sexta-feira, novembro 24, 2017

É você


Eu perdi o controle, admito.
Às duas da manhã, depois de algumas doses de tequila.
Voltei para casa, numa tentativa desesperada de não te ligar.
Em vão.
Abri a gaveta do criado mudo, aquela que tem tranca.
Pedi para minha mãe esconder a chave, mas eu só estava enganando a mim mesma, pois sabia todos os esconderijos que ela usava.
Lá, embaixo dos envelopes inutilizados, estavam as fotos de nós dois.
Espalhei todas as lembranças pela cama.
Meu coração estava cheio, lotado de você.
De nós.
Me pergunto se, em algum momento, você já reviveu isso, ou só colocou tudo em uma caixa e jogou fora, porque essa não é a primeira vez que faço isso e nem sei se será a última.
Três doses de vinho depois e já são quatro da manhã.
Olho para o celular e reviso a mensagem que eu escrevi.
Apertei o botão de “enviar”.
Você não respondeu.
Provavelmente meu número nem deve mais estar salvo em seus contatos.
Admito que ainda preciso de você, que não acabou.
Choro com os olhos fechados, revivendo nossa história, como um filme.
Então a campainha toca.
São seis da manhã.
Com os olhos vermelhos e o café a caminho da boca, maquiagem e roupas de ontem, me encaminho até a porta.
E é você.
É você dizendo que prefere se magoar do que não estar do meu lado.
É você dizendo que podemos nos curar, que o fim foi um erro.
É você lá, na soleira da porta, dizendo que fomos, ambos, imaturos.
É você, com as mãos nos bolsos, dizendo que precisa de mim.
Sou eu, com os olhos embargados, abraçando​ você, dando e recebendo nós em troca.
Somos nós, dizendo pela primeira vez,
Eu te amo.




quinta-feira, novembro 23, 2017

Esse que sou hoje não te quer mais


Meu “eu” de ontem foi apaixonado por você, esse que sou hoje não te quer mais. E só te quis um dia porque a metade foi uma mentira. Até a explosão mais grande um dia acaba em cinzas. E com a gente não poderia ter sido diferente. Fomos bastante, aquilo que dava pra ser, tudo o que éramos no momento. Cantávamos com aquelas ferramentas, faltavam outras. Eu sei, não sou vítima, mas a tua insegurança e covardia foram o maior veneno. Ninguém estava preparado para um relacionamento, mas acho que ninguém nunca está totalmente. Talvez você não queria tanto assim, e mesmo contra minha vontade, que bom que se cortou o laço.

Agora, depois de tudo, agora que estou mais serena, consigo agradecer e tirar proveito. Agradeço tudo o que essa experiência me ensinou, os caminhos que deram tantas voltas e me trouxeram até aqui. Não poderia ter crescido tanto se continuasse com nosso relacionamento que tantas energias me tirava. Você era o centro do meu universo, minha âncora, porto seguro. Eu te quis. Mas era tão tóxico. Dava o tiro e depois tentava estancar a hemorragia. Mesmo assim, conseguimos viver essa fase, não é? Eu sei, com total intensidade, como se fosse o último capítulo de uma novela. E acabou. E logo te vi ser tudo o que eu acreditava que não era. Te vi me machucar e pedir desculpas. Tuas carências me machucaram.

Finalmente sinto que sou minha constelação, sistema solar e universo por completo. Sou minha maior prioridade. Parece besteira? Não é. Quem viveu algo parecido entende perfeitamente o valor da paz que surge depois de uma batalha tão árdua. Tenho quase total certeza de que não teria conseguido tantas coisas se continuasse contigo. Então eu agradeço. Nosso fim me causa alívio. A minha escolha é te manter afastado, como alguém que fez parte da minha história, mas que não merece estar no meu presente. 

Não sinto vontade de mandar mensagem ou até saber se você está bem. É completamente indiferente. Te escrevi porque a Isabel disse que você passou na casa dela duas vezes. Agora você acredita? Eu não volto, fechei a porta e fui passear buscando lugares mais iluminados. Meu amor é imenso, forte e leal, mas não suporta traições e mentiras. Só espero que você encontre harmonia e não se perca nas tantas contradições.

Outro amor? Ah, não sou de procurar essas coisas não, elas simplesmente acontecem. Não dá pra forçar e que bom que seja natural. A espontaneidade e tão bonita. Vou cuidando de mim, traçando minhas metas, realizando sonhos. Mastigando alegrias miúdas, às vezes embriagada com a felicidade. Ajustando os ponteiros, mas triste mesmo faz tempo não me sinto. Você percebe? No momento da erupção não temos capacidade de enxergar direito, mas logo tudo ganha vida novamente.


quarta-feira, novembro 22, 2017

Você não mexe mais comigo


Percebi que na verdade, nem era você o que virava a minha cabeça. O que tirava a minha paz. E sim, o que eu criei sobre você. Virar a página é o melhor a fazer quando não há algo chamado reciprocidade! Demorou, mas eu percebi que você nem era isso tudo.

Não há mágoas, nem desejo de vingança. Só a paz mesmo, graças à minha maturidade! Perder faz parte e eu acho que perdi. Meu orgulho ferido pelas mensagens e e-mails que você fez questão de não responder, guardei na gaveta.

Talvez eu nem tenha perdido nada. Só tenha ganhado experiência, amor próprio e recuperado a minha autoestima. Você me pisava tanto, mentia e me deixava tão mal que rastejei muito aos seus pés.
Olha que eu não sou disso! Não me reconheci. Mas foi bom, assim percebi o quanto a carência nos transforma em trouxas. Dia desses vi sua foto em sua rede social trocada. Estava comentando uma publicação de uma amiga, direto na time line dela.

Sabe o que eu pensei, “trocou a foto, que bom” e depois “como pude perder tanto tempo com ele?”. Isso é prova de que virei finalmente a página. Seu beijo era bom, de fato. Mas um beijo bom não vale tanto sofrimento e baixa estima. Relacionamento quando é saudável, nos faz ficar bem, bonita, com o astral lá em cima.

E o ciclo entre nós era cruel: você sumia, eu descia mais um pouco em minha dignidade, você voltava, eu acreditava, você correspondia, depois sumia. E eu me humilhava, me rastejava. Se eu pudesse voltar no tempo e nunca ter cruzado o seu caminho, voltava agora mesmo. Você não mexe mais comigo.

Ao andar por onde caminhava ouvindo as músicas que me faziam pensar lembrar o que tivemos, só me lamento. Projetei algo em você que eu quis muito. Por isso me iludi tanto. Você não merece nem um minuto da minha energia. E eu passei dias e dias tentando me livrar do que sentia por você.
Assim que ocupei a minha agenda comigo mesma, quando percebi, você estava lá. Entre os amigos de uma amiga. Como uma pessoa qualquer. Aliás, qualquer não: como alguém que eu não devia ter conhecido.

Esqueça aquela mulher que tanto fez por você. Esqueça aquela mulher que por dias deixou os próprios compromissos para te ajudar com algum problema. Esqueça aquela mulher que te tratava tão bem. Esqueça aquela mulher que rastejou aos seus pés. Esqueça aquela mulher que se humilhou para ter você do lado. Não era eu, era a minha pior versão de carência. Eu não sou assim.

Sou do tipo que ao ser ignorada, ignora de volta. Daquelas que sabem quem são, que se amam. O que houve foi uma baixa de amor próprio. Só isso, só isso. Você estava pelo caminho, deu um pouquinho de atenção. Talvez até, em algum momento, tivesse me desejado. Mas eu quis mais, muito mais.

É bom lembrar disso tudo e rir de mim mesma. Do quanto fui idiota. A maturidade nos dá essa liberdade: de rir dos nossos erros. Você foi meu erro mais pesado. Não te desejo mal, não sou disso. Pelo contrário: desejo que seja muito, mas muito feliz e realizado na vida. Só que bem longe de mim e de onde eu possa ver ou ter notícias.

Se um dia passar por mim na rua, por favor, me ignore. 

       

segunda-feira, novembro 20, 2017

Eu aceito


Eu aceito.

Aceito a sua escova de dente ao lado da minha e a sua bagunça pela manhã ao escolher uma roupa para trabalhar. Aceito o seu revirar de olhos ao ser contrariada, as caretas que me manda substituindo emojis e os áudios enormes me desejando um bom dia de trabalho. Aceito o teu carinho ao me aninhar enquanto assistimos os casos policiais do canal de investigação. Aceito o seu chocolate amargo, as suas receitas loucas e os seus pratos sem carboidrato. Aceito os seus pés gelados encostando na minha costela às 3 da madrugada. Aceito o teu cabelo desgrenhado e os teus olhos cheios de areia pela manhã.

Eu aceito.

Aceito ver o pôr do sol ao teu lado, enquanto você arranha algumas notas em seu violão. Aceito o som da tua gargalhada, o teu coração como a minha morada e a tua mão como a minha única direção. Aceito as tuas meias de bichinhos, o teu vestido rasgado que você usa para dormir e aceito, ainda, te emprestar as minhas camisetas quando ele não estiver por perto. Aceito dividir os meus dias, as minhas horas e os meus minutos com você.

Eu aceito.

Aceito ver a vida através dos teus olhos. Aceito abraçar o que o destino nos oferecer daqui em diante, seja uma vida simples em uma cidade pequena ou uma cheia de luxo em uma grande metrópole. Sim, eu aceito! Desde que seja ao teu lado. Aceito comer pequi com frango, doce de buriti e essas coisas estranhas que você tanto me oferece. Aceito deitar na sua rede, na varanda, enquanto ouvimos o canto dos pássaros ou os guris da tua rua jogando bola.

Eu aceito.

Aceito viver a tua vida, segurar a tua mão e caminhar rumo ao desconhecido. Aceito ir a outro estado só porque você gosta de comer coxinha. Aceito tirar mil selfies contigo, mesmo não tendo nenhuma rede social. Aceito ler os teus textos e corrigi-los se preciso. Aceito estar ao seu lado nas suas grandes conquistas, me orgulhar das tuas pequenas vitórias e te abraçar quando, por ventura, algo te entristecer.

Eu aceito.
Aceito essa nova vida e todo o amor que vem junto com ela. Aceito ter você como melhor amiga, como amante e mulher. Aceito tudo que estamos construindo. Aceito, no final das contas, tudo o que vier. Eu aceito.

Sim.
Aceito.


sexta-feira, novembro 10, 2017

Permita-se sentir


A gente paga de superado, que resolve bem o passado e adora mudanças, mas a verdade é que a gente morre de medo do novo. Desiludidos a gente canta alto que está bem e sabe seguir em frente, mas fica apavorado quando novos caminhos aparecem. Na verdade, muitas vezes, a gente nem abre as portas, assustados, sem coragem pra sair daquele quarto que a gente já conhece tão bem. 

E se der errado de novo?
E se eu perder tempo de novo? 
E se eu me machucar de novo? 
Ah, o novo!

É inquietante. 

A gente que só quer a paz de ficar onde se conhece, mesmo que seja dolorido, mas é uma dor conhecida pelo menos. A gente esquece que o novo traz novas experiências, sensações, oportunidades. 

A gente precisa é jogar essa armadura pesada de acreditar que já sabe onde tudo vai dar, porque não se sabe. Deixar a vida acontecer de outras formas que não foram planejadas na nossa planilha falida de felicidade calculada, deixar de fazer birra dizendo que as coisas só serão boas se forem do jeito que sonhamos, se estiverem dentro daquele molde limitado que criamos de suposta perfeição. 

O novo pode vir nos dizer que pode não ser do nosso jeito, nem na nossa hora, nem como prevíamos, que pode não estar dentro de nosso padrão de idealização, mas pode nos fazer rir de novo, pode trazer aquele brilho no olhar de volta, pode fazer o coração cansado, desacreditado, bater forte sem motivos.

Aquelas bobagens que trazem alegria à vida, sabe? 
Aquelas que se perderam com o tempo, com as coisas velhas.



quarta-feira, novembro 08, 2017

Nunca vou conseguir amá-la na mesma intensidade que eu amei você


No dia do fim, eu cheguei em casa, me olhei no espelho e disse: foi por nós dois. Nós dois quem decidimos que não dava mais, que em algum momento ao longo dos anos, trilhamos caminhos diferentes e seguimos novos rumos. Esses caminhos não encontravam mais um jeito de se cruzar, e a gente sabia – e sentia – que ali era o nosso último momento, e vivemos ele. Até acabar.

Quando acabou, eu senti que a gente ainda ia se esbarrar por aí, mas acabaríamos seguindo caminhos diferentes de novo. E aconteceu. Lembro do quanto me doeu te ver chegar, chorar, e se desculpar pela dor que me fez passar. Dizer que ainda era eu, que o tempo passou, mas era eu. Lembro de te fazer cafuné enquanto chorava ouvindo você chorar. Mas não dava mais. Eu não conseguia mais. Lembro que nesse dia, o beijo de despedida já não foi mais o mesmo, que o meu coração já não disparava na mesma velocidade que antes. Que ele tinha cansado depois de você tê-lo machucado tanto. Te ouvi se desculpar, acreditava em você, mas o meu coração dizia que não dava para acelerar outra vez. Era a hora de parar de tentar.

E eu parti.

Segui meu rumo ainda sentindo que não foi o fim definitivo. Que – de alguma forma – a vida ia encontrar um jeito de te trazer para mais uma visita. E não demorou. Quando te encontrei pela última vez, lembro de ter tido um dia que vou guardar para sempre. A gente sentia que não teria mais nenhuma chance depois, essa seria a última que a vida daria para nós dois. E quando você foi embora, segurou na minha mão bem forte e disse que queria muito que tivesse dado certo. E lembro que aquele abraço, foi um adeus.

E eu não te vi mais.

Hoje, enquanto escrevo, tento me lembrar de como foi e de como me senti quando tudo aconteceu, e vejo que nossas lembranças foram apagadas de mim – do coração e da memóriaForam levadas com o tempo. Porque embora eu ainda me importe com você, já não te amo mais. E eu soube que você seguiu seu caminho e encontrou alguém nele. Alguém que você decidiu dividir a vida. Alguém que você achou ser a pessoa certa para dividir essa nova caminhada com você. E, enquanto processava essa informação e tentava digerir, recebi sua mensagem:

"Não era pra ser ela. Nunca vou conseguir amá-la na mesma intensidade que eu amei você."

E cada letrinha doeu. Doeu muito. Porque enquanto lia, tentei lembrar dos motivos que me fizeram um dia te amar, mas o tempo levou com o vento. Enquanto a lágrima caía, fechei os olhos para sentir o meu coração mais intenso, e ele não estava, porque não batia mais por você. E, ainda de olhos fechados, notei que por mais que tentasse, eu sentia que você tinha se tornado uma lembrança boa, mas não te via mais. Seu sorriso, seu rosto, sua voz... tudo se tornou uma folha em branco. Sem que eu pudesse perceber, o tempo fez todo o trabalho: apagou todas as linhas já escritas e me deixou a chance de poder reescrever uma nova história, e você não fazia mais parte dela.

E então, assim como fiz no dia em que terminamos, me olhei no espelho e disse o que queria dizer pra você: pode não ser ela, mas não sou eu. O primeiro amor sempre é mais intenso, eu sei, mas ele nem sempre dura pra sempre. o nosso, acabou.



terça-feira, novembro 07, 2017

Isso não é uma declaração de amor


Posso te fazer uma declaração de amor? Não de amor "amor",  sabe? Porque não é exatamente amor, A - M - O - R, assim soletrado pausadamente. Mas amor do tipo Q - U - E - R - E - R- B - E - M. Assim, também soletrado pausadamente. É uma declaração meio boba. Nada formal tipo declaração de bens ou de imposto de renda.

É daquelas mais para "vi um negócio bonitinho em algum lugar e pensei em você". Mas aí o pensar não foi um pensar do tipo "ah, tava aqui sem fazer nada e pensei em você". Até porque você já faz parte dos meus pensamentos sem nem precisar pedir licença.  Tipo acordar, sabe? Todo dia a gente acorda. Com ou sem vontade de acordar, mas acorda. E pensar em você é meio que assim. Eu simplesmente penso. A diferença é que a vontade de você é algo impossível de não existir. Só que esse pensar veio meio diferente. Foi do tipo ver uma propaganda de noivas num outdoor no meio da cidade e me imaginar comendo um doce de framboesa na varanda de uma casa em frente ao mar contigo.

Se bem que se fosse uma declaração de amor propriamente dita, até que não seria algo ruim de acontecer. Pelo contrário... Acho o amor algo fantástico. Quem sabe não seja isso que eu tenha a te dizer...

Ei, espera, não sai correndo... Eu tava brincando!!!

Aliás, será que você se assustaria se, numa bela manhã, a gente despertasse junto e eu te olhasse nos olhos e dissesse:

- Tô com preguiça de levantar, será que o café se faz sozinho e se serve para nós?
Seria bacana isso... rsrs... Primeiro porque estaríamos juntos. Dormindo e acordando sob o mesmo lençol... e, segundo.... que sensacional seria não ter que preparar o café! Kkkkk

O quê que eu estava falando msm? Aaahh, sobre a declaração...
Enfim... a declaração... Eu andei analisando você. Minuciosamente. Desde os trejeitos mais simples como colocar a mão aberta acima do peito quando está com o pensamento ao longe, até o furinho que aparece no nariz quando você pisca os olhos. Mas não somente essas questões fofinhas físicas.

Andei prestando atenção no teu sorriso, mas não somente no ato de sorrir (lindo, diga-se de passagem…) e sim no que te leva a sorrir. E andei prestando atenção também no jeito que você tem me olhado esses tempos. Seja enquanto brinco com sua sobrinha, enquanto falo sobre qualquer bobagem... bobagem séria ou bobagem bobagem mesmo, porque você sabe que eu disparo a falar um monte de coisa que é difícil me fazer parar (quando eu sento para conversar com sua mãe, hein?! rsrs)

E eu sempre brinco... "huuuum... olhar de quem está apaixonada... ou querendo me comer!"
Às vezes eu acho que é uma coisa, às vezes a outra, às vezes as duas... nunca tenho certeza na verdade. Mas ó, o que for, eu aceito, tá? Kkkkk

O que eu tava falando mesmo?
Ah, a declaração de amor...
Mas, ó.... não é uma declaração de amor "amor", sabe?!
Acho que já falei isso… não é amor "amor" mesmo, mas amor tipo "eu amaria essa mulher de hoje à eternidade sem pensar duas vezes". Amor "amor" mesmo seria tipo toda noite antes de dormir, seja pessoalmente ou por mensagem, dizer um "te amo, boa noite" tendo a certeza que, do outro lado, virá uma mensagem semelhante.

Mas, na verdade, o que eu quero te dizer é q eu não sei nada de astrologia ou a posição dos planetas, mas adorava as revistinhas do João Bidu sobre horóscopo. E sempre parava para olhar aquela parte de sinastria amorosa... apesar de que eu nunca soube o que significa sinastria. Só que o que realmente importa é o que eu não encontrei escrito lá.

Porque de nada adiantam frases mirabolantes e histórias de contos de fadas genéricas num papel ou na tela do computador. E sabe uma coisa que eu não encontrei escrito lá? Que, desde que você apareceu (ou reapareceu, no caso), essa estrada que a gente chama de vida, ganhou uma infinidade de novos elementos que eu jamais tinha visto.

Claro... já vi flores e muitas cores e perfumes em outros momentos. Já caminhei de mãos dadas e fiz planos também. Já olhei antes para o horizonte e contemplei um futuro bacana com alguém... E já fui bastante feliz num passado não muito distante.

Mas hoje...

H - O - J - E, assim soletrado separadamente, com quatro letras também que nem o amor. Hoje eu volto a acreditar que não são os acasos que nos trazem certas alegrias. São as certezas. E o meu "hoje", me dou a liberdade de escrevê-lo em um sentido figurado que, dane-se se outras pessoas não entenderem, porque o importante é que você entenda.
O meu "hoje" ganha sentido de "amor". (não o amor "amor" mesmo, porque eu já expliquei antes e não vou falar outra vez, juro!)

O meu "hoje" é quem pretendo ter no meu amanhã. E em cada novo dia de amanhã que chegar, vou querer que você continue sendo o meu "hoje". Porque, mesmo que essa não seja uma declaração de amor "amor" mesmo, não deixa de ser uma declaração de amor. Até porque eu pretendo um dia te fazer uma declaração de amor “amor” mesmo. E você sabe, né?! Amor é algo fantástico. Assim, que nem você, o meu hoje!



segunda-feira, novembro 06, 2017

Deixe cicatrizar



►Leia ao som de Part of me, Katty Perry ◄

Há alguns anos me neguei a aceitar o término de um relacionamento. Eu acreditava ter encontrado o amor da minha vida, por isso me negava a aceitar o término. Então passei, a partir daquele momento, a vigiar cada passo dele para entender o que havia ocasionado o nosso rompimento. Cada vez que eu acessava uma rede social ou tentava ir atrás de alguma informação dele cutucava a ferida. Eu não permita que ela cicatrizasse. Ia até amigos em comum para saber se ele estava bem ou se sentia saudades de mim.

Muitas vezes alimentei esperanças ao saber que ele sentia muito por nós. Por dizer aos nossos amigos que havia se arrependido e que deveria ter ficado ao meu lado. À época eu me alegrava com cada resquício de saudade, me alimentava com as migalhas afetivas que ia encontrando pelo chão, me satisfazia com alguma notícia vindo dele. Até que, em um momento de sanidade, eu percebi que estava me fazendo mal, que estava sabotando a minha felicidade e que estava vivendo a vida dele ao invés da minha.

Às vezes nós ficamos tão cegos de “amor” por alguém que deixamos o nosso amor-próprio de lado. Nenhum amor deve ser maior do que a nossa razão, do sentimento de afeto que temos por nós mesmos. Se alguém decidiu deixar de caminhar ao seu lado é porque não deseja sua presença, logo você não precisa acompanhar a vida do outro como telenovela. O tempo que você perde indo atrás de notícias poderá ser empregado de uma forma mais proveitosa.

Com o tempo eu aprendi que o outro tem o poder que nós damos a ele e compreendi que meu coração não é casa mal-assombrada para ser habitada por fantasmas. Hoje olho para esse episódio e me questiono o porquê de ter dado tanto tempo a quem não merecia, o porquê de ter permitido que eu me sabotasse tanto. Contudo, olhar para trás me fez entender melhor como agir diante dos meus relacionamentos futuro. A gente não precisa beber veneno para saber que mata, não é mesmo?


quinta-feira, novembro 02, 2017

Eu superei você!


Você não faz ideia do quanto eu fiquei parada no tempo, desde que você me deixou. Eu vivi, por uns bons meses, esperando que você aparecesse, me ligasse e dissesse que queria voltar, que sentia minha falta e que ter terminado comigo foi um erro.
Perdi várias noites de sono imaginando o dia que você bateria à minha porta e me pedisse perdão por todas as atrocidades que havia me dito, por ter sido um machista idiota. Cê nem imagina o quanto eu analisava dentro de mim todas as fases do nosso relacionamento, tentando encontrar um ponto em que tivera sido meu maior erro, o ponto crucial de tudo ter se encaminhado para o fim. Em que momento a minha culpa tinha se estabelecido.
Eu chorei, sofri, fui consumida por um sentimento que, até então, eu não conhecia e que jamais deveria ter me acusado dele – a culpa. Demorou muito tempo até que eu entendesse que não havia culpa, mas até lá, eu me deitava do seu lado da cama, perdida em mim, sem aceitar que seu lugar estava vazio, e sem coragem de ocupá-lo, com medo de você voltar.
Depois de tanto tempo sofrendo por puro costume, eu me toquei que você é só mais um babaca egoísta e egocêntrico, e foi isso que mexeu com você quando me viu aquela noite. Não foi amor. Foi arrependimento por ter visto que minha maquiagem me fazia brilhar, que meus olhos reluziam a minha superação, que meus cabelos estavam ainda mais longos – do tamanho que você sempre quis – e a minha postura mais adulta e divertida ao mesmo tempo.
No meio da noite, quando já tinha tomado umas doses de coragem – whisky – chegou no meu ouvido e disse “você está mais linda” e quer saber? Eu estou mesmo!
Senti meu mundo desabar por tanto tempo, lutando com as lágrimas que não cessavam, acreditando que a vida seria a eterna ausência de você. Mas eu não poderia estar mais enganada. Diante de tanta dor, eu descobri uma eu cheia de coragem e que saberia se reinventar em meio a tanto caos.
Eu caí. Uma queda livre até o fundo do poço. Me machuquei inteira e até hoje carrego hematomas na pele e lesões na alma. Mas eu superei! Eu consegui me erguer do que era o fim de tudo o que acabou. Consegui recomeçar e tudo que eu queria era sorrir de alegria e chorar de alívio, por tudo aquilo ter acabado. Eu era uma bagunça, mas agora eu era a minha própria bagunça e não mais a de alguém, o peso de alguém.
As suas cantadas baratas não me afetam mais, porque hoje eu não quero que você volte. Não quero que surja nem no meu quintal, porque você é destruição para qualquer coração, e hoje eu sei disso. Sei que você nunca me mereceu, porque se merecesse, a vida não seria tão melhor sem você!

quarta-feira, novembro 01, 2017

Não deixe ninguém te rotular. Você pode ser o que bem sonhar!


Estive pensando outro dia em como adoram padronizar e estigmatizar as coisas, incluindo pessoas. É um tal de pode e não pode, deve e não deve, que a gente fica mais perdido que cego em tiroteio. Tudo tem sempre que se encaixar nesse quebra-cabeça social perante tantos olhos julgadores.

Se o modo como você vive sua vida não estiver condizendo com seu perfil, sua profissão, sua classe na sociedade ou seu nome, te julgam por ser diferente, estranho ou, claro, louco. E aí eu me pergunto, de onde surgiu tanta responsabilidade? Vocês já pararam para pensar no tamanho da nossa complexidade?

Eu fico boquiaberta quando paro pra ler histórias e biografias de tanta gente incrível que era conhecida apenas por suas profissões. E ao ler sobre essas pessoas você descobre que elas eram muito além de toda essa popularidade singular. Sabe aquela apresentadora do jornal? Tão séria, muitas vezes parecendo robotizada e com suas falas programadas e densas. Ela é uma excelente bailarina, não podia ser mais autêntica e livre em seus passos quando dança; tão leve como uma pluma sendo flutuada pela gravidade.

Não dá para rotular pessoas. Somos imprevisíveis. Nós temos um arco-íris de desejos e anseios dentro de nós, um redemoinho de vontades, uma curiosidade que transcende nosso ser. Se a gente se limitar e não viver tudo aquilo que a gente deseja e sonha, a gente perde o sentido da vida.

Viver não é escolher uma profissão. Não é ter que mudar sua personalidade para viver naquele padrão imposto pela sociedade. Não é enfiar uma máscara de médico, advogado, engenheiro, juiz, e ter que ser sepultado no fim da vida esperando ser aclamado e conhecido apenas por ser um profissional excelente (ótimo se for). Eu quero mesmo é ser reconhecido por ser um bom ser humano; fascinante, surpreendente. É desse tipo de gente que quero encher minha vida.

Nós somos uma explosão de querer, somos feitos de vontades, e são elas que nos mantêm com esse brilho nos olhos que ilumina qualquer ambiente sem luz. Nós somos luz, energia; somos feito pra ter todos os tipos de cores nessa vida, pra vestir por aí qualquer roupa e sentimento que bata no nosso peito. Podemos encher o rosto de glíter mesmo quando não for carnaval, e dançar com a roupa rasgada enquanto lava o quintal.

Ninguém tem o direito de nos dizer qual ritmo devemos dançar, qual cor devemos usar, e qual postura devemos assumir só por causa de uma escolha profissional. Por trás daquele terno, daquele jaleco, daquele uniforme, há uma mente borbulhando de sonhos e ideias, uma alma avoada almejando a próxima viagem e imaginando qual a próxima parada; há sempre um coração apaixonado dançando de felicidade ou, às vezes, chorando de saudade.

Eu não quero apenas viver pra ser reconhecida por algo tão singular, não tem cabimento apenas uma escolha profissional que fiz me definir durante toda a vida; não, eu quero ser, eu sou, muito além do que um trabalho.

Eu sou plural em cada pedaço, sou a música que arrepia o corpo inteiro e faz mexer os pés sozinhos. Sou o livro cheio de escritas tão detalhadas e descritivas, sou a poesia que nasce do fundo da alma, escorre pelo corpo todo até chegar nos dedos e se esparramar por uma página.

E se você ainda quiser me rotular, boa sorte ao tentar; só não sei se existem rótulos suficientes que caibam tanto viver, querer e sonhar.