segunda-feira, setembro 30, 2013

Ah, a felicidade!



Aprenda que você veio ao mundo sozinho e, por isso, não depende de ninguém para que ela faça sentido. A felicidade não deve estar amarrada a  alguém. Você tem que se bastar. O problema é que depositamos todas as nossas fichas em pessoas que sequer compreendem a grandeza daquilo que sentimos. E não, não podemos exigir que estes nos amem de volta. Afinal, as expectativas são criadas por nós em nossas mentes e corações. Dê asas ao seu amor, deixe que ele voe, o que há de ser seu encontrará o caminho de volta. Mas, por favor, ame-se primeiro. O que vier será consequência desse seu amor.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Esvazie os cômodos


Cuidado com a carência. Ela pode ser uma arma engatilhada na sua cabeça sem que você perceba. Algumas pessoas leiloam seus corações com o intuito de se livrar do rótulo de solteiro. Dê seu coração a quem você acha que merece. Àquele que faz seus olhos brilharem quando passa, à moça que com carinho te veste de gentilezas desinteressadas, ao rapaz que com um bom dia consegue acelerar o teu coração. Não entregue a qualquer um ou porque acha que ninguém jamais te amará. Não dê motivos para que os outros acreditem que seu coração é um objeto. Não dê.

O problema é que abraçamos a primeira oportunidade de abandonarmos esse título e pouco nos importamos se estamos preparados ou não. Limpe a casa. Organize todos os cômodos do seu coração e aguarde o momento certo. O ditado que diz que devemos cuidar de nosso jardim para atrairmos as borboletas é verídico. Não há como receber um visitante sem condições de recepcioná-lo, acolhê-lo. Ele sairá batendo a porta em questão de tempo apenas por causa de sua desorganização.

O amor não tem que ser desesperado. Ao contrário, devemos deixar que ele surja aos poucos. Que ele nasça insuspeitado e sem razão de ser. Assim como as lianas que aos poucos se enroscam à árvore que desejam viver, ‘namorar’. O amor deve ser aguardando, mas para que isso aconteça devemos dar espaço para que ele cresça em nós. Não há como ele sobreviver em nosso interior como se vivesse espremido em uma despensa.


Por isso eu digo: esvazie os cômodos, limpe todas as gavetas, desfaça-se daquilo que não lhe cabe. Deixe os sentimentos antigos de lado, não se atemorize com o passar do tempo, não seja afoito. O amor surgirá quando menos você esperar. Assim como uma borboleta que pousa sem prévio aviso em nossos ombros. Paciência é uma virtude. Se é.

quarta-feira, setembro 25, 2013

Quanta saudade cabe em um olhar


Ao amigo Charles J. Bravo.
Por ter me dado hoje – em um dia tão cinza –
 o vigor necessário para continuar.




Acontece que saudade não é coisa que se mede com fita métrica. Mas, conseguimos entender a sua dimensão em um abraço guardado em nossas memórias. Meu coração relembra – feito uma película cinematográfica -, o abraço caloroso e os olhos que anunciavam uma tempestade. Ele abraçando-me chorou sobre os meus ombros e sem esperar apenas acolhi. Até que a emoção transbordasse e inundasse o meu coração também. Ele trouxera do norte a docilidade que o centro-oeste desconhecia. Conquistou e roubou para si metade do meu coração.

Quanta saudade cabe em um olhar? Cabe a conversa de uma tarde inteira e confissões meio adolescentes. Cabe a história de uma vida inteira de decisões e decepções. Cabe também um adeus (não dado) aos pais em uma pequena cidade interiorana. Cabe a saudade de um amigo que partiu sem ao menos dizer adeus e que resta apenas a saudade em fotos na web. Cabe o olhar da menina que se apaixonada a cada palavra dita. Cabe a risada dos amigos rindo por ela não comer alga marinha. Cabe um lanche com esfinhas e batata frita sorrindo com a irmã da moça. Cabe os desejos de conhecer várias pessoas pelo Brasil e roubar um pouco de si a cada despedida.

E algumas pessoas não conseguem definir a palavra saudade. Ela é desenhada diante de nossos olhos a cada ação, a cada palavra dita e levada pelo vento. A minha saudade hoje é de um cara que tem o coração mais bonito que já vi. De um rapaz que merece ter a vida mansa e docinha só pelo fato de existir. A minha saudade tem nome é mora em Porto Velho. Essa saudade esteve sentada comigo por alguns minutos no ônibus da W3 Sul em direção a Rodoviária do Plano Piloto. Essa saudade ria descontroladamente, se fazia de esnobe para me arrancar sorrisos e ficava embasbacada com a falta de educação de alguns ‘brasilienses’.


Hoje essa mesma saudade me enviou um e-mail quilométrico que me arrancou lágrimas e um sorriso de orelha a orelha. Porque meu coração tem tentado caminhar nos últimos dias, mas tem doído muito. Eu reconheci o amor naquele rapaz e sei que ele reconheceu em mim. A amizade que é o amor que jamais morrerá. E hoje, ansiosa, eu aguardo pelo retorno e digo: “meu coração é porto-seguro, morada certa e casa de veraneio caso você queira voltar.”

segunda-feira, setembro 02, 2013

Vigésimo dia

Em parceria com a escritora Maria Fernanda Probst


Fico acordado noites inteiras
Os dias parecem não ter mais fim
[Seguindo Estrelas – Paralamas do Sucesso]


Devia ser o oitavo cigarro. Eu deixei queimar uns três ou quatro e só absorvi o aroma, mas depois disso não resisti e fumei um atrás do outro até que a consciência pesasse e eu me detestasse sem fim. É sempre desse jeito quando a insônia rouba minha pseudo-felicidade; enlouqueço com tanto silêncio, enlouqueço com tanto sonho perdido, com tanta gente ressonando e dormindo tranquila, enquanto eu fico aqui fodido e acordado e pensando em você sei lá quantas vezes. 

Já faz vinte e três dias desde que tu recolhestes umas calcinhas da gaveta e jogasse fora tua escova de dentes e sussurrasse um ‘sinto muito’ tão sem sentir que me dói só de lembrar. Depois que você bateu a porta da sala, eu voltei a consumir um maço de cigarro inteiro por dia, mas fica tranquila, metade eu deixo só queimar. Não trago. Não quero tragar. A barba eu deixei por fazer e ela cresceu os vinte e três dias que se passaram e ao me olhar no espelho eu vejo nítida a mudança que a tua partida deixou aqui. ‘tá tudo bagunçado.


Talvez amanhã no vigésimo quarto dia eu pare para pensar na merda que ando fazendo com a minha vida e queira olhar o Sol lá fora e não mais pelas frestas da janela. Só que agora eu quero afundar no sofá da sala e me entregar a essa tristeza que insiste em me consumir. Só que pode ficar sossegada, não há o que se preocupar. Como dissestes já sou bem crescido e não preciso de babá, mas se ainda quiseres podes vir aqui cuidar de mim. É só um apelo, ou melhor, é uma brincadeira. Dessas que a gente faz com um fundinho de verdade. E quem sabe no vigésimo quinto dia a minha barba esteja bem feita, o terno alinhado e a vontade de ter você aqui comigo já não seja tão urgente.