segunda-feira, outubro 31, 2011

Eu tecia.

Porque tecer era necessário e me satisfazia. Embora, eu não soubesse aquilo me alimentava. Ia tecendo, acumulando possíveis oportunidades, sonhos idealizados. Idiotice a minha, eu sei. E então eu descobri que ia tecendo coisas impossíveis, irrealizáveis e entendi que eu não estava disposta, assim como você, a levar adiante qualquer coisa. Sentimento. Talvez porque não fosse realmente para ser, ou como você um dia disse: “tem coisas que é melhor não ver.” E você fechou os olhos para o tear e minhas mãos se cansaram de trançar a lã. E desde aquele dia tudo mudou em mim, eu não quis mais tecer, entende? Porque tecer me doía. Mas é tão estranho porque agora não dói mais. É tudo árido, como se não chovesse há tempos nesse solo, e houvesse pequenas rachaduras. É isso: rachaduras. Elas começaram a crescer separando aquilo que era sentimento do meu coração e de minha cabeça. E eu não consigo sonhar. Não com você. Porque você me dói, me machuca horrivelmente. E eu não sei o que é pior: sentir o que eu sentia ou que sinto agora. Nada.

sexta-feira, outubro 28, 2011

Demodê.

Carta em parceria com a doce Brenda.


No meu ipod toca Baader-Meinhof Blues aquela mesma música que escutamos naquele barzinho em que nos conhecemos. Ela é deprê mesmo, mas lembra que decidimos que não seríamos convencionais e que nossa música seria essa, nada de muito açúcar e sim o que sentíamos antes de nos conhecer? Só que essa mesma música que antes embalava nossos momentos mais íntimos está conseguindo me arrancar lágrimas, porque nós simplesmente iremos viver o que ela manda. Você não está entendendo, não é? Irá entender quando terminar de ler essa carta e vir que o meu lado no guarda-roupa está vazio.



Perdoe-me, mas sinto que estou sufocando com todo o seu amor. Eu nunca quis romance hollywoodiano em minha vida, não queria acordar com um beijo na testa de bom dia e aos poucos vi isso acontecendo. Tudo era tão mais divertido quando você me ligava no meio da madrugada para nos encontrarmos, quando o amor era explicito na rua, quando o seu carro embaçava em frente ao posto policial. Sabe, são pequenas loucuras que me fazem uma puta falta. Eu não quero terminar como os meus pais, sentados diante da TV assistindo ao noticiário, eu quero é a loucura de sempre.



Olhe. Eu sei que deve estar pensando: porra, toda mulher quer viver isso. E então, eu te respondo que eu também queria até descobrir que dormir de conchinha não é tão mágico assim, que os nossos defeitos ficam mais aparentes a cada despertar, que comer toda noite pizza enjoa. Eu não quero uma vida mediana e é isso que estou tendo ao seu lado. Desculpe minha crueldade, não é proposital, só quero que você entenda que o problema está em mim e não em você. Apavora-me a idéia de magoar você ainda mais e por isso eu decidi ir embora agora, enquanto não há laços tão fortes.



Sei que deve estar com as sobrancelhas levantadas e os olhos semicerrados agora e antes que essa despedida se torne dolorosa demais e que as minhas lágrimas acabem por rasgar essa folha de caderno, me despeço. Adeus, Jhonny.


Com amor,
Rebecca.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Que graça há sentir?



Quando crianças, somos obrigados a fazer a lição de casa, justamente na hora do nosso desenho predileto. E então, inventamos uma dor de barriga, pintamos a cara com pintinhas vermelhas e simulamos uma catapora ou qualquer outra coisa que possa nos livrar desse martírio. Não gostamos de estudar, porque nos é imposto. Uma obrigação.

No ensino médio ninguém quer ler o livro completo de Quincas Borbas para a avaliação bimestral, lê-se apenas o início alguns capítulos do meio e o final. E depois de algum tempo a mesma pessoa se pega devorando não só esse livro, mas toda a literatura ‘Machadiana’. Só que quando necessário ele não leu, por quê? Era uma obrigação.

Eu, por exemplo, não sou muito fã de fazer provas com redação e algumas pessoas se espantam e dizem: logo você que gosta tanto de escrever. E elas, sem saber, sabem o porquê, eu gosto de escrever o que me dá prazer. Não o que me é obrigado. Eu tenho um bloqueio incrível, é como se todas as letrinhas que vivem dançando na minha mente resolvessem brincar de esconde-esconde e muitas vezes, pasmem, não sai nem as linhas mínimas necessárias.

E qual o motivo de toda essa falácia? Eu não saberia viver sendo obrigada a vivenciar qualquer mentira, seja dentro da minha vida profissional como na amorosa. Acredito que sou meio topetuda em relação a esse assunto, o que não me move, não me faz feliz eu simplesmente aborto da minha vida. Eu não saberia viver de aparências e todas aquelas situações que somente em novelas mexicanas fazem sentido, entende? Acredito que o amor nos cerca a todo o momento, mas nem sempre o olhamos frente a frente. Eu não saberia tão conformado quanto o Leonardo ao cantar: mas tenho que aceitar que amores vêm e vão. Porque no fundo eu sei que não teria que dar adeus a quem eu amo, ainda mais por uma obrigação.

Mas, de qualquer forma, as pessoas são feitas de ideais e sentimentos diferentes. É como canta o, meu baiano, Caetano: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. E eu acrescentaria também que cada um sabe o que perde e o que ganha e às vezes o que se perde sobressai a qualquer prêmio. Por isso que eu sempre entendo qualquer situação, mesmo não entendendo.





Não posso obrigar a escolher a felicidade;
Não posso obrigar a ter coragem;
Não posso obrigar a assumir o que sente;
Se verdadeiramente diz sentir.

Não posso obrigar a sentir a liberdade;
Não quero que me prive da felicidade;
Não quero que me obrigue a ser igual a você;
Não quero ser como você.

Quero mais é viver um grande amor;
Desimpedido e livre;
Para optar pela felicidade.

Marcela Neiva

quarta-feira, outubro 26, 2011

Felicidade.

E tentou sentir meu coração e viu batia lentamente, falho. E eu ri quando ele disse que eu estava morta, talvez uma parte de mim estivesse morrendo mesmo. Aquela que há poucos minutos daria adeus e fecharia a porta sem olhar para trás. Não olhei, não porque não me importasse, talvez porque queria ter em mente somente os seus olhos dentro dos meus naquele abraço caloroso e o som do seu coração batendo ao meu ouvido. Queria poder ler seus pensamentos enquanto você me olhava.

segunda-feira, outubro 24, 2011

De quando eu conversei com Deus.

Com os pés descalços eu me permiti sentir um pouco daquilo que Ele nos presentou. Sentia pequenas fisgadas devido as pedras pontiaguadas que insistiam em me fazer "carinho", mostrar que estavam lá. Não ligava. Porque tudo ao meu redor era lindo: a água cristalina que me cercava de lado a lado, o íngreme caminho pelo qual percorria, as formigas que subiam em meus pés com insistência, os pássaros que cantavam e faziam seus ninhos. Pode parecer papo de poeta, mas não é. Eu pude fotografar em minha mente cada pedaço, cada detalhe daquele lugar. Porque Ele me pedia aquilo.

No topo de uma pequena montanha eu pude observar toda a beleza feita pelas Suas mãos e sentir a leve brisa que parecia beijar o meu rosto. Delicado. Enquanto as minhas lágrimas escorriam pela face sentia meu coração inchar e aquela sensação de borboletas debatendo-se dentro do meu estômago. Um misto de alívio e aflição. Vários questionamentos.

Sinceramente não há como explicar a sensação que tive. Aquela proteção imensa, como se Ele estivesse ao meu lado. Abraçando-me. Nunca me senti tão viva quanto ali. E pela primeira vez em toda a minha vida eu pude dizer que sentia medo da vida, que não entendia as razões de existir, que não sabia até onde eu era capaz de suportar todo o medo que me ronda. E enquanto as minhas lágrimas banhavam não somente meu rosto, como enxarcava a minha camiseta eu sentia novamente a brisa me beijando suavemente.

Eu tive - inexplicavelmente - um encontro com Deus. E dessa vez foi diferente, porque eu decidi deixar a minha vida nas mãos d'Ele. E sinceramente eu não sei como vai ser daqui em diante, mas acredito que a minha estará melhor nas mãos d'Ele do que nas minhas.

Um texto antigo que está hospedado no meu outro blog que não foi pra frente, o Categórica. Mas que quis postar, porque sempre me lembra o quanto Deus é maravilhoso comigo.

quinta-feira, outubro 20, 2011

Despedida.

“Deixar-nos dessa forma fora imperdoável.”
Eu repetia para mim mesma com veemência, pois não conseguia acreditar nas palavras que lia naquele papel de guardanapo com a caneta manchada. Era muito ingrata, se ao menos tivesse se despedido de nós, seria bem mais decente do que deixar sobre a mesa esse pedaço de papel idiota. O que eu explicaria a ele? Que ela simplesmente cansou de nós e resolveu partir? Acho que era o óbvio. Acontece que ela sempre foi acostumada a ter tudo o que desejara, então quando se viu obrigada a dividir algo não suportou muito tempo. Talvez eu esteja fazendo uma acusação terrível ou esteja equivocada, mas o que eu posso fazer¿ Não poderia jamais encontrar em mim os defeitos ou descobrir que ela deixou de nos amar. A única coisa que sei é que dói.


Helena.

terça-feira, outubro 18, 2011

Amores de cinema, fiquem no cinema.

Você imagina que encontrará o seu amor em uma situação bem hollywoodiana e devaneia. Imagina-se em um comercial de margarina com uma família perfeita. Só que com o tempo você vê que isso é quase impossível, que os amores de cinema – principalmente os americanos – são tão açucarados porque de fato eles não têm sentimento. Eles inventam situações que desejariam viver, mas que não conseguem por ter um coração gelado, petrificado. Sabe quando um poeta escreve algo que consegue te arrancar um suspiro e que você se imagina em tudo, em cada detalhe? Então. Isso é só utopia.

Porque na realidade você encontrará o seu amor em uma rua qualquer, em uma situação bem esdrúxula e talvez ele nem seja teu por completo. Ele dirá que te ama e te encherá de palavras doces que mataria até um diabético e você ficará deslumbrada com isso, sentirá que não tem controle sobre a sua vida, imaginará que a qualquer momento sairá flutuando por aí e então, cedo ou tarde, você verá que dormir de madrugada conversando com a pessoa foi tempo perdido, que imaginar uma vida para vocês dois terá sido em vão. Porque simplesmente o cara que você gosta não é aquele príncipe do filme que largaria tudo para ficar com você. Ele vive de talvez e você não pode esperar.

E você se sentirá uma pessoa insensível por não conseguir entender os problemas do outro. Por ficar de saco cheio de ouvir: eu queria e não posso. Porque você não tem obrigações com ninguém, porque você sempre buscou os seus sonhos sem medo de ser feliz, porque você sempre teve coragem de arriscar e pensa que as pessoas deveriam pensar e agir da mesma forma. E você se sentirá um monstro por saber que a sua consciência não dói quando você pede a pessoa que suma da sua vida, por você despejar todas as fraquezas do outro sem um pingo de ressentimento.
Você saberá tudo isso, mas está tão cansada de falácias, que nem se importa mais se a relação de vocês acabarem. Se é que algo que nem começou pode acabar.

quinta-feira, outubro 13, 2011

Não há coração que resista.

E a história começou com os créditos subindo naquele telão preto do cinema. Não
deu tempo de se envolver, de emocionar os telespectadores, porque ela começou
pelo final.



Eu me apaixonei, perdidamente, por ela. Ela não entendia como em tão pouco tempo um sentimento dessa forma havia se instalado aqui dentro e eu, inutilmente, tentava lhe explicar. Ela tinha o coração tão duro e era sempre tão ríspida com as palavras, sempre me desencorajando. Dissera que não poderia corresponder qualquer sentimento, porque não tinha mais espaço para amores em seu coração. Sempre lhe lembrava o real motivo de estarem ali e repetia inúmeras vezes a mim: FOCO, tenha foco. E isso me magoava deveras. Porque ela sempre conseguia me desconcertar com o olhar tímido e me desmontar com os seus nãos consecutivos e ainda assim eu continuava lá.


Por quê? Porque ela me fizera experimentar uma das sensações mais incríveis, que há muito eu havia esquecido: ser um adolescente apaixonado. Ela não entendia. Eu não queria mais explicar, queria apenas que ela sentisse que era real. E eu a olhava ininterruptamente por horas enquanto ela, sequer, me devolvia o olhar. E eu pensava: poxa, como ela é difícil. Eu sempre querendo agradá-la e ela sempre esquivando. Eu dizendo que estava apaixonado e ela apenas pensativa, eu dizendo que a amava e ela assustada pedindo para eu pisar no freio. E eu sem saber o porquê dela ser assim, tão desconfiada, tão dura consigo mesmo.


Sempre achei que as mulheres desejassem ter alguém aos seus pés, que lhe contasse os sentimentos inconfessáveis, mas ela era diferente. Ela não queria. Ela que tem palavras tão bonitas, que escreve poesia e fala de amores, se recusava a ouvir que eu a amava, que eu a queria. Não deu para entender ainda o desfecho disso tudo. Ela simplesmente pediu que eu a abandonasse, que não a procurasse e assim eu fiz. Ela não sabe, mas sinto falta de dormir conversando com ela. Ou melhor, de ficar esperando uma resposta e receber às 4 da madrugada um sms dela dizendo: eu dormi.


Ela não sabe, mas está me fazendo falta.

quarta-feira, outubro 05, 2011

A vida que me bate.

Os meus dedos não têm mais prazer em teclar os meus pensamentos. Isso me consome e dói como uma ferida que não quer cicatrizar, porque eu sinceramente amo o que faço, mas estou sem coragem de escrever, as idéias não se encaixam e os textos não saem. É como se houvesse uma desconexão quando sento em frente ao PC, essa folha de papel do Word parece intimidar os meus pensamentos, eles fogem numa velocidade tão imensa e não há como alcançá-los. Eu preciso escrever, porque é esse o meu combustível. Eu escrevo porque é necessário, porque é minha terapia e eu não consigo mais e isso me machuca. Eu ando tão infeliz ultimamente, bem mais que o normal, tenho me frustrado comigo mesma e com os resultados que venho obtendo com os meus ‘esforços’, parece que nada nunca é suficiente. Não basta ser bom, tem que ser o melhor.

Me ‘violentei’ por uma coisa que queria muito, fui além dos meus esforços humanos e o que obtive? Mais uma negativa. A vida parece gostar de me dar nãos consecutivos, parece se deliciar com os meus fracassos e rir da minha cara quando eu não consigo. E eu, eu tenho lutado com todas as minhas forças para não desanimar, para erguer a cabeça e continuar firme no meu propósito. Eu não quero ser alguém mais ou menos, eu venho tentando há tanto tempo ser alguém, ter os meus objetivos realizados, mas eu vejo cada vez mais longe os meus sonhos, parece que a estada não tem um fim. Eu sei que desanimar e parar aqui, na metade, é besteira. Que eu voltarei ao final da fila, mas é que eu ando tão cansada de mim. Cansada de não conseguir, cansada de ouvir as cobranças, cansada de ouvir as esperanças. E o que mais me dói, talvez nem seja não conseguir, é saber que as pessoas acreditam em mim e no final eu decepcioná-las.

Caminhar tem sido tão difícil para mim.