogar no Google que aparecem vários links com esse texto e o pior de tudo dizendo que é do Caio F. Sinceramente, estou bastante chateada e espero que as pessoas que tenham postado, equivocadamente, me creditem ou retirem o meu texto do ar. O texto é o seguinte:

“Pedi pra mãe – me interna, to infeliz pra caralho.” Caio F.

Tequila, café e cigarros exatamente nessa ordem me preenchiam. Aquela velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não. Eu não quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era. Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o que eu quero. Desde que ele fora embora eu ouço versos que me falam sobre amores arruinados, o coração já não bate, esquecera completamente o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que não sei como ele reage, porque os dias estão vazios. Sabe toda aquela ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é. Acreditava nisso piamente porque ele estava ao meu lado, agora que se foi tudo é cinza. E eu chorei um oceano inteiro essa noite. Eu precisava esvaziar. Porra eu preciso ser internada.

(http://parafraseou.wordpress.com/2010/01/12/me-interna-mae/)

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Carta entre amigos.


Léo,

Será que posso te chamar assim ou seria muita intimidade? Desculpe-me, sei que não é correto abrir as correspondências alheias, mas a tua letra me incitou a abrí-la. É linda. E, confesso, que tive curiosidade em ler porque não é comum pessoas trocarem cartas em plena era digital. Espero que não se irrite comigo ou me odeie por ter lido, eu poderia apenas tê-la deixado de lado, mas quis responder dizendo que o teu amigo não mora mais no meu prédio. Sim, eu o conhecia, mas ele se mudou há mais ou menos 3 semanas e, deveras, não sei seu novo endereço. E dessa forma tomei a liberdade de responder a você.

Eu estava esperando algumas cobranças do meu cartão de crédito e por coincidência a tua carta estava entre elas. Eu realmente li a carta inteira sem pestanejar e achei interessante o fato de você ter dito que arrumou um emprego como cronista, adoraria ler os teus textos, pois me chama bastante a atenção. Me interessa. Bem, você deve estar se perguntando: "o que essa louca quer comigo?". A verdade é que eu realmente não sei, mas quis te conhecer e a única forma de conseguir isso foi me arriscando a responder essa carta que nem escrita foi para mim.

Não pense que sou uma doida varrida, que costumo abrir as correspondências dos vizinhos, é a primeira vez que isso acontece. Sou apenas uma moça que se interessou por sua caligrafia. Piegas? Pode até ser, mas consegui enxergar além e acho que estou certa. Consegui ver romantismo em cada traço seu e para minha surpresa o conteúdo da carta confirmou o que eu pressentia. O que não entendo é como um amor pode adoecer assim dessa forma, o ciúme verdadeiramente é uma cárie que corrói sem dó nem piedade. Sei que não direcionou a carta a mim, mas de qualquer forma, é como o poeta Fernando Pessoa dizia: "Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário."

Acho que é isso que você precisa: um pouco de revolta, mas com uma pitada de sensatez. Talvez haja uma luz no final do túnel e você não enxerga, análise todas as possibilidades e verás que não está assim tão perdido.

Ah, continue a escrever.
Beijos doce,
Aline.


Esse texto é uma parceira com a escritora Gabriela Diehl. Leia o início da história em seu site.