terça-feira, dezembro 22, 2015

Me dá a mão e me leva embora




Me dá a mão
Me leva embora ♪♫
Kid Abelha

Me pega no colo, me enrosca em tuas pernas e me diz que não quer a calma de um amor tranquilo. Que deseja furacão, que quer ventania, que deseja ser vulcão em erupção. Me conta umas verdades bonitas - aquelas que somente o coração tem coragem de confessar -, e me olha nos olhos com cara de vontade. Vontade de ser um e se entrelaçar em meu corpo até se perder. Desfaz o nó da minha cabeça, faz um laço em meu coração - liga as tuas artérias aos meus desejos, me rompe a alma e me faz tua. 

Me beija os olhos, me toca os lábios e escreve uma poesia qualquer, daquelas que vemos espalhados nos olhos dos transeuntes, e me deixa ser a história mais maluca que a vida quis te escrever/envolver. Seja o mocinho nas manhãs de primavera, seja o vilão nas noites de inverno, seja meu amigo nos dias em que o verão nos convida a descobrir a vida lá fora, seja meu amante quando as flores nos intimar ao amor.

Desenha em meu corpo as tuas digitais, faz meu coração bater em uníssono junto ao teu, espalha as borboletas que carrego dentro do estômago, plante um jardim de margaridas debaixo dos meus pés, apresente a nossa história nos outdoors da cidade, tenha orgulho da gente, de nós, dos nossos nós, diga ao mundo que a gente se tem, que você foi meu presente de aniversário/dia das crianças/natal e ano novo. 

Me dá a mão e me leva embora. 
Leva embora para a tua vida, pro teu canto.
Para a tua história.


Fotografia: Théo Gosselin.

segunda-feira, dezembro 21, 2015

Espere. Confie. Supere!


Têm momentos na vida que pensamos que aquele amigo, aquele amor, aquele gosto, aquela mania, seria para sempre. Mas talvez o "para sempre" seja feito de agoras. E quem está predestinado a somente passar, vai entrar sem pedir licença e depois vai deixar saudade ou decepção. Da mesma forma que as coisas mudam, o tempo muda e as pessoas também.

Não somos igual ao outro, ninguém vai se doar e se entregar do mesmo jeito que você. Ninguém vai sentir o que o seu coração sente tão pouco vai compreender os mistérios da sua mente. Nem todo mundo está disposto a desvendar o melhor que nós temos guardado no peito.

Têm vazios que só o amor-próprio vai preencher. Têm feridas que só o tempo vai cicatrizar. Mas sabe de uma coisa? Acho mesmo que quem sente muito, sofre o dobro. A gente sempre vai esperar mais do outro, sempre vai sonhar alto, sempre vai criar expectativas e ilusões, e sempre vamos quebrar a cara também.

Talvez seja o mal de quem é intenso, ter asas no coração e nunca desistir de tentar. Uma hora engrena, uma hora vai, uma hora desata e dá certo. Quem tem um coração pulsando a todo vapor sabe o quanto é difícil se controlar, o quanto a ansiedade bate e angústia aperta.

Quem tem muito pra oferecer e não é correspondido, transborda sentimentos pelos olhos. Digo que não é fácil esperar dos outros o que fazemos por eles. É como fazer aniversário e ninguém que importa te dar parabéns.

Temos que aprender a confiar menos nas pessoas, a entregar menos o nosso coração de bandeja. A gente aprende a ser forte quando é preciso, aprende a ignorar quem não gosta da gente de verdade e principalmente, aprende a desapegar daquilo que faz mal e nos impede de conquistar novos risos, novos sonhos e estar em paz.

Afaste-se de tudo que você achou que um dia foi verdadeiro, mas está te sufocando. Não tenha medo da mudança, respire novos ares, crie novos hábitos e dance consigo mesmo. Se amar e não precisar de quem não precisa de você é uma experiência incrível. Se não deu certo, deixa ir, permita-se conhecer outras coisas, expandir o horizonte pode te fazer muito feliz, mas você precisa tentar.

Uma coisa eu aprendi nessa longa caminhada de coração partido, amizades desfeitas, decepções e auto conhecimento, nada dura pra sempre, a vida é mutável e você precisa se reinventar todo dia. Nem tudo que você quer vai acontecer, nem tudo vai ser do seu jeito. Mas uma coisa é certa, Deus estará sempre ao seu lado, por mais que você não mereça.

As coisas vão melhorar, você vai ser feliz simplesmente e vai agradecer por tanta coisa que você aprendeu e superou nessa vida. Espera, mas sorria. Confia, mas faça por onde. As coisas não vão cair do céu e você nasceu pra brilhar.

Autora: Sabrina Braga
Fotografia: Théo Gosselin

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Me dá um cigarro



Eu trago você nos espaços mais recônditos, nas cartas amarelecidas e empoeiradas pelo tempo, no relicário que insisto em manter sobre a cômoda para me mostrar - masoquistamente - que o nosso amor existe. Eu trago você (neste exato momento) no terceiro maço de cigarros que abri em menos de 4 horas. No meu coração dilacerado que chora e insiste em pôr reticências onde deveria haver um ponto final. Que não consegue passar para a próxima página, que não entende que é necessário encerrar o capítulo e reescrever, quem sabe, uma nova história.

Eu trago você com a fumaça que arranha minha garganta. Ela que sufoca os meus pulmões, que me maltrata, na mesma intensidade em que a tua falta comprime o meu coração. Aos poucos vou compreendendo que amar é uma espécie de desespero, é uma desvario que cometemos, é uma insanidade temporário. O amor, no final das contas, é um doce veneno e pouco a pouco eu reconheço a sua letalidade. A medida que o ar me foge das narinas, que os meus sinais vitais diminuem e que o chão me falta sob os pés.

Eu trago você nos bolsos dos meus jeans surrados. Naqueles bilhetes que espalhávamos pelos cômodos de nossa casa, nas fotos polaroids que colecionávamos, na foto da viagem feliz que decidimos pôr em um monóculo, no grampo da sua avó que você me pôs no cabelo na sua formatura, na música Darling, dos Beatles, que está com o repeat ativado há mais ou menos 7 semanas em meu celular, nas luzes do campo sintético que insistem ainda - nada mudou desde então - em adentrar a janela do nosso antigo quarto.

Eu trago mais um cigarro e repito ao garçom da mesa: "me dá um cigarro". Em meu desassossego, em minha falta de argumentos, em meu desalento, na (d)esperança de que ele me traga o teu coração - metaforicamente - na bandeja de volta. São dias difíceis. Dias ingloriosos. Dias em que a vida se resume em cinzeiros abarrotados de bitucas e pedaços meus.

Do meu coração.

Fotografia: Théo Gosselin.
     
  Este é um post do grupo Escritores na Era do Compartilhamento. 

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Queira alguém seguro de si


Fique com alguém que tire não somente a roupa na sua frente, mas que se dispa das convenções, dos medos, das vontades. Que se desnude por completo diante dos teus olhos e se mostre como veio ao mundo: inocente, puro e verdadeiro. Deseje estar com alguém que compreenda que nem todos os dias nasceram para a felicidade plena, que alguns deles nascem por detrás de nuvens cinzentas fechando o nosso tempo.

Escolha dividir a vida com alguém que saiba reconhecer o valor de um abraço após um dia estressante de trabalho. Alguém que te dê um beijo na testa revelando o “eu te amo” que nem sempre precisa ser verbalizado. Aquele que ao te abraçar consiga amenizar um terço da dor da saudade de ter perdido alguém e que ao beijar o côncavo dos teus olhos diga mais declarações que todos os sonetos já escritos no mundo.

Dê o seu coração a alguém que queira estar ao seu lado não apenas fisicamente, mas no dia-a-dia, na luta diária, na busca obstinada pelos seus objetivos. Naqueles momentos em que a presença já não é tão agradável – afinal, nem todos os dias são feitos de sóis e margaridas. Queira alguém que te queira do início ao fim. Com os seus pequenos-grandes defeitos. Com a sua cara de mau-humor logo cedo.

Queria alguém seguro de si, decidido sobre as suas vontades. Alguém que diga: “eu te quero hoje, agora, neste exato momento”. E que mova céus e terras para que isso aconteça. Queira alguém que tenha suas complicações, mas não queira alguém que seja um eterno complicado. Afinal, não há amor que se consolide, que se fortifique, em meio ao caos de quem não sabe por qual caminho seguir. Não entre em um labirinto.

Decida-se por alguém que te espante as borboletas do estômago a cada mensagem de voz, que enraíze os teus pés no terreno do coração dele. Alguém que construa um jardim e te faça uma flor. Queria tudo isso, menina. Você pode tudo, você merece tudo, então não aceite menos que isso.

Fotografia: Théo Gosselin.

segunda-feira, novembro 23, 2015

O amor é para os raros


"O amor é para os raros".
Maria Fernanda Probst

Meus braços envolvem as tuas pernas enquanto olhamos as corredeiras tão bonitas e gélidas. Elas insistem em lamber os nossos pés dando a nós uma sensação de abrigo. De casa! Casa é a tua vida. A minha moradia, desde que tu viestes embonitar os meus dias com a tua voz mansa, com o teu sorriso largo e a maneira simples de observar a vida. Tenho amado - cada vez mais - os dias que se seguem. As segundas-feiras já não me incomodam desde que tu estejas aqui. A paixão é um é uma liana que encontra sua árvore preferida. Ela abraça e aos poucos vai se moldando à sua superfície. E, aos poucos, as lacunas vão desaparecendo. Dão espaço às suas raízes. Enraizamo-nos. 

Minhas pernas se enroscam nos teus lençóis, enquanto meus olhos desvendam as galáxias que existem nos teus. Há mais estrelas dentro de ti do que contabilizam o universo e todos os mares. Surpreendo-me ao constatar que o céu cabe ali - perfeitamente - dentro da tua íris, na tua retina que é uma cacimba profunda que me convida a adentrar. Adentro. Sem receio do que posso encontrar. Sem medir as quantidades de "ses" e "porquês", apenas entro e me deixo banhar nas tuas águas. 

Tuas mãos entrelaçam a minha cintura e ao som de uma música qualquer dançamos debaixo da chuva. A vida parece tão pequena e ao mesmo tempo tão grandiosa diante desses episódios. Eu me vejo, mais uma vez, em teus olhos amendoados e, em uma pequena prece, eu agradeço ao destino. Agradeço pelos teus pés andarem sempre em direção aos meus, por tuas mãos sempre afagarem os meus cabelos como uma promessa de sempre estar, pelos teus lábios que sempre me cantam - beijando a face - uma canção bonita de se viver.

São raros os amores que nascem com destino certo. Mais raros, ainda, são aqueles que em vida o experimentam em sua integralidade. Meu coração é pousada que te acolhe, é sua residência fixa e precisa. Aqui te recebo e espero. As chaves, ah! Não há o que se falar de chaves quando se tem a chave-mestra.

Imagem: Théo Gosselin.

quarta-feira, novembro 18, 2015

O tempo (não) cura tudo




Por muito tempo eu acreditei na premissa de que o tempo curava tudo. Hoje, depois de tanto tempo, eu reconheço que ele apenas adormece aquilo que antigamente era latente. Nós deixamos de ser um do outro há mais de 3 primaveras e ainda assim, decorridas tantas estações, me sinto presa a ti. Eu queria aprender a pontuar a minha história, abolir as reticências desse livro inacabado que resolvi escrever, dar vida a outro personagem principal, mas sinto que ainda há algo que nos liga. 


Talvez seja a minha incapacidade de aceitar finais tristes, de querer entender o destino e suas surpresas. O tempo deveria curar. É o que me dizem, é também o que desejo, mas tenho perdido as esperanças e caminhado cada vez mais lentamente. Os dias parecem, também, acompanhar os meus passos. Andam tão velozes quanto as tartarugas que vimos outra vez no jardim zoológico. É, tudo o que me cerca, que me rodeia, me leva de certa forma até você. Até os transeuntes que andam apressadamente na rodoviária às 19h, após um dia cansativo de trabalho.

O tempo deveria curar - eu repito a mim mesma. E sei que cedo ou tarde ele tratará de cuidar dessas cicatrizes que ganhei de bônus com a tua passagem pela minha vida. Sei que as marcas que deixamos na alma dos outros são indeléveis. E, embora o tempo cuide, medique, ele jamais trará de volta à integridade completa aquilo que um dia fora machucado. A carne é rasgada, cortes não saram por completo, a vida não se regenera em sua totalidade.


Eu sei que o tempo deveria curar tudo. Mas sei, ainda, que vez ou outra ele me levará novamente até aquele quarto, me sentará naquela cama mais uma vez, e me fará implorar que você me deixe ficar. Ele me levará a experimentar de novo o penoso sabor dos teus lábios e me lembrará, tristemente, que a partida nem sempre é uma opção. A minha, por exemplo, fora uma imposição.

¹ imagem: Théo Gosselin.

quarta-feira, outubro 28, 2015

Querido, ex.




O tempo frio me faz ficar mais reflexiva e, por mais que eu tente lutar contra meus pensamentos, esses dias ando pensando demais na nossa (ex) relação. Quando nós estamos dentro da vida do outro, quando nós estamos imersos nos sentimentos que nos une, não conseguimos enxergar a dimensão de nossa dependência e o quanto isso – esse amor desmedido – pode ser prejudicial. Há ditados e ditados que sempre nos aconselham, nos advertem, que o excesso é responsável pela falta de equilíbrio das coisas. Não me atenho a correlacionar apenas ao nosso relacionamento, mas também a tudo que fica em nós após a partida do outro: aquela falsa felicidade que me vem ao coração todas as vezes que eu me lembro da tua voz, minha compreensão quase inocente dos seus porquês – leia-se mentiras –, e a minha falta de piedade por mim mesma.

Tenho pensado bastante – não por ainda te amar – mas somente por não compreender o motivo de tê-lo amado. Tenho buscado, ainda, entre as minhas recordações, dias felizes ao seu lado e só me deparo com situações, com os meus pensamentos a respeito de ti à época, a idealização que desenhei sobre você em minha mente.
A verdade é que eu amei uma projeção, amei aquilo que os meus pensamentos fantasiavam. Na realidade eu amava, afinal de contas, a mim mesma em você. E não propriamente você. Compreende?

Hoje, diante de todas as conversas que tive comigo mesma, após analisar a passagem da sua vida pela minha como tudo, eu percebo que sou bem sortuda por ela ter sido passageira, por não ter causado danos maiores, por ter sido apenas uma breve estadia. A gente não entende as perdas no momento que passamos por elas e a nossa primeira reação é tentar consertar o que está quebrado, segurar com as mãos aquilo que pode vir a se perder, tentar convencer ao outro que éramos para ser. E, sabe, querido ex, fico feliz por não tê-lo convencido a ficar, a permanecer ao meu lado. Porque amor não se pede, não implora em circunstância alguma, não se suplica. Amor não é esmola.

Fico feliz, mais ainda, por ter compreendido que a culpa nem de longe foi minha, que a principal razão foi a incapacidade que você tem de realmente amar alguém, a sua inaptidão em ser fiel aos sentimentos dos outros, a sua falta de empatia para com os outros e dentre outras razões que não valem a pena se enumerar. E hoje parei em frente a uma recordação palpável sua, um presente que recebi seu, e me permiti deixá-lo de lado. Não mais usá-lo em nenhuma situação. Não preciso de mais nada que me lembre de ti, a bagagem de lembranças já me pesam o suficiente, me maltratam o bastante. E machucam não porque te amo, mas sim porque eu te amei.

Crédito da imagem: Theó Gosselin.

segunda-feira, outubro 26, 2015

Um dia passará.


Tem horas que a menina de coração doce, que sofreu uma grande decepção, mas continua acreditando no poder do amor, se pega pensando se esse sentimento que a invade por inteiro vai cessar. Ela já sofreu por tanto tempo, que não vê a hora de se libertar de todo o mal que ficou. Tem horas que é inevitável, ela se vê pensativa, lembrando de como os seus sorrisos saltavam os olhos e o seu coração estava cheio de felicidade. Ela fica imaginando se um dia vai se libertar de tantas coisas boas que viveu e que agora fazem tanta falta em seus dias. 

Desapegar do que a fazia feliz e agora está fazendo mal, não é tarefa tão simples assim. Ela confessa que quer, tenta, briga consigo mesma, mas lhe vem aquela lembrança bonita na cabeça e todo seu esforço vai por água abaixo. Ela chora, esperneia, faz drama, mas o vazio continua invadindo seu peito. Aquela alegria contagiante ainda está impregnada em sua pele. 

Ela não sabe por mais quanto tempo se sentirá assim, às vezes chorar limpa a alma e renova as suas forças. Ela não deixou de sorrir, de viver, de se amar. Mas tudo se tornou mais sem graça depois da decepção. Parece que falta algo dentro dela. Não que esteja incompleta, mas ela só queria alguém que a transbordasse.

Entre risos, tristezas e desilusões, ela vai seguindo o seu caminho, sem perder a esperança e por mais impossível de acreditar, ela sempre carrega consigo a fé que a move, que a faz levantar todos os dias e lutar pelor seus sonhos. Por mais difícil que seja, ela tem em seu coração que esse sentimentalismo vai passar, essa dor vai curar, e no lugar da cicatriz, nascerá uma nova flor pra ela regar com bons sentimentos. E tudo se fará novo e ela estará em paz com a sua alma. 

Um dia, tudo fará sentido novamente, e talvez ela entenda o que aconteceu, talvez não. O importante é que ela vai estar livre de algo que não se faz mais presente. E o que realmente importa nessa vida, é a presença, as atitudes, a reciprocidade, o querer mútuo e o que nos faz bem. O resto, deixa o vento levar embora pra bem longe. E lembre-se: tudo que for pra ser verdadeiramente seu, tem uma força que você nem imagina.

crédito da imagem: gryan.

quarta-feira, outubro 21, 2015

Quando eu deixar de te amar.



Quando eu deixar de te amar (...)

Você se tornará apenas uma breve lembrança, poeira no meu filtro de memória, deixará de fazer parte do meu cotidiano e não mais residirá em meus pensamentos. Deixará de me acompanhar em minhas madrugadas insones, quando eu estiver lutando com o meu fervilhar de devaneios, na intenção de pôr em dia aquela minha série preferida, enquanto eu estiver com olhos fixos no pote de azeitonas lacrado em nossa antiga geladeira.

Você deixará de existir na minha rotina cansada, na vontade que tenho em dividir as minhas conquistas na hora do almoço, no desejo de te contar sobre aquela fechada que levei hoje cedo no trânsito pesado, no anseio de te abraçar com as pernas enquanto assistimos animes nos finais de semana, nos poemas que insisto em escrever endeusando, embonitando, a nossa relação que há tanto tempo terminou. Tudo isso deixará de existir.

Nós acreditamos, assim que nos vemos pela primeira vez dentro do olho do outro, que o amor será tão certo, eterno e preciso quanto os cartazes de Hollywood. A gente acredita que o formigamento dentro de nós é um presságio de que nós encontramos o verdadeiro amor, que o andar de mãos será até que a morte nos separe. Então, vem a vida e dá uma rasteira em nós. O amor é um bandão, um escorregão, é um taca¹ de fio de telefone. São todas as dores que nos atingem, e todo o vento que assopra a ferida depois.

Quando eu deixar de te amar, você deixará de ser pauta nas conversas entre amigos. As suas redes sociais, se dependerem da minha visita, criarão ácaro, mofo e teias de aranha. Você deixará de ser pra mim, assim como eu deixei de ser para você. Porque eu sempre repito, meu amor: "nem todo amor é eterno, tudo finda, a vida passa e o sentimento se esvai". Tudo isso quando eu deixar de te amar. Então, a vida voltará ao seu percurso natural, meus braços já não mais sentirão saudades dos seus, eles estarão envolvidos - quem sabe - por outros. Meu coração baterá em uníssono e dessa vez, meu amor, não será mais com o seu.


¹ taca: surra, porrada.
imagem retirada:Bickstock.

sábado, outubro 10, 2015

Enfrente a decepção e siga em frente



Ela pensa: "nossa, como éramos felizes juntos". Claro que brigávamos como qualquer casal, mas tinha tanto amor, que fazer as pazes era tão normal para nós. Éramos tão cúmplices, tão amigos, tão apaixonados um pelo outro. Sempre estávamos juntos, tudo fazia sentido, tanto assunto, tanto carinho, tantas coisas vividas, tantas dificuldades que atravessamos de mãos dadas, tanta alegria compartilhada.

Mas de repente, tudo desmoronou, toda aquela reciprocidade se perdeu. Ela se afogava em lágrimas de dor, coração estava apertado e e enquanto ela juntava os cacos, ele se afastava e se acomodava em sua nova vida. E o que mais doía nela, era que ele simplesmente não se importava mais, não fazia mais questão da presença dela, tão pouco sentia falta do amor dela e dos planos que faziam juntos.

Talvez tenha sido uma das maiores decepções que ela já teve nessa vida. Como poderia conviver com alguém por tanto tempo, e o mesmo mudar tanto? De onde vinha aquela frieza toda? Ela não entendia o que tinha acontecido com todo aquele amor. Mas ela é uma menina doce e uma mulher muito guerreira, e decidiu seguir em frente, enfrentando seus medos, seu sofrimento e todos os seus questionamentos.

Ela preferiu se recompor, se refazer e recomeçar, do que ficar remoendo o que não deu certo. Talvez não valesse a pena mesmo. Talvez ele não seria bom o suficiente para fazê-la feliz. Porque essa moça tem um coração tão bonito e uma alma tão florida, que sem dúvidas, ela merece alguém que a transborde, que a respeite, alguém que não desista quando vier as lutas, que a trate como a princesa que ela é.

Ela sabia que não seria fácil esquecer todos os bons momentos, a saudade ia bater, o peito ia sufocar, a mente ia viajar, mas ela é forte e sabia também que iria superar tudo isso.Ela enfeitou seu coração do que faz bem, traz leveza e calma pra alma. Transformou os espinhos em força para flo(rir), coloriu novos sonhos e foi ser feliz, se amando, se valorizando e se colocando em primeiro lugar.

Porque essa moça, meu amigo, não é pra qualquer bico. Tem que ser muito homem para conquistá-la todos os dias e fazer por merecer todo o seu amor.

sexta-feira, outubro 09, 2015

Amores ed eternum

O amor acaba, meu bem. Ele se dissipa igual aquela fumaça que a esquadrilha da fumaça deixa nos céus no dia da independência. Ele vai embora sem aviso prévio e sem data marcada, de supetão, ele arruma as malas e sai destrambelhado porta a fora. O amor tem dessas coisas, sabe? De querer permanecer apenas onde é bem-vindo, de desejar ser aquecido nas noites de inverno, de refrescar-se com um banho de mangueira nas tardes ensolaradas de setembro. O amor só fica onde é bem quisto, onde é visto, onde é venerado.

Tenho dito - tantas vezes - que a ampulheta corre depressa demais, que ela (pré)anuncia o findar dos meus sentimentos. O desaparecer das emoções que me invadem diante de ti. A morte das borboletas que sempre, tão animadas, faziam festa dentro de mim. Os carnavais cessarão e a bateria do meu coração já não mais tocará teu samba preferido. Tenho avisado, constantemente, que sentimentos se vão como um dente-de-leão soprado ao vento. Voam rapidamente, perdem-se no ar, caem ao chão e morrem. Sucumbem.

O amor se vai, meu amor. E tenho indicado através dos meus trejeitos, do tom da voz ao lhe falar, do modo como volto sempre no mesmo assunto desejando que a sua retratação seja o suficiente para consertar nossas vidas. Não é. Disse há dias que alguns abraços que me envolveram hoje não me apetecem mais, que bocas que me beijaram já não seduzem mais, então, por que insistes em achar que tudo é eterno? Tudo finda. A vida acaba. 

Ciclos são fechados, histórias começam e outras se encerram, pessoas vêm e vão de nossas vidas, esbarramos com possíveis amores todos os dias nas esquinas da vida, na padaria logo de manhã, na roleta do ônibus após um dia estressante de aula, no banco da praça, tantas situações apontam que a vida se pontua por si só, que pontos finais arrematam nossas histórias mesmo que não queiramos. É, meu bem, em breve você será mais um. Uma névoa a se dissipar na imensidão dos meus pensamentos. Anote ao lado do meu nome em sua agenda de celular: "não existem amores ad eternum". Não para mim.

quinta-feira, outubro 08, 2015

O amor é livre. Eu também estou



Quero te contar que eu não insisto mais e que me livrei dos fantasmas que me atordoavam. A vida tem me dado tantas rasteiras que só agora percebi o quanto fui cego e me deixei levar. Talvez a insegurança me fizesse pensar que não conseguiria ser de mais ninguém, que só você me faria feliz. Quanta inocência, não?

Os amigos me alertaram, a vida me induzia a seguir um outro caminho, mas não, eu queria ver qual ia ser da gente. Eu tão cabeça dura, me deixei levar até onde podia. Talvez insistir era o que eu precisava naquele momento. Eu tão dono de mim, tão cheio de achismos. Acabei quebrando a cara mais uma, duas, dez vezes. Fiz das tripas coração. Empurrei com a barriga nossa história, tracei novas formas, estudei nosso caso para tentar reverter e te arrancar aquele sorriso que eu tanto gostava.

Eu quis te ver de novo. Quis reacender aquela chama de quando nos encontramos pela primeira vez e, tive a certeza de que com você seria diferente. A gente tem disso, de achar, de acreditar que ''agora vai'." Balela! Se não for recíproco, meu amigo, a coisa não anda. Impaca, causa dores e depois pra curar é um caos.

Parei de atualizar as redes sociais. Parei de olhar de minuto em minuto a última hora que você visualizou o whatsapp ou postou aquela foto no instagram com uma frase motivacional, tentando convencer todo mundo de que superou. Conta outra. Eu te conheço muito bem, e sei mais do que ninguém que, tá doendo aí também. Você não é isso tudo que demonstra ser.

Se desfazer das lembranças, trocar os móveis de lugar, tirar todas as nossas fotos espalhadas pela casa e mudar o status nas redes sociais, aparentemente, te fez acreditar que tudo estava caminhando muitíssimo bem. Fisicamente você poderia até estar bem, mas só você sabia o quando a saudade fazia morada, e o quanto foi ruim acostumar com alguém que se preocupava diariamente contigo e do nada, sumiu do mapa sem deixar rastros.

Eu queria te contar que no inicio não foi fácil. Que tive a sensação de ter perdido o chão e que a vida não me permitiria conhecer alguém tão especial quanto você. Eu queria te contar das mensagens que escrevi no meio da madrugada e não enviei por falta de coragem.  Eu sei que isso não faz mais sentido agora, mas eu precisava agradecer por ter me feito enxergar quem foi você de verdade. Digo foi, pois você morreu dentro de mim, não faz mais parte dos meus contextos e deixou de ser a pessoa que eu mais me orgulhava de ter conhecido.

Estar do seu lado nunca fez diferença. Ser todo seu, e só teu, também não. Ter te mimado, ter te dado o meu melhor e o que você precisava pra sobreviver sobre o mundo que te cercava, não fez sentido. Embora a vida tenha nos dado outro destino, ter nos feito escrever uma nova história, a verdade é que a gente se complementava para substituir vazios. Pra suprir a carência e a vontade de ter alguém do lado pra chamar de ''meu bem''. A gente não se doou por inteiro, éramos apenas metade. Concluí que, em meio a tanto amor e desentendimentos. Tantos planos e juras, chegamos a tal ponto de amar tanto um ao outro, e depois de um tempo nos tratarmos feito estranhos. Estranho, não?

- Rogério Oliveira (Conhecer a pagina só clicar AQUI)


quarta-feira, outubro 07, 2015

Plutão deixou de ser planeta, meu amor


O céu estava bem claro, o sol latente sobre a cabeça dos transeuntes e eu divagava em milhares de sensações presentes em mim. O ônibus deslizava rapidamente pela rodovia, e eu lia – como de costume – um livro de meu autor preferido que me faz pensar em você. Sim! Talvez por ele ser tão inconstante, medroso e por falar de amor apenas em letras, assim como eu o faço.

E então eu avistei ao longe uma fileira indiana de eucaliptos, e me dei conta de que eu penso em você todas as vezes que eu os olho. Não! Você não parece um eucalipto – me escute. É que quando eu era criança achava-os tão majestosos, imponentes e costumava deitar sob a sua sombra, achava uma delícia, amava aquela sensação. A mesma que sinto quando eu penso em você, sabe?

Então, eu fiquei imaginando o que você pensa quando os vê também. Sim! Isso! No caminho de sua casa. Você já observou que fazemos a mesma trajetória em direção a nossas casas? Exceto por você ir para outra direção, entrar em outra curva, assim como acontece com a gente. Infelizmente sempre caminhamos em direções opostas. Queria saber se será sempre assim, se não mudará. Você poderia me responder?

Olhe pra mim, por favor. Seus pés são mais interessantes do que o meu rosto? Tudo bem. Não precisa olhar para mim - Pare. Não enxugue as minhas lágrimas, eu gosto dela. Do sabor delas. Elas me dizem que você é real em mim. Então não as tire de mim, por favor.
Sabe, essas coisas que tento te dizer não se dizem costumeiramente. E eu reconheço que vivo falando por metáforas, mas você não me ajuda também. Essas analogias que eu crio para te levar a entender o que se passa dentro de mim é chato. Eu sei. Mas me cale a próxima vez que eu tentar falar dessa forma. Não sei. Encoste-me na parede. Tome uma providência. Tire-me do chão e me ponha no céu, ou devolve-me ao chão e me tire o céu. Não, não faça isso. Ou faça.

Tudo bem então. Esqueça tudo o que eu disse. Que tal falarmos de música, literatura – tudo bem sei que não gosta dos meus livros, mas podemos falar sobre O Grande Sertão Veredas, o único livro que você leu - forçadamente, mas leu. Okay, eu confesso que também não li uma vírgula sequer e pesquise resenhas na internet para fazer minhas atividades escolares. Você poderia fazer uma resenha para mim? Que loucura e despropósito te sugerir isso. Sabia que Plutão deixou de ser planeta? É, verdade. Já tem alguns anos.

Só me fale alguma besteira - das mais loucas às estapafúrdias - para romper esse silêncio em nós.

terça-feira, outubro 06, 2015

é errado querer


Não sei como lidar com esse sentimento dúbio que pulsa dentro de mim. Outro dia eu contei — para todo mundo que se propôs a ouvir — que eu não mais falaria teu nome e que você era uma página virada na minha vida, mas confesso que tem uma chama de esperança acesa. Ela é mínima e quase opaca, mas é. Quase todos os dias, consigo diminuir o brilho dela, até quase fazê-la se apagar. Mas então, quando ela quase se apaga, você reaparece falando aquelas coisas que gosto de ouvir. E a chama reacende — mais forte do que nunca.

É errado, eu sei. Digo para mim mesma todos os dias, embora me faça bem. Consigo mensurar o tamanho do tombo, embora me faça bem. Consigo dimensionar a imensidão do arrependimento. Mas me faz bem, entende? De fato, não sei como lidar com esse sentimento dúbio. Não sei como driblar as minhas vontades erradas. Se é que são erradas. 

Talvez o erro tenha sido deixar você entrar na minha vida. As coisas estavam bem e alinhadas antes de você chegar. Ok, estavam pacatas, chatas e mornas, mas ninguém precisa saber disso, precisa? Você não precisa saber disso, e é fato que nunca te contei abertamente o quão me faz bem conversar contigo e como eu adoro quando você prolonga nossas horas.

O sentimento é dúbio. Uma mistura entre paixão e amizade. Eu não entendo esse meu querer bem e não consigo mensurar o quão bem eu te quero. Mas eu te quero. De um jeito torto e errado, mas quero. E não queria querer.

Não sei como lidar com esse sentimento dúbio que pulsa dentro de mim.

segunda-feira, outubro 05, 2015

Segunda Love Song's


Hoje entra no ar uma nova seção no blog: Segunda Love Song's. Eu tive a oportunidade de ter uma infância embalada por canções belíssimas, então sempre que ouço alguma canção dos Beatles, Spandau Ballet entre outros, eu sou teletransportada para a minha meninice. Ontem estava tocando algumas canções e voltei à época em que minhas maiores preocupações eram as notas de matemática, brincar de boneca debaixo da mangueira ou assistir TV Colosso e Disney Cruj.

Este post é uma breve apresentação do que virá pela frente. A ideia é escrever um conto - porque esse é meu forte - baseado em alguma canção antiga. A canção de hoje será Every Breath You Take  (1983) do The Police.





CADA SUSPIRO

Lençóis encobriam-lhe metade das pernas deixando o restante a mostra. Ela tem o dom de me apaixonar nos mínimos detalhes, ela me pega o coração na mãos com a facilidade que se toca em um objeto inanimado qualquer e me transporta ao céu ao me fazer pequenas juras de amor ao ouvido. Enquanto a observo dormir ouço a sua respiração mansa, cantando mil notas de paixões muitas. Ela é, sem dúvida, a maior canção que os meus ouvidos já ouviram na vida.

Cada suspiro que ela der - eu repito solenemente - será como um mantra a me teletransportar ao Tibet ou a algum lugar sagrado. Os meus olhos não se cansam de admirar não somente a beleza, mas toda a inocência que se esconde por trás desse ressonar macio dela. E eu me derreto. Como há muito não fazia, como há tempos eu não conhecia, desconheço-me e reconheço-me em seu corpo que me mantém, detém e retém.

Cada passo que ela der - eu também confesso - será como uma mapa a me direcionar aos sonhos que há tanto tempo busquei, admito que ela se faz direção e que hoje a tenho como bússola. Amor, amor e mais amor é o que ela é me aponta. Uma rosa-dos-ventos que me conduz ao céu e que, também, me levaria aos lugares mais recônditos do mundo. Sempre que ela quiser.



domingo, outubro 04, 2015

Coragem

*Pra ouvir ao som de Ela Manô - Coragem

Quis gritar. Arrumar as malas. Bater a porta e ir. Pra onde, não sei.

Enquanto despejo minha angústia nestas palavras mal organizadas, Manô me canta aos ouvidos:

"Amor não é assim, arrumar as malas e ir embora.
Amor não foi assim, o que combinamos eu já nem sei..."

Não. Não combinamos nada disso. Não combinamos nossas brigas por nada. Não combinamos esse desencontro de ideias, de opiniões. Não combinamos silêncio. Não combinamos a falta de tato. Não combinamos distância. Não combinamos as malas feitas. Não combinamos esse adeus.

A cena é típica de um romance de baixo orçamento. A cerveja esquentando em minhas mãos. O cigarro esquentando-me a garganta, obstruída por todas as palavras que eu não disse. Engoli, sem direito de resposta. Inflamou. A porta tão fechada quanto teus ouvidos para meus questionamentos. Os cabelos tão bagunçados quanto meu peito, depois de tanto guardar. A roupa tão usada quanto as tuas desculpas.

Minhas mãos suam. Contrariam, como sempre, o vento gelado que passa pela janela entreaberta. Quis ser folha, passear por aí com o vento. Quis ser menos. Tudo menos essa na qual me transformei. Quis não me importar. Quis ser qualquer coisa que se assemelhasse à garota segura, independente, disposta e compreensiva por quem você se apaixonou. Quis ser eu novamente, mas não fui. Não deu. Não dessa vez.

Gritei. Arrumei as malas. Bati a porta e fui. Pra onde, não sei.

quinta-feira, outubro 01, 2015

Quase uma Dona Flor. Quase.


Sentou-se na varanda observando a chuva que caia incessantemente. Ela não era bonita, puro agouro. Estava lá com um cinzeiro abarrotado de tocos de cigarros, alguns maços em cima da mesinha e um litro de uísque 12 anos, que vinha bebendo do gargalho - não era necessário um copo. Sua boca era amarga, não pela bebida, muito menos pela nicotina, era a amargura que vinha de dentro. Estava sentado há horas, não se lembrava se havia acordado ali, ou se apenas havia sentado ao amanhecer. Tudo lhe era incerto. Suspirava enraivecido o nome de Úrsula.

Ela havia deixado, como de costume, a sua cama na madrugada. Marco, havia se cansado disso. Sentia-se usado, declamava-lhe poemas, mostrava-lhe os textos que dedicara e fizera sobre os dois. Ela, por sua vez, deliciava-se com o seu jeito doce de ser. Talvez, o amasse, mas não sabia até onde, quando. Não sabia se gostava apenas de suas palavras, ou se realmente o amava. Ele não era como Júlio, o comerciário com quem se encontrava às escondidas todas as tardes dentro do estoque de calçados, ele sim sabia fazer uma mulher feliz. Pensava ela. Não conseguia imaginar a ideia de viver com Marco, ele lhe propusera casamento, ela não queria compromisso. Queria ouvir Camões em seu ouvido, enquanto se amavam, mas queria ouvir palavrões enquanto se perdiam na seção de sandálias femininas com Julio. Sentia-se completa com os dois. Embora ambos não soubessem a existência do outro.

Úrsula amava os músculos de Júlio, ele ficava bem sem camisa, não era inteligente. Certo, possuía lá a sua serventia, mas não era tão dotado quanto Marco. Ele tentava ser romântico, sendo um fiasco diversas vezes, e ela não gostava dessas investidas. Pensava: - Tenho, Marco, para me amar com palavras. E assim, Marco fazia – amava-lhe com palavras, com docilidade, toques amenos e cuidados, enquanto Júlio lhe desejava e possuía como um cachorro enraivecido. E ela gostava de ambos.

Marco que estava sentado em sua varanda, embriagando-se viu Helena, correndo da chuva. Estava ensopada e tentava-se abrigar debaixo de uma mangueira. Levantou-se então, e com um guarda-chuva trouxe-a até sua varanda e lhe ofereceu uma toalha para secar-se, os olhos azuis de Helena transbordavam, não por causa da chuva, mas por ter terminado com seu namorado que a esbofeteou, ela chorava rios. E ele lhe enxugou as lágrimas, lendo um de seus poemas. Ali, Helena e Marco apaixonaram-se, em meio a lágrimas e um doce soneto que Marco declamou. Úrsula – Pensou ele, tinha vaga memória deste nome.

A loja que Júlio trabalhava estava em liquidação, a movimentação era tremenda e a gerente da filial de Campos Belos visitou a loja. Ela era morena e tinha traços indígenas, uma beleza descomunal. A sua voz era imponente, mas doce. Ela derrubou, sem querer, as caixas que Júlio arrumava no estoque. E ao ajudá-lo a recolher, seus olhos cruzaram-se e penetraram-se por alguns longos minutos. Júlio, que era burro na visão de Úrsula, lembrou-se um livro escrito por José de Alencar e disse a moça: a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna. Que coincidentemente, chamava-se Iracema. E eles se apaixonaram.

Úrsula procurou Marco, mas ele não atendia. Os seus telefonemas não eram atendidos, ele trocara a fechadura da porta, e suas janelas sempre estavam fechadas. Marco enviou-lhe um poema de Caio F. que lhe dizia: "Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, ERA SEU. " E a ênfase no final da frase, mostrou-lhe que tudo havia acabado. Úrsula chorou e desejou entregar-se a Júlio a fim de esquecer.

Então, Úrsula procurou Júlio, a loja continuava inflamada por causa dos descontos absurdos que a loja resolvera praticar. Vira algumas vendedoras, outros vendedores e encontrou Maria, amiga de Júlio que sempre lhes vigiava a porta na hora do almoço, nos seus encontros amorosos no estoque. Maria lhe dissera que Júlio havia sido transferido para a filial de Campos Belos e que lhe indicou um livro para que lesse: Iracema, de José de Alencar. E Úrsula achando que Júlio nem sabia ler.

Úrsula não sabia o que era choro há tempos, experimentara de tantos outros sentimentos, amor, paixão, felicidade, prazer, mas tristeza lhe era novo. Ela chorava enquanto andava desolada pelas ruas. E ao contrário de Júlio e Marco não encontrou ninguém que lhe enxugasse as lágrimas. Terminou sozinha.

terça-feira, setembro 29, 2015

Traição é traição




"Traição é traição.
Romance é romance".
Os Hawaianos

Poucos são os casos, digo até que raríssimos se houver, de pessoas que passaram por esta vida e não traíram ou foram traídas. Inicio este texto com a seguinte afirmativa: nada justifica uma traição. Poderia até escrever em caixa alta de forma a reafirmar, a expressar veementemente a minha opinião. Acredito que quando duas pessoas resolvem se relacionar é porque têm em mente que dali em diante passarão a pertencer - relativamente - uma a outra. Não digo no sentido literal da palavra, pois todos somos livres e ninguém é objeto de ninguém. Contudo, observo as relações ao meu redor e analiso as que tive e chego a seguinte conclusão: algumas pessoas não nasceram para ser monogâmicas. 

Desse modo entramos em uma outra vertente: a traição é um desvio de conduta? A priori a minha resposta, como pessoa traída, é que sim. Uma pessoa que deseja levar a vida ao estilo Tribalista "eu sou de ninguém, eu sou te todo mundo", deve no mínimo jogar as cartas na mesa para o parceiro e revelar o desejo de viver poliamores¹ e esperar a anuência ou não do seu companheiro, deixar o parceiro livre para decidir se deseja ou não continuar ao lado dele. Entretanto, a vida não funciona dessa forma. Quem gostaria de dividir a pessoa que, supostamente, se ama? Há casos? Sim. Mas deixando de lado as exceções e voltando o olhar somente para a regra: traições são inadmissíveis. 

O relacionamento é uma espécie de contrato firmado entre duas partes onde elas têm direitos e deveres. Soa até meio jurídico tal afirmação, mas é dessa forma que devemos enxergar as relações humanas. As traições são motivadas por diversos fatores que somados tornam-se condições suficientes e necessárias para a quebra de contrato, no entanto preferimos - a maioria das vezes - empurrar o namoro com a barriga porque é muito mais cômodo conviver com uma mentira, do que largar tudo por alto e voltar à estaca zero. 
Agora a pergunta que não quer calar: a traição é perdoável? Essa é uma pergunta bem individual. Há aqueles que se permitem dar uma segunda chance e outros, como eu, que preferem seguir suas vidas sem olhar para trás. Dizer que o relacionamento não está bom, que o sexo já não é como antes, que a rotina está matando o namoro, que os amigos o pressionaram a mostrar a sua "macheza" diante de uma situação não é aceitável. Inúmeras vezes eu me mantive insatisfeita com uma relação, tantas vezes me deparei com pessoas incríveis, esbarrei com homens lindíssimos e interessantes, e nem por isso me dei o direito de enganar uma pessoa.
Eu jamais perdoaria uma traição pelo simples fato de saber que conscientemente a pessoa me traiu. A própria física diz que para toda ação existe uma reação. Sempre acreditei que acima da fidelidade deveríamos ser leais aos nossos cônjuges. Quem é leal sabe honrar a palavra, sabe ser honesto consigo mesmo, não dá margem ao erro, assume com dignidade a fidelidade aos compromissos que aceitou assumir. Ninguém prende ninguém. Relacionamentos assim como os contratos também podem ser quebrados, terminar a relação é a forma mais digna de se respeitar alguém com quem se manteve de início um laço de confiança. E para mim, respondendo ao questionamento, traições são imperdoáveis.
¹ Poliamor (do grego πολύ - poli, que significa muitos ou vários, e do Latim amor, significando amor) é a prática, o desejo, ou a aceitação de ter mais de um relacionamento íntimo simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.

segunda-feira, setembro 28, 2015

Do amor que ficou!



Depois de mais uma noite de insônia Clara apreciava o nascer do sol da sacada do seu apartamento. Essa era uma rotina bem conhecida no último mês, depois que Victor fechou aquela porta tudo virou bagunça na vida dela. E ela repassava constantemente aquele último diálogo em sua cabeça:

- Clara estou indo embora! - disse Victor quando ela entrou no apartamento

- Embora? Como assim? Vai visitar seus pais?

- Não! Estou indo embora para sempre. Estou terminando com você...

Paralisada Clara não sabia o que dizer, nem o que fazer. E Victor continuou:

- Você é uma pessoa ímpar, tudo que vivemos foi muito bom, mas já tem um tempo que sinto que aqui não é meu lugar. Como você bem sabe eu sou do mundo, não consigo me entregar por completo e você precisa de uma pessoa que se entregue, que te cuide e que faça você muito feliz. Não posso ser essa pessoa! Me perdoe

- Eu não entendo, até ontem estávamos fazendo planos. Planejávamos a nossa vida, como um casal comum, achei que você já tinha perdido esse medo de se entregar para o amor.

- Já te expliquei que não é medo, eu só não consigo me prender a uma pessoa e a um lugar. Eu preciso de gente nova, eu preciso de lugares novos, eu nasci para desbravar o mundo.

- Ok! Victor, você sabe que não vou pedir para você ficar, se você vai ser feliz dessa forma só me resta lhe desejar boa sorte! Se cuida!

Sem olhar para Clara, Victor pega sua mochila e vai embora.

Assim que fecha a porta atras de si, Clara cai no choro! Abrindo a bolsa tira um envelope e uma caixa, no papel dentro do envelope um teste de gravidez, com o resultado: POSITIVO e dentro da caixa um macacão escrito: SUPER PAPAI!

- Mesmo que o papai tenha ido embora, ele me deixou o melhor e maior amor, você é fruto de um amor verdadeiro que nem ele sabe que sente! Iremos ser muito felizes meu filho!


quinta-feira, setembro 24, 2015

A gente descobre o amor.



Não nos apaixonamos pela formação acadêmica do outro, pelos diplomas que a mãe dele ostenta na parede da sala, nós nos atraímos é pelo sorriso tímido que ele nos dá ou o olhar faceiro que tem o poder de despir o nosso interior. O amor vem nos ensinar - sem cartilha - que ele é apenas uma consequência da nossa vida, nossos destinos predestinam-se a encontrá-lo desde a nossa concepção. Nós nos apaixonamos pelos olhos do outro que é uma cacimba profunda e misteriosa. Um portal que nos transporta a lugares indefiníveis. 

Eu aprendi - e aprendo diariamente - os significados do amor e a forma que ele modifica as nossas vidas, através dos inúmeros exemplos que observo por aí, quando eu esbarro por aí com casais visivelmente apaixonados, aqueles que não precisam de status no facebook, porque eles vivem o amor em sua literalidade, de forma real e palpável. Eu aprendo cada dia sobre o amor quando ele me vem visitar, todas as manhãs antes de irmos trabalhar e algumas noites após um dia cansativo de trabalho. 

A gente descobre o amor é no dia-a-dia, na rotina cansada, nas horas em que desejamos fugir do mundo, se esconder e o lugar mais calmo que e seguro que encontramos ainda é os braços de quem amamos. Tenho descoberto o amor em suas inúmeras faces e todas elas tem uma característica tua. Tua pele, teu sorriso e teu olhar.

terça-feira, setembro 22, 2015

Vamos ter um bebê.



Eu presenciei várias mulheres descobrirem que seriam mães, moça. Algumas sonhavam ardentemente com isso e outras não imaginavam, não esperavam, e hoje são mães incríveis. Não tenha medo de abraçar seu destino, de acolher em teus braços essa dádiva que virá. Aproveite cada chegada de mês, sinta cada batidinha do coração, deixe o amor pulsar dentro de ti. É uma transição mágica o de ser filha e, de repente, se ver no corpo de uma mãe. Aos poucos a gente vê a menina que brincava no balanço de sua casa ceder espaço a uma nova criança.

Os seus jeans não mais caberão, moça. Mas não se apoquente, porque você descobrirá uma nova forma de enxergar as suas medidas. A vida se expandirá. Tudo se agigantará. E não me refiro somente ao corpo, digo isso quanto aos sentimentos que crescerão, que os espaços (todos eles) se transformarão para receber aquele que personificará a palavra amor. A gente acha, sempre acha, que sentimentos são intangíveis - em sua literalidade realmente são - mas vemos ao tocar na pele, aninhar no colo, que a física sempre estivera errada. Sentimentos podem ser tocados. Amados. Vividos.

É, moça. Seus jeans passarão a não caber mais. Eu repito. Mas não somente eles que não caberão. Faltará espaço para tanto sentimento e você se sentirá transbordando. A vida é realmente fantástica. A gente de repente ama na velocidade da luz. Ama eternamente alguém que ainda não conhecemos, mas  que sabemos que trará consigo alguns traços nossos. Que levará por onde for os nossos olhos, ou quem sabe os nossos lábios, ou quem sabe. Quem sabe, né? 

A vida se faz dentro de você, ocupa os espaços que antes eram vazios e não se trata de uma metáfora. Olhe-se diante do espelho e saiba que hoje o amor tem uma maneira nova de te despertar todas as manhãs, os chutes em sua barriga é apenas uma forma nova de se ouvir 'eu te amo'. E ame.

E ame como se fosse a (única) primeira vez.
E será.

quarta-feira, setembro 09, 2015

HORTÊNSIAS.


Lilás era a nova cor do pecado porque eu mergulhava nos olhos dela todas as noites. E sim, não eram azuis, eram lilases. Bionda tinha os cabelos loiros, quase brancos como uma folha de papel e os lábios em formato de coração com pigmentação vermelho escarlate. Suponho que descrevê-la é impossível, porque não há como mensurar tamanha beleza, talvez ela seja uma deusa, dessas que dizem serem existentes em mitologia grega ou talvez seja um anjo tão doce e perfeito são suas feições. Contudo, não me atrevo a descrever minuciosamente os seus traços, porque pecaria com a minha visão grosseira e nada poética. Mas, digo-te, Bionda tem o cheiro mais doce e convidativo que meu olfato já experimentou sentir.

Eu estava distraído não esperando absolutamente nada quando ela me veio. O céu pintava-se de pontinhos brilhantes que facilmente podiam ser ligados, tornando-se animais, objetos ou simplesmente palavras. Céu de estrelas muitas e luar minguante. A lua não era cheia, igual aquelas que poetas costumam descrever em seus poemas, era imperfeita. E por trazer a imperfeição aos meus olhos foi bem quista. Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia então me alegrei por tê-la conhecido em uma noite minguante. E lá estava eu andando de bicicleta naquela cidade provinciana, que me acostumara a gostar. Andando de um lado para outro quando eis que ela me surge do nada. Tão rapidamente que não houve tempo de desviar. Acidente. Alguns arranhões, pouco sangue e um sorriso ao invés de choro, de palavrões. Ela deixou-me mergulhar pela primeira vez em seu doce olhar. Entreguei-me.

Ela falava sobre astronomia, dizia que desejava viajar a via-láctea e que conseguia enxergar estrelas em meus olhos. Soou-me poético. E ela disse realmente que era poesia, que eu era todo. E eu a beijei. E os olhos dela permaneciam abertos enquanto me beijava e os meus encontravam hortênsias ali. Ela dizia que olhava meus cabelos desgrenhados e que desejava saber se eu gostava de seus beijos. Não era falsidade. E ela me beijava sempre assim e eu adorava. Porque ela me lia com os olhos lilases dela, parecia ler com seus olhos abertos o que eu desejaria que ela me fizesse. E sabe, que todos os dias quando encontro aqueles olhos de hortênsias desejo piedosamente que continuem sempre abertos.

quarta-feira, setembro 02, 2015

Traduzo a saudade em forma de você.


Traduzo a saudade em forma de imagem e eis que me surge você. E, de repente, me vejo dentro dos seus olhos, embriagada com o teu gosto, abarcada em tuas mãos e pernas. A saudade tem um sorriso sapeca, daquelas crianças levadas que quebram o vaso de flores da mãe e esconde os cacos debaixo da cama, tem os lábios que se tornam porto - aqueles que os navios ancoram após dias de viagem - ao receber os meus cansados.

A saudade tem endereço fixo, mas não me refiro a casa de alvenaria, com telhado e diversos cômodos. Seu domicílio é feito de gozo, de pulsação, de sangue e algumas teias. É feita de nó que me amarra e que me faz uma refém declarada (sem precisar carregar ou trancar a cela com chaves e ferrolhos).

A minha saudade tem o coração sofrido pelas decepções da vida, mas tem o sorriso mais largo que muita gente eufórica. Ela tem a barba espessa que me faz cócegas quando insisto em me desenhar nervosa, enquanto meus lábios se afinam em um traço de aborrecimento. Tem o olhar cálido ao pousar seus olhos sobre o meu rosto que envergonhado desvia.

Ela tem a compaixão de alguém que ajuda um refugiado de uma guerra, tem a calma de uma mãe que ensina seu filho andar de bicicleta, tem a paciência que muitos invejariam - talvez até Jó - ao abraçar as minhas dificuldades, dúvidas e traumas, tem a paixão que somente um atleta teria ao mover céus e terras em busca de seu troféu, tem as marcas da vida tatuada em braile sobre a pele.

Essa saudade tem endereço fixo - eu repito - e ela sabe bem onde é.


Segundo post do grupo Escritores na Era do Compartilhamento. Leia também: Tati ArgentaLeca LichacovskiSâmela FariaJô LimaJoany TalonNathalia Moraes;  Ju Rodrigues TamyheTaciana Gaideski; Fernanda Probst; Cristina SouzaValter JuniorTayane S.; Layna Dias

segunda-feira, agosto 31, 2015

O amor é coisa de.



O amor é coisa de cinema mudo e a gente percebe isso quando emudece na frente do outro. Quando as palavras não conseguem descrever o que pulula aqui dentro do peito, o que bate e faz barulho feito bateria de escola de samba. É quando as noites se tornam insones não por problemas a serem resolvidos, mas pelo simples fato de te olhar ressonar manso e suave sobre o meu travesseiro. Ou encontrar uma razão para estender os minutos, mesmo que em uma segunda-feira perto de ir trabalhar, só para deixar que a tua barba percorra os meus caminhos mais secretos.

O amor é coisa de mágico e a gente sabe isso quando de repente ele surge, como um coelho que é retirado da cartola e intriga todo mundo a sua volta. A gente vê surgindo, os olhos não acreditam, e ainda assim a gente fica feliz e sorri. É quando a vida vira aquarela e se pinta de diversas cores, quando o vermelho e a paixão ocupam o mesmo espaço, quando o azul se funde aos nossos sonhos de verão com céu límpido. 

O amor é coisa de colecionador e a gente sabe disso quando se vê colecionando o sorriso do outro, quando percebe que quem amamos tem um sorriso para cada situação, que ele desenha um coração nos lábios quando a saudade esteve presente por dias, que tece um sorriso em forma de constelação quando se vê caindo de paixão feito estrela cadente, que rascunha um riso de maria mole - bem docinho - quando se quer amolecer também o coração do outro.

O amor é coisa de gente corajosa e a gente sabe disso quando mergulhamos sem medo, mesmo sem saber nadar, sem enxergar a profundidade, sem conseguir tocar os pés no fundo. Quando a gente se vê dentro de uma teia sem ter vontade de sair, quando se conta o calendário não mais pelos dias normais, mas pelos dias em que nós estaremos, seremos, viveremos, para o outro. 

O amor é coisa de diabético e a gente não se incomoda mesmo sabendo que pode ser prejudicial, pode ser perigoso e, ou, quem sabe, mortal. A gente prova a boca, o beijo, o corpo, o pelo, o todo e quer mais e mais. Mesmo tendo açúcar em demasia, mesmo havendo outras bocas tão doces, tantos outros a se amar e conhecer, a única que nos apetecerá ainda será. Sim.

O amor é coisa de cinema - eu repito - e a gente sabe porque eu emudeço, você emudece, nós emudeceremos, na frente do outro quando ele sorrir.