terça-feira, dezembro 22, 2015

Me dá a mão e me leva embora




Me dá a mão
Me leva embora ♪♫
Kid Abelha

Me pega no colo, me enrosca em tuas pernas e me diz que não quer a calma de um amor tranquilo. Que deseja furacão, que quer ventania, que deseja ser vulcão em erupção. Me conta umas verdades bonitas - aquelas que somente o coração tem coragem de confessar -, e me olha nos olhos com cara de vontade. Vontade de ser um e se entrelaçar em meu corpo até se perder. Desfaz o nó da minha cabeça, faz um laço em meu coração - liga as tuas artérias aos meus desejos, me rompe a alma e me faz tua. 

Me beija os olhos, me toca os lábios e escreve uma poesia qualquer, daquelas que vemos espalhados nos olhos dos transeuntes, e me deixa ser a história mais maluca que a vida quis te escrever/envolver. Seja o mocinho nas manhãs de primavera, seja o vilão nas noites de inverno, seja meu amigo nos dias em que o verão nos convida a descobrir a vida lá fora, seja meu amante quando as flores nos intimar ao amor.

Desenha em meu corpo as tuas digitais, faz meu coração bater em uníssono junto ao teu, espalha as borboletas que carrego dentro do estômago, plante um jardim de margaridas debaixo dos meus pés, apresente a nossa história nos outdoors da cidade, tenha orgulho da gente, de nós, dos nossos nós, diga ao mundo que a gente se tem, que você foi meu presente de aniversário/dia das crianças/natal e ano novo. 

Me dá a mão e me leva embora. 
Leva embora para a tua vida, pro teu canto.
Para a tua história.


Fotografia: Théo Gosselin.

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Espere. Confie. Supere!


Têm momentos na vida que pensamos que aquele amigo, aquele amor, aquele gosto, aquela mania, seria para sempre. Mas talvez o "para sempre" seja feito de agoras. E quem está predestinado a somente passar, vai entrar sem pedir licença e depois vai deixar saudade ou decepção. Da mesma forma que as coisas mudam, o tempo muda e as pessoas também.

Não somos igual ao outro, ninguém vai se doar e se entregar do mesmo jeito que você. Ninguém vai sentir o que o seu coração sente tão pouco vai compreender os mistérios da sua mente. Nem todo mundo está disposto a desvendar o melhor que nós temos guardado no peito.

Têm vazios que só o amor-próprio vai preencher. Têm feridas que só o tempo vai cicatrizar. Mas sabe de uma coisa? Acho mesmo que quem sente muito, sofre o dobro. A gente sempre vai esperar mais do outro, sempre vai sonhar alto, sempre vai criar expectativas e ilusões, e sempre vamos quebrar a cara também.

Talvez seja o mal de quem é intenso, ter asas no coração e nunca desistir de tentar. Uma hora engrena, uma hora vai, uma hora desata e dá certo. Quem tem um coração pulsando a todo vapor sabe o quanto é difícil se controlar, o quanto a ansiedade bate e angústia aperta.

Quem tem muito pra oferecer e não é correspondido, transborda sentimentos pelos olhos. Digo que não é fácil esperar dos outros o que fazemos por eles. É como fazer aniversário e ninguém que importa te dar parabéns.

Temos que aprender a confiar menos nas pessoas, a entregar menos o nosso coração de bandeja. A gente aprende a ser forte quando é preciso, aprende a ignorar quem não gosta da gente de verdade e principalmente, aprende a desapegar daquilo que faz mal e nos impede de conquistar novos risos, novos sonhos e estar em paz.

Afaste-se de tudo que você achou que um dia foi verdadeiro, mas está te sufocando. Não tenha medo da mudança, respire novos ares, crie novos hábitos e dance consigo mesmo. Se amar e não precisar de quem não precisa de você é uma experiência incrível. Se não deu certo, deixa ir, permita-se conhecer outras coisas, expandir o horizonte pode te fazer muito feliz, mas você precisa tentar.

Uma coisa eu aprendi nessa longa caminhada de coração partido, amizades desfeitas, decepções e auto conhecimento, nada dura pra sempre, a vida é mutável e você precisa se reinventar todo dia. Nem tudo que você quer vai acontecer, nem tudo vai ser do seu jeito. Mas uma coisa é certa, Deus estará sempre ao seu lado, por mais que você não mereça.

As coisas vão melhorar, você vai ser feliz simplesmente e vai agradecer por tanta coisa que você aprendeu e superou nessa vida. Espera, mas sorria. Confia, mas faça por onde. As coisas não vão cair do céu e você nasceu pra brilhar.

Autora: Sabrina Braga
Fotografia: Théo Gosselin

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Me dá um cigarro



Eu trago você nos espaços mais recônditos, nas cartas amarelecidas e empoeiradas pelo tempo, no relicário que insisto em manter sobre a cômoda para me mostrar - masoquistamente - que o nosso amor existe. Eu trago você (neste exato momento) no terceiro maço de cigarros que abri em menos de 4 horas. No meu coração dilacerado que chora e insiste em pôr reticências onde deveria haver um ponto final. Que não consegue passar para a próxima página, que não entende que é necessário encerrar o capítulo e reescrever, quem sabe, uma nova história.

Eu trago você com a fumaça que arranha minha garganta. Ela que sufoca os meus pulmões, que me maltrata, na mesma intensidade em que a tua falta comprime o meu coração. Aos poucos vou compreendendo que amar é uma espécie de desespero, é uma desvario que cometemos, é uma insanidade temporário. O amor, no final das contas, é um doce veneno e pouco a pouco eu reconheço a sua letalidade. A medida que o ar me foge das narinas, que os meus sinais vitais diminuem e que o chão me falta sob os pés.

Eu trago você nos bolsos dos meus jeans surrados. Naqueles bilhetes que espalhávamos pelos cômodos de nossa casa, nas fotos polaroids que colecionávamos, na foto da viagem feliz que decidimos pôr em um monóculo, no grampo da sua avó que você me pôs no cabelo na sua formatura, na música Darling, dos Beatles, que está com o repeat ativado há mais ou menos 7 semanas em meu celular, nas luzes do campo sintético que insistem ainda - nada mudou desde então - em adentrar a janela do nosso antigo quarto.

Eu trago mais um cigarro e repito ao garçom da mesa: "me dá um cigarro". Em meu desassossego, em minha falta de argumentos, em meu desalento, na (d)esperança de que ele me traga o teu coração - metaforicamente - na bandeja de volta. São dias difíceis. Dias ingloriosos. Dias em que a vida se resume em cinzeiros abarrotados de bitucas e pedaços meus.

Do meu coração.

Fotografia: Théo Gosselin.
     
  Este é um post do grupo Escritores na Era do Compartilhamento. 

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Queira alguém seguro de si


Fique com alguém que tire não somente a roupa na sua frente, mas que se dispa das convenções, dos medos, das vontades. Que se desnude por completo diante dos teus olhos e se mostre como veio ao mundo: inocente, puro e verdadeiro. Deseje estar com alguém que compreenda que nem todos os dias nasceram para a felicidade plena, que alguns deles nascem por detrás de nuvens cinzentas fechando o nosso tempo.

Escolha dividir a vida com alguém que saiba reconhecer o valor de um abraço após um dia estressante de trabalho. Alguém que te dê um beijo na testa revelando o “eu te amo” que nem sempre precisa ser verbalizado. Aquele que ao te abraçar consiga amenizar um terço da dor da saudade de ter perdido alguém e que ao beijar o côncavo dos teus olhos diga mais declarações que todos os sonetos já escritos no mundo.

Dê o seu coração a alguém que queira estar ao seu lado não apenas fisicamente, mas no dia-a-dia, na luta diária, na busca obstinada pelos seus objetivos. Naqueles momentos em que a presença já não é tão agradável – afinal, nem todos os dias são feitos de sóis e margaridas. Queira alguém que te queira do início ao fim. Com os seus pequenos-grandes defeitos. Com a sua cara de mau-humor logo cedo.

Queria alguém seguro de si, decidido sobre as suas vontades. Alguém que diga: “eu te quero hoje, agora, neste exato momento”. E que mova céus e terras para que isso aconteça. Queira alguém que tenha suas complicações, mas não queira alguém que seja um eterno complicado. Afinal, não há amor que se consolide, que se fortifique, em meio ao caos de quem não sabe por qual caminho seguir. Não entre em um labirinto.

Decida-se por alguém que te espante as borboletas do estômago a cada mensagem de voz, que enraíze os teus pés no terreno do coração dele. Alguém que construa um jardim e te faça uma flor. Queria tudo isso, menina. Você pode tudo, você merece tudo, então não aceite menos que isso.

Fotografia: Théo Gosselin.