sábado, novembro 12, 2016

365 dias que eu te tenho aqui

Para ouvir ao som de Eu amei te ver, Tiago Iorc.

Eu não me recordo a cor da blusa que ele estava usando no dia em que nos conhecemos. Também pudera: não tivemos um encontro "casual". Daqueles em que as pessoas se esbarram derramando café ou derrubando seus livros na avenida. A nossa história não é clichê. Nós não contaremos que os nossos olhares se cruzaram e ficamos hipnotizados ali; não diremos que o perfume ficou no corpo do outro após um abraço de apresentação; ou que ao nos tocarmos sentimos a alma do outro. Não diremos a ninguém sobre isso. Sobre essas casualidades. Por um simples motivo: não somos casuais. 

Conheci ele no Facebook. Isso seria bem clichê se, por acaso, ele tivesse dito: “oi, tecla de onde?” Mas ele só queria comer umas uvas passas, mas fez muito mais que isso: me fez sorrir. Eu não lembro a roupa que ele estava usando – eu repito, mas lembro o quanto ele me fez gargalhar naquela tarde de quinta-feira. E, o quanto eu quis sentar de perto e ouvir o sotaque gostoso que ele tem. O quanto foi desconcertante ouvir: “que voz de dengo que tu tem”, após eu enviar um áudio curtinho para que ele conhecesse a minha voz. Eu não sabia bem, talvez não compreenda ainda, mas abrir aquela janela, chamá-lo e dar boa tarde, foi uma das melhores coisas, a ideia mais acertada, que fiz até hoje em minha vida. 

Aos poucos fomos tecendo no coração do outro nossos pedaços. Deixamos de ser singular e passamos a ser plural. Voltamos a ser singular no amor: somos um. Os laços foram se estreitando, fui sendo puxada para mais perto e, aos poucos, me vi dentro dele. Nós nos geramos em nossos corações, assim como uma mãe gera vida em seu ventre. Passamos a ser presença diária. A luz que acende o mundo com o nascimento do Sol e as estrelas que enfeitam o céu em noites escuras. Demos um novo significado ao Universo. Criamos em nossos lábios, cultivamos em nossos olhos, constelações tão infinitas, tão raras, que a própria ciência jamais seria capaz de catalogar. 

Eu não lembro a roupa que ele usava quando nos conhecemos – rio sempre dessa afirmativa. Mas, recordo de que ele ficou procurando sinal de celular para poder falar comigo enquanto acampava. E eu me perguntava: “será que ele está me curtindo?” E ria a cada piada que ele contava, me encantava com as fotos que ele enviava e me apaixonava – sem perceber – pelo sorriso doce, largo e cheio de vida que ele tem. Ele viajou e não me esqueceu. Ele abriu a porta da casa dele e me fez café, me deixou bem a vontade e me cuidou desde ali. Desde o primeiro: “me chama pra ceia”.

São 365 dias que eu o tenho aqui comigo.
E que desconhecido ele passou a ser o meu melhor amigo.


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