quarta-feira, outubro 30, 2013

A alma que poetiza (a poetisa)



Talvez eu acenda mais um cigarro esta noite e transborde o cinzeiro que você tanto detesta. Ou talvez eu apenas vire o rosto para a parede e durma sossegado. As letras não rabiscam mais o papel com a mesma facilidade e escrever me é, demasiado, doloroso.  São urgências inadiáveis estas que me levam a ti. No pensamento. No peito. É, Teodora. Ando te adorando em todos os passados e versos indizíveis e tu não olhas sequer para o telefone que te grita a noite inteira. 

Talvez eu beba mais um copo de vodca. É, eu ando bebendo aquela vodca barata nos copos americanos que peguei no boteco do meu avô. Quer algo mais decadente? É a decadência que os teus versos me impõe. É a ausência deles que me suprimem o ar e tudo aquilo que pode gerar oxigênio ao meu redor. Diziam que poeta era pessoa triste. E eu ando me vestindo plenamente esse ditado.

Ah, Teodora. Tu não vês que sou eu quem te adora? É um adorar sem controle, desenfreado e sem porquê. É uma manifestação involuntária que atravessa o meu interior feito lança rasgando-me por inteiro. Ah, Teodora! Se eu conjugar o verbo adorar tu estarás  iniciando cada tempo, adornando com tua beleza todos os modos verbais.

Seja-me o verbo, querida. 
Ou me dê a oportunidade de tê-la aqui tão somente. Cale os meus versos tristonhos e sem vida. Tire-me dessa sina de ser um poeta louco. Rasgue as minhas folhas. Queime os meus cadernos. Me tire de mim. Roube essas letras que me cortam inteiro. Corte. Recorte. 


quarta-feira, outubro 23, 2013

Jardineiro


Você começou a primavera dentro de mim, e não importa em qual estação esteja sempre haverá flores crescendo aqui dentro. Você que é o jardineiro que me cultiva e a razão pela qual espero as tão sonhadas borboletas. Um coração que se deixa virar solo e se permite abraçar sementes. Você, menino, que me colore a vida com hortênsias, margaridas e gérberas. Você que transforma a minha alma em uma roseira. É impossível não desejar que a vida floresça quando te vejo e me apaixono por seus olhos de estrelas. Você que é constelação, é espelho de estrelas.

segunda-feira, outubro 21, 2013

Sobre confissões

I was cryin' when I met you
Now I'm tryin to forget you ♪♫Aerosmith.



O amor é um doce sofrimento. E talvez seja por isso que nós nos apegamos a ele mesmo sabendo da sua letalidade. Fazemos de nossos corações um relicário onde depositamos o sagrado sentimento, sem ao menos importar se ele está ou não maculado. Houve um tempo em que quis preservar um amor dentro de mim, embora ele estivesse envolto de amargura. Era uma espécie de contentamento deixá-lo ali, porque os momentos bons sobressaiam aquilo que era bom. O maior erro que cometemos é tapar os nossos olhos à verdade. Deixar que o amor que sentimos pelo outro seja sempre superior aos defeitos.

Estive pensando esses dias o poder destrutivo que alguns têm sobre nós. Não há como negar que nossos caminhos são traçados em linha reta e, muitas vezes, quando desviamos em alguma curva a vida dá uma desandada. A gente dá amor a quem não merece e o nega a quem daria tudo por ele. Bem sei que muitas vezes por arrogância deixei pessoas maravilhosas passarem por mim vida. E também sei que dei valor aquilo que não tinha. É como pagar mil reais em uma bijuteria que vale menos de 15. Seus olhos brilham ao vê-la, mas não se enxerga como ela realmente é. O 'amor' é uma bijuteria que você paga como joia. 

terça-feira, outubro 15, 2013

Azul

É azul.

A vida anda pintando tons diversos desde que aprendi a enxergar você. Ando desenhando a tua face por aí nesse céu de brigadeiro que os dias de Brasília vêm nos presenteado. E, aprendido também a entender que as pessoas são o que são. Com seus defeitos, seus medos, suas histórias e seu passado. O céu que me apaixona os olhos traz uma nostalgia não vivida. Uma prece que os dias corram devagar e que corramos juntos em direção aos nossos sonhos. É azul. Isso que me invade e traz ao meu coração uma paz e o anseio de que sejamos um. É a cor que vem adjetivando as minhas vontades. E tudo isso vem acontecendo sem ao menos – propriamente – acontecer. Mergulho em tons azulados e te encontro a cada céu-mar.

É azul.
Você é.


Você dobrou e desdobrou o meu coração com a facilidade de alguém que brinca com origamis. Veio sem razão aparente sambar bonitinho dentro do meu coração. Onde versam prosas sem nexos e poemas sem pretensões. Sei que é azul. Porque sinto do azul brotar o amor.  O amor que o vermelho esconde tantas vezes.

quarta-feira, outubro 02, 2013

Guerra ao coração

A vida ensina a cada minuto o que devemos fazer, mas não estamos atentos aos sinais. Preferimos observá-los de rabo de olho e dizer: "isso não é para mim." E, desse modo, aceitamos as coordenadas que o nosso coração nos dá. O coração é enganador, meu caro. Vive sob efeito letárgico das paixões e emoções que afloram dentro de nós. E não se dá conta do perigo iminente correndo mais rápido que um guepardo em nossa direção. E o maior problema de tudo isso é que o coração, alimentando assim o amor, nos dá uma coragem tremenda de enfrentar tudo e todos. Só que nem sempre ganhamos essa guerra.