segunda-feira, novembro 05, 2018

Amor é doação



O amor é uma doação contínua e relacionar-se com alguém é uma decisão que deve partir, primeiramente, de nosso coração. Um relacionamento não deve nascer de um conhecimento superficial, da vontade que surge apenas do contato visual. Quantas vezes a nossa visão nos engana. Tantas vezes enxergamos uma beleza que agrada nossos olhos e a tornamos norteadora de nosso desejo, até mesmo carcereiro de um suposto amor. A beleza atrai e isso é sabido por todos, mas ela por si só não é capaz de manter uma relação.

Quando nos dispomos a entrar na vida de alguém é necessário que saibamos que dividiremos, dali em diante, a vida com uma pessoa que possui suas próprias cicatrizes, uma criação familiar diferente da nossa, a vivência e toda bagagem que traz de suas relações anteriores. Desenhar um projeto de pessoa perfeita é tirar o tijolo, aquele pilar, que sustenta uma edificação. A probabilidade de ela vir ao chão é tremenda.

Todas as vezes que busquei modificar alguém, com aquilo que julgava ser o modelo de pessoa perfeita para dividir a vida comigo, estupidamente fracassei. As pessoas não são massinhas de modelar, aquelas que nossas mães compravam para nosso uso no jardim de infância, elas são feitas de carne e osso. O máximo que podemos fazer a alguém é mostrar a direção e tentar explicar que suas atitudes não são corretas ou que as prejudica.

Há algum tempo eu descobri, da pior maneira possível, que por mais que eu ame alguém ela só permanecerá em minha vida se o ‘destino’ quiser. Entendi que as aparências são enganosas. Que o esforço em manter alguém em minha vida não deve ser maior do que o amor que sinto por mim mesma. Não se pode obrigar alguém a ficar onde não se deseja, puxar o outro pelo braço como se puxa uma criança birrenta.

Eu aprendi nesses tempos que o amor não é um campo de batalha, as lutas não deverão ser diárias, o relacionamento não pode se tornar um ringue. Há que haver equilíbrio. Desde então os meus pés andam cuidadosamente sobre os terrenos da vida. Não que eu tenha desistido do amor e não queira achá-lo, só tenho receio de novamente andar por um campo minado, pois sei que o processo desastroso e doloroso que é reconstruir o nosso coração.

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