segunda-feira, novembro 28, 2016

Amar é torcer


Quando você ama alguém até o modo de respirar descompassado do outro te aflige. As dores dele passam a ser suas e você procura soluções para todos os problemas que lhe aparecem no caminho. Acontece que, muitas vezes, é necessário afrouxar um pouco o laço, soltar a mão, para que o outro caminhe sozinho. Não se trata de falta de empatia, mas um ato de amor. Uma mãe observa o filho dar os seus primeiros passos e deixa que – em determinados momentos – ele caía. E nem por isso ela deixa de ser mãe ou de amar o seu pequeno. As quedas trazem a nós grandes lições e, é através dela que moldamos o nosso caráter, construímos as nossas vidas.

Deixar que alguém siga seus instintos e tome suas próprias decisões é uma forma de amá-lo. De dar um voto de confiança. De dizer: “vai lá, resolva os seus problemas, você é capaz e torço por ti”. Querer pegar para si os problemas do outro é, de certa forma, egoísmo da nossa parte. É “normal” (aqui se aplica o fato de querermos proteger quem amamos) que sintamos vontade de ajudar ou que queiramos pegar para nós as rédeas da vida do outro no intuito de ajuda-lo a caminhar na direção correta. Mas, é importante que nos atenhamos ao fato de que nem tudo que é correto para nós é para o outro. O bom para nós pode ser mau para o outro.

Amar é sempre um exercício contínuo e diário. Não se resume a beijos e abraços. Amar vai muito além. Amar é dar espaço, é dar voto de confiança, é torcer como uma final de Copa do Mundo, mas entender que você não pode trocar de lugar com o jogador e marcar o gol. É saber que haverá dias de sol latente e outros tempestuosos. Amar é deixar que o outro caminhe sozinho, mesmo que isso te doa muitas vezes. É olhar para o outro dando os primeiros passos – assim como um bebê – e assentir com a cabeça dizendo: “você vai conseguir”.

Amar é torcer.




  

quinta-feira, novembro 24, 2016

Você se tornou a minha música preferida


Uma certa vez um amigo me disse que ao pararmos para escutar a música, se nos permitirmos viajar em sua melodia, ela há de nos trazer a paz que o coração necessita e alegria que a alma deseja. Arthur Schopenhauer já dizia: “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”. Concordo plenamente com sua breve citação. Podemos nos encontrar cansados, basta ouvir o som de algo que seja capaz de prender nossa atenção pelo mínimo de minutos, e já encontramos muitas vezes a resposta para aquilo que tanto nos aflige.

Quantos casais enamorados não usam essa mesma faceta para se declarar aos seus amores. E já dizia Renato Russo "Será que eu sou capaz de enfrentar o teu amor, que me traz insegurança e verdade demais?" Quem nunca ouviu Legião Urbana e não teve vontade de se perder em uma dessas histórias que viraram poemas e de poemas se tornaram canções? Confesso que foi quando eu descobri que estava apaixonada por você.

Foi exatamente essa voz que ecoou em minha mente ao avista-lo pela primeira vez, quem era dono daquele sorriso tão encantador? E aquela boca?  E o que realmente ele viu em mim? Ele tem cara de Alberto e um pouco de maluques em seu jeito de andar, e o pior é que eu tenho queda por garotos malucos. “- Ok, ok enfatiza na frase de Renato, lembra-se que se te permitires ser seduzida pela melodia musical pode perder o seu lado racional”. “ - Não permita que um sorriso de 33 dentes mecha com seu lado frágil”. Eu vivia a me repetir isso incontáveis vezes, porém sem fundamento algum, por mais que eu tentasse tirar o meu olhar de ti, tudo em mim pedia para lhe seguir.

Mas o que realmente tinha nele que mexia tanto comigo? E o que foi que acendeu todos os alertas e indicava o sinal de perigo? Sim, eu tive a certeza desde o primeiro dia, que era você que viria para bagunçar toda minha rotina que já possui caos até pelas beiradas. Finalmente as composições de Lulu Santos se encaixara como uma luva, e aquele simples beijo roubado viria para roubar muito mais, e não é apenas um beijo bom, foram muitos beijos bons depois disso tudo, e o papo na madrugada, e os passeios do final de semana, e a vista para as estrelas. Mas o que dizia a frase mesmo? Me perdi em meio ao som que me embalava, eu tinha plena consciência da resposta, mas tinha medo de falar em voz alta, porque então, estaria afirmando o quanto por você eu já me encontrava apaixonada.

E lá no mundo por trás de meu quarto bagunçado e discos de Renato para todos os lados, eu me via em um conjunto textual onde em minha cama debruçada eu dividia meus pensamentos para me recordar dele que tanta inquietação me trazia, e também para pôr leitura em dia, e era algo mais ou menos assim que me prendia:
...
“- Mas o preço do sonho aumentou! Grita o padeiro. Menina bobinha que gira e inspira. I acho que estou sentindo que o passarinho amarelo picou no braço dela e lhe passou a alergia do amor. Mas tão novinha e já apaixonada? Mal sabe ela a dor que a aguarda. Menina que canta e encanta, e será que encantada ela ficará e não notará a primavera chegar?
“- Carolina abaixa o som”. Grita a mãe da sala de estar. Ela está mais uma vez parafraseando em seu caderno de escrever poesias.
“- Você tem que decorar é a tabuada menina tola, já disse que quero uma médica na família e não uma sonhadora”. E mais uma vez ela ri, sonha, respira e inspira, e anuncia a família que seu querer não está nas vontades e sim na reflexão que as atitudes trazem.
- Estou feliz, o dia está lindo lá fora. Mas ninguém a ouviu, e então ela mais uma vez continuou a escrever. O que tanto ela escrevia? Sobre o coleguinha da mesa ao lado o quanto as sardas do seu rosto eram condizentes com a cor dos seus olhos. Há o amor, ele não avisa quando vai chegar e nem em que idade é certa para se amar.
...
E ao terminar o meu romance, mais uma certeza me acertara em cheio, era Pedro, o dono de meu desespero. Não havia mais como negar e como em toda e boa canção que fale sobre amor, eu decidi tirar o violão empoeirado do guarda-roupas e comecei a cantar algo mais ou menos assim: “De todos os loucos do mundo eu quis você, porque eu estava cansada de ser louca assim sozinha, de todos os loucos do mundo eu quis você, porque a sua loucura combina um pouco com a minha.”  

E o estranho passou a fazer parte da minha vida. E foi crescendo um desejo incontrolável de sempre estar por ali, marcando presença. Era o simples querer de estar perto, de saber se realmente estava tudo bem. E não dá para negar que foi coisa de pele desde o primeiro instante. Foi algo que não se explica jamais, só quem já sentiu sabe do que estou a falar. E de repente? A saudade foi fazendo moradia, e os encontros mais e mais acontecia. Quando dei por mim te querer virou rotina, e eu que não gostava de monotonia estava me deliciando na urgência de querer só você. Se já nos conhecíamos? Claro que sim, dos meus sonhos, mas confesso é um prazer enorme te trazer para minha realidade, assim como em uma linda melodia, essa aqui se fez a nossa canção de amor.



quarta-feira, novembro 23, 2016

Se cair levante mais forte!


Ela estava sentada em sua penteadeira, escrevendo alguns versos, enquanto ouvia sua música predileta, E, ao se olhar no espelho percebeu que apesar da pouca idade, já havia passado por tantas coisas. Tomou um gole de café, fechou os olhos, respirou fundo e se expressou dizendo: "Não quero mais sofrer, não quero mais deixar as pessoas tornarem os meus dias cinzas, não permito mais alguém entrar na minha vida para tirar o meu sossego e a paz do meu coração." Ao abrir os olhos, ela percebeu que retomava o controle da sua vida, dos seus sentimentos, de tudo o que ela quisesse que dependesse somente dela. Às vezes, o sofrimento nos traz umas reflexões positivas e nos faz de certa forma, mudar, se moldar, fazer de tudo para não se abalar mais com as situações que partiram o nosso coração. Ela aprendeu a juntar os pedaços e a costurar novos planos, novos sonhos, se amando, se valorizando, mas nunca ficando no chão. 
Ela aprendeu a se levantar mais forte a cada queda, com consciência de que aqueles que a faziam sofrer, a faziam mal, e o mal a gente corta pela raiz. Quem é superficial na nossa vida, não deve ter espaço, não devemos de jeito nenhum nos culpar por aqueles que não sabem mergulhar no profundo do nosso peito. Talvez seja até bom, economiza espaço para aqueles que querem nos abraçar a alma verdadeiramente. Não há nada melhor no mundo do que desapegar de todas as coisas que te causam dor, que de alguma maneira ficam como espinhos nas feridas que ainda estão cicatrizando. Nada melhor do que deixar ir, soltar as bagagens pesadas das lembranças que não te fazem mais sorrir, desfazer os nós do que um dia foi bom, mas que hoje já se tornou um peso para os seus ombros. Nada é mais bonito do que o nosso poder de se reinventar. 
Desapegar não significa ser meio termo, mas sim, se desfazer de tudo que ainda te prende a algo que não faz mais sentido na sua vida. Não se deixe levar por um pequeno vínculo, afaste-se de tudo, mantenha total distância. Lembre-se que você está no presente, e no hoje, você não viverá de passado, não perca seu tempo alimentando algo que já não existe mais. Você merece o melhor, faça o melhor pra sua vida, se cuide mais, principalmente do seu coração, não carregue em sua alma a frustração do que não deu certo, você é tão capaz de desapegar assim como é mais capaz ainda de amar a si mesma. 
É tão bonito a gente se colocar no topo, se valorizar e se fazer feliz por conta própria, é uma experiência que todos deveriam experimentar. Ter a coragem de recomeçar toda vez que algo não vai bem, deveria ser como um mantra na nossa vida. Se querer bem, se manter em paz, respirar amor próprio e se permitir ao novo são coisas que nunca vão sair de moda e vão permanecer pra sempre com aqueles que querem sair da zona de conforto e simplesmente ser feliz. 
E ela? Ela aprendeu a conviver com as suas manias e defeitos, com as suas loucuras internas, com sua forma de ver o mundo com o coração e com seu jeito intenso de ser, mas aprendeu o mais importante: ela não era mulher de ficar no chão, chorando, se lamentando. Ela era mulher de colocar um salto alto, passar um batom vermelho, escovar os cabelos, colocar uma roupa bonita, vestir sua armadura de fé, erguer o rosto para o céu, estampar aquele sorriso largo que iluminava os seus dias e ter a certeza que o que for para a sua felicidade, o que for pra ser seu, vigora.


quinta-feira, novembro 17, 2016

Amor-próprio sempre nos veste bem



Amor-próprio não é esnobar ou ser indiferente à pessoa que – em determinado momento – nos fez sofrer. A palavra se auto-explica. É amar a si mesmo. É ter em mente que a primeira pessoa importante da sua vida é você, se olhar com gentileza e, acima de tudo, se cuidar. Sei que é muito fácil virar para você e dizer: “se ame, se valorize!”. O problema é que nem todos conseguem enxergar esse valor que tanto nos apontam. Muito ouvimos dos nossos amigos: “você precisa se amar mais”, “você precisa se valorizar”, “não permita que ele faça isso com você”, e inúmeras outras frases. O problema é que nem sempre estamos dispostos a ouvir e cá entre nós, é um pouco dolorido ouvir de alguém que não nos amamos. A tendência é sempre negar o óbvio.

Costumo sempre dizer que nós estamos onde nos colocamos na vida da pessoa. Se você permite que o outro te subjugue, te coloque debaixo de seus pés, isso se tornará algo constante e rotineiro. A gente precisa entender que relacionamento não muda a nossa essência, não nos escraviza ou nos faz acreditar que estarmos com a pessoa é privilégio. Não podemos nos acostumar com os desmandes do outro por medo do rompimento da relação. Pessoas vêm e vão a todo o momento. Quantas vezes você achou que não superaria um término e, logo após, se viu recomeçando. Recomeçar é lindo! É desgastante? Talvez seja. Mas, acredito que mais desgastante é viver ao lado de alguém que não se importa com seus sentimentos, te acorrenta ou te faz acreditar que você não merece o amor.

Amar deve ser um exercício contínuo. Você tem que se olhar no espelho e dizer: “o que eu faria por essa pessoa (eu)? Para fazê-la feliz?” Sei que na teoria é muito fácil eu indicar a você a solução do seu problema. Eu também já me fiz de capacho para alguns ex-namorados, já me mantive no chão e me permiti ser pisada, já deixei minhas vontades e, até mesmo, a minha razão de lado para conseguir harmonizar uma relação que eu imaginava ser mais importante que o próprio ar. Valeu a pena? Não. Aliás, elas me serviram de aprendizado. Eu costumo dizer, ainda, que nem toda dor é em vão, elas nos edificam e nos mostram por quais caminhos devemos ou não seguir. Em que lugar devemos ou não permanecer.

A gente só precisa manter a cabeça tranquila e pensar se vale a pena tanto esforço em manter ao nosso lado alguém que não deseja estar por livre espontânea vontade. E se perguntar: “quem não te responde ou te deixa dias no vácuo merece sua atenção?”, “eu quero alguém que me trata com grosseria ou que só é romântico quando está interessado em alguma coisa?”, “eu quero viver ao lado de alguém que me faz, a todo o momento, acreditar que eu estou louca ou que sofro de paranoias?”, “eu quero me relacionar com alguém que é uma incógnita e que eu precise ativar as configurações do Facebook para acompanhar cada passo ou stalkear o tempo inteiro com medo de ser feita de trouxa?"

Relacionamentos não devem ser prisões. Você não tem que ser carcereiro de ninguém. Não seja mãe/pai do seu parceiro. Não queira vigiá-lo em tempo integral. Não se submeta a viver um amor de aparências com medo de ficar sozinha, não aceite migalhas ou fragmentos de afeto. Quem está ao nosso lado precisa estar de corpo inteiro. Amor-próprio é, acima de tudo, respeitar seu coração e desejar manter nele somente quem te fará bem. O amor entre duas pessoas pode até acabar. O que não pode ter fim é a relação de respeito que você tem consigo mesma. 



quarta-feira, novembro 16, 2016

O jogo virou




E eu a perdi. Nunca dei valor a essa garota, quando me dei conta já era tarde. Eu nunca valorizei essa mulher que tinha ao meu lado, fazia questão de ignorar todas as chamadas dela. Adorava dar bolo nos finais de semana e tinha a certeza que ela continuaria ali me esperando. Ela nunca sairia para uma balada sem me avisar antes, aquela garota era dependente demais da minha pessoa. Ela estava apaixonada e eu tinha a certeza que isso a prenderia a mim. Tinha um jeito todo meigo, inocente e até meio carente. Não teria coragem de me deixar, porém o jogo virou não é mesmo.

Cheguei um belo dia em uma balada e vi uma mulher de costas, com um vestido preto e cabelos soltos, tinha todo charme e era exatamente isso que estava me chamando atenção naquela mulher. Estava de lado e eu notava o jeito com que ela segurava o copo e por algumas vezes alternava com o cigarro. Precisava conhecer aquela mulher, quando cheguei perto não acreditei, o que ela estava fazendo ali? Ela me olhou de cima a baixo e disse:

- O jogo virou não é mesmo? Hoje é minha vez de me divertir.

Virou as costas e partiu. De longe eu notava o poder que ela tinha, não parecia nada com aquela garota que eu conheci: sensível, delicada, toda cheia de medo e com aquelas manias tão lindas. Ela sorria colocando a mão na boca e quando ficava tímida as suas bochechas coravam. Ela tinha uma inocência misturada com uma malicia no olhar. Ela me deixou ali, babando por ela e percebendo o quanto tinha sido otário de não valorizar essa mulher. Porém como ela mesma disse, o jogo virou e hoje ela está por cima. Faz questão de frequentar os mesmos lugares que eu e por vezes me ignora, não atende mais as minhas ligações e evita qualquer tipo de contato. Hoje sou eu quem sofro por esse amor que eu não soube valorizar.

A garota dos meus sonhos partiu e eu nem tive tempo de segurar.


segunda-feira, novembro 14, 2016

Resenha - A garota que você deixou pra trás


LIVRO: A garota que você deixou para trás 
AUTOR: Jojo Moyes 
ANO: 2014
EDITORA: Editora Intrínseca 
PÁGINAS: 384  
SINOPSE: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo a família, a reputação e a vida na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.

Em 1916 conhecemos Sophie Lefèvre, uma francesa que deixa Paris para viver no hotel da família em St. Perónne com seus irmãos Helène e Aurelien e sobrinhos, depois que seu marido o artista plástico Édouard Lefèvre foi convocado para lutar na 1ª Guerra Mundial. Sophie guarda com grande carinho e admiração um autorretrato feito pelo seu marido, ele fica exposto na sala de jantar do hotel. Em dado momento da Guerra os alemães utilizam o hotel para fazer suas refeições diárias, apesar das queixas de seus vizinhos, Sophie via isso como uma forma de ajudar sua família, podendo assim amenizar a fome que sentiam. Mas o que Sophie não esperava era que aquele autorretrato iria causar tanto fascínio em Herr Kommandant e que por conta disso ela acabaria entrando em um jogo de interesses que iria mudar completamente a sua vida.

Em 2006 na cidade de Londres, Liv Halston, tem pendurado na parede de seu quarto o quadro A garota que você deixou para trás que seu marido lhe deu de presente durante a lua de mel. Liv que no momento ainda vive o luto pela perda do marido à quase quatro anos, vê no quadro a melhor lembrança que se poderia ter dele. Na data da morte do marido Liv resolve sair para não passar aquela data sozinha e acaba indo a um bar gay, onde por ironia do destino sua bolsa é roubada, mas também onde conhece Paul McCafferty por quem sente uma grande atração. Mas mal sabe ela que conhecer Paul não seria uma surpresa tão agradável. Paul era o advogado da família Lefèvre que estava atrás do quadro que havia sido roubada durante a 1ª Guerra e tudo muda quando ele vê o quadro A garota que você deixou para trás no quarto de Liv.

E mais uma vez Jojo Moyes nos trás um livro com uma temática muito frágil e intensa. Esse foi o quarto livro que li da autora e mesmo assim continuo me surpreendendo com sua escrita e com a forma como consegue nos tocar diante de situações delicadas.

O enredo é todo construído em torno do quadro A garota que você deixou para trás. Na primeira parte tem como cenário a triste época da 1ª Guerra Mundial e na segunda parte os anos 2000. Sendo o mesmo muito bem desenvolvido durante a história e com um final de cair o queixo. Os personagens também são muito bem construídos, as protagonistas são bem parecidas, mulheres de personalidade forte e guerreiras, que vão até o fim para defenderem seus interesses, os personagens coadjuvantes da história também chamam bastante atenção um destaque todo especial a Mo, amiga de Liv. A primeira parte do livro é escrita em primeira pessoa, já na segunda parte do livro a narração é em terceira pessoa.

Gostei muito da leitura, livros que se passam durante a guerra sempre nos trás belas histórias. É uma história que te prende do inicio ao fim, devido aos absurdos que aconteceram durante a Guerra, pelo amor que Liv tem pelo quadro e para que tudo seja esclarecido e acabe bem. Apesar do cenário, trazer muita tristeza, miséria e todo o terror da guerra ele tem a mensagem de que nunca podemos desistir do que acreditamos.


QUOTE:

"Desconfio que o senhor e eu tenhamos definições diferentes da palavras valor." 

"Tentei me lembrar de quando eu tinha sido mais que uma coisa, quando até numa cidade cheia de alemãs eu tinha dignidade, inspirava algum respeito, mas era difícil. Meu mundo todo agora se parecia com aquele caminhão. Aquele chão frio de aço. Aquela manga de lã manchada de vermelho."

"Fiquei ali olhando para a garota e, por alguns segundos, me lembrei de como era ser ela, sem sentir fome nem medo, interessada apenas nos momentos que eu poderia ficar a sós com Édouard. Ela me fazia lembrar de que o mundo era capaz de beleza e que já havia existido coisas - arte, alegria, amor - que enchiam o meu mundo, em vez de medo, sopa de urtiga e toque de recolher. Vi Édouard na minha expressão. E então percebi o que eu acabara de fazer. Ele me lembrara d. minha própria força, que ainda restara dentro de mim para lutar."

"O que isso ensina a gente, Sr. Mc Cafferty, é que na vida há coisas muito mais importantes que vencer." 


sábado, novembro 12, 2016

365 dias que eu te tenho aqui

Para ouvir ao som de Eu amei te ver, Tiago Iorc.

Eu não me recordo a cor da blusa que ele estava usando no dia em que nos conhecemos. Também pudera: não tivemos um encontro "casual". Daqueles em que as pessoas se esbarram derramando café ou derrubando seus livros na avenida. A nossa história não é clichê. Nós não contaremos que os nossos olhares se cruzaram e ficamos hipnotizados ali; não diremos que o perfume ficou no corpo do outro após um abraço de apresentação; ou que ao nos tocarmos sentimos a alma do outro. Não diremos a ninguém sobre isso. Sobre essas casualidades. Por um simples motivo: não somos casuais. 

Conheci ele no Facebook. Isso seria bem clichê se, por acaso, ele tivesse dito: “oi, tecla de onde?” Mas ele só queria comer umas uvas passas, mas fez muito mais que isso: me fez sorrir. Eu não lembro a roupa que ele estava usando – eu repito, mas lembro o quanto ele me fez gargalhar naquela tarde de quinta-feira. E, o quanto eu quis sentar de perto e ouvir o sotaque gostoso que ele tem. O quanto foi desconcertante ouvir: “que voz de dengo que tu tem”, após eu enviar um áudio curtinho para que ele conhecesse a minha voz. Eu não sabia bem, talvez não compreenda ainda, mas abrir aquela janela, chamá-lo e dar boa tarde, foi uma das melhores coisas, a ideia mais acertada, que fiz até hoje em minha vida. 

Aos poucos fomos tecendo no coração do outro nossos pedaços. Deixamos de ser singular e passamos a ser plural. Voltamos a ser singular no amor: somos um. Os laços foram se estreitando, fui sendo puxada para mais perto e, aos poucos, me vi dentro dele. Nós nos geramos em nossos corações, assim como uma mãe gera vida em seu ventre. Passamos a ser presença diária. A luz que acende o mundo com o nascimento do Sol e as estrelas que enfeitam o céu em noites escuras. Demos um novo significado ao Universo. Criamos em nossos lábios, cultivamos em nossos olhos, constelações tão infinitas, tão raras, que a própria ciência jamais seria capaz de catalogar. 

Eu não lembro a roupa que ele usava quando nos conhecemos – rio sempre dessa afirmativa. Mas, recordo de que ele ficou procurando sinal de celular para poder falar comigo enquanto acampava. E eu me perguntava: “será que ele está me curtindo?” E ria a cada piada que ele contava, me encantava com as fotos que ele enviava e me apaixonava – sem perceber – pelo sorriso doce, largo e cheio de vida que ele tem. Ele viajou e não me esqueceu. Ele abriu a porta da casa dele e me fez café, me deixou bem a vontade e me cuidou desde ali. Desde o primeiro: “me chama pra ceia”.

São 365 dias que eu o tenho aqui comigo.
E que desconhecido ele passou a ser o meu melhor amigo.


quarta-feira, novembro 09, 2016

ELA 1 X 0 EU





Ouça enquanto lê: Ed Sheeran - Photograph 

Quarta-feira, dia de futebol no clube do sortudo com quem ela divide a vida. E ela está, mais uma vez sozinha, tendo como companhia apenas a taça de vinho combinando com o bordô da armação dos seus óculos — adorava observar enquanto ela trabalhava a noite. Os dedos corriam pelo teclado como correm os jogadores atrás da bola, do toque perfeito, do cruzamento infalível e do gol de placa. Ela corria atrás do começo perfeito, da vírgula impecavelmente colocada pra gente saber a hora de respirar e não pirar. Mas eu pirava cada vez que ela marcava gol e sorria ao finalizar um texto.

Não entendo, ainda, como alguém pode preferir observar 22 marmanjos correndo atrás de um objeto redondo, debaixo da chuva que está caindo lá fora, ainda mais com as sacadas nada interessantes dos comentaristas. Contrario todos os clichês e rejeito o machismo que me é imposto pela sociedade. O único jogo que me apetece é aquele que ela faz quando quer carinho, cafuné e colo, mas não ousa abrir mão do orgulho de mulher. Egoísta que sou, não permito venda de ingressos, não aceito arquibancada ou comentarista algum. Essas partidas eu — ainda — guardo em filmes catalogados, num arquivo especial que carrega o nome dela.

No placar da nossa vida minha falta foi passível de expulsão, eu sei. Sei mais ainda que não haverá próxima partida, outro campeonato ou a FIFA pra dizer que não houve nenhuma causa justa para isso. No jogo dela só há um juiz, ou melhor, juíza. Tenho plena consciência de que nunca houve outro time que jogue tão bem com o meu quanto o dela. Não haverá. Ainda assim, aceito calado minha ausência no campo e recorro aos tais arquivos, registros dos nossos dias de glória. Liderávamos o campeonato juntos, empatados, no melhor sentido que há de se estar assim.

"FINALMENTE!", ela dizia, enquanto apagava o cigarro como quem esmaga um inseto indesejado. "Consegui terminar, até que enfim." — completa. Ela levanta e desfila, como quem acaba de ganhar a taça da copa. Olha lá, aquele sorriso me fazendo pirar novamente. Sorrio de volta e comemoro, com todo fervor que a ocasião me pede, e ofereço mais uma taça, desta vez para dois. O jogo dela terminou. a partida encerrou. Mas a nossa, ah... A nossa está só começando.


terça-feira, novembro 08, 2016

Você se tornou outro qualquer



Outro qualquer, na verdade não. Um desconhecido tem mais da minha atenção que você. Seria uma parceira sua pelo resto da vida. Mas você fez a única coisa que eu não merecia: me magoou. A mágoa, ela destrói os bons sentimentos e faz o 'bem querer' virar 'tanto faz'. Faz a pessoa que antes era motivo de riso se tornar desconhecido. Só que do tipo que deve ser evitado.

 Achava que você era legal. Me enganei! Você é frio.

É cruel. Me disse coisas que doeram mais que um soco. Soco mesmo. Tapa é coisa leve demais pra comparar o que você me fez. Tentar comparar, pois, qualquer que seja a ligação que eu consiga fazer aqui, não cabe comparação. Cabe é te deletar da minha vida. Quem dera o poder da informática tivesse chegado a tal ponto que a pessoa deletada das redes sociais, fosse deletada também da memória. Você me machucou tanto que eu queria apagar tudo, pra não ficar remoendo e me sentir pior. Curioso que não existe aqui sentimentos como "que se exploda". O que há é uma necessidade tremenda de ficar longe de você. Te evitar.

Eu errei muito, fiz de você uma pessoa maravilhosa. Te coloquei em um lugar na minha vida que não devia. Confiei, acreditei, vi que era mentiroso e acabei relevando. Desde o início, guardei minha autoestima na gaveta, permiti que minha dignidade fosse pro lixo. Acabei fazendo de você um desafio, uma teimosia, te quis, te tive. Você se entregou a mim. Me senti a esperta. A vencedora. Mas como sempre, você foi uma guerra perdida, mesmo vencendo eu perdi.

Sou do tipo que ao romper com uma pessoa, age como se ela fosse um poste. Alguém sente raiva de poste de rua? Alguém fala mal de poste de rua? Alguém briga com poste de rua? Qualquer pessoa ignoraria você desde o início das coisas que percebi. Mas você foi tão manipulador, que conseguiu me manter perto. Sabe, pra minha sanidade mental, tomarei algumas providências.

Eu sequer vou falar em você, o que você me fez, criou em mim um sentimento de que sequer devo te ver. Não quero ser a vítima. Quem errou foi eu. Me iludi tanto que julguei que você pudesse ser meu amigo pro resto da vida. Amigo respeita, você não respeitou.

Um poste é um objeto que só causa problemas quando não funciona corretamente. Você se tornou um poste pra mim. Não te desejo nada de mal. Não vou sair falando coisas por aí. Tão pouco ficar te stalkeando. Torcendo pra que as coisas deem errado pra você e se lembre do quanto eu sou legal e te faço falta. Eu não! Simplesmente pelo fato de que eu não te quero por perto. Nem com a estima lá cima, nem lá em baixo.

Independente de como você esteja, de qualquer que seja o seu estado, se “sempre me evitou”, como disse com todas as palavras, continue me evitando! Não me procure, nem daqui anos e anos. Sei que você vai sentir minha falta, vai querer vir ser o “bonzinho” de sempre. Não perca seu tempo. A última pessoa que me magoou como você e tirei da minha vida, fazem 8 anos que não ouve a minha voz.
Não se preocupe em mandingas, te maldizer ou coisa assim. Pelo contrário, só desejo que você seja feliz! Mas bem longe de mim. 


quinta-feira, novembro 03, 2016

Você machuca demais esse meu coração


para ouvir ao som de: Machuca demais, de SPC.

Queria ter o coração menos manteiga derretida e te dar adeus sem medo de me arrepender. Ter pulso firme e dizer que não quero mais te ver, que não sinto saudades dos teus beijos, que a tua presença é dispensável e que a porta é serventia da casa. O problema é que eu não consigo. Você é como um alucinógeno. Uma droga que consome a minha vida, que fode com meu psicológico e me ata as mãos. Você é o meu passaporte para o inferno em dias lúcidos e a minha subida para o céu em dias insanos. Você é paradoxo. Eu, por minha vez, sou masoquista.

Queria ter coragem o suficiente de recolher todas as tuas lembranças, pegar as tuas roupas e arrancar esse muito de você que há em mim. O problema é que minha mente não consegue ganhar essa batalha. O coração é tão feroz. Sempre derruba a minha razão na lona e, dessa forma, vou adiando o nosso fim. Eu queria – queria muito – dar adeus aos nossos planos, dizer que tanto faz se teremos quatro ou nenhum filho, se compraremos uma cobra ou criaremos lebres, se viajaremos para o Nepal ou para alguma cidade do interior da Paraíba. Eu queria não me importar.

Queria dizer que você não me machuca, mas é impossível afirmar isso tendo que recolher, todos os dias, os cacos de mim que se espalham pelo chão. Queria dizer que estou farta das suas mentiras, de deixar o meu orgulho de lado em prol de algo que nem eu mesma sei se acredito. Queria ter forças para te dizer não e dar um basta. O problema é que eu sempre perdoo. 

"Queria poder dizer não, não te procurar", mas a vida parece não ter sentido sem você. Queria cumprir as promessas que faço todas as noites de não mais viver ao seu lado, de não mais colocar um prato a mesa à sua espera ou de pesquisar séries na NETFLIX programando o nosso final de semana. Eu queria poder dizer não, mas eu não posso. Eu não consigo. E toda essa angústia que bate cá dentro do peito, todo esse amor irreal, cheio de remendos, só me faz acreditar que apesar de você machucar demais o meu coração, a permissão é dada por mim. Infelizmente.

"Queria poder dizer não. Cumprir toda vez que eu te digo que vou te deixar."