quarta-feira, janeiro 06, 2010

Falar de amor não é amar, não é querer ninguém.

Eu fixava os meus olhos naquele “A” vermelho enorme e a figura que o ilustrava eram duas pessoas em um abraço afetuoso e diziam que o “A” era de amor. Então, em minha cartilha eu aprendi o significado da palavra. Achei que amar era apenas abraços e à medida que fui crescendo aprendi que havia outros sentimentos e ações interligados a ela. Descobri então o beijo, o afago e infelizmente a dor. E eu imaginei que amar era mais isso. Descontentamento. Porque eu amava com os meus lábios, muitas vezes, mas meu coração não sentia. E então eu feria.

E o tempo foi se passando e acabei descobrindo várias derivações da palavra e quanto mais eu conhecia, mais mergulhava naquele mundaréu de sentimentos. E então eu ouvi o primeiro: “eu te amo.” Mas eu não acreditei. E quando eu disse a três anos que eu amava alguém soou falso. E senti vazio depois disso. Porque eu vi que realmente lia muito sobre o amor, mas eu não sabia de fato o que era. E então eu te conheci. E eu não queria amar ninguém porque sempre me achei superior quando falava de amor, pois conseguia falar de dor sem sentí-la de fato. E você apareceu na minha vida e os meus pés começaram a pisar cuidadosamente, porque no dia que eu conversei com você eu já sabia que me apaixonaria. E algum tempo depois eu vi que não estava errada. Só que hoje os meus pés já não sabem onde pisar, já não quer pisar em lugar algum, porque você me machucou.

E eu vi que falar de amor não é amar. Por que diabos você veio naquela noite de Maio? E por que diabos você destruiu aquilo que eu inventei para nós. Você me quis ferir e eu senti muito – tanto que o dia que estava quente e claro naquela manhã que tinha tudo para ser de festa acabou tornando-se nebulosa e minha cama estava tão aconchegante que eu quis ficar ali deitada com as minhas lágrimas e soluços, mesmo com o sol a pino. Tudo tornou-se frio porque eu lembrava de cada caractere. E então as minhas convicções tornaram-se falhas, desacreditei naquilo que tinha em mente de que eu te amava só em palavras porque era bonito te escrever, mas eu já não quero escrever sobre você e ainda assim eu te amo. Eu me recuso a pensar em você, eu já não sonho mais com você, meu coração não acelera mais só de ouvir teu nome e ainda assim eu sei que amo você. E pela primeira vez na vida, em 23 anos, eu tenho certeza de que o que falo é real. Não é fantasioso. Não está apenas em poemas e contos que você não é somente personagem e combustível para os meus textos. Que você é o amor que eu sempre quis, mas que me magoa terrivelmente. Sim. Magoa quando bem quer.


“Dias esquecidos
No verão que eu inventei
Eu sei que você vive
Das mentiras que eu acreditei.”
Capital Inicial

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22 comentários:

  1. Júlio César Martinez6 de janeiro de 2010 às 00:28

    Dizem, Melzinha, que dor demais e rancor causam câncer. Por um lado viste bem: o amor que há em ti. Mas não deixe que esse sentimento tão lindo torne-se como você descreveu abaixo: ocre. Que pelo que vi nos comentários significa a morte para ti.

    Boa noite doce.

    Júlio César Martinez

    (Não consegui postar com minha conta google)

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  2. É... falar de amor não é sentir.
    E pisar cuidadosamente não quer dizer que encontraremos solo seguro.

    Beijo moça!

    Já postei o meu

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  3. Me identifiquei com as duas personagens da narrativa.

    "Porque eu amava com os meus lábios, muitas vezes, mas meu coração não sentia. E então eu feria."
    Isso poderia ter sido escrito por mim.
    E também acho que dor e amor são intrínsecos. Amor nunca é só amor.
    Você se supera. Não dá para escolher um texto melhor. Pois o que virá é sempre o melhor.

    Beijos.

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  4. Adorei esse texto.
    Realment, falar de amor não é amar.
    Fico pensando como infelizmente na maioria das vezes o amor vem relacionado a dor, chego até pensar que são sinônimas e so fui aprender isso na prática.=/

    BeijO flor

    Doce, Mel. =)

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  5. Esse seria o amor com sua dor, a dor que se sente ao final de tudo, acho que independente do sentimento, sempre haverá dor, ela nos ensina e ela nos faz pensar que na verdade, ela de muitos toques dela que somos feitos.

    Charlie B.

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  6. É que amor não tem em livros e nem explicação...
    Ainda bem que ele dói e que nós sofremos por isso, porque senão não seriamos seres vivos, mas sim robôs...

    bom texto moça

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  7. Oiiiii!!
    adorei, como sempre.. *--*
    bjus

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  8. Às vezes falo de amor em meus textos, mas não sinto nada. Fiquei bem desacreditada quanto a isso... agora vejo o amor como uma coisa que não mais combina comigo, como algo que só me traz lembranças dolorosas e como algo que dificilmente chegará a mim outra vez. Talvez eu esteja exagerando com o meu pessimismo... mas pelo em relação ao amor homem-mulher, já não acredito tanto assim nele.


    --
    Vou tentar achar um tempinho (e um pouquinho de idéias) e participar da postagem.

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  9. Pâm, também ando cheia de despedidas... dói.
    Mas as vezes menos do que a espera sem fim

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  10. Tem horas que a solidão é a melhor companhia. Amor, to fora :P

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  11. Lindo!!!
    adorei Pamzinha...
    realamente e muito dificil falar de amor!!!
    e quando achamos que descobrimos o amor e que nos entregamos a ele sofremos pois não somos correspondidos...
    nos fechamos para os nossos sentimentos e quando menos esperamos e vida nos prega uma peça e esse sentimento que nos faz sofrer tanto aflora novamente!!!
    mais no final de tudo e otimo, maravilho, amar e se sentir amado...

    BjO Nega...
    te amo...

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  12. Ao contrário da linda da maria fernanda, amor..to dentro, quando bem valorizado!

    Mas realmente, meu doce, não é fácil amar, querer. Contudo, é facilimo falar sobre o tal amor.

    Beijos, doces.

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  13. Quando o amor é verdadeiro, não existe sofrimento. Será?

    Sinceramente, desisto de obter esta resposta, prefiro vir aqui e ler algo com conteúdo, dor e lenidade que me abrirá a mente de uma forma indiscutível e incomparável.

    Como sempre: P A R A B É N S !!!!

    Incontáveis abraços.

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  14. "E você apareceu na minha vida e os meus pés começaram a pisar cuidadosamente, porque no dia que eu conversei com você eu já sabia que me apaixonaria. E algum tempo depois eu vi que não estava errada. Só que hoje os meus pés já não sabem onde pisar, já não quer pisar em lugar algum, porque você me machucou."

    Exatamente tudo que eu queria dizer, mas me prometi que não escreveria mais sobre ele. então, deixa tudo assim. Frio. Tempestade por fora e por dentro.

    Amei o texto, e já postei a minha primeira participação na postagem coletiva.

    Bjos

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  15. Nada pior que um amor que não se ama.
    Lindo Pam.
    Já postei o meu ;)
    Beijos

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  16. Amar não é complicado, complica-se. Em vão, é verdade. Mas amar não precisa de culpa ou desculpa, ama-se e só - sem mais explicações.

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  17. Adorei o tema, salvei aqui pra escrever sobre isso depois.. se puder =x

    Eu concordo, falar de amor, não é amar. Eu so consigo falar com clareza, do que ainda sinto confusão. As minhas certezas me deixam sem palavras.

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  18. http://garotasrch.blogspot.com

    Entra la acabei de criar, com algumas amigas que conheci na republica capricho! Conto com vc!

    Beijos ;**

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  19. Intenso, lindo e triste.

    Se entregar, acreditar, se jogar de cabeça em um relacionamento é sempre perigoso. Afinal, você nunca conhece a pessoa completamente e nunca irá conhecer. Acredito que devemos acreditar, confiar, e tentar SEMPRE, mas nunca esquecer de que ninguém é perfeito, e que as pessoas as vezes irão nos magoar, e então, cabe a nós decidir se perdoaremos ou esqueceremos. Faça sua escolha, perdoe ou esqueça, mas não guarde mágoa, não se torture. Deseje o melhor para quem te trouxe o pior, e viva sua vida da melhor forma possível!
    Beijo!

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  20. Será que amor deveria ter manual?
    Ficou legal o teu texto, moça. Gostei demais... quando a gente pensa que sabe amar, aparece alguém e nos mostra que não sabemos é de nada.

    Beijo, Pâm!

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  21. E a história se repete...

    Que é isso que nos ataca quando deveria afagar, hein, boneca?

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