quarta-feira, dezembro 22, 2010

Letícia, feliz aniversário.

Letícia recordava-se de seu último aniversário onde recebera gérberas amarelas. E sentada em frente ao seu computador devaneava sobre o ano que passara rapidamente. Usava ainda roupa social mesmo odiando, mas o seu salto quinze fora substituindo por um scarpin um pouco mais baixo. estava cansada hoje, queria mesmo era aproveitar o sol dessa quarta-feira ardente, sonhava com seu biquini e suas sandálias havaianas que estavam debaixo de sua cama, mas infelizmente teria que cumprir o expediente normal.

Pensava: - Por que não é decretado feriados em nossos aniversários? Sorriu em seguida. E pensou que poderia ser pior, no anterior tivera uma reunião em que sua vida profissional estava em jogo e como presente de aniversário alcançou sua meta e teve seu projeto aprovado. Lembrou-se de toda a tensão que sofrera durante semanas elaborando seus resumos e apresentação. Tudo compensado. Respirou com alegria.

Deixando sua caneta cair no chão fixou seus olhos sobre o antigo porta-retrato onde eles estiveram por vários anos. Seus olhos encheram de lágrimas, não de tristeza, mas sim de saudade. Uma saudade macia e doce. O lugar fora substituido por uma nova foto, Letícia e Janis Joplin - sua gatinha persa. Embora não houvesse mais diante dos seus olhos sua imagem, ela podia vê-lo perfeitamente todas as vezes em que fechava seus olhos. Essas lembranças massageavam seu coração ela adorava cultivá-las.

Antes de levantar-se viu que sua caixa de e-mails estava piscara. Sentiu o seu coração subir até a boca e suas pernas trêmula. Sim. Ele era o destinatário. No título da mensagem dizia: Oi boneca.
Pensou duas vezes antes de abrir, mas corajosamente clicou sobre o título. O e-mail abriu em seguida as letras por um instante embararalhou-se tamanha a sua angústia.

"Menina,
Tu não sabes como essa semana arrastou-se, queria muito que chegasse logo o teu dia para te presentear. Contudo, fiquei cismado se tu me aceitarias novamente. Então, reservei-me a enviar-te um e-mail. Então. Lá vai. Não conseguirei expressar tudo o que há aqui dentro. Mas posso dizer-te que és especial deveras, mas isso somente não basta. Desculpa as falhas, os erros. É que talvez eu não esteja pronto para dizer o que realmente sinto por ti. Mas saiba que é doce. É intenso. É vivo. E queria dizer que apesar de ter me omitido no ano anterior, tu estivera cá dentro. Tu és alguém cujo nascimento vale comemorar todos os dias. Parabéns pela pessoa que és.
Obrigado por me fazer sentir humano e amado.

João Henrique.

Letícia, após ter lido deletou o e-mail, sim, ela gostou. Mas preferiu deletar e deixar somente gravado em seu coração e com toda certeza estará para sempre. Gravado tão qual uma tatuagem.
Para Quel, uma doce amiga. Feliz aniversário!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

A flor.

“Existe uma flor que me desperta desejos. Ela tem a sua face quando eu a
observo. Consigo enxergar além do pólen e suas pétalas. As cores lilás e branca me remetem a um vestido seu de renda.”


Eu via seus pés sujos de terra branca. Aquela que está ao redor do parquinho. O seu vestido de renda parecia dançar com a brisa de um jeito tão sereno, que me lembrava uma criança. Lembro-me que dissera quando criança havia ganhado de sua mãe um vestido de crochê rodado e que fica por horas dançando. Como se fosse realmente uma dançarina, o ritmo da lambada fazia com que as suas rodadas fossem tão incríveis e perfeitas, sei que apesar da pouca idade você já via poesia ao dançar.

É engraçado como consigo projetar essa imagem da cabeça, mesmo não estando lá. Vejo você dançando e ao redor várias pessoas batendo palma no ritmo da música, encorajando-a, dando forças para continuar. E em seus lábios o sorriso infantil e a cinturinha requebrando sem maldade, dançando apenas sonhos. Tudo é tão preciso até mesmo aquela flor enorme de maracujá que você insistia colocar no cabelo. Dizia que precisava ficar tão exuberante quanto às dançarinas profissionais. Ora, moça quanto anos tinha?

Fico rindo imaginando você com toda sua doçura tentando ser mulher. Então, crio situações em que “você-criança” veste as roupas de sua mãe, calça os sapatos, usa seus colares e pinta seu rosto com maquiagem. Até olhar para o espelho e fazer o trejeitos de sua mãe, como a cara de zangada que ela sempre faz ou de piedade quando você se machuca. Moça, não estive na sua vida por muito tempo, mas a minha imaginação faz-me te conhecer tão bem. Perfeitamente.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Olá.

Acho que está na hora de voltar. Não há como não sentir saudades dos meus pedaços. Em breve de volta a ativa.

terça-feira, setembro 14, 2010

Fim.


Vou escrever agora no Categórica. É que me dói continuar escrevendo aqui.
Quem quiser me acompanhar. E uma novidade: estou lendo vocês no Google Reader :)
Não conseguia acompanhar mais ninguém, pois estou sem net em casa, mas a Jéssica me disse que era possível ler assim. Então ;)
Beijo a todos e sigam-me os bons!

sexta-feira, setembro 10, 2010

A culpa.

Vai passar, nós dois sabemos que vai passar. Não hoje, talvez daqui um mês ou quem sabe alguns anos. Mas passará. Eu é que ando meio down estes dias, ou melhor, desde aquele dia. Não foi fatídico, não há como rotular, talvez eu diga apenas: alívio. Despejo, bonito. O problema todo é que eu não tenho certeza de nada e acho, sinceramente, que eu não devia ter contado. Mas eu havia perdido todo o meu controle mesmo, não conseguia contornar qualquer situação e achava que a qualquer momento explodiria. Então: booom! Foi aí que os meus olhos apertaram-se e por um momento senti as minhas pálpebras pesarem. Deságuei.


Eu esperava você do outro lado, mas continuou imóvel. E do lado de cá eu me desesperava, com uma dor imensa dentro do peito. Sabe quando se tem vontade de gritar ou chorar bem alto, não para que te notem, mas para se esvaziar? Então.
Acontece, porém, que desde aquele dia eu sinto um vazio enorme dentro de mim. Há sim, bonito, outras coisas ao meu redor, mas você era uma das mais bonitas. E pensar em você hoje me dói tanto, que sempre balanço a cabeça a fim de desvencilhar-me de ti. Não funciona.

E então eu choro copiosamente sempre que te vejo on-line ou então quando acordo de madrugada depois de tê-lo comigo, em sonhos, porque a dor de não ter alguém que se ama é excruciante. Eu não digo você em minha vida como namorado, amante ou coisa do gênero. Mas sim a ligação que a gente tinha, a amizade que era. Só que eu penso que é só isso. Me dá nos nervos quando alguém diz: ele fez isso, ele tem planos para aquilo e etc. E eu penso: porra, por que eu tenho que ouvir os outros falando de você? Porque eu não ouço mais de você. E então eu lembro que a culpa é minha.

Só que, doce, não podemos agir assim. Uma pessoa não é um doce que se enjoa, empurra o prato, não quero mais. Eu devo estar cobrando coisa demais de você e sem sentido. Acontece, porém, que eu não consigo me perdoar por ter afugentado você. Irremediável. E eu não queria dizer que te amava esperando que fosse recíproco, porque eu sei que você ama outra pessoa. Mas sair da minha vida de sopetão assim foi, é e está sendo cruel demais.

Você não sabe como me dói escrever essas coisas. Quase morte em vida.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Passional.

O som ensurdecedor não a deixava escutar as súplicas dele do outro lado da porta. Ela havia trocado todas as trancas da porta e ainda assim, ele a esmurrava com toda a força que supunha ter. Ele gritava, xingava com todas as dores possíveis. Não era somente os seus punhos que sangravam, seu coração estava no mesmo estado. Passional. Não era de perder a cabeça, jamais havia acontecido isso, até mesmo porque ele sempre esteve no comando. Sentia que havia perdido todos os seus limites, mas ela tinha razão em querer distância.

Ela queria abrir a porta porque gostava dele. Mas não fez.

Parece incompleto? Mas não está.

segunda-feira, setembro 06, 2010

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando"

Caio Fernando Abreu.

sábado, agosto 28, 2010

Mês do desgosto?

Não é o mês de agosto que me faz chorar incessantemente. Não é o calor de Brasília que frita os meus miolos, muito menos a fumaça que insiste em cobrir o cerrado e coçar meu nariz que me tira o ar. E o problema todo é: eu não reconheço. Qual é o problema? Eu queria continuar a escrever simplesmente pelo prazer de olhar a beleza das letrinhas que vão formando lindos contos. Eu queria acreditar que eu ainda consigo escrever algo que realmente preste. Mas, eu não consigo, eu não consigo. Talvez eu devesse me esforçar mais. Talvez.
Eu queria ter sonhos de criança, mas eu não queria ser a criança que fui. Não em alguns momentos. A minha infância me dói, arde e ela permanece tão viva e aberta, tal qual uma ferida a cicatrizar.

Tenho saudades das minhas bonecas. Saudade de esperar meu pai chegar em casa com cocadas e doces de abóbora. Sinto saudade de pentear-lhe os cabelos, de ouvir as histórias que o meu avô nos contava, a mim e meus primos, na calçada. Eu sinto saudade de brincar de pique-esconde com meus vizinhos, de atravessar a rua de mãos dadas com o Alan. E sinto, sinto, sinto. Que me falta tanta coisa e eu não sei. Que há um oco dentro de mim, que ao mesmo tempo que eu sinto, eu não consigo sentir. Tenho saudades de tantas coisas, que no final; resumindo - sinto saudade é de mim.

Onde é que eu deixei a mala com a minha felicidade? Em qual estação? Eu invento poesia, invento história desde sempre e as pessoas acham tão lindo, que menina talentosa. Quando na verdade não compreende que eu escrevo para me esvaziar da dor que eu sinto. Essa dor que eu sinto desde sempre e não é nova. E então quando eu digo que estou chovendo, que meus olhos estão "neblinados", as pessoas suspiram. Por quê? É dor. A dor é bonita? A culpa é minha, fico vestindo as minhas aflições com seda, mascarando a dimensão delas e todos pensam: é literatura. Porra. Por que eu estou aqui, assim e sem ideais? Eu vejo tantas portas, tantas saídas e me falta força nas pernas para caminhar. Falta-me coragem.

A verdade é que eu gostaria, realmente, escrever sobre amor é gostar de ler. A verdade é que a cada dia eu vou morrendo um pouco mais.

E talvez, talvez amanhã eu não esteja mais aqui.

[desculpem, mas eu realmente tirei os comentários desse post. obrigada]

sexta-feira, agosto 20, 2010

LH.

"Você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem." Caio F.

Os seus olhos azuis piscina me vem a mente desde sempre. Talvez, a vontade de me desvencilhar continuasse, mesmo que contida, aqui dentro do peito - impossível. O que sinto é que você ainda vive em mim, mesmo que as circunstâncias nos impeça de tocarmos o coração um do outro. Sim, como outrora fazíamos, peito com peito sentindo o compasso e o pulsar através da pele do outro.

É que estes dias você me vem em sonhos com tanta frequência que não compreendo. É como se o tempo quisesse me lembrar que em teu colo o frio não me cercava, que abraçar você durante o intervalo da aula era necessário. Mas, infelizmente, o destino foi responsável por nos separar. Contudo, agora que te vejo frente a frente novamente. Me dá uma vontade de te abraçar novamente e dizer: "existe um pedaço teu aqui dentro de mim."
Só isso.

Terei seus beijos novamente. Hoje à noite, em meus sonhos.

sábado, agosto 07, 2010

Último sonho.

"Faz um bom tempo que a vontade de escrever e de poetizar se resume a você."
Caio F.

Tive vontade de esmagá-lo contra a parede. Assim, com violência, como quem deseja ardentemente encurralar alguém. Efêmero. Quis apenas alguns centrímentos distante de tua boca, o suficiente para que sentisse o ar quente umedecendo os meus lábios. Embora as minhas pernas estivessem trêmulas cobiçava o teu gosto. E olhando os teus olhos confusos esboçei um sorriso de canto, convidativo. E enquanto os meus olhos, minhas mãos e todo o meu corpo te convidava a morar em mim, sentia minha cabeça pensar e pesar tudo o que viria depois: o abandono, o desespero, a saudade e, inevitavelmente, a dor. Esta que amarga, que me enlouquece e me prova cada vez mais que nada tenho de ti. Nada. Nenhuma palavra, um gesto -, apenas as minhas alucinações. Afastei-me e chorei.

Por alguns poucos minutos de coragem eu estive preparada para o que viesse. Para o não do outro dia, a indiferença e o telefone que continuaria mudo lá. Eu estava preparada para qualquer coisa, um pouco porque não aguento mais esperar que você me note ou deseje estar próximo a mim. Desejava que os meus olhos não me traissem, não revelassem que eu morro um pouquinho a cada dia que se passa, porque eu me sinto desnecessária em tua vida. Como se nunca tivesse existido para você e sofro. E estes meus sonhos tornaram-se tão constantes que desejo que à noite se aproxime logo para te encontrar.

Desejava ser urgente para ti, assim como tu és para mim. Mas sei que não sou e por saber que não há brechas, nunca houve margem e não possuo sequer o direito de reivindicar alguma coisa me isolo. E assim, submissa a ti, te desenho perfeitamente do modo que gostaria que fôssemos um ao outro, sem reservas, apenas sendo. E meu coração tão fatigado já não sabe qual caminho deve seguir, porque sinceramente, eu já não espero nada de você. Desejo apenas arrancar você daqui de dentro. E isso, nada mais é, do que a pura verdade.

Olhe. Se eu pudesse te dizer tudo o que penso em relação a você, a nós, diria que os dias tornaram-se azuis desde que te conheci. Que respirar tornou-se mais fácil e que amar agora me é macio. Mas, abstenho-me a dizer: amar você foi bom, mas eu arranco definitivamente, ou tento, a partir de hoje.

É, bonito. É o fim.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Querido, M.

Por favor. Não olhe dessa maneira. Os teus olhos me ferem mesmo que não seja a tua intenção. Dói-me apenas. Porque eles me provam o contrário daquilo que as pessoas tentam colocar em minha cabeça, e eu, submergo nestes. Entrego-me. Encontro o fundo e aconchego-me lá, nas tuas lembranças, nos teus sorrisos muitos e me perco.

Compreenda-me apenas. A questão não é desconfiança e sim insegurança, entende? Talvez medo. Acontece, porém, que os meus braços desejam tanto os teus que a minha vida começa a passar como um filme colorido. Não quero aplicar o preto e branco a nossos momentos vividos, pois seria apagar o cor dos teus olhos, a nuance de teus lábios e tudo aquilo que deu vida a nós, àqueles dias que serão tão nossos, quanto um filho é de sua mãe.

Perdoa-me por querer fazer destes momentos únicos, tal qual, relíquias a serem depositadas em um relicário. Entenda-me, por favor. Intocado ele continuará lindo, perfeito. Talvez, eu seja uma tola e não compreenda o que o destino nos reserva. Eu desejaria não ter ouvidos, não conhecer ninguém, mas infelizmente eu os ouvi.

E (...) droga. Doí-me sonhar com o depois. Quando não houver mais laços entre nós, quando tu decidires entregar os meus abraços a outra pessoa. E me sinto mal por desejar que não haja ninguém na tua vida. Egoísta. Sim, sei que sou. Mas enquanto não houver em mim, em meu coração, uma chance ou talvez uma luz para me mostrar o caminho desejarei ser para ti a única.
Apesar de.

Com amor,
L.

quinta-feira, julho 29, 2010

E a gente se pergunta.

Dá-me, porém, a sensibilidade de também sentir.

Há alguns dias o amor, — ou isso que costumamos acreditar, acertou-me impiedosamente com tapas e safanões grotescos. Contudo, tentei desviar, dizer que não era a hora, o lugar e até o momento certo. Acostumada ao sentimento enraizado cá dentro, resolvi não me abrir a possibilidades. Não que eu esteja esperando por ele, seria tolice. Ele não me enxerga — não da forma que desejo. E venho martelando e remoendo dentro de mim possíveis encontros, imaginando como seria se. E esse se, magoa-me brutalmente. Porque não é algo que se concretiza, é um mero devaneio apenas que não desenvolve. Entretanto, o amor quis me dizer que se importava. Que há um coração que deseja sentir o meu e eu simplesmente o ignoro. Porque não há como dividir meu coração ao meio, não há como gostar de duas pessoas e mesmo que eu tentasse levar isso adiante não desejo nunca reduzir o coração de ninguém a caquinhos. E por essa triste razão eu continuo cada vez mais só.

Então eu penso: "por que você me ama assim?" e sinto o coração doer ao pensar "por que ele não me assim? como você?" E me dói comparar.

sexta-feira, julho 23, 2010

Tudo isso é combustível, beibe.

Tudo isso é combustível, beibe.

O vento gritava ensurdecedor, castigando ferozmente as àrvores que se debatiam irrequietas. O barulho não incomodava, não naquele momento. Não se buscava dormir, de fato. Queria-se apenas pensar, sonhar deixara de ser essencial. Havia decidido que devaneios não permeariam seus pensamentos novamente. Mas pensar nele, naquele momento, era aceitável. Estivera perto, sentindo seu calor, apesar de indireto. E quisera permanecer com seu sorriso e até mesmo a sua voz que estivera há pouco falando "abóboras" ao seu ouvido. Queria apenas tê-lo, ali, assim, de qualquer maneira.

E talvez, meio grogue pelo sono que se aproximara, vira a luz que piscava incessantemente. Seu celular que, incrivelmente, anunciava que ele ligara. Respirou fundo. Atendeu. E sim, do outro lado da linha a voz que conseguia, sempre, aquecer seu coração, derreter qualquer bloco de gelo que houvesse dentro dela. A voz que conseguia despertar sentimentos inimagináveis. Forte, macia, calma e musical aos ouvidos. Falava doce, ou talvez, pensasse que dessa forma seria. Ou quem sabe. Tudo o que fosse dito por ele teria conotação doce, mesmo que não fosse a intenção. Ele era dela naquele momento. E pôde, por algumas minutos, ser também. De forma completa, sem meias palavras, entrelinhas como sempre fora.

A cada palavra proferida, ela desejava ter e estar. E mesmo sabendo que estas eram ditas sem pensar, talvez por alguma fraqueza e não por merecimento seu. Mesmo certa de que nada aí dentro a pertencia, ela o desejava. Sim. Talvez na mesma intensidade. Com os mesmo desejos e vontades, talvez, em outra ocasião o permitiria. Porque sentia que precisava do seu toque, dos seus lábios, do laço. Tinha vontade, mesmo contida, dele. Escondida. Desejava que aquela noite, os minutos, e quem sabe as horas se arrastassem lentamente. Porque naquele pequeno e único momento, desde sempre, sentia que ele era seu. Apesar de.

Mas a noite acabou e o que ficou apenas fora as palavras na memória que aos poucos vão esvanecendo. Que não tem mais tanta importância. Porque não foram ditas pensadas, não foram pesadas e feriram. E sim, não houve complicações no dia seguinte. Porque simplesmente o dia seguinte não existiu, ou melhor, correu como se nada houvesse acontecido. E assim, permanecerá na cabeça dela que as palavras foram ditas em mais um de seus sonhos.
Porque o desejo, em alguns casos, não se deve alimentá-lo

Sim. Só para não sangrar mais o que ferido está no peito.

segunda-feira, julho 05, 2010

Há alguns posts atrás a dona desse blog morreu. Por consequência o blog também morrerá.

quinta-feira, julho 01, 2010

Duele tanto.

"Ay amor, me duele tanto, me duele tanto
Que no creas más en mis promesas
Ay amor, es una tortura perderte."
Shakira.

Talvez ela tenha o coração tão despedaçado por outros caras que as tuas palavras amanteigadas não tenham causado efeito sobre ela, e toda as tuas falácias sobre a química e o possível e pretenso namoro que ela nunca aceitaria. Fácil, acessível conheces esses rótulos? Aplicaria-te como etiqueta. Talvez, a vítima tenha trocado o papel ou o feitiço tenha virado contra o feiticeiro.

Chocolates, flores e promessas que de nada abrandava o coração. Estática. Ela, por sua vez, tomou uma posição defensiva, sem olhares duradouros, com entregas meio reservadas. Não iria se apaixonar, pois não havia espaço. Não para você. Mesmo que não soubesse do teu passado, da tua vida de boêmio, dos corações magoados ela nunca cederia. E vocês ainda assim sustentavam esse romance falido onde o amor era unilateral e não havia reciprocidade alguma.

Talvez ela ligue para você em uma noite qualquer, dessas bem frias e te peça que aqueça seus pés. Ou, então que se encontrem em um beco qualquer para alimentar o desejo que ainda corre nas veias ou somente, ligue para dizer: "tenho wisky, cigarros e uma cama vazia."
Ser o objeto é tão diferente, não é?

terça-feira, junho 29, 2010

Morro a cada dia um pouquinho mais.


{Muito, muito triste}


Impossível.
Um analgésico, por favor.

quarta-feira, junho 23, 2010

Minha água.

Abracei-te em sonho e quando acordei meus braços envolviam-me. Triste, eu pensei.
Triste é constatar que a distância entre nós aumenta a cada dia e que por mais que vontade eu sinta, acredito que é melhor assim. Não por mim, por você.
É que eu não quero acabar, entende? Com aquilo de bonito que ainda consta na memória. É que eu perdi o controle e já não sabia discernir o que era amizade e o que era amor. Ia te magoar. Cedo ou tarde.


Hoje eu choro.

sábado, junho 12, 2010

Rosa.

"Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa."

(...) que a tornou tão importante para mim. E não, não encaro como perca de tempo. As pessoas costumam se lamentar a cada término de relacionamento, esquecendo-se dos momentos que valeram a pena. A beleza do relacionamento não termina com fim da relação, entende? O que quero dizer é que os momentos bons não se apagam, o que foi bom permanece na memória, nas lembranças, mesmo que muitas vezes sejam doloridas "revivê-las". Não estou em um momento deprê, pelo contrário, é reflexivo. Porque muitas vezes eu praguejei contra as pessoas que já passaram pela minha vida, dizendo que foram um erro, a pior coisa que aconteceu, mas cada um que passa deixa algum ensinamento, nos ajuda a amadurecer. Dias atrás conversava com minhas amigas sobre o namoro em si e acredito piamente que ele pode ser comparado a uma planta, se você rega, cuida com certeza ela continuará ali, viva e forte, mas quando você se desleixa ela morre.

Com alguns relacionamentos eu aprendi que brigas e ciúmes desnecessários desgatam qualquer relação. Ninguém precisa saber que existe algum descontentamento entre vocês. As pessoas esquecem que cada um tem um gênio, que para alguns a independência é necessária e que ultrapassar limites doí bem mais que bofetadas. E a cada relacionamento você vai compreendendo que a beleza, que Vinícius de Moraes dizia ser fundamental, não é tão fundamental assim. Porque não adianta você ter uma beleza descomunal e ser uma pessoa difícil de lidar, explosiva, dinamite pura. Há quem goste, mas nem todos - eu, por exemplo, estou fora dessa estatística. Na verdade, não sei o motivo de escrever isso, queria mesmo era escrever algo bonito sobre o dia dos namorados, mas me veio em mente isso: o fim. Talvez porque eu tenha decidido ser uma boa menina, paciente e compreensiva. Tenha notado que havia perdido todos os meus limites e ficado com medo disso, de mim, das minhas atitudes, reações. Talvez eu tenha escrito isso para eu mesma ler e enfiar na cabeça. Talvez eu tenha magoado e a princípio não tenha me arrependido. Talvez eu tenha errado demais esses tempos e tenha perdido completamente o controle da minha vida. Talvez eu devesse ter freado enquanto era tempo.

Mas tudo é talvez.
(...) Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

quarta-feira, junho 09, 2010

Mãos dadas.

Precisamos mais que os minutos que nos são concedidos a cada noite. Talvez, meu bem – não saibamos o quanto já exista de cada um dentro do outro, no coração. E espero que não nos ocupemos demasiadamente com vírgulas e hífens que insistem em rondar esta relação. É que você realmente tem razão sobre o vinco que se faz em minha testa cada vez que me contrarias, que o sorriso me é largo deveras quando insistes nas tuas palhaçadas, que as mensagens altas horas da madrugada, apesar de acordar-me, arranca-me suspiros muitos.
E desde que decidimos ser assim, sem reservas - apenas ser um no outro. Percebi que qualquer estação do ano será primavera e mesmo que a chuva caia ferozmente lá fora, conseguirei pintar um sol a cada sorriso teu. É que me tens, compreendes?

Não importa, porém, que chovas lá fora. Desde que decidas estender-me a mão como tu fazes agora.

Acho que a programação voltou ao normal agora.

quarta-feira, junho 02, 2010

"Amor? Não sei. É meio paranóico. Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar.
Caio F."


Eu precisava que o reflexo que vejo todos os dias no espelho me chocasse, gritasse comigo e que me mostrasse que o fim do trilho é esse. Que há tempos não há mais caminho, que já desci na última estação. Mas a esperança, que por vezes é bendita, não faz jus a sua fama. Ela me enlouquece. Me traz desejos que alimento no coração, que rego tal qual uma planta. Talvez os meus sonhos, talvez as fantasias que tenho cá dentro. Não sei. É que todas as vezes que penso em mudar a direção, estender a mão a quem deseja pegá-la, eu penso que estou fazendo a coisa errada. Mas me diz: "o que é certo?"


Eu sei que é errado insistir em gostar de você, assim, como eu gosto. Mas eu quero dizer que é preciso para mim algumas vezes e terrivelmente impossível outras tantas. Acontece que eu não consigo imaginar um futuro onde você não esteja, de alguma forma, e isso me faz enganar a quem não devo. E hoje isso me dói como uma bofetada, como disse Caio F.


Queria levar a diante todos os planos que idealizo relacionado ao meu sentimento. Acabar. Deixar de lado, escanteio, apagá-lo, sem usar ninguém para que isso aconteça.

Mas eu me fecho. Sempre.

terça-feira, maio 25, 2010

O coração dela.

(...) eu não vou deixar passar.
Talvez ela não notasse o quão nervoso eu ficava a cada aproximação, não sentisse o meu coração martelar a cada abraço caloroso que ela insistia em me dar e a cagueira aparente todas as vezes que risonha ela dizia: - sei não, mas acho que você é apaixonado por mim. Acontece que mesmo diante das evidências as nossas mãos se davam apenas em apertos de mão amigáveis, sempre lhe fui o ombro, pernas e deseja ardentemente ser mais que isso: ser o coração. Contudo, nada ela via em mim e eu me perguntava altas horas da noite o motivo dela não me notar. Por que ela fala dos amores dela para mim?
E por que eu insisto em lhe dar atenção quando fala para mim? Será que ela não vê que falar sobre ele me magoa? Acontece, porém, que percebi que na verdade era eu que deixava que ela me usasse como estepe, que fosse o ombro, desejando ser seu coração. Sem saber que o coração dela era ele.
Mas ela me disse algo que acendeu esperança e mim: - existem algumas pessoas que não podemos deixar passar. E no intímo, juro. Desejei que a mim ela tivesse notado.

quinta-feira, maio 13, 2010

Amigos (...)

Só me escute, por favor. Talvez algum dia eu consiga encostar a cabeça na janela do ônibus e não pensar em você. Acontece que esquecer você é difícil, porque o sentimento não é uma frase escrita em uma lousa que a qualquer momento você pode pegar um apagador ou algo escrito em um papel a lápis. É impossível esquecer o que te faz bem, é impossível principalmente porque eu te amo e mais ainda, porque eu não desejo te esquecer. É tão engraçado alimentar um amor sem esperanças, unilateral. Cansa.


Sabe, bonito, eu entrego as pontas. Desisto. Sabe que escrever isso é tão dolorido, tal qual uma bofetada, que há dias venho pensando em como eu me sinto, e como eu me sentiria ao tentar arrancar esse sentimento que está enraizado aqui dentro. Mas, sabe, é tão necessário. Porque o meu pensamento fica sintonizado em você 24 horas e tudo o que eu penso e faço você está, indiretamente ligado. Eu só penso, respiro e vivo você e se eu soubesse que haveria possibilidades eu continuaria. Mas hoje, sabe...eu vejo que não.

E para preservar o que eu tenho, ou imagino que tenho, eu paro aqui. Sem atravessar a ponte, ou melhor, sem chegar ao final dela. Porque há tempos eu fiquei parada lá, chegando, chegando. E escrever isso me dói tão profundamente que eu paro aqui.



É amigos. Só.

segunda-feira, maio 03, 2010

Ninguém tem culpa.
Talvez eu tenha.

Mas acontece que meu coração parece ter sido jogado num moedor de carne.
E eu não tenho vontade nenhuma de voltar a escrever aqui.
Sabe, perdeu o sentido. De verdade.

quinta-feira, abril 15, 2010

Aniversário.

Só então, quando olhei com mais atenção, notei a enorme armação dourada que rodeava a figura da minha avó. Sem entender nada, ergui a mão que não estava em volta da cintura de Edward e a aproximei para tocar minha avó. Ela repetiu exatamente o mesmo movimento, como em um espelho. Mas onde nossos dedos deveriam ter se encontrado, não existia nada além do vidro frio...
Com uma vertiginosa sacudida, o sonho abruptamente se transformou em um pesadelo.
Não havia nenhuma avó. Aquela era eu. Era minha imagem refletida em um espelho. Era eu, velha, enrugada e acabada.
Edward continuava ao meu lado sem se refletir no espelho, insuportavelmente encantador em seus eternos dezessete anos. Ele apertou seus lábios frios e perfeitos contra minha decrépita bochecha.
- Feliz aniversário. - ele sussurrou.
Acordei assustada – meus olhos a ponto de ficarem fora de órbita – e ofegante. Uma
escura luz cinza, a familiar luz de uma manhã nublada, tomou o lugar do ofuscante sol
de meu sonho.
Só um sonho, eu disse a mim mesma. Foi só um sonho.


(Me sinto exatamente igual, com a exceção de que não tenho o bonitão Edward me amando).
Texto retirado do livro Lua Nova de Stephenie Meyer.

quinta-feira, abril 08, 2010

24 de março

Sei que é tarde e as horas se estendem largas, mas é necessário que conversemos. Leoni canta os meus sentimentos em 24 de março, e embora a data não seja a mesma e que há muito março tenha se despedido de nós as evidências e semelhanças me são excruciantes e, por que não dizer, letais. Eu me esvazio da dor que por vezes me causaste, é incrível como os teus caprichos não são suficientes para acabar com o que nasceu cá dentro e transborda continuamente. Eu sei que não devo entrar em desespero, porque você me é de todas as formas possíveis e inimagináveis, mas esse é o ápice -, aquela velha história de: "ou vai ou racha, ou é 8 ou 80". Perdoe-me o palavreado chulo, querida. Mas é que como a noite avança sem compasso, os meus modos também se foram há muito. É agonia, repreenda-me se necessário. Não é uma reconciliação que pretendo propor e sim um acordo amigável. Por favor, não bata o pé assim e sua respiração profunda me causas açoite, entenda. Não ria de mim, pois te conheço tão profundamente que posso descrever cada movimento seu do outro lado da linha, estas tuas mãos que insistem em desenhar mil coisas na agenda ao lado do telefone, e o teu bico que se formará assim que eu calar minha boca.

Não se assuste. Respire. Tenho tentando em demasia afugentar lembranças, mas no fim é sempre seu nome que vem à mente. E hoje, o telefone me foi saída, depois de tanto ensaiar em frente espelho. Eu tinha que ligar e dizer, por fim, você é a razão da minha vida. E isso não é uma declaração de amor, constatei. É apenas algo que eu deveria ter aceitado há algum tempo, mas por alguma razão me esquivei. Eu queria mesmo ser o eterno em sua vida, aquilo que você mais adora, um objeto porque não. Mas, eu entendi o nosso lance e ele sempre foi um tanto unilateral e tantas vezes você quis me mostar isso. Perdoa. Sei que estou dando voltas e você deseja que esta conversa acabe logo, é claro. A proposta que tenho para nós é: "me deixa ser de outro alguém?" Soou mais como pedido, né? Mas é que não poderia ser feito de outra forma. É que eu sinto tão enraizado em você, que seria injusto não te pedir permissão. Vai ser bom para nós dois. Você não vai precisar se preocupar onde pisa comigo, poderá falar dos teus romances abertamente e eu farei o mesmo. Vai ser estranho no começo, mas eu precisava dizer.

Por favor não respire dessa forma, os teus soluços me magoam. É, existe outra pessoa. Mas ela ainda está nascendo timidamente em mim, talvez essa semente não cresça e morra pelo caminho. Só que eu precisava me dar, tentar e buscar um jeito de crescer em alguém também. Ela me viu colecionando lágrimas no bar e me ofereceu um drinque. Aceitei e desde então somos. Assim como foi no começo, somos descoberta um para o outro. Clarisse não chore. Você nunca me amou mesmo, não como eu gostaria. Senti que a nossa química era bem mais de pele, física do que outra coisa e eu desejo que alguém olhe para dentro de mim, a minha alma, e me ame pelo que eu sou. Vou dar uma chance a ela, mesmo que no fim da noite o teu nome volte aos meus lábios.

É isso.


(...) e do outro lado da linha como havia descrito, ela rabiscava na agenda " Grande amor, meu Matheus". Mas agora o telefone mudo não lhe dizia mais nada. Lembrou-se de Caio F. que dizia: "Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para entendê-las."

E acabou ali entre duas avenidas, dois telefones mudos.

terça-feira, abril 06, 2010

Éramos três.

Moço,

Lembro-te aos doze com o peito nu e uma bermuda vermelha, não tinhas preparo algum para a vida. E ainda assim carregava nos lábios os sorriso mais sincero que os meus olhos já tiveram o prazer de ver. Teus assovios muitos que me chamavam para papear em frente ao portão até altas horas e o teu desespero ao ver meu pai se aproximar. Tinhas medo.

Gosto de imaginar-te naquele tempo em que éramos os melhores e, talvez, únicos amigos. Essas lembranças me vieram ontem à noite rasgar-me o peito, porque sei que não ouvirei novamente a tua voz de menino, os teus assovios finos e tudo aquilo que lembrava nossa tenra infância. Gosto de imaginar o jogo de dama que era sagrado todos os dias às dezoito horas em frente minha casa, os moleques que juntavam-se para brincar de jogo da verdade. Essas meninices que vivemos juntos, entendes? O nosso beijo impulsivo que nos trouxe várias gargalhadas, nunca coube a nós outro sentimento senão o amor de amigo. E o teu ombro que me era refúgio todas as vezes que eu brigava com ele.

E sabe, Du, saber que você se foi assim tão cruelmente, me fez lembrar o Rafael também. Nós que éramos um tripé, eu que me sentia a D. Flor, não por ter dois maridos, mas por ter dois amigos que me eram fiéis e que me amavam. Eu não entendo como as pessoas podem ser tão impiedosas, destruir lares, famílias e amizades, assim como fizeram com nosso Rafa há 10 anos e agora contigo. Me dá um nó na garganta pensar que não seremos mais os mesmos. Que eu fiquei sozinha, sem os dois. E lembra quando cantávamos os três em frente a minha casa? Então. Na mente restou apenas um pouco do que fomos, porque é doloroso lembrar.

Sabe, a ficha da tua mãe caiu ontem, e incrivelmente a minha também. E só Deus sabe como o coração dela está. A tua namorada, Du...ela não aguentou. Não sei o que passou pela cabeça dela, mas ela não resistiu e quis te encontrar. É, ela também se foi. E eu penso sobre essas coisas que acontecem, esse sofrimento todo me faz pensar: "a gente já nasce morrendo?"

Saudades Du.
(...) da gente.

Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.

domingo, abril 04, 2010

Quem eu amo.

Eu não quero - e nunca fiz, disso aqui um diário. Mas, sabe aquela vontade de parar e escrever o que sente às claras? Então. É tristeza. Puro descontentamento e uma vontade imensa de terminar, de dormir apenas. Eu não compreendo como cheguei assim ao fundo do poço, mas eu estou acostumada já. É como Caio F. diz: Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.
Escrever me preenche de uma maneira que eu não compreendo. Contudo, as palavras me fogem. E não há alegria, não há amor para ser escrito, não existe nada na verdade. E me dói. Eu estou tão perdida. Com uma vontade imensa de me isolar do mundo. De ficar sozinha, somente eu e minhas aflições. E as pessoas que mais se importam comigo eu afastei, deixei de lado. Porque eu não consigo dar aquilo que elas querem, atenção, carinho, amor e eu também não quero. O pior de tudo isso que está acontecendo comigo é que eu não quero mudar. Entende? Estou gostando da água do poço, acostumei com o lodo e com os meus dedos que já estão enrugando. Eu nem sou tão boa com as pessoas imaginam e dizem. Por que as pessoas me amam se eu nem mereço?
Eu tenho consciência que estou afastando propositalmente todos os meus amigos, mas eu acho que é melhor assim. É, porque está ao meu lado ia ser um fardo. Na verdade eu sempre achei que eu nunca gostei foi de mim. E não deles.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Dos dias.

"Tenho dias lindos, mesmo quietinhos." Caio F.
Eu ando feliz, gargalhando, contando piadas horríveis - é claro, e tudo isso não cabe aqui. Não por enquanto. E então, eu me despeço. Por alguns dias, terei tempo para ler vocês e dedicar a atenção e o carinho que você me retribuem sempre. Irei ficar com saudadinha, mas o tempo é preciso, sabe. Porque as minhas palavras, deveras, não cabem nesse espaço. Elas querem explodir por aí e acariciar, afagar rostos e distribuir vários abraços por aí. Vou seguindo dando beijo a quem é de beijo, e cafunés àqueles que me querem bem.

Me encontrar é bem fácil.

Formspring, Msn, Orkut, Comunidade.
Até logo.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

És meu sol.

Antes mesmo que a data marcasse o início do verão, eu já o tinha dentro de mim. Porque tu és o meu sol nos dias de chuvas e nos outros também. E este sol que me queima a pele, que instiga os sentidos nada é parecido com o que tu me provocas. Porque se antes de ti o azul tinha minha predileção, hoje funde-se o vermelho e o amarelo em tons iguais, casados, vivos e ardentes. Porque você me é fogo, nos dias em que há gelo ao redor de mim. E essa comparação com fenônemos da natureza, seres inanimados e outros adjetivos "criados" me vem à cabeça somente para dizer o quanto você vive em mim, é bom saber que a gente mora vezenquando dentro de alguém.
Gostar de você é doce, fácil e hoje se faz tão necessário, que há muito não consigo lembrar como era quando você não existia- aqui dentro - é que minhas recordações são tão vagas, incompletas, quase inexistentes. Mas eu penso que inconscientemente você já morava em mim, de memórias antigas e esvanecidas, e se eu acreditasse em amores passados tu com certeza seria o meu, porque eu te tenho cá dentro como se outrora existissimos assim: um com ou outro.
E eu vou ouvindo Nando Reis cantar suas músicas que mais parecem poemas, daqueles que meu coração escreveriam facilmente para ti, porque as palavras me vem facéis quando tu és o destinatário e eu não preciso de nada, olhar horizonte ou imaginar rimas, porque tu me és por completo, inteiro e até quando a minha está alheia aos teus movimentos, você está dentro de mim - de alguma forma. Seja nos meus pensamentos, na música que tu gostas, no meu livro que tu insistes em criticar, nos palavrões que não saem da tua boca e que agora - incrivelmente - não saem da minha. É fácil. Eu digo.
Porque as letras do alfabeto tornam-se tão atraentes aos meus dedos quando eu penso no teu nome, assim no meio, quando te envolve até Mr. Bean poderia se tornar atraente e tu sabes o quanto detesto e acho patético ele. E eu vou acredito, bonito, que a vida torna-se mais verão quando tu estás por perto, quando tu insistes em iluminar os meus dias cinzas. Pinta-me por inteira sempre, amor. E eu não sei, deveras. O que deu para te escrever assim, demasiadamente, hoje. Mas ocorre-me que tu és bem mais do que eu possa expressar e ainda assim eu não me canso em escrever-te, descrever-te.
Sabe que o teu sorriso, um que tive há alguns meses, ele não sai do meu pensamento. Porque eu em mil anos não poderia desejar nada, além de ter aquele sorriso gravado não só em minha memória para que todos os dias eu te olhasse e com suspiro profundo te amasse ali. Com a minha visão.

Amo-te com toda doçura e calor de minh'alma. Sou-te por inteira. Sempre.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Lucélia.

Diferente de todas que já vira anteriormente. Ela possuía cabelos vermelhos tão qual labaredas de uma grande fogueira. Era isso que ela me lembrava: fogueira e praia. Eu não podia desviar o meu olhar de sua mesa, acredito que todos os olhares voltavam-se para a sua direção. Sua beleza era descomunal. Em sua mesa ao lado esquerdo havia um amontoado de guardanapos que os garçons insistiam em lhe entregar, homens desejosos de sua companhia, outros lhe ofereciam bebidas, mas ela recusava com um olhar debochado cada vez que o garçom lhe apontava o interessado. A sua testa vincada em desaprovação e os seus lábios vermelhos escarlate franziam-se, ela simplesmente os ignorava, sem dó, piedade ou qualquer outro sentimento.

E eu só consiga admirá-la e pensava que se eu tivesse qualquer chance também mandaria algum bilhete lhe oferecendo uma bebida, chamando-a para sentar-se a minha mesa e conversarmos. Aquele lance de preliminares. Mas eu, Afonso, sequer tenho boa dicção, nervoso então as palavras não saem devido à minha patética gagueira. Resta-me apenas fitá-la enquanto me é possível. A moça dos olhos amendoados, cabelo cor de fogo e a pele mais perfeita que eu já vira em minha vida. Ela cruzava e descruzava as pernas e isso causava-me tremores dentro do estômago, podia sentir claramente. Um vai e vem infinito de sentimentos misturados dentro de mim.

Enquanto eu a olhava alisar suavemente o copo de whisky que tomava mordendo seus lábios - ela devia saber que isso é cruel para homens - um garçom aproximou-se de mim e disse que a moça da mesa 44 estava me oferecendo uma bebida. Não dei atenção. Olhava para aqueles lábios carnudos que me chamavam, assim eu queria acreditar, e mal ouvia o que o garçom insistia em dizer. Ele, por sua vez, disse que eu deveria aceitar a bebida uma vez que podia notar que a devorava com os olhos. Voltei-me a atenção completa a fim de entender o que ele dissera.

- A moça dos cabelos vermelhos? - Disse com um olhar desconfiado.
- Sim. Ela mesma. Posso dizer que não aceita?
Levantei-me de súbito e sem responder aproximei-me da mesa. Ela sorriu e disse:
- Pensei que não aceitaria meu convite.

Sentei ao seu lado tentando manter uma pose indiferente. Eu a comia com os olhos e ela se deliciava ao notar isso. Tomei-a pela mão, beijando-a demoradamente. Seus dedos já souberam escrever meus lábios daí então.

- Preciso de alguém que acenda o meu cigarro. Ou a mim. - ela falava enquanto passava distraidamente o indicador nas bordas do copo.

A impressão que tive foi a de que cada nó de veia existente em meu corpo soluçou ao mesmo tempo. A música ambiente me auxiliava a imaginá-la sendo minha. Eu precisava prová-la. Resolvi investir sem nenhuma preocupação com os seguros.

- Coleciono isqueiros, bonita.

Estabelecimentos como esse não trazem anéis. O destino não era comum. Conhecemos a doçura de comungar com o nada enquanto nossos gestos passaram a ser controlados por vontades indiscretas e dominadoras. Céus, como ela me tira do sério! Cochichos alheios, tragos, goles, o garçom comemorando minha vitória. Intimidades ridículas. Rodeios desnecessários. Minha visão ia sendo maltratada e eu já imaginava nossa cama bagunçada no dia seguinte. A noite ia amanhecendo nos olhos dela e eu não deixava de fazer poesias escrotas com tudo o que eu via rimar ali dentro. Suas pupilas dilatadas retratavam a imensidão do meu vício mais recente: fazer dela minha morada. Por instantes, que fossem. O tempo de uma canção. Um embrenhar de acordes e notas desafinadas. Toque de todas as cordas.

- Mais uma dose? - ela me perguntava. E eu bebia para que acontecesse qualquer coisa. Me protegia da loucura. Inventava uma desculpa para não ser quem eu era.

Ela levantou-se e foi ao banheiro. Olhei milimetricamente o desenho do seu corpo esguio passeando por entre as mesas. Voltou-se para mim e lançou um sem fim de sacanagens no ar. Eu já havia vacilado, infelizmente. Em cinco minutos o garçom chega até mim e entrega um bilhete:
"Você tem a vida inteira, baby
Pra me devorar.

Lucélia."
Ela não voltou. Lucélia. Saí dali inalando putas e fumos. O coração fodia todo o meu trabalho.
Em companhia da doce Jaya.

domingo, fevereiro 07, 2010

Sei lá.

Existe uma ponte imensa que eu não consigo atravessar.
Existe um amor aqui que eu não consigo medir.
Existe uma vontade aqui dentro, calada.
Existe duas opções: seguir ou desistir.
E eu optei por deixar rolar.
Sei que não é certo estipular prazos.
Mas sei lá...
(...) vou me mandar.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Senta aqui.

Senta aqui. Vou te contar algumas coisas que não se dizem costumeiramente - é que normalmente ficam aprisionadas, debatendo-se nas paredes de meu estômago e martelam vezenquando em minha mente cansada. Vem cá. Se eu te olhar nos olhos você irá entender melhor? Por favor não me peça que os olhos fiquem encontrados, mirados, enquanto eu estiver falando. Não há mentira no que eu vou dizer, mas se você me obrigar a continuar olhando em teus olhos creio que as palavras não sairão facilmente. É que você me intimida.
Olhe. Eu irei usar de palavras sinceras e sem muito enfeite, porque preciso esvaziar-me um pouco. Porque eu estava ouvindo uma baladinha antiga e imaginei que a gente podia curtir juntos sem preocupações ou mesmo obrigações. É que você me vem a mente com tanta frequência que eu já imaginei diversas possibilidades de nos ficarmos juntos e todas elas me assustam. Porque eu estou insegura - eu sou insegura. Eu tenho medo de te magoar, porque eu sou muito boa nisso.
E então. É que eu queria dizer que eu vez ou outra sinto vontade de pegar a tua mão e andar por aí, de deitar sobre a grama em algum parque e ficar olhando o céu azul, de pegar em teus cabelos e cheirá-los, de beijar os teus olhos e dizer que são meus. Na verdade, eu queria mesmo dizer sem reservas o quanto há de você em mim. Eu queria que você soubesse assim, pela minha boca, que eu te sou e que você me é. Dá para entender?
É tão complicado dizer essas coisas abertamente e mesmo que eu tente, diversas vezes, sempre haverá uma falha, algo que não será dito, porque as palavras deixam os sentimentos mais bonitos, embora eu acredite que verbalizados tenha efeito maior. E eu fico pensando até quando? Porque eu juro que todas as noites antes de dormir eu faço a mesma pergunta a Deus:"onde vai parar esse sentimento? Até quando ele existirár?" E, sabe, não há resposta. Só um grilinho que insiste em embalar o meu sono e pode acreditar: este já virou meu amigo.

Poxa, me demostra só um pouquinho que o que sinto não é assim de todo errado, não é em vão. Me faz feliz um pouco.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

As cartas que eu não mando;

"Guardo para te dar/ As cartas que eu não mando/ Conto por contar/ E deixo em algum canto"

Tais palavras ardem a garganta e insistem em não sair, bonito. Então, escrevo em papéis os sentimentos que me moram, doem vezenquando. Porque são palavras bonitas que não são ditas, estão caladas, desejando-te ardentemente. Há várias delas espalhadas por aqui, tão perto de ti em alguns momentos e tão longe em outros. Penso que o amor é sempre assim: descontentamento. Mas, por hora, penso que o amor é sentimento vacilante, medo – sim, o meu é -, é ficar na dúvida. Não saber qual será a reação, o que vem depois, se haverá uma mudança, se as palavras serão as mesmas, se pisaremos em “ovos” dali em diante. Por isso me calo, porque não há sentimento pior para mim do que a contenção – sei, isso não é sentimento, mas deixe-me adjetivá-lo assim – é que eu não quero falar dos meus sentimentos abertamente e ter a limitação das palavras. Você dizer:”oi, tudo bem?” e o papo encerrar ali. Porque somos tão falantes não é mesmo? Que me dói.

Bonito, esses dias eu pensei que o sentimento não seria escrito novamente. Porque me angustia a possibilidade do não ter eterno e de tuas palavras simplesmente sumirem da minha vida. A gente é só isso, palavras contidas, palavrões-brincalhões e eu não quero perder isso. Não agora. Então, ocorre-me hoje, dizer-te o que há nas cartas é o mais puro amor, aquele que Nando Reis canta na música “Pra você guardei o amor...” e tantos outros sentimentos, há também a amizade que eu acredito que seja o nosso maior laço, porque eu sei que a gente se gosta, que este sentimento é recíproco. Esse sim. Mas são tantos outros sentimentos que me impedem de dizer o que sinto por ti, então eu vou escrevendo, te escrevendo, me escrevendo, nos escrevendo e eu, sinceramente, não sei até quando continuarei com esse círculo vicioso. Talvez, até você se cansar de mim. Se é que não cansou.
Eles também não mandam: postagem coletiva.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Be happy.

Eu disse que mudaria de endereço e que deixaria algumas caixas que há muito havia empacotado. Eu havia decidido há tempos, demorei fazendo as malas e os meus produtos de beleza ocuparam uma mala e pequenas necessaires, desnecessário tu dirias com a tua boca gozadora. Mas, enfim, já não me importas as tuas críticas, opiniões e desmandos. Eu guardei no porão as tuas lembranças, está será a única bagagem que deixarei por aqui. Entreguei as tuas coisas para a tua mãe, já que decidiste não voltar a me ver. Por quê? Será que te dói me ver ainda? Olhe. Escute bem, por favor, não desvie o olhar. As coisas serão mais facéis de agora em diante, meu bem. Terás tudo que me deste afinal de contas e podes queimar caso queira, não o fiz porque é teu. Não sabia se há algo aqui que te interessa. Ei. Não me toque novamente, porque senão de dou um murro no nariz.

Eu sei que te ocorre que minha agressividade é engraçada, não pense dessa maneira, porque não é apenas proteção. Eu prefiro esse sentimento que nasceu aqui em mim, nada de abraços ou apertos de mão. Você não me dói ao contrário do que tu pensas, mas eu prefiro que sejamos desconhecidos de agora em diante. Impiedosa, eu? Não me venha com teus reclames, porque não tens direito em mais nada. Sequer de erguer tua sobrancelha para mim. Eu não te amo. Certo. A minha cabeça diz isso, mas quer saber o que o coração diz? Nada. Ele é puro silêncio. E por coincidência, doce, eu usei aquele pingente. Combinou com a minha pulseira e os brincos, apenas por isso o usei. Não sei o porquê de tanta euforia. Acabou, sabe. Faz 4 anos. Lembra de quando eu tentei reatar e você disse:"supera, já tem quase 1 ano." Agora eu te repito isso: desencana. Não há mais sentimento meu para você, tu não cabes no meu coração.

E pare com essa cara de deboche. Eu não estou falando nenhum absurdo, é verdade, da mais pura. Demorei a desvencilhar-me, mas consegui. Não me chame de cruel. Acredito que tenho o direito de ser feliz, já que há 4 anos tu me podaste dela.

Be happy, sugar.

sábado, janeiro 30, 2010

Para o Rodrigo,

Eu poderia falar sobre a amizade aqui, agora, mas acredito que há mais a ser explorado, então eu penso que cumplicidade é pouco para definir também, então decido falar sobre esse sentimento que insiste em morar em mim, em nós: a saudade. Doce, tu me veio num momento em que pensei em desistir de mim, dos meus ideais, da minha vida e tu com os teus telefonemas, com a tua atenção e com as tuas mensagens no msn me fizeram feliz. Sabe, Digão, alguns acordes não soam bem sem a tua voz, parece-me vazias as cifras, é como se todas as músicas necessitassem de ti para que estas estejam completa. E ocorre-me dizer isso hoje, porque hoje é teu dia, que por providência divina é tão nossa também.

Sabe, os dias realmente são preto-e-branco quando eu te penso, porque eu vejo como um filme antigo, de cenas amarelecidas as nossas conversas, os teus conselhos e o teu sorriso imenso. A tua voz que é doce, amigo. Que é paz e conforto para alma e eu penso - aqui no coração - que o teu lugar é tão aqui, que tu devias estar aqui conosco. O coração reclama tanto a tua presença, nós reclamamos mais ainda, mas sabes que mesmo longe tu moras em nossos corações. É como diz a canção: "se pela força da distância tu te ausentas, pelo poder que há na saudade voltarás." Nós que te amamos, sabemos que a distância não é nada, diante do mundaréu de sentimentos que guardamos dentro de nós. E sabe, moço da voz linda, do sorriso encantador e do jeito de moleque, a nossa vida é completa porque temos você.

Há pouco estávamos - teus amigos , nossos amigos e eu - conversando. E tu eras o centro das atenções, porque hoje é teu dia. E nós, partilhavamos das tuas peripécias e dos momentos que estivemos juntos e resumindo tudo. Tu és felicidade para todos nós, alegria e por hora saudade.
Mas sabe, que a tua presença em nós, costuma pintar essa saudade que insiste em se fazer cinza, dando a nós uma aquarela onde verde, amarelo e vermelho estão presentes. Nós te amamos, doce.
Acredito que posso falar pelos teus amigos da Família Orlando, Paulinho, Josué, Anselmo, Fernando e eu :D
Feliz aniversário Digão :)

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Querida,

Ela estava sentada e eu observava o pequeno pingente que insistia em reluzir chamando minha atenção. Era o coração que havia dado a ela no início de nosso namoro, metade dele - lembrei que a outra metade estava guardada dentro da gaveta de minha cômoda, junto com todas as cartas que ela insistia em escrever-me e todas as lembranças do nosso namoro. Eu a fitava, inevitavelmente, porque além de observar o pingente que há muito - 4 anos - eu não via, eu olhava para os seus cabelos agora loiros. E por incrível que pareça eu gostei, queria falar isso para ela, mas até hoje ela me repele. Não aceita qualquer toque, sequer apertos de mão e isso me é justo.
Ela não me nota mais. E não sei o motivo disso me incomodar tanto, já que sou eu que estou namorando e ela continua solteira. Se depois que terminamos nunca a vi com outro rapaz, soube de namoros todos passageiros. Devo confessar que nunca torci para que ela arrumasse alguém que a fizesse feliz - não estou sendo egoísta - só não sei se aguento vê-la amando novamente alguém como ela me amou. Eu joguei tudo fora e hoje me contento com "ois" e "tchaus" e eu sei que ela me evitar olhar, porque se dependesse dela jamais falaria comigo. Isso dói.
Eu queria voltar no tempo e ter feito tudo diferente e dizer a ela que adorava quando ela me abraçava, quando me cheirava e quando beijava as minhas pálpebras dizendo que meus olhos eram pequenas estrelas. Sinto saudade dela pulando nas minhas costas e nós dois como loucos correndo naquele pátio enorme, das pessoas rindo e comentando nossa felicidade. E eu estou pensando tudo isso, porque ela simplesmente usou aquele pingente hoje, no dia que saberia que nos encontraríamos e a única reação que tive após vê-lo, foi aproximar-me, tocar o pingente e dizer.
- É lindo.
E ela com toda a sua indiferença, mas com um sorriso que ainda me arrancava mil suspiros disse:
- Quem me deu tinha bom gosto.
E eu, acredito, que não há mais nada de mim no coração daquela doidinha. Que me arrancava gargalhadas e vontades imensas de esmagar-lhe com um abraço de urso. Eu sei que eu nunca vou me esquecer as coisas que tivemos, Pam. Eu sei.
Do teu sempre (...)

quinta-feira, janeiro 28, 2010

4 de setembro de 2006.

Eu estava do outro lado da quadra quando a vi, aquele rosto não me era familiar e ainda assim prendeu a minha atenção de maneira peculiar. Ela tinha em suas mãos cadernos e usava uma calça jeans clara e uma rasteirinha, eu não vou me esquecer como ela estava, porque me apaixonei ali a primeira vista. Ela era pura poesia, dava para perceber, porque ela tinha os cabelos que Roberto Carlos cantava em debaixo dos caracóis e os lábios mais bem desenhados que os meus olhos já tiveram o prazer de ver. E eu timidamente aproximei-me dela que estava sentada naquele chão cantando com os olhos fechados e as mãos elevadas. E fingi esbarrar em seus cadernos que se esparramaram, ela olhou-me com seus olhos grandes e desculpou-se e eu ri somente, sentando a seu lado. Ela não afastou continuou sentada lá e eu apenas olhava para aqueles cabelos que eram negros e cheios, eles tinha o cheiro adocicado de baunilha, fazendo-me cócegas nas narinas. E eu pensei: ”como nunca vi essa menina por aqui.” E ela era puro sorriso nos lábios e tinha a voz mais doce que já experimentei ouvir, ela cantava com a banda e em seus olhos havia lágrimas, mas podia ver que eram de esperança e tinha certeza que caso encontrasse seus lábios teria gosto doce.

Ela não prestara atenção em mim, estava imersa em um sentimento que eu desconhecia. Ela era riso de orelha a orelha e levantando-se dançou alguns passinhos recém-coreografados por outras meninas e eu sonhei com ela ali. E quando tive a oportunidade de perguntar-lhe o nome descobri que ela tinha doce nele, ali no meio. Ela era doce desde a fala até os cabelos encaracolados. Ela me pegou pelo estômago e posso arriscar-me a dizer que pelo coração também. E eu quis saber mais sobre ela, o que ela fazia e descobri que cantava e gostava de poesias, que tinha fé e eu tive fé também. Fé em encontrá-la no dia seguinte, em poder ouvir novamente a sua voz aveludada, e ela me veio em sonhos. Eu não esqueci aquela moça e o seu nome era cantado em meus ouvidos suavemente. E assim que tivemos que ir a direções opostas perguntei se ela queria uma carona, desconfiada ela disse que seus amigos lhe deixariam em casa e ela foi. Deu-me um abraço que até agora posso sentir os seus braços frágeis envoltos nos meus, ela tão pequena e eu brutamontes perto dela. E essa noite eu sonhei com ela. Ansiando que ela me fosse presente de aniversário no dia seguinte. Sim, encontrei a moça que me deu o setembro mais inesquecível de minha vida um dia antes de meu aniversário.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Apenas mais uma de amor.

O abajur aceso iluminava o livro que recém havia adquirido e em minha mente fervilhava milhares de pensamentos. Eu desejava ser a personagem daquele livro, porque tudo que é escrito é mais bonito, as pessoas "embonitam" os sentimentos de tal modo que é impossível não desejar vivê-los. E então, eu te sonhei, ali com o livro na mão, exatamente na página 21.

Quando li que: "e eles sabiam exatamente o que sentiam, não era necessário nada além de palavras e silêncios muitos." Eu suspirei. Porque eu sabia que o que eu sentia era só meu, que ninguém poderia destruí-lo e que as tuas palavras que me é conforto são tão minhas, que tu não podes - mesmo se quisesse - arrancá-las de mim. E eu ficava pensando até quando isso se faria em mim. Sabe, doce, você me veio com um propósito, o de me mostrar os caminhos, de sacudir-me quando necessário, de me fazer enxergar aquela bendita luz no final do túnel.

E você faz isso tão bem que eu me espanto, porque por vezes eu penso se tu não lê os meus pensamentos, porque eu penso em ti e tu me vens. Assim. Devargarzinho e me fazes, de todas as formas. E esses dias em que eu não consigo te pensar com tanta frequência por me doer. Eu tenho a necessidade de dizer que há em mim sentimento. Só que eu o desconheço por completo. É querer. Sabe eu nunca te pedi mais do que tu podias me dar, o que tu me ofereces me é suficiente, porque eu acredito que o "nosso" amor sempre será assim. Um completando o outro de diversas formas sem saber e se satisfazendo com isso. Eu me satisfaço.

E esses dias que tu me vieste como anjo eu descobri: que não importa o que teu coração pede no momento, não importa se nossos caminhos não sejam os mesmos, que não andemos de mãos dadas por aí. O que realmente importa é que nós fazemos bem, um ao outro. E isso sim é amar.

Ninguém precisa saber que a gente se completa em algum sentido. E tenho certeza, que esse sentimento eu não precisarei esquecer. Porque tu me é mais amigo que muitos por aí e mesmo que fique só para mim, tu sabes o que significa e o que é em minha vida.

Eu te quero bem.

(Se amanhã não for nada disso/ Caberá só a mim esquecer
(mas isso vai doer)/ O que eu ganho, o que eu perco/
Ninguém precisa saber.)

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Do silêncio.



Porque é necessário, por vezes, silenciar. Para dar espaço a novos sentimentos, organizar as ideias. Renovar. O coração pede calma, a razão quer calar e os outros sentidos não reagem muito bem. Deixo o meu silêncio - não eterno, mas o necessário para mim neste momento.
Eu só preciso de tempo. Para digerir, viver e quem sabe voltar a sorrir.

"Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva."

Caio F.

Caso queiram me encontrar os contatos continuam os mesmos e estou respondendo com mais frequência no formspring.

sábado, janeiro 16, 2010

“Parece cocaína, mas é só tristeza.”

Eu poderia continuar sentada aqui olhando o vai e vem de transeuntes que insistem em correr da fina chuva que caí nesse céu triste e cinza de São Paulo. Mas a única coisa que desejo é um lugar para esconder-me destes olhos tão atentos que insistem em fitar-me condenando as minhas calças jeans sujas e este baby look que não tiro há três dias. Não sei, realmente, se é este lugar que me deixa melancolia ou está praça que tem nossos nomes escritos com corretivo no banco, a única coisa que sei é que dói. E isso é visível. Eu só queria saber quando os nossos passos começaram a andar em caminhos opostos, quando os nossos corações começaram a dançar descompassadamente. Desperdício.

Eu venho sonhando com o litoral e os dias conversando perto de uma fogueira. Do teu jeito doce de escrever S.O.S Apaixonado na areia. E parece que as coisas vão passando em um filme preto e branco, onde o tempo cuidou de apagar todas as cores, a fim de dizer que acabou. Quando não é preto, é sépia, tudo é envelhecido. E eu vejo a exatidão dessa tristeza e como os outros acham tão bonito, porque hoje doer é belo. É pura poesia aos olhos de alguns e eu, deveras, gostaria de ter uma vida menos fantasiosa, desprovida de poesia até por assim dizer, mas que fosse ao teu lado. E você me vem todas as noites apenas nos sonhos, desde que você foi embora encontro a perfeição somente de olhos fechados, o resto me é imperfeito por completo. É duro. E sem sabor.

Quem tem razão afinal de contas? Ninguém tem a medida certa de nada, não há como mensurar a bondade, a maldade, os amores, os desamores. E cá estou eu, seca, desiludida. Tentando não pesar tanto os sentimentos que resolveram fazer morada eterna dentro de mim. E sabe Lucas, desde aquele outono sem estrelas, de folhas muitas e vento abafado que os dias me são todos iguais. Como um caderno de folhas amareladas em que guardo cada capítulo que vivemos juntos até você morrer. Dói-me.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Hortênsias.

Lilás era a nova cor do pecado porque eu mergulhava nos olhos dela todas as noites. E sim, não eram azuis, eram lilases. Bionda tinha os cabelos loiros, quase brancos como uma folha de papel e os lábios em formato de coração com pigmentação vermelho escarlate. Suponho que descrevê-la é impossível, porque não há como mensurar tamanha beleza, talvez ela seja uma deusa, dessas que dizem serem existentes em mitologia grega ou talvez seja um anjo tão doce e perfeito são suas feições. Contudo, não me atrevo a descrever minuciosamente os seus traços, porque pecaria com a minha visão grosseira e nada poética. Mas, digo-te, Bionda tem o cheiro mais doce e convidativo que meu olfato já experimentou sentir.

Eu estava distraído não esperando absolutamente nada quando ela me veio. O céu pintava-se de pontinhos brilhantes que facilmente podiam ser ligados, tornando-se animais, objetos ou simplesmente palavras. Céu de estrelas muitas e luar minguante. A lua não era cheia, igual aquelas que poetas costumam descrever em seus poemas, era imperfeita. E por trazer a imperfeição aos meus olhos foi bem quista. Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia então me alegrei por tê-la conhecido em uma noite minguante. E lá estava eu andando de bicicleta naquela cidade provinciana, que me acostumara a gostar. Andando de um lado para outro quando eis que ela me surge do nada. Tão rapidamente que não houve tempo de desviar. Acidente. Alguns arranhões, pouco sangue e um sorriso ao invés de choro, de palavrões. Ela deixou-me mergulhar pela primeira vez em seu doce olhar. Entreguei-me.

Ela falava sobre astronomia, dizia que desejava viajar a via-láctea e que conseguia enxergar estrelas em meus olhos. Soou-me poético. E ela disse realmente que era poesia, que eu era todo. E eu a beijei. E os olhos dela permaneciam abertos enquanto me beijava e os meus encontravam hortênsias ali. Ela dizia que olhava meus cabelos desgrenhados e que desejava saber se eu gostava de seus beijos. Não era falsidade. E ela me beijava sempre assim e eu adorava. Porque ela me lia com os olhos lilases dela, parecia ler com seus olhos abertos o que eu desejaria que ela me fizesse. E sabe, que todos os dias quando encontro aqueles olhos de hortênsias desejo piedosamente que continuem sempre abertos.

(Estou sem acesso ao Gtalk por tempo indeterminado, infelizmente.)

quinta-feira, janeiro 14, 2010

O fogo é fogo;

Meu coração martelava junto com as ondas sonoras que vinham do trio elétrico, podia sentir a vibração de cada instrumento que compunha a melodia que banhava a avenida. E ali em meio a várias pessoas usando abadas verdes com branco avistei-o. Estava no trio elétrico e suas mãos inquietas tocavam harmoniosamente a percussão. O gingado do rapaz que tocava dançando e com sorriso largo nos lábios deixou-me compenetrada, tal era minha concentração que já podia prever qual seria o seu próximo movimento, qual sorriso de excitação ele desenharia no rosto, tão dentro eu já estava daquilo tudo. Mas sabia que jamais ele me notaria, milhares de outras meninas gritavam-nos de forma enlouquecida. E eu contida apenas o observava.

Quando a música toca e freneticamente os foliões cantam: “Como é que você foi embora sem dizer pelo menos adeus...” Ele baixou seu olhar para mim, parecendo-me sorrir. Olhei para trás a fim de perceber se era comigo mesmo que falava e para minha surpresa: era. Com um sinal balançou a cabeça e com gestos com suas mãos disse que queria conversar comigo depois. Gelei. E o esperei. E as músicas seguintes iam melodiosamente casando com nossos olhares muitos e eu sentia um turbilhão de sentimentos dentro de mim. Desejo, vontades. A banda deu lugar à outra tão agitada quanto e logo eu o procurava entre milhares de pessoas, assustei-me com um cheiro no cangote, que me enfureceu deveras. Virei-me bruscamente para o indivíduo e o susto foi tamanho: ele. Olhos esverdeados, camisa regata branca e os bíceps a mostra, sem fôlego fiquei diante do monumento. Ele riu.

– Assustada moça. Sou eu. – o som de sua gargalhada era tão doce e gostosa aos meus ouvidos que o sangue de todo o meu corpo me parecia pintar as bochechas de vermelho vivo.

E eu o olhava boquiaberta pensando em meu íntimo: que monumento. E ele parecia me ler perfeita. Pegou-me pela cintura e no ouvido cantou-me: “só sei que o corpo estremece a pernas desobedecem, inconscientemente a gente dança.” E no final da frase disse: - É assim, menina, quando a gente de longe avista quem por um minuto nos tira o fôlego. – E então eu quis cambalear.

– Deves falar isso para todas outras meninas que tu encontras nas cidades. Tens o olhar mais penetrante que já viste. Acredito que me seduziste. – Falei timidamente, mas corajosamente. Eu não podia deixar passar em branco aquela oportunidade.

Ele pegando-me pela nuca disse-me beijando-me o canto da boca. – Podes acreditar nisso, bonita. Ou então deixar que esta noite seja única e intensa para ti. Porque te digo que a tua boca me chama e eu posso ver isso. Não se pode fechar a porta para as oportunidades, vez ou outra a felicidade vem acompanhando-a.

E o que eu poderia fazer? Deixe-me seduzir por aqueles braços, aquela pele um pouco suada, mas ainda assim cheirosa como se devia ser. Ele beijando-me calorosamente, dedilhava seus dedos entre minhas costelas num vai e vem infinito e só pude desejar que a noite não acabasse. E a música que sempre me lembrará aquele momento será a que sempre embala todas as vezes que ele vem tocar aqui na cidade: “o fogo é fogo, esquenta, esquenta o nosso amor (...) esquenta que o Ara chegou.”

quarta-feira, janeiro 13, 2010

O contrário do amor não é ódio, é a indiferença.

"O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola (...) o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença."

Eu só queria mais um copo desse wisky de quinta ou um pouco daquele conhaque barato que costumo comprar no supermercado todas as quintas. Para poder aliviar o peso que se encontra em meus ombros, livrar-me dessa tensão toda. Esse é o terceiro maço de cigarros que fumo hoje e quer saber de uma coisa? Não me importa que meu pulmão grite por ar, que ele fique congestionado ou que meus dentes fiquem amarelados. Porque já não preciso de boa aparência e muito menos aprontar-me para recebê-la depois de um longo dia de trabalho. Porque ela se foi. E nada mais me importa sequer as recordações que ficaram intrínsecas a mim e que insistem em assombrar-me todas as noites, os doces beijos dela, as muitas loucuras que aprontávamos e o amor feito em pleno meio-dia com o sol a pino, deixando os corpos incrivelmente incendiados. Porque ela simplesmente veio enquanto eu estava fora e esvaziou todo a cômoda e os dois lados do guarda-roupa que ocupara com suas infinitas calças jeans. Esvaziou meu apartamento da alegria, do sol e sequer deixou um bilhete dizendo aonde iria.

O telefone dela que não atendia mais, o endereço que estava vazio e o porteiro que não sabia de seu paradeiro enlouqueceram-me. Clarisse sempre tão inconstante deixou-me a ver navios e não quis despedir. Talvez soubesse que eu imploraria para que ela ficasse que me colocaria a seus pés fazendo várias juras de amor – o que não me era difícil – ela, deixou-me aqui com um meio coração. Sem batimentos cardíacos e pulsação fraca. Ela simplesmente levou-me a vida. E enquanto eu ouço Lady in red do Chris De Burgh no Juke Box desse bar de motoqueiro, as lágrimas me vem impiedosamente. E eu morro por dentro. Pensando que ela simplesmente quis ir embora por ter achado que o amor havia caído na rotina. Se ao menos eu soubesse o que aconteceu, porque ela não me responde aos emails.

Uma, doze, vinte e cinco doses de tequila e eis que meus olhos vêem. Talvez uma miragem ou apenas o desejo de que seja ela. Calça jeans apertada, tomara-que-caia preta e muito lápis nos olhos. E os meus entreabertos conseguem enxergar o seu rosto, sim, Clarisse, em carne, osso e mãos envolvendo sua cintura. Ele, aparentemente, quarenta anos mais velho coberto de correntes de ouro e uma bota ridícula de cowboy baba-lhe a bochecha. Enquanto isso, Clarisse olha-me com os olhos desesperados. Ri ridiculamente, com gargalhadas espalhafatosas e com um súbito momento de raiva levantei-me aplaudindo-a.

- Bravo, bravo, Clarisse. Se era dinheiro que você queria devia ter dito antes e eu mesmo teria me afastado de você. Ambiciosa. Alegro-me de não ter esperado mais.

E os lábios dela tremiam. Seus olhos encheram-se e logo transbordaram. Tola. E aproximando-se de mim, Clarisse apertou-me o braço arrastando-me ao único toalete que havia naquele local dizendo que era necessário tudo aquilo, que precisava de grana para bancar os estudos, e outras desculpas que só me fizeram cuspir-lhe a cara. Ela não tinha mais a doçura que me encantava, tinha sim os mais bonitos lábios que eu já vira, mas em nada me comoveu. Suas palavras não me atingiam, suas tentativas de beijar-me eram evitadas e o eu te amo dito por ela apenas me deu náuseas. Ela era apenas o rascunho daquilo que eu havia amado. Era apenas uma cópia bem mal feita, algo que eu queria definitivamente apagar da memória. E a deixei lá, naquele seboso banheiro com palavrões escritos em toda a parede, mas antes de sair mostrei uma palavra escrita na porta, perto da maçaneta em letras garrafais: "Puta". Era isso o que ela era.
Postagem coletiva. Participe!

terça-feira, janeiro 12, 2010

Renata;

É claro que não me enquadro no perfil de mulher perfeita, daquelas que os homens anseiam por casar. Vejo claramente neste espelho embaçado deste hotel de quinta categoria. Olhos manchados pelo lápis que ontem realçava os meus tão admirados olhos verdes, alvo de cantadas e frases feitas. Ironia. Tu quando criança com todas as tuas bonecas e brinquedos-família, vem desenhando um futuro que tão logo se alcança a adolescência deseja ter: “um lar, filhos, marido etc.” Mas eu, Renata, nunca tive tempo de ser criança. Tão logo me descobri nessa fase, perdi-me por completo. Minha infância começou de fato assim que nasci e acabou, abruptamente, naquele agosto maldito – mês do desgosto – em que ele me veio violentar. Lembro-me bem do vestido que usara aquele que mamãe me dera no último natal, rodado tal qual eu queria e desejava, para assim dançar as lambadas que meu avô insistia em tocar em sua antiga radiola, flores muitas havia naquele vestido, parecia-me estar vestida de pura primavera. E contente estava. Linda e não somente meus olhos me viram bela naquele dia, infelizmente.

A casa estava só e eu brincava com o eco. Mamãe havia saído às compras com Margarida, a moça que tio Tony dizia ser dona de desejos infinitos. Não entendia o que queria dizer, mas sabia que ele a achava muito bonita, porque seus olhos a fitavam sempre que ela ia lá a nossa casa, tentava ser o mais cavaleiro possível. Coisa que não combinava de fato com ele. – Boca suja. – Era assim como mamãe o chamava todas as vezes que ele chegava bêbado em casa com os seus amigos vagabundos. O que era vagabundo? Eu não sabia. Mas sabia que era algo do tipo xingamento, porque os lábios de mamãe franziam e sua testa vincava todas as vezes que ela pronunciava isso. E lá estava eu, assistindo desenhos animados e com a minha Barbie que recém havia ganhado de meu pai que muito viajava. Nesta última viagem me trouxera a boneca, a fim de acarinhar-me. E conseguiu.

Tio Tony entrou na sala cambaleando, seus pés trocavam-se continuamente, e eu ria dele. Pobre de mim. Ele me notara e com a voz estridente disse-me: “Está sorrindo do quê garota estúpida? Acaso sou eu palhaço?”. Lembro de cada palavra assim, nessa mesma seqüência, sem tirar qualquer vírgula ou interrogação. Os meus olhos enormes arregalados viram ele aproximando-se de mim. E antes que eu pudesse desculpar-me lá estava ele cobrindo-me de cascudos e tapas, eu gritava, mas ninguém me ouvia. Tampou-me a boca com as grandes mãos e da primavera me despediu. Eu chorei. Não entendia o que ele estava fazendo comigo, ele me apertava contra o chão, segurando-me as mãos com a outra mão livre e me rasgava por dentro. Podia sentir isso. Eu chorava desejando que ele saísse de cima de mim, porque ele estava me machucando. Aquele dia, 25 de agosto, morri para a vida. Ele, tão logo tirou seu corpo imundo e seus lábios amargos de bebida e cigarros de cima de mim, disse que mataria a mim e aos “porcos” de meus pais caso eles soubessem de algo. E então eu escondi. Até hoje.

E hoje aqui estou em frente a esse espelho de cantos quebrados, neste banheiro que mais parece público. Lembrando daquele dia que minha alma desprendeu de meu corpo, do dia que deixei de ter vida. Todos os dias me são iguais, dolorosos, tortuosos, porque não consigo apagar da memória as palavras horríveis que ouvi o amargo dos meus lábios, e todas as marcas que insistem em não cicatrizar em mim. Tornei-me assim: insegura, vazia. Dada a loucura, a tristeza tremenda. E hoje te digo, Renata, que me olhas neste espelho assustada: “Este será teu último dia. O teu último suspiro. Não mais verás o passado novamente em tua mente, porque aliviarei a tua dor."

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Brilho eterno;

Antes de dormir toda a noite aninhada ao colo de minha mãe ouvia histórias de conto de fadas e eu me imaginava com vestidos majestosos, enclausurada em uma torre ou sendo salva de algum dragão, embora não soubesse se havia de fato alguma princesa com cabelos iguais ao meu: “cor de fogo”. Eu fantasiava que não me encaixaria nos moldes de contos e ainda assim teria o meu príncipe tão logo eu estivesse pronta para viver o “felizes para sempre.” E a tarde de outono estava convidativa a um passeio, vesti-me então e andei a passos lentos pela praça central, avós com seus netos brincavam despreocupados, mães conversavam e eu observava tudo. Cada passo que eu dava sentia sob meus pés o estalar de folhas secas que nos mostrava em qual estação do ano estávamos, o tapete marrom que se formara nos convidava a um mergulho ou apenas correr levantando folhas ao ar. Perfeito.

Absorta com todos os sons e movimentos naquela praça eu o vi. O cabelo negro jogado sobre os olhos deixando-o cada vez mais misterioso, usando um casaco num tom avermelhado e olhava para mim. Desvencilhei o olhar, porque senti o meu estômago embrulhar quando os seus olhos fitaram os meus, era como se estivéssemos encaixado em um único olhar. Enrubesci. E então eu lembrei, pateticamente, das noites em que minha mãe me contava aquelas histórias e eu sorri. O sorriso gostoso e frouxo que o fez responder com um aceno. E não sei o que me deu, aproximei-me daquele rapaz que me convidava com os olhos a uma conversa e nos conhecemos.

E a vida era e estava perfeita. Éramos a parte que faltava para ambos, toda aquela história de alma-gêmea podia ser facilmente aplicado a nós, até sair de casa para comprar algodão doce era mágico ao lado dele. Embora, muitas vezes, nos encontrássemos em situações tempestuosas o amor era real e necessário. Urgente. E mesmo com toda essa perfeição, em termos, Joel me era atazanável. E a nossa relação de folhas secas tornou-se evidente, não havia mais romance, apenas brigas. E o que era especial e nos aproximava deixou de ser querido. E sabe, que essas folhas e aquele tapete marrom que majestosamente banhavam aquela praça é a primeira lembrança que eu quero apagar. O dia que eu o conheci.

"Do outro lado, Joel contando."

sábado, janeiro 09, 2010

Vô,

Aprendi a usar o acento da seguinte maneira: “o vovô usa chapéu e a vovó usa grampo no cabelo.” Aparentemente são coisas bobas que não dizem nada, mas são frases feitas que me vem agora e confesso-te que meus olhos inundam cada vez que penso em ti, na tua expressão enrrugadinha, o teu sorriso grande e a tua barriga de avô, como tem que quer ser. Sabes que ontem à noite não dormi porque eu devaneava em minha meninice e nos dias que passei em teu colo ou andando a cavalo contigo por aquelas terras distantes. Embrulha-me o estômago esse sentimento que trago cá dentro: é medo, vô. Misturado com a vontade de estar perto e desejo de abraço teu como quando menina tu me aninhavas. Porque eu sei que tu tens milhares de sonhos, apesar de todas essas décadas já vividas e me dói vê-lo sofrer desta maneira.

Não te contei, mas esses dias os primos vieram de Tocantins e rimos muito das tuas histórias, comparando as tuas aventuras com o tio-vô e eu podia ver-te menino ainda, moço e na idade atual. E sabe, vovô, me dói essa distância que não permite ouvir diariamente os teus causos, tuas muitas decisões e lembro-me bem eu criança na tua quitanda comendo halls de maçã-verde ou brincando de pesar coisas na tua balança e eu sinto um nó tão grande no peito, porque eu tenho medo de perder tudo isso. A mãe não dorme mais, chora todas as noites, porque tu te portas como criança não querendo ir ao médico. Sei que as nossas lágrimas ontem te convenceram que precisavas insistir e não se deixar por vencer, mas eu estou com um medo tão grande. Que preferia estar isolada em algum canto ou então ir ao teu encontro e ficar aos teus pés, vôzinho.

Só que alguns quilômetros insistem em nos separar dessa forma excruciante. E tu com saudades te entregas a bebedeira, meu doce, bebida mata. E tu tens que permanecer vivo para aninhar-me novamente no colo cantando-me aquelas tuas cantigas, lendo comigo cordel. E eu choro. Porque todas as noites quando eu vou dormir tenho medo de acordar com uma notícia ruim, entende? Porque eu vejo a mamãe chorar o tempo inteiro, as tias e os primos todos. E a minha casa está tão sem vida, cinza como o dia ontem, que esteve nublado. Amo-te, meu velho, e lembro-me de tudo o que vivemos até hoje. Eu te penteando os cabelos brancos, querendo te passar batom e você deixando. E eu vou lembrando cada coisa e tenho a certeza: não é tua hora. Fica aqui com a gente, porque a dor da despedida eu já senti e não quero novamente.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Querido A,

Eu queria te dizer que eu sinto muito por tudo. Acredito que tenha eu destruído tudo, infelizmente. Burrice a minha – novidade. Sabe doce eu queria só esclarecer as coisas o que construiu, talvez, uma barreira entre nós. Não sei, mas está tudo tão estranho. Perdoa-me. Quando eu fiquei aqueles dias sem falar contigo não era porque eu não te queria em minha vida mais era porque eu precisava te dar espaço para você respirar, porque por vezes eu me acho tão sufocante para ti. Porque eu te acho bom demais para mim e quis não ficar sonhando contigo. Você é tão homem, diferente dos demais, tens as tuas convicções e teus pensamentos que me mostram o quão menina eu ainda sou. E a minha idade cada vez é diminuída quando eu falo contigo e isso me envergonha por vezes, me intimida.

Quando eu te disse que a gente só perdia o que a gente tinha então eu não me importava muito com isso eu menti. Menti para ti, menti para mim e para todos os sentimentos que estão dentro de mim. Dói-me. Eu quis te mostrar que eu sou forte quando na verdade eu sou mais fraca que tudo, eu te sonho tanto, mesmo você sendo inatingível. Queria me desculpar por toda minha criancice que te irrita, que te irritou, que te provoca. Culpa minha todas as tuas reações, eu sei. E fico cá eu lamentando, chorando por palavras que vieram de ti, mas que na verdade foram provocadas por mim. Pura reação. Desculpe por me colocar sempre no lugar da vítima, mas tentei dormir ali desde que cheguei do trabalho e me foi impossível e acredito que o resto da noite será insone. Porque tu não tens mais paciência para mim. Perdoa.

Eu queria poder pegar uma borracha e apagar o mês anterior e esse início, mas não posso. Infelizmente. Então, eu não sei mais o que dizer. Eu tentei falar contigo há pouco no MSN, mas você me ignorou ou não estava perto, não sei. Não me doeu. Porque você tem razão em não querer falar comigo. Sou bem babaca e tu sabes. Eu só queria dizer, que se tu quiseres mesmo, eu vou embora. Se é isso que deseja mesmo eu me retiro e vai ser como se tu nunca tivesse me conhecido. Vai ser assim mesmo. Porque foi e vai ser sempre assim. Tu és bem mais do que eu mereço e isso é fato. E sem dramas eu descobri isso, por isso não há com o que lutar, apenas com o que se conformar. Perdoa-me as irritações, a paranóia e os muitos desatinos e obrigada pelos risos, conselhos e por passar tantas tardes e noites comigo. Acho que é isso.
Com respeito P.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Quando ele dorme lá em casa;


“Quando ela dorme em minha casa
O mundo acorda cantando...”
Zeca Baleiro/Fausto Nilo



Vês que objetos e seres inanimados tornam-se adjetivos em minha boca a fim de dar-te poesias inúmeras. Visto tempestades inteiras, banho-me com luzes vindas do céu, vejo-te em luzinhas que sonham em serem estrelas, vejo o esconde-esconde de vaga-lumes que brincam à noite e tudo me traz você. Porque quando você dorme em minha casa eu só quero te olhar e fico enraivecida quando o sono me vem pregar peça privando-me de te olhar os movimentos adormecidos, a respiração leve e os cabelos negros que ficam sobre os olhos. É que deitar a cabeça sobre teu peito me é reconfortante, ouvir cada batida dele traz-me alegria tamanha que poderia congelar o tempo, fazer que as horas, segundos, que o ponteiro continuasse parado ali. Só para te ter em minhas mãos, nos meus braços a noite inteira como deve ser. Porque quando você dorme em minha casa o sol amanhece sorrindo e os meus pés enroscados nos teus já não são frios.

Eu queria tanto dizer: “eu te amo”. Sem aspas, entrelinha queria dizer abertamente para que tu dormisses todos os dias aqui comigo. Mas a garganta se fecha e eu apenas pigarreio. E tu, doce, não me vês tal qual sou em minhas noites insones. Impaciente, inquieta, observadora e principalmente apaixonada. Irrevogavelmente. E esse abajur que ilumina metade da tua boca me vem provocar a loucura. E enquanto a música toca baixinho na rádio Consuelo Velázquez cantando “Bésame Mucho” eu te peço piedosamente que continues aqui dormindo para que os teus beijos tão meus estejam sempre ao meu alcance. É que a noite quando tu dormes até os grilos cantam afinados e o tique-taque do relógio parece dançar compassado com as batidas de meu coração. O mundo inteiro canta teu nome.

E então eu vou observando tudo que está ao nosso redor, reunindo diversas palavras e olhando no espelho vou ensaiando como eu te digo para que não soe fácil e muito menos falso. Que seja verdadeiro, assim como o que eu sinto aqui dentro. Para que não te assuste, para que tu não fujas de mim e permaneça aqui mesmo que meio grogue de sono, com os cabelos desgrenhados. E então quando os teus olhos abriram de manhã, amor. A única coisa que escapuliu dos meus lábios foi: "bom dia". Acredito que os meus olhos já te disseram inúmeras vezes o que minha boca insiste em não dizer.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Falar de amor não é amar, não é querer ninguém.

Eu fixava os meus olhos naquele “A” vermelho enorme e a figura que o ilustrava eram duas pessoas em um abraço afetuoso e diziam que o “A” era de amor. Então, em minha cartilha eu aprendi o significado da palavra. Achei que amar era apenas abraços e à medida que fui crescendo aprendi que havia outros sentimentos e ações interligados a ela. Descobri então o beijo, o afago e infelizmente a dor. E eu imaginei que amar era mais isso. Descontentamento. Porque eu amava com os meus lábios, muitas vezes, mas meu coração não sentia. E então eu feria.

E o tempo foi se passando e acabei descobrindo várias derivações da palavra e quanto mais eu conhecia, mais mergulhava naquele mundaréu de sentimentos. E então eu ouvi o primeiro: “eu te amo.” Mas eu não acreditei. E quando eu disse a três anos que eu amava alguém soou falso. E senti vazio depois disso. Porque eu vi que realmente lia muito sobre o amor, mas eu não sabia de fato o que era. E então eu te conheci. E eu não queria amar ninguém porque sempre me achei superior quando falava de amor, pois conseguia falar de dor sem sentí-la de fato. E você apareceu na minha vida e os meus pés começaram a pisar cuidadosamente, porque no dia que eu conversei com você eu já sabia que me apaixonaria. E algum tempo depois eu vi que não estava errada. Só que hoje os meus pés já não sabem onde pisar, já não quer pisar em lugar algum, porque você me machucou.

E eu vi que falar de amor não é amar. Por que diabos você veio naquela noite de Maio? E por que diabos você destruiu aquilo que eu inventei para nós. Você me quis ferir e eu senti muito – tanto que o dia que estava quente e claro naquela manhã que tinha tudo para ser de festa acabou tornando-se nebulosa e minha cama estava tão aconchegante que eu quis ficar ali deitada com as minhas lágrimas e soluços, mesmo com o sol a pino. Tudo tornou-se frio porque eu lembrava de cada caractere. E então as minhas convicções tornaram-se falhas, desacreditei naquilo que tinha em mente de que eu te amava só em palavras porque era bonito te escrever, mas eu já não quero escrever sobre você e ainda assim eu te amo. Eu me recuso a pensar em você, eu já não sonho mais com você, meu coração não acelera mais só de ouvir teu nome e ainda assim eu sei que amo você. E pela primeira vez na vida, em 23 anos, eu tenho certeza de que o que falo é real. Não é fantasioso. Não está apenas em poemas e contos que você não é somente personagem e combustível para os meus textos. Que você é o amor que eu sempre quis, mas que me magoa terrivelmente. Sim. Magoa quando bem quer.


“Dias esquecidos
No verão que eu inventei
Eu sei que você vive
Das mentiras que eu acreditei.”
Capital Inicial

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terça-feira, janeiro 05, 2010

Ocre.

Eu preciso da nicotina em minhas veias, porque me entorpece deixando-me mais leve. Eu necessito dessa dose a mais, porque ela emaranha os meus sentidos separando o que é real do fantasioso. Está vendo? Na verdade eu sempre precisei daquilo que é palpável e que você não pôde me dar. E em cada tragada e gole eu te encontro. E você me é melhor assim: “engarrafado”. Porque eu te bebo e vou sentindo você deslizar dentro de mim.

E meu batom, que outrora era cor-de-rosa, hoje é vermelho. Porque vermelho é a nova cor para mim, nada de azul que me remetem ao céu, de verde esmeralda que me lembra a verde grama, do marrom que me lembram os teus grandes olhos. Nada disso. Quero o vermelho que dá raiva no touro, que o incita ao ódio, que machuca e fere. Porque nada mais me importa, sabe. Porque eu não sinto, mesmo sentindo. Porque há em mim um misto – que não é bom. É nada, misturado com coisa nenhuma, enroscada em ausência. É oco, é árido. Terra seca sem vida. E eu gosto, quer dizer, assim prefiro.

Porque azul me dá náuseas, verde não me comove e o marrom tampouco me importa agora. Porque você para mim era caixa de lápis de cor e hoje só quero saber de canetas. Isso. E embora você não tenha culpa, eu me tornei assim, amarga. E a minha cor de hoje é ocre.
E não queira saber o que essa cor significa pra mim.

(Postagem coletiva de amanhã nesse blog - Post Coletivo. Visite e saiba como participar.)