segunda-feira, setembro 30, 2019

Ser bonzinho demais é bom para quem?


Fechei os olhos e tentei ignorar a dor que sentia. Olhei para o teto e respirei calmamente contando até dez. As lágrimas molhavam meu travesseiro e minha respiração entrecortava. Eu sentia muita coisa e ao mesmo tempo não sentia nada. Eu repetia na minha mente: tem dia que é assim mesmo, nem sempre é dia de sol – mesmo que ele esteja queimando lá fora –, tem dia que é de chuva, de tempestade, dentro de nós.

Olhei para o espelho e solucei um pouquinho ao ver meu rosto inchado. Meus ombros pesavam demais e a vontade de voltar para a cama era imensa. Enxuguei os olhos, peguei a toalha e fui para o banho. A água do chuveiro se misturava às minhas lágrimas levando-as ralo abaixo. Elas pareciam gentis demais. Enxuguei o cabelo, troquei de roupa e voltei para a cama. Meu telefone sinalizava várias notificações. Virei a tela para baixo e silenciei.

Mergulhei em um sono sem sonho – os meus pensamentos usurparam seu lugar. Eles pululavam na mente cansada, repetindo que eu deveria me amar mais, que deveria parar de colocar os outros no colo, de tentar ser a salvadora da pátria, de entrar no fogo sem proteção. Abri os olhos com o coração pesado por entender que até o meu subconsciente tenta me avisar que bondade em excesso é prejudicial à saúde. Ser bonzinho demais é bom para quem?

segunda-feira, setembro 09, 2019

Hoje eu quis te ligar



Pedi um café e de repente ouvi a nossa música tocar. Confesso que você veio à mente e me causou um certo desconforto. O problema não é a sua imagem, mas a dor que eu te causei com a minha partida. Eu sei que é tarde para se arrepender ou pedir perdão, mas se você me permite dizer: eu sinto muito. Sei que palavras a essa altura do campeonato não faz diferença alguma para você. Sei que você já teve outros amores depois de mim e que talvez você sequer se lembre de como os meus olhos te olhavam.

É.

Eu não fiz por onde ser uma boa lembrança e, mas uma vez, eu sinto muito por isso. De todos os rompimentos talvez o nosso tenha sido o mais dolorido até aqui. Acho que não soube conduzir bem o nosso fim. O problema é que eu não encontrava uma forma de te dizer adeus, porque sempre que eu me distanciava sentia que o destino nos queria juntos. Tolo. Acredito que tenha sido tolo demais. Mas o que fazer agora? Eu sinto muito pelo adeus que não nos demos e pela mágoa que você levou na bagagem. Sinto muitíssimo por ter magoado quem eu sempre busquei proteger.

Às vezes eu lembro de você de uma forma tão bonita e são nesses momentos que eu me questiono o porquê de ter sido tão leviano com o seu coração. Eu sinto muito por não ter tido o mesmo zelo do início, mas eu acredito que me deixei levar pela minha impetuosidade. Você me conhece e sabe que eu sou impulsivo e faço algumas coisas sem pensar. Sinto muito por não poder voltar no tempo e ter dado um fim mais digno a nós, por não ter preservado o que sentíamos um pelo outro.

Hoje eu ouvi a nossa canção tocar e por um instante eu quis te ligar.
Mas sei que não me cabe regressar ou sequer acenar para um barco que já zarpou. Acho que de tudo o que vivemos sobrara apenas a melodia de uma canção que atormenta o meu peito e me faz reconhecer que realmente algumas portas se fecham quando decidimos atravessá-las.

segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Como superar um término


A dor do término dilacera o coração e nos faz, muitas vezes, nos questionarmos se o amor é para nós ou não. Infelizmente não há fórmula mágica para superar um término, mas existem caminhos e escolhas que podem te levar à superação.

Todo término, seja ele longo ou curto, carrega boas lembranças. E são elas que, na maioria das vezes, nos impedem de seguir. Às vezes nós nos apegamos ao ontem, àquilo que nos trouxe felicidade à época, e nos mantemos fixos ali. Os pés não se movimentam e a vida só parece ter sentido naquele instante: onde os dois compartilhavam a vida.

É normal que uma das partes saia ferida da relação. E se essa pessoa, por ventura, for você eu tenho algo a lhe dizer: puxa a cadeira, sirva um café e vamos conversar. Relacionamentos acabam, e tudo bem. Quantos términos você já superou até aqui? Acho que essa é uma pergunta bem pertinente. Eu, por exemplo, já tive meu coração partido algumas vezes e todas as vezes achei que não suportaria o fim. E cá estou recomeçando mais uma vez.

Ninguém entra em uma relação apostando no fim. Até porque nós desejamos encontrar alguém para caminharmos ao lado até o fim de nossos dias. Mas, acontece de alguém desejar caminhar por outra estrada que não nos cabe. E sabe de uma coisa? Tudo bem. A gente precisa entender que a máxima de amar é desejar que alguém esteja ao nosso lado por livre espontânea vontade. Estar conosco não deve, em hipótese alguma, ser um sacrifício ou uma obrigação.

Superar o fim de uma relação requer de nós muito pouco. Isso mesmo! Demanda muito menos que nós imaginamos. O problema é que muitas vezes a dor obscurece o nosso entendimento e nós vamos vivendo os nossos dias de qualquer jeito. Sempre que converso com alguma amiga que está passando por uma situação eu digo: você precisa tomar uma decisão. A palavra-chave é essa: decisão.
s.f. Ato de decidir ou decidir-se; resolução; determinação. / Coragem, intrepidez; firmeza. / Sentença; arbítrio.
Mas como se decidir em meio à dor? Essa é uma pergunta muito pertinente. Sempre que precisei atravessar um término me questionei sobre o porquê do fim, colocando na balança todos os prós e contras. Nós bem sabemos que uma relação não acaba da noite para o dia. Sempre há indícios de que o fim está próximo ou que o outro não está na mesma sintonia que nós. Dito isso, cabe a nós analisarmos se nós merecemos um amor inteiro ou uma relação mais ou menos.

Ao longo dos anos, após algumas decepções, eu decidi que nenhum término dominaria a minha vida e que ninguém, além de mim, teria poder sobre o meu futuro. E como eu fiz isso? Decidindo que eu seria prioridade, mesmo que o teto estivesse desabando sobre mim. É claro que nem todo mundo tem o mesmo discernimento ou encarar seus sentimentos da mesma forma. Por isso, eu resolvi listar coisas que você pode e deve fazer para alcançar paz espiritual e preparar seu coração para o verdadeiro amor. Aquele que virá para ficar. Anota aí que são dicas de ouro:

Aceite que você é humano e que você pode sim chorar. Viva o luto do seu término, mas não viva para a morte dele.
Chore até esvaziar toda a dor que há em você. As primeiras semanas serão bem difíceis, mas acredite: nenhuma dor é eterna e logo você nem se lembrará o motivo de ter sofrido tanto.
Cuide do seu coração, da sua aparência e da sua saúde emocional. Procure estar ao lado de quem te quer bem. Invista em você.
Distancie-se das redes sociais, a priori. Volte o seu olhar para você. É normal as pessoas questionarem o porquê de vocês não serem mais vistos juntos, então se dê um tempo e vá viver essa nova fase de adaptação.
Nada de criar fakes para stalkear a vida do outro. Um dos maiores erros que cometemos é querer investigar a vida do outro para tentar entender o motivo do término. O móvito do término deve ficar claro na última conversa do casal. Se não ficou, não é investigando a La Sherlock Holmes que você terá a resposta. Além do que você tem uma vida novinha, de solteirice, para viver. Viva a sua vida e deixe que seu ex-parceiro viva a dele. Siga em paz!
Desfaça-se das lembranças dolorosas. Evite contatos desnecessários.
Olhe com carinho para você, faça coisas que te alegrem, ouça músicas vibrantes e aposte em algo que lhe dê prazer. Seja um esporte, seja alguma atividade que te faça bem.

E, por último: entenda que você é importante, que merece um mundo inteiro de felicidade e que sua vida não é a casa da mãe Joana para que entrem a hora que quiserem. E isso é importante salientar porque sempre há quem termina e depois de algum tempo – depois que você sofreu, se esguelhou e choro rios e mares – vem com o discurso de que estava enganado. Todas as vezes que alguém vier até você, após você superar um término, dizendo que sente saudades e que quer reatar, se pergunte se todo o seu sofrimento e superação foi em vão. Pergunte ao seu coração, às suas noites mal dormidas, às suas lágrimas, se elas não valeram de nada. Tem gente que faz da nossa vida de playground porque nós damos liberdade.