segunda-feira, novembro 30, 2009

Sadness.


E então, a gente acorda no meio da noite com uma vontade de gritar. O travesseiro já não quer mais cooperar. Talvez não queira mais ser cúmplice de seus medos, talvez esteja cansado do salgado de lágrimas e deseje o doce de sonhos. Ela, porém, não dá ouvidos a ele. Acha-o traidor, como ousa abandoná-la assim dessa forma? Sempre lhe fora tão fiel. Droga de travesseiro. Judas - ela exclamava.

Levantou-se e com os olhos no espelho viu seu rosto amassado, a testa vincada mostrava preocupação, e as pálpebras inchadas denunciavam o que havia dentro dela. Tristeza.
Uma tristeza tão profunda que lhe faltava a respiração, como se o ar não fosse suficiente. Sentia o coração dilacerado por dentro, como se alguém estivesse esmagando-o. Não entendia o motivo. Só sentia. Forte.

Tentou ligar, escrever, mas a única coisa que conseguira foi um telefone mudo, uma folha borrada de tinta de caneta por sua lágrimas, que ridiculamente insistiam em dizer que havia um buraco dentro dela. Havia. Sentia como se estivesse com fome, mas sabia que não era tão simples assim. O que ela desejava não se vendia em lanchonetes, não se encontrava em geladeiras. Talvez, ela não soubesse o que queria.

Talvez ela só estivesse perdida.
  • Em resposta ao Anônimo.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Só atenda, por favor.

Eu sei que já está meio tarde e o relógio insiste em dizer que é hora de dormir, mas atenda ao telefone. Por favor. É que – excepcionalmente hoje – criei coragem de lhe falar. Sim, que esperaria você na praça de vestido florido com tranças nos cabelos e bochechas rosadas, que eu te levaria um buquê de rosas depois do expediente e lhe entregaria as vinte e duas cartas que te escrevi desde as 08 da manhã. Que eu continuaria apaixonada por você, mesmo que você adotasse um estilo skinhead. Só me atenda.

É que eu sinto que estou me perdendo dentro dessas poesias que insisto em escrever dentro da cabeça. Olhe. Vou te confessar que ando com um bloco de anotações – não ria – só para escrever cada sensação e sentimento quando eu me lembro do teu sorriso largo. Os meus dedos estão doendo de apertar o redial, mas parece que você não está. Olha a minha mãe veio até aqui e perguntou o porquê de meus olhos estarem vermelhos. Sabe a minha rinite alérgica? Eu nunca amei tanto ela. Minha mãe acreditou.

Acho que meu xarope está vencido. Deve ser isso. Talvez se eu estivesse em sã consciência não teria tirado o telefone do gancho. Sou bem insana mesmo. Você diria inconstante, eu sei. Mas também não diria nada. Afinal te sou amiga, apenas. E você me dói, não por me doer propositalmente, entende? Acho que a culpa da ferida que está crescendo dentro de mim sou eu mesma.

Tudo bem, vou desligar o telefone. Nem precisa retornar a ligação. Não vou estar acordada mesmo e talvez a coragem de lhe falar já tenha se esvaído.

É eu tentei.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Bonita,

Já te pintei algumas vezes estrelas nos olhos. E confesso que os teus melhores sorrisos foram àqueles bordados como se bordam ponto cruz, preciso, perfeito e todo meu. E todo o meu romantismo – piegas, talvez – te encantava. Sempre fui teu. E assim desejava ser, para sempre.

Mas nós andávamos de mãos dadas e a festa na cidade estava cheia demais. Eu apertava a tua mão, como quem segura uma criança para que ela não se perca. Sim. A tua mão quente e macia envolvida na minha, menina. Eu tinha medo. Eu via tantos rostos indo e vindo, alguns empurrões, estava apertado. Queria tirar você dali, sentia o teu sufoco. Você procurando ar para se libertar.

Então, eu vi. Aquela criança que chorava encolhida em um beco da última avenida. Olhei para você e com um olhar doce me assentiu. Sim. Soltei a tua mão e fui ao encontro do menino. Estava apenas assustado, pobrezinho. A sua mãe estava com os outros foliões, me avistou e veio ao nosso encontro.
O abraço do pequeno em volta de sua mãe foi consolador. Eram amor e saudades entrelaçados ali. Eu chorei feliz. E tão logo te busquei com os olhos, mas eu não te encontrei, doce.

E os meus olhos pesaram. A rua estava cheia. Tantos olhos, nenhum deles havia estrelas, assim como os teus.

E eu me perdi.

quarta-feira, novembro 25, 2009

All Star.

Havia uma árvore naquela rua branca de ladrilhos avermelhados. Ela era bem alta, vigorosa e tinha umas florzinhas brancas, menores que flores de laranjeiras, bem menores. Elas tinham um cheiro forte, porém adocicado. Tão doce que causava tontura se você inalasse seu cheiro bem de perto. Não importava. Ela tinha cheiro de infância, lembranças da adolescência. Ela era pura saudade.

Ao seu redor havia uma espécie de tapete, um terço da folhagem havia caído na última ventania. E algumas flores que estavam no chão pareciam flocos de neve e estavam como que costuradas como uma colcha de retalho. Não se via o chão. Apenas as flores. Lembrava-me uma toalha de mesa que mamãe fez de crochê, levara um semestre para confeccioná-la, no total de 221 guardanapos. Tudo precisamente calculado, cada florzinha, cada nó dado.

Mas o que me prendia àquela paisagem não eram as folhas, as flores ou até mesmo a grandiosidade da árvore. Era o romantismo. Ela parecia convidar namorados a se deitarem sobre o tapete para olharem as pipas que eram soltas na época de férias, para ouvirem o canto de pássaros e cigarras que harmoniosamente compunham uma doce melodia ou até mesmo observar as estrelas ligando-as no início da noitinha.

Decidida então eu deitei lá. Sozinha. Com um livro de contos em minhas mãos – meu preferido – e me dispus a apenas contemplar a paisagem. E toda a perfeição que aquele lugar me proporcionava aos olhos. Sim, eu estava lá. Sentada, apenas. Observando o movimento das pessoas. Foi quando eu vi o seu all star atravessar a rua e vir em minha direção. Daí então o meu coração dançou ao som do canto que a natureza tocava.


"Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
(...) Estranho é gostar tanto do seu All Star azul.
Nando Reis."

terça-feira, novembro 24, 2009

Não ela, não ele, não eu.

Não dá para jogar dama a três, nem xadrez. E uma vez, ouvi em algum seriado de TV que triângulos não eram legais, pois eles tem pontas e machucam as pessoas. Nunca gostei mesmo de geometria, o que me atraia na escola sempre foi literatura, lingüística. E talvez por isso eu seja tão sonhadora e quimérica.

Tudo é tão exato como um cálculo e não gosto de exatidão. Não gosto do “não eu”. Insisto em querer o “não ela”, mas também desejo o “não você”. Complicado. Nem me fale. Mas sabe, eu estive vendo as lianas, quero dizer, os cipós que insistem em entrelaçar as árvores. Elas germinam no solo, e durante toda sua vida mantêm-se enraizadas lá, quietas. Só que acho, meu bem, que é a solidão que faz precisarem se enroscar nos troncos de outras árvores e que o sol que elas buscam assemelha-se com o que buscamos em abraços: afeto, carinho.

Então isso te faz meu sol? Ou eu busco raios solares em você?

Tenho falado tantas coisas desconexas desde que descobri você dentro de mim. Embora já estivesse em meus pensamentos, mas não tão impregnado com uma liana que insiste em envolver a pobre planta. Não. Deixe-me apenas comparar-me com essa planta. Não. Não aceites a comparação tão a fundo, pois podes ver de outro modo. Como sufoco.

Entenda-me apenas como uma sementinha ou até mesmo essa plantinha que busca o sol para viver. Esqueça de tudo o que falei. Tudo parece sem nexo, bem. Deixe “eu”, busque ela, seja você.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Talvez;

Eu estava deitada sobre o tapete amarelo de flores de ipês que a primavera confeccionara. Não havia ninguém ali. Exceto dentro de mim. Embora houvesse alguém aqui dentro, não havia sinal de vida. Era estranho. Estranho ouvir apenas um coração bater, sentir apenas uma respiração ao invés de duas, mas eu não estava triste.

Talvez o canto dos pássaros tivesse sufocado o som do teu coração, talvez a minha respiração estivesse ofegante demais para ouvir a tua. Tantas interrogações seguidas de talvez e nenhuma resposta para elas. O talvez me consumia.

Você deve me achar louca. Ora sinto, ora não. Se soubesse como é complicado para mim não sentir também, é a ausência de você que me esvazia de sentimentos. É que percebi que já estou tão dentro disso - que sinto - que mesmo que se desejasse não conseguiria sair.

Hoje eu não sinto. E sentir nada, me dói também.
Alice.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Alan,

(...) nem as torrentes, das grandes águas, conseguirão apagar esse amor, pois suas chamas são fogo ardente, mais do que amor é bem mais forte esse amor. De abraço esmagante, de ausência torturante, de noite e luz e feito esse amor, de dor incomparável, consolo inestimável, de vida e cruz é feito esse amor. Nicodemos Costa ♫

Os meus olhos sentem saudade do teu sorriso claro e largo, amor. Daquele teu abraço que me afastava a tristeza e das tuas mãos que limpavam as minhas lágrimas. Hoje você me doeu, sabe? De uma maneira tão intensa que o meu corpo não quis levantar da cama, nem meu travesseiro conseguiu abafar os meus soluços que insistiam em demonstrar que havia algo errado dentro de mim. Sinto tanta falta de ti, do teu carinho, da proteção, de poder confiar em alguém.
Eu sinto falta de ser amada e sinto que o amor morreu contigo. E me dói.

Dói tanto que minhas lágrimas me escorrem pela face enquanto escrevo isso, tudo tão embaçado.
Dói-me sentir que os meses estão passando e em minha mente sua imagem está cada vez menos nítida, você está sumindo de mim e eu tento estender a mão e você não a alcança. Será que amar é sempre assim? Nunca ganhar, só perder?


Sabe eu me lembro dos teus telefonemas do nada só para dizer “oi”, do som de seu cavaquinho, de você rindo da minha dificuldade de fazer as notas no violão, de sua mão estendida para atravessarmos a rua. Sim, você era o único que não ria desse meu medo, compartilhava.
E eu me perdi, Alan. Desde que você me deixou, aqui sozinha. Só com a dor. Eu te via em meus sonhos diários e isso amenizava, mas de repente você sumiu de lá também. Ainda não sou forte o bastante para ficar sem você, por completo.

Eu queria hoje, principalmente, que você me enxugasse as lágrimas, beijasse a minha testa como você costumava fazer, me abraçasse e jogássemos dama. Queria que você me dissesse que eu não estou louca, que não estou perdida. E que eu não afasto as pessoas que eu amo, que não sou má, só um pouco desatenta e medrosa.

Mas você não vai me abraçar, né? Sim, eu sei.


Pâmela, a priminha.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Mãe,

As coisas ficaram bem mais complicadas desde que vim para cá. O sol não brilha mais na minha janela e as noites são bem frias, quando não tempestuosas. Chove sempre dentro de mim, contínua e incessantemente. Sabe, ontem enquanto eu andava na praça da cidade vi algumas senhoras com seus filhos, mas uma em especial chamou-me a atenção, ela usava um vestido florido, vestia-se de primavera como a senhora costumava vestir-se e tinha nos olhos tanta alegria. Vi-te naquela senhora e me vi na criança, deu saudade, me doeu.

Andei a passos lentos observando as pessoas sorridentes e eu desejei ter nos olhos estrelas ao invés de nuvens densas, carregadas. E a minha vida passava na mente, mãe. Eu criança nos teus braços e adolescente em outros que não eram tão amáveis como os teus, me desejavam apenas, não me amavam. E os meus olhos estavam tão cheios agora que transbordava, eu era toda tempestade por dentro. Olhos curiosos me fitavam sem discrição alguma e pouco me importava agora, nada em minha mente poderia acabar com a dor cá dentro.

Contava os passos assim como crianças, um, dois, trezentos e trinta e nove, tentando na vã esperança amenizar o que martelava em meu peito. Não. Não havia dentro de mim qualquer alegria. E enquanto eu andava ia esquecendo-me de teu rosto, sabe. E isso me doía. Sentia a dor latejando na cabeça, no peito, as palavras duras e cruéis dele. Desculpe, mãe. Eu sei que você não desejava isso, fui infantil e optei por um amor tão novo, mas que julguei ser maior.

Perdoe-me pelos gritos, pelas birras e noites mal-dormidas, perdoe-me também por não tê-la abraçado no último dia das mães, por ter esquecido de ligar. Perdoe-me por ter sido tão teimosa na infância, pela minha infantilidade na adolescência, por ter fugido de casa. Perdoe-me principalmente pela tesoura na mão, pela tela de proteção cortada, perdoe-me por não tê-la amado o suficiente.

(...) apesar de não saber demonstrar, mãe. Eu te amei com todas as forças que cabiam em mim, com todos os poemas de amor escritos no mundo, te amei como se ama um amor antigo e verdadeiro. Sim, eu te amei. Só peço que me perdoe.

Sobre pessoas que desistem de viver.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Enzo,

Ao contrário do que você possa imaginar o dia havia amanhecido claro, limpo e podia ouvir as cotovias cantando no jardim de minha casa. Não havia nada de estranho ou perturbador, até esse exato momento. Ora, tomas os meus sentidos, faz-me pensar que sou bonita em teus olhos de estrelas e de repente arranca-me do peito a esperança.

Embora em meu peito alimentasse esse sentimento que não fora despertado com aquele beijo, mas sim com palavras sinceras e flertes trocados todo o dia, sempre soubera que o nosso sentimento não passaria disso. Palavras jogadas ao vento e entrelinhas mal interpretadas.
Se sabes que sou sonhadora porque me envolves dessa maneira? Que queres afinal, bonito? Enlouquecer-me em meio a tantos devaneios e ilusões?

Indagar-te não nos levará a lugar algum, bem sei. Não compreendo aonde chegaremos nós, serão sempre flertes não correspondidos, joguinhos e faz-de-conta?
O erro que descreves para mim foi o nosso melhor acerto até hoje. E denomino erro isso que fazes comigo agora, arrancando-me das mãos milhares de utopias. Sonho bom, sonho que era meu e você, com toda a sua frieza – como sempre, tirastes de mim.

Os lados opostos nos serão melhores de agora em diante. O que enxerguei até agora foram apenas as deixas que me deste, as lacunas que insistia que eu preenchesse, talvez a caneta que eu usasse para preenchê-las tivesse a tinta que corre nas veias de meu coração. Ledo engano o meu.

E não. Você não precisa de mim, nunca precisou, precisa apenas de você. De seu ego, de se encontrar. Estou cansada de tentar lhe agradar para que gostes de mim. Vã esperança minha. As coisas não serão como eram antes, pois você acabou com aquilo que mantinha sempre viva e acesa nossa relação: o meu amor.


Por favor, esqueça-me.
Sophia.

terça-feira, novembro 17, 2009

A menina que não era mais sua.

"O coração se engana e engana. Dança uma valsa
descompassada."
Os meus olhos estavam bem atentos a apresentação. Fascinada com a coordenação do rapaz que tocava bateria e cantava ao mesmo tempo, achava incrível isso e uma façanha, vindo de mim - a descoordenada - qualquer pequeno feito seria grandioso aos meus olhos.

Eu sorria alegre com meus amigos. Meu confidente ao meu lado, que saudades eu tinha. Conversávamos como se fosse o último dia de nossas vidas, sorrisos largos e sinceros, gargalhadas e tudo que há de maravilhoso na amizade eu experimentava naquele momento.

E os meus olhos de repente varreram o salão e lá estava você. Atônito. Como quem não esperava me ver naquele lugar. Acenei somente. Nada de corações e beijos que eu costumava lhe mandar, eles não eram mais seus.

Os teus olhos tristes não me doíam mais, cheiro. As coisas mudaram tanto, você me deixou sozinha, com frio, sem explicações, privando-me dos teus braços grandes e protetores dos quais eu sempre me pendurava. Privou-me do teu sorriso de arco-íris que eu sempre mergulhava.

Virei-me sem aquela troca de olhares frequentes, sem me importar o que teu coração desejava. E eu não sentia culpa por isso, não mesmo. O fim foi teu. Assim como todas as palavras que poderiam destroçar um coração.

O meu abraço amigo doeu o teu coração, bem sei. Mas é a única coisa que posso te oferecer de agora em diante. E os teus braços envoltos nela impediam-me, de qualquer forma, de te dar o abraço que realmente querias.

Sabe o menino que você me viu falando? Bom, ele não é dono do meu coração como deves pensar, mas já é de metade dos meus pensamentos.
Meu riso é tão feliz contigo ♫

segunda-feira, novembro 16, 2009

A menina não era mais minha;

Eu não queria vê-la. Fato. Mas quando eu entrei naquele lugar os meus olhos a avistaram de longe, disfarcei, tentei fingir que a sua presença não me afetara de forma negativa – sim, negativa – pois o meu corpo tornou-se rígido e as minhas mãos suavam gotejando no assoalho branco do salão. Ela olhava para frente, atenta aos acordes e trejeitos dos rapazes que tocavam.

- Não, ela não me notara. – Entristeci.

O seu sorriso estava diferente, lembrei-me de quando ele era só meu: branco, largo, aberto e doeu-me saber que o sorriso voltara, mas não para mim, em minha direção. Ela me doía de longe, por dentro – sem saber.

E os meus olhos seguiam cada movimento, aplauso, manifestação de alegria. Desejava tanto que fosse para mim, mas 15 minutos ali e ela não me vira.
Olhe pra mim, boneca – Desejei.

E o meu desejo, talvez, tenha sido ouvido pelos anjos, ela virou e acenou para mim. Não aquele aceno que sentia saudades, acompanhados de beijos flutuantes, uma aceno seco daqueles que conhecidos se dão quando se veem atravessando a rua. E ela virou-se novamente para sua amiga sorrindo alegre, uma alegria que já me pertencera e que eu havia rejeitado.

Meu coração havia parado quando ela veio em minha direção. Esqueci de como se respirava quando ela abraçou-me, pude senti-la novamente em meus braços, mas tudo era tão diferente agora. Nada passaria de um simples abraço, nada de beijos, cheiros e carinhos que ela costumava me entregar.

Idiota – eu pensei. A culpa era toda minha não haveria volta e eu bem sabia. Mesmo que os meus braços estivessem envoltos em outra pessoa, meu coração sempre pertenceria a ela.
E por fim quando eu a vi conversando, talvez, com o dono do seu novo sorriso, aquele velho que era meu. Meu coração despedaçou-se e os meus olhos felizes por vê-la, tornaram-se tristes e amargos.

– Sim, ela me esquecera.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Abraço eterno; - Fim.

“O amor não morre desde que permaneça vivo em nós."

Versão contada por ele em: Palavras e Silêncio da Fê.

Eu continuei sentada naquele banco de praça e os meus pés queriam ficar ali, enraizados como o Ipê de flores tão amarelas quanto o seu sorriso de estrelas que sombreava a praça. Queria fincá-los ali, até você surgir de uma esquina qualquer, me abraçar e novamente ouvir-te falar: - minha princesa.


Mas as horas foram se passando e as badaladas do relógio central da praça eram excruciantes, esmagavam meu coração dolorosamente. E os meus olhos de nuvens pesadas acompanharam a chuva agourenta que de repente insistiu em cair. E eu era toda tempestade.

Levantei-me lentamente e com dificuldade me arrastava até meu prédio. Assim que entrei porta adentro, deixei um rastro de água, imensas poças se acumularam no chão da minha sala e seguiam até o telefone. Não eram apenas água de chuva, era lágrima, tristeza, decepção.
Como pôde fazer isso comigo? – Eu me perguntava.

Logo notei que a secretária eletrônica piscava, sua luzinha vermelha indicava que havia algumas mensagens. Eu desejava que houvesse uma explicação, que ele me dissesse que o carro havia quebrado, que houvera um imprevisto e antes mesmo de verificar as mensagens meu coração se confortara um pouco mais, a esperança que criara em minha mente fez com que meu corpo se aquietasse um pouco mais.


Destemida apertei o botão e ouvi a primeira mensagem, não era dele, era mais um lamento. Um choro, que dizia: - sinto muito. E as outras seguiam da mesma forma, bem chorosas, mas que não diziam nada. Fiquei sem entender.
A notícia de meu abandono se espalhara tão rapidamente pela cidade? Fiquei irritada e coloquei o telefone no gancho.

Dirigi-me ao banheiro, troquei de roupa e fui escovar os cabelos. O sentimento de tristeza me abandonara deixando espaço somente para o de abandono. De repente olhei para porta e minha mãe estava lá, com um olhar pesaroso e lágrimas nos olhos. Não entendia o que havia acontecido, ela veio ao meu encontro abraçou-me e disse: - Sinto muito, bebê.
Por que todas as pessoas que conheço sentem muito por um bolo? Acontece. Não deveria ter acontecido, mas aconteceu. – Pensei enfurecida.

E o seu abraço esmagador, com soluços, me disse:
- Ele está num lugar melhor e te amava muito.
Entregou-me uma caixa em que sua mãe depositara todas as cartas e bilhetes que ele escrevia para mim. Tão amorosas e tudo que era nosso. E o meu coração quis parar também naquele momento. Assim como o dele.

"É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais."

Love in the afternoon – Legião Urbana

Baseado em fatos reais.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Abraço eterno;

"Aquela história de até que a morte nos separe não devia ser levada ao pé da letra."

Versão contada por ele em: Palavras e Silêncio da Fê.

O dia amanheceu claro e podia ver os raios solares entrando por algumas frestas de minha janela. O canto dos pássaros nunca me fora tão belo como hoje, contraltos, sopranos, em uma sinfonia que fazia meu coração dançar suavemente.

Levantei-me e enquanto olhava no espelho lembrava que os meus olhos para ti havia estrelas, uma constelação cujo nome você dera. E sorria boba. Porque na noite anterior me chamastes de princesa.

Enquanto penteava os cabelos lembrava os teus dedos entrelaçados em meus fios loiros, cacheando e desmanchando os meus cachos. O cheiro do teu doce perfume em teus ombros e o doce sabor de tua boca. Sabia que assim que eu terminasse de me arrumar, me encontraria contigo, assim como todas as manhãs. No mesmo lugar e andaríamos de mãos dados como namorados que éramos.

As horas passavam lentamente e eu ouvia cada tique-taque do relógio, cada som martelava meu coração, deixando-me ansiosa. Faltavam alguns minutos – eu pensava.

Desci em direção à praça, sentei-me e fiquei observando os transeuntes passando, eles me olhavam, era impossível não notar o meu sorriso, era tão largo, claro e aberto, que não tinha como ser indiferente a minha felicidade.

(...) Mas as horas foram se passando, amor. O sol do meio-dia ardia em minha cabeça e os meus olhos já não tinham mais alegria, o coração apertou no peito. Já não via os transeuntes, já não ouvia os passos. Não via ninguém, tudo porque meus olhos estavam inundados assim como dentro de mim. Chuva dentro de mim. O crepúsculo se aproximara e nada de você aparecer, eu continuava imóvel. A sua espera.
Que esperança tola – eu chorava.

E você não apareceu.
Continua.

terça-feira, novembro 10, 2009

Fragmento;

Elisa é uma moça de família de classe média alta, possui olhos de avelã, tal como o pai, um sorriso fácil e cabelos compridos, louros, caídos em cachos até o meio das costas. Cresceu com a ausência dos pais, que sempre batalharam muito para poder levar a vida que levam, era um tanto introspectiva e possuía poucos amigos. Uma das pessoas que Elisa mais considerava era Estela, moça nova que ajudava sua mãe em casa, pois dona Yolanda era uma doceira famosa na cidade, o que a mantinha muito ocupada. Seu pai, Carlos, raramente se dirigia a filha, pois queria um filho homem. Então, Lis cresceu com o amor emprestado de Estela, sua babá-confidente-irmã. Quando adolescente conheceu Daniel, um rapaz de traços fortes e olhos de hortelã e muito, muito doce. Elisa apaixonou-se profundamente por ele e alimentava sonhos, rabiscava o nome dele em pedaços de papel e, à ele, escrevia poesias. Era um amor daqueles que não cabem em livros. Ela o amava, mas não sabia dos sentimentos dele em relação à ela, mal sabendo que Daniel sonhava com ela todas as noites, a tinha como dona de seu coração e fazia planos. A vida de Daniel era curta: e ela não sabia.

Um resumo de um livro feito à seis mãos. Acompanhem.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Esperança.

As luzes amarelas e verdes do palco refletiam em meu rosto inexpressivo, toda aquela agitação passava despercebida por mim. Com os braços cruzados eu olhava para o alto, e para os lados na esperança vã de vê-lo surgir dentre a multidão. Só esperança, apenas.

Caminhando algumas pessoas esbarravam em mim, nem por reflexo eu conseguia me desviar, tudo estava tão pesado. E quando disseram o teu nome, meus olhos se encheram de uma espera infindável, logo veria o teu sorriso claro e largo. Eu bem que tentava convencer ao meu coração que você não estaria lá. De novo.

– Tolo! – pensei eu, ofendendo ao meu coração.
Coração difícil de convencer que deve trilhar outros caminhos, que deve esperar um pouco mais até encontrar o porto certo, mas quando ouvi o teu nome, ele soou tão doce e amoroso aos meus ouvidos, que meu coração palpitava descompassadamente, acompanhado do sorriso bobo que se formara em meus lábios.

Queria ver o menino que entrou em minha vida do nada, que conquistou meu coração cansado me transformando em uma pessoa mais doce e maleável. O menino que há anos está em minha mente e tão pouco tempo dentro de mim, preenchendo espaços inimagináveis.
Mas eu não te vi, a não ser dentro de minha mente, com meus olhos fechados e o pensamento longe. É sempre assim quando eu quero te ver, só fechar os olhos.

E minha noite foi de uma espera gostosa, mesmo sabendo que não te encontraria ali. Apesar de saber que você está bem mais presente em meus pensamentos, do que em qualquer outro lugar que esteja.

sábado, novembro 07, 2009

O trem;

O trem está quase partindo, eu posso ouvi-lo a quilômetros, deslizando sobre os trilhos a uma velocidade razoável, creio que se você quiser, poderá me encontrar aqui se apressar o passo. Sim, os meus olhos vagam em todas as direções, como uma rosa-dos-ventos, na esperança de te ver surgir de alguma entrada, atrás de alguma pessoa, assim do nada.

Os segundos vão passando rapidamente e o trem não vai esperar você chegar, bonito.
Eu me agarro apenas a esperança de você ter reparado, captando tudo que sempre houve entre nós, as minhas entrelinhas e alguns deslizes que cometo, propositalmente, para que descubras o que há além das palavras, dentro de mim.

O trem apontou na curva, meu bem. E eu ainda não consigo enxergar o teu rosto entre milhares de rostos que circulam a estação. Os meus olhos se enchem de lágrimas, mal posso enxergar as letras garrafais de um pôster de que diz: “haverá sempre um amanhã para recomeçar”.

O trem chegou e eu continuo sentada em cima da minha mala cheia de esperança, sonhos e desejos. Bagagem essa que levarei não sei para onde, mas que não poderia deixar aqui contigo. É, bonito, você vai mesmo me deixar partir. Eu sei.

E meu peito aqui cheio e congestionado quer gritar, chorar. Queria que as coisas fossem diferentes, que quando eu colocasse os pés dentro desse trem eu te avistasse.

Adeus, meu amor.

E você permanecerá sempre dentro de mim, bonito. Porque em (...) "minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos".
Caio F. Abreu

sexta-feira, novembro 06, 2009

Reticências;

Apenas suposições alimentavam o sentimento. A chuva fina e agourenta era apenas um prenúncio de que o sorriso que cultivava o dia inteiro nos lábios logo se esvairia. Como pode alguém viver de esperança?

Não é você – Eu digo. - E talvez seja minha culpa.

Procurar culpados não amenizaria nada que martela cá dentro. Martelo, marreta, coração. Queria mesmo um golpe certeiro para espatifá-lo. É o que tu mereces.

- Coração idiota, burro e masoquista! Odeio tanto você. Er, com a mesma intensidade que te agradeço e te amo por sentir tudo o que sinto.

E a noite, assim como as outras, fora inquieta. Flagelante, talvez. São as palavras que ecoam em minha cabeça que não me deixam em paz, lágrimas, choro devastador, cenas, falas. Por que tinham que me dizer aquilo? Já não disseram há anos atrás que o quinto mandamento é não matar? Então porque insistem em matar a esperança que trago dentro de meu peito, mesmo que ínfima? É pedir demais que respeitem o meu sentimento? É tanta maldade, bonito.

Sim, eu compreendo o meu lugar e jamais, em momento algum, eu quis atravessar este limiar que “impomos” um ao outro. E por que se importam tanto com a nossa vida? Não compreendo. Se nada disse, e de minha boca uma palavra sequer fora proferida para não dar margem a ninguém, que diabos desejam afinal? Onde eles vêem meu sentimento? Será que os meus olhos denunciam tanto assim?

Eu desejo tanto sumir da sua vida para lhe dar espaço, não ser tormento, mas meu coração fica em pedaços somente de pensar nessa possibilidade. Eu não tenho forças, de verdade. Para ficar sequer um dia longe de você, quem dirá a minha vida inteira.
Eu não sei até quando ficarei dessa forma, mas enquanto isso só me deixe quietinha. Dentro de minha concha...

quinta-feira, novembro 05, 2009

"Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido."

  • Caio F. vem sendo meu grande amigo por esses dias. Sim, amigo de infância.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Tudo é teu.

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

Caio F. Abreu

terça-feira, novembro 03, 2009

Amo você.

Acordei disposta a dizer: eu amo você.
Não sei como aconteceu, como você começou a fazer parte de mim, só sei que hoje é impossível imaginar minha vida sem a tua. Meu sorriso sem o teu, meus dias sem tua 'presença'.
Você é bem mais do que eu mereço, eu sei. Mas é o que mais apeteço nesse momento.

Mesmo que eu brigue, fique brava, chore de raiva, o que há aqui dentro é imutável, eu sei.

  • Chegue bem perto de mim. Me olhe , me toque, me diga
    qualquer coisa.ou não diga nada,
    mas chegue mais perto.
    Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.