sexta-feira, julho 23, 2010

Tudo isso é combustível, beibe.

Tudo isso é combustível, beibe.

O vento gritava ensurdecedor, castigando ferozmente as àrvores que se debatiam irrequietas. O barulho não incomodava, não naquele momento. Não se buscava dormir, de fato. Queria-se apenas pensar, sonhar deixara de ser essencial. Havia decidido que devaneios não permeariam seus pensamentos novamente. Mas pensar nele, naquele momento, era aceitável. Estivera perto, sentindo seu calor, apesar de indireto. E quisera permanecer com seu sorriso e até mesmo a sua voz que estivera há pouco falando "abóboras" ao seu ouvido. Queria apenas tê-lo, ali, assim, de qualquer maneira.

E talvez, meio grogue pelo sono que se aproximara, vira a luz que piscava incessantemente. Seu celular que, incrivelmente, anunciava que ele ligara. Respirou fundo. Atendeu. E sim, do outro lado da linha a voz que conseguia, sempre, aquecer seu coração, derreter qualquer bloco de gelo que houvesse dentro dela. A voz que conseguia despertar sentimentos inimagináveis. Forte, macia, calma e musical aos ouvidos. Falava doce, ou talvez, pensasse que dessa forma seria. Ou quem sabe. Tudo o que fosse dito por ele teria conotação doce, mesmo que não fosse a intenção. Ele era dela naquele momento. E pôde, por algumas minutos, ser também. De forma completa, sem meias palavras, entrelinhas como sempre fora.

A cada palavra proferida, ela desejava ter e estar. E mesmo sabendo que estas eram ditas sem pensar, talvez por alguma fraqueza e não por merecimento seu. Mesmo certa de que nada aí dentro a pertencia, ela o desejava. Sim. Talvez na mesma intensidade. Com os mesmo desejos e vontades, talvez, em outra ocasião o permitiria. Porque sentia que precisava do seu toque, dos seus lábios, do laço. Tinha vontade, mesmo contida, dele. Escondida. Desejava que aquela noite, os minutos, e quem sabe as horas se arrastassem lentamente. Porque naquele pequeno e único momento, desde sempre, sentia que ele era seu. Apesar de.

Mas a noite acabou e o que ficou apenas fora as palavras na memória que aos poucos vão esvanecendo. Que não tem mais tanta importância. Porque não foram ditas pensadas, não foram pesadas e feriram. E sim, não houve complicações no dia seguinte. Porque simplesmente o dia seguinte não existiu, ou melhor, correu como se nada houvesse acontecido. E assim, permanecerá na cabeça dela que as palavras foram ditas em mais um de seus sonhos.
Porque o desejo, em alguns casos, não se deve alimentá-lo

Sim. Só para não sangrar mais o que ferido está no peito.

5 comentários:

  1. Tudo é nada.
    Isso é que é verdade.
    Texto lindo, que fez a dor ficar quase palpável aqui do outro lado.

    Bjos

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  2. Foi um sonho real e unilateral, apenas. Uma pena, mas a ferida um dia fecha.

    Beijo, Pâm.

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  3. Alguns desejos realmente não devem ser alimentados.
    E são esses os que alimentamos diariamente fazendo o dia seguinte ser só mas um dia que se arrasta.

    Saudade daqui.

    Beijo doce Mel!

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  4. esses minutos de posse total e intemporal...
    beijo!

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