quarta-feira, junho 20, 2018

Falso amor


Por você eu fui capaz de ficar feliz mesmo estando triste. Por você eu fui capaz de fingir estar forte mesmo estando machucada. Queria que esse amor fosse perfeito, mas se você não se esforça, por que eu tentaria?

Eu tentei ser uma boa garota... só para você. Eu tentei dar o mundo para você. Eu realmente tentei dar o mundo para você. Eu tentei mudar tudo só para você. Mas agora eu não mais me conheço. O que eu me tornei?

Um destino para nós eu criei, mas você não fez com que desse certo. Eu me mudei por completo para deixar você feliz e agora estou conversando com o espelho e me perguntando: Quem diabos é você?

Eu te amei tanto que fui capaz de construir uma mentira.

Por que você está triste? Eu quem deveria estar triste. Você diz que eu não sou mais como antigamente, mas eu apenas deixei de ser seu fantoche! Você diz que eu não te amo mais, mas não... eu ainda te amo, mais do que imagina, mas eu não quero lutar por um amor que nem existe.

Se você me amasse pelo o que sou, talvez tudo isso tivesse dado certo. Eu te amei tão loucamente que fui capaz de mudar só para virar seu brinquedo. Mas... agora eu não quero mais... Desculpe... Eu apenas estou cansada desse falso amor!

Sobre a autora: 
RAÍSSA SOBRINHO é estudante do 8° ano do Colégio Ofenísia Freire, em Aracaju-Se. Tem 12 anos e um gosto pela escrita desde muito cedo. Fã de K-Pop, dança contemporânea e mangás, já há algum tempo se arrisca no mundo das letras, mas, depois que teve contato com o seu professor de História da Arte, Vitor Vilas Bôas, autor do Diálogos Vitruvianos e colunista do AEB, Jornalismo de Boteco e aqui de nosso site, aceitou encarar o desafio de publicar um dos seus textos.

quarta-feira, junho 13, 2018

TANTAS VEZES MORRI DE AMOR


A gente passa por cada decepção nesta vida e até chega a pensar que não aguentará e que morrerá de desgosto. Mas a gente não morre, a gente supera, a gente cria cicatrizes e aprende a não ser tão bobo. Aprende a olhar melhor o outro, a reparar com calma e extrair a verdade dos olhos e da fala. 

Já morri de amor tantas vezes. De desgosto muito mais. A vida é assim: morte e ressurreição. Nesse mundo de desilusão a gente é fênix, minha gente. A gente sempre ressurge das cinzas. A gente sempre levanta do tatame e recomeça, pois a batalha não acaba em uma luta. Não é um round que define os nossos caminhos.

Tantas vezes eu morri de amor. Tantas vezes eu morri de desgosto. E hoje eu olho para cada cicatriz e relembro os lugares que passei. Olho com pesar e gratidão para cada pedrinha que me fez tropeçar. A gente cai e pragueja, mas lá adiante a gente agradece. São as quedas que nos tornam fortes. São elas que nos direcionam ao caminho certo. Cair dói. Isso é indubitável. Permanecer no chão, beijando o solo, acariciando a pedra, é opção nossa. 

A gente tem a mania besta de cutucar a ferida para que ela não sare. Porque a gente tem medo de não ter mais machucado para cuidar. A gente faz dos ferimentos “bichinhos de estimação”, porque é mais fácil conviver com uma ferida antiga. A gente tem medo de se machucar de novo, então nos abraçamos aos machucados antigos. 

Então, para hoje, eu só peço que cada baque nos torne pessoas mais atentas, que cada tombo nos fortaleça um pouco mais. Decepções são involuntárias. A gente não tem controle sobre as ações das pessoas. O que nós podemos fazer é decidir como reagiremos a elas. Que a gente reaja sempre muito bem. Amém.

segunda-feira, junho 11, 2018

PRECISAMOS FALAR SOBRE SUICÍDIO

Hoje participei da palestra “Gestão da Emoção” com o escritor Augusto Cury e me senti encorajada a falar sobre esse assunto que há dias penso em escrever. Falar sobre suicídio é um tabu e sugere-se que seja um assunto silenciado por acreditarem que a sua divulgação seja um gatilho estimulador. Entretanto, acredito que hoje, em meio a tantos casos, faz-se necessário à sua discussão.

Antes de vocês lerem o meu texto gostaria de pedir que vocês façam uma leitura livre de pré-conceitos e preconceitos. Que leiam atentamente e de coração aberto. Escreverei aqui como uma pessoa que perdeu 3 pessoas da família e alguém que luta diariamente contra esse sentimento.

Semana passada uma amiga tentou suicídio e quando eu soube fiquei em estado de choque. Mas ao contrário de muitos que disseram: “mas ela tem tudo”, “mas ela parece tão feliz”, “mais isso e aquilo”, eu apenas me peguei pensando sobre o quão pesada e avassaladora deve ter sido sua dor a ponto de atentar contra a própria vida. Eu pensei nela, lembrei de mim e das minhas inúmeras crises existenciais e de ansiedade. Eu olhei para o meu interior e enxerguei o buraco que há dentro de mim que, por mais que eu tente, não consigo preencher.

Nós precisamos mudar a nossa mente em relação ao suicídio. Quem tira a própria vida não quer de fato morrer. A pessoa quer viver, quer viver muito, mas não consegue. Não encontra condições suficientes e necessárias para levar a vida adiante. Quando eu lembro do meu avô e meus tios eu não os julgo por uma simples razão: eu sei o quanto a vida é pesada, porque eu a sinto diariamente me derrubando no chão. Há dias mais fáceis, mas nem todo dia é bom. Há dias que são angustiantes e por mais que eu explique aqui, que eu escreva, você não compreenderá. Porque é necessário estar na pele para sentir na carne.

Não é falta de Deus. E eu acho de uma extrema ignorância as pessoas atribuírem isso à religiosidade. O suicídio é o “ápice” de uma doença maior: a depressão. É, como muitos dizem por aí, a solução rápida para um problema que é temporário. Mas quem comete suicídio não tem tempo para pensar no amanhã ou avaliar se as coisas mudarão. Ele só pensa em acabar com aquela dor que sente. Ele só quer cessar com tudo.

Conheço inúmeras pessoas felizes que sofrem de depressão. Você também deve conhecer. Sabe esse colega de trabalho que ri de tudo e faz piada com tudo e todos? Ele pode chegar à casa e sofrer silenciosamente à noite. Sabe aquela pessoa que é admirada por todos e que tem a grama mais bonita da vizinhança? Ela também pode sofrer. Recentemente tivemos vários casos de famosos que tiraram a própria vida. Pessoas, aparentemente, com vidas perfeitas. Ou seja, a depressão é uma doença silenciosa e quase que invisível. É preciso que estejamos atentos a quem amamos para podermos identifica-la. Para que possamos apoiar quem amamos.

Há algum tempo decidi procurar ajuda profissional, porque percebi que não era autossuficiente e que eu não poderia me curar sozinha. Porque eu realmente QUERO VIVER, mesmo que minha cabeça fale que não. Porque eu tenho planos e sonhos que quero realizar. Às vezes nós precisamos entender que não temos real domínio sobre nossa vida e que muitas vezes precisaremos do auxílio de outras pessoas para seguir em frente; sejam elas amigos ou médicos.

Eu decidi por mim. 
Porque eu quero ver meus sobrinhos crescerem, porque eu quero conhecer vários países, porque eu quero ter meus filhos, publicar mais livros e plantar algumas árvores. Porque eu compreendi que minha vida não pode se resumir ao meu quarto escuro aos finais de semana. Porque eu entendi que a minha ansiedade nada mais é que o desespero por não saber por que caminho seguir. Mas eu estou disposta a encontrar esse caminho mesmo que a estrada seja árdua e que o fardo me doa. E se eu não conseguir carregar eu dou permissão a quem me ama a me ajudar a carregar.


Acreditem.
Eu quero viver.

Quero muito.