segunda-feira, novembro 05, 2018

Amor é doação



O amor é uma doação contínua e relacionar-se com alguém é uma decisão que deve partir, primeiramente, de nosso coração. Um relacionamento não deve nascer de um conhecimento superficial, da vontade que surge apenas do contato visual. Quantas vezes a nossa visão nos engana. Tantas vezes enxergamos uma beleza que agrada nossos olhos e a tornamos norteadora de nosso desejo, até mesmo carcereiro de um suposto amor. A beleza atrai e isso é sabido por todos, mas ela por si só não é capaz de manter uma relação.

Quando nos dispomos a entrar na vida de alguém é necessário que saibamos que dividiremos, dali em diante, a vida com uma pessoa que possui suas próprias cicatrizes, uma criação familiar diferente da nossa, a vivência e toda bagagem que traz de suas relações anteriores. Desenhar um projeto de pessoa perfeita é tirar o tijolo, aquele pilar, que sustenta uma edificação. A probabilidade de ela vir ao chão é tremenda.

Todas as vezes que busquei modificar alguém, com aquilo que julgava ser o modelo de pessoa perfeita para dividir a vida comigo, estupidamente fracassei. As pessoas não são massinhas de modelar, aquelas que nossas mães compravam para nosso uso no jardim de infância, elas são feitas de carne e osso. O máximo que podemos fazer a alguém é mostrar a direção e tentar explicar que suas atitudes não são corretas ou que as prejudica.

Há algum tempo eu descobri, da pior maneira possível, que por mais que eu ame alguém ela só permanecerá em minha vida se o ‘destino’ quiser. Entendi que as aparências são enganosas. Que o esforço em manter alguém em minha vida não deve ser maior do que o amor que sinto por mim mesma. Não se pode obrigar alguém a ficar onde não se deseja, puxar o outro pelo braço como se puxa uma criança birrenta.

Eu aprendi nesses tempos que o amor não é um campo de batalha, as lutas não deverão ser diárias, o relacionamento não pode se tornar um ringue. Há que haver equilíbrio. Desde então os meus pés andam cuidadosamente sobre os terrenos da vida. Não que eu tenha desistido do amor e não queira achá-lo, só tenho receio de novamente andar por um campo minado, pois sei que o processo desastroso e doloroso que é reconstruir o nosso coração.

terça-feira, setembro 11, 2018

A gente nem quer vida de comercial de margarina

A gente nem quer vida de comercial de margarina. A sociedade é que internaliza isso em nós. Eu nunca, por exemplo, quis uma manhã onde as pessoas sentam à mesa e tomam seu café sorrindo, lendo jornal e jogando pão para o cachorro. Eu sempre quis o simples. Eu gosto é dessa agitação que a vida é. Gosto de acordar e cozinhar ovos, enquanto escovo os dentes e calço meu tênis. Eu gosto é de mandar mensagem de bom dia ofegante, porque estou mais atrasada que tudo.

A gente sempre acha que a grama do vizinho é mais verde. Mas ninguém sabe o quão difícil é para ele mantê-la daquele jeito. Grama esmeralda, um dia eu pensei. Pesquisei e vi que ela requer tantos cuidados que decidi cimentar o quintal. Que absurdo você trocar a natureza por concreto. Absurdo maior é plantar e não cuidar. Absurdo maior é cativar alguém e levar de qualquer jeito, empurrar com a barriga até onde der. Absurdo maior é querer uma vida de comercial de margarina e não ter zelo pelo outro. Absurdo maior é ser egoísta, ser parvo, ser cretino e ser escroto.

Ah.

A gente nem quer vida de comercial de margarina. Porque ser certinho enjoa, porque a rotina cansa, porque o marasmo põe em xeque o que sentimos. Por isso que eu quero uma vida agitada mesmo. Quero acordar e saber que o outro está ali, porque quer e não porque está cumprindo com o papel que a sociedade diz que é certo. Quero dar um beijo de despedida com gosto de “te espero mais tarde” e não de forma automática. A gente tem amado de forma tão mecânica que esquecemos como é bom colocar o queixo no ombro do outro e mirar o nada enquanto sentimos o cheiro de lavanda que ele tem. A gente tem amado de forma tão mecânica que não conseguimos mais ler o outro, não nos atentamos às suas emoções.

A gente nem quer vida de comercial de margarina.
A gente quer é olhar na íris do outro e saber que ele de fato está ali. 

sexta-feira, agosto 10, 2018

Quem são os seus amigos?


Dia desses uma amiga disse: “você tem tantos amigos”. Eu ponderei e, respondi: existem amigos e amigos. Há alguns dias venho pensando sobre o real valor da amizade. Anos atrás eu perdi alguém muito importante e, pela primeira vez, eu me voltei para Deus e perguntei o porquê de dor tão grande. Eu não compreendia como a morte de alguém poderia ser tão devastadora. Num dia estávamos sorrindo e no outro eu o estava enterrando.
Eu queria muito ter dito a ele o quanto tinha orgulho da pessoa que ele estava se tornando e que me sentia feliz por sempre responder aos questionamentos dele, por ajuda-lo em questões pessoais e profissionais. Que eu me sentia honrada em dividir, todos os dias, meu horário de almoço com ele. Que eu me sentia feliz em corrigir as redações e até os e-mails dele. Que eu me sentia extremamente feliz quando ele me abraçava do nada e dizia que eu era a melhor cunhada. Meu coração resolveu escrever isso hoje para perguntar a você: quem são os seus amigos? Será que nós sabemos o verdadeiro valor da amizade ou só imaginamos. É muito fácil ser amigo quando o outro comunga dos mesmos pensamentos ou não se opõe a eles. É muito fácil ser amigo quando estamos saudáveis e a nossa companhia é para momentos felizes. É muito fácil ser amigo quando a vontade do outro não vai contra aquilo que que temos como padrão. Mas eu quero te dizer uma coisa: amizade não tem que ser fácil, não. Amizade tem que ser é verdadeira e incondicional apesar dos pesares. Você não precisa compartilhar dos mesmos pensamentos, mas precisa respeitar as decisões do outro. Cada pessoa é responsável pelas suas escolhas e não cabe a nós nos rebelarmos porque alguém decidiu sair do caminho que julgávamos ser o certo. Ser amigo é apontar a estrada, mas ter consciência que cada um é deve conduzir a própria vida. Tenho amigos e amigos. Mas sei que os verdadeiros jamais me abandonariam por minhas escolhas. Essa postagem tem endereço certo e espero que a pessoa leia. Não espere perder a chance de dizer que ama. O amanhã é sempre uma espera, mas às vezes ele não nos dá a chance de esperar. Viva de urgências para não abraçar arrependimentos.

terça-feira, julho 24, 2018

É preciso dizer adeus àquilo que não faz sentido


Bloqueei meu ex-namorado nas redes sociais após uma conversa com o meu eu interior. Após dizer infinitas vezes que a nossa história havia ficado no passado e perceber que não haveria a possibilidade de mantermos uma amizade saudável. Não doeu em nada fazê-lo. Porque pela primeira vez me olhei com gentileza, me questionei o que esperava daquele contato e me deparei com duas afirmativas: não havia vontade de reatar o namoro, tampouco saco para me desvencilhar das inúmeras investidas.

Bloqueei não porque me fazia mal, pelo contrário. Bloqueei porque enterrava ali a nossa história. Bloqueei para não deixar vestígios dele em minhas buscas, bloqueei como forma de fechar a porta e jogar a chave fora. Bloqueei para jogar a última pá de terra e, por fim, enterrá-lo. Bloqueei porque respeito o sentimento que carrego no peito e honro quem me desenha meus melhores sorrisos. Bloqueei porque em minha vida não há espaço para quem foi covarde comigo e me tratou como uma coisa qualquer. Bloqueei porque o perdão não me impõe manter laços.

É preciso dizer adeus àquilo que não faz sentido. É preciso honrar suas lágrimas e ter respeito pelas suas noites mal dormidas. É preciso ter consciência de que nossas escolhas é que ditam o nosso futuro. É preciso se perguntar se o outro é capaz de oferecer aquilo que buscamos. É preciso voltar ao passado, voltar às feridas antigas e se questionar se você está disposto a viver tudo novamente. É preciso, sobretudo, coragem para tomar as rédeas da própria vida e seguir em frente.

Bloqueei meu ex-namorado nas redes sociais, não porque ele me atingia ou por sentir saudades. Bloqueei porque se as redes fossem um caderno bloquear seria arrancar a página. Bloqueei porque para mim ele é apenas mais uma persona non grata em minha vida. Bloqueei porque não me importa, porque não faz sentido, porque para mim já não significa nada. 

Bloqueei.

quarta-feira, junho 20, 2018

Falso amor


Por você eu fui capaz de ficar feliz mesmo estando triste. Por você eu fui capaz de fingir estar forte mesmo estando machucada. Queria que esse amor fosse perfeito, mas se você não se esforça, por que eu tentaria?

Eu tentei ser uma boa garota... só para você. Eu tentei dar o mundo para você. Eu realmente tentei dar o mundo para você. Eu tentei mudar tudo só para você. Mas agora eu não mais me conheço. O que eu me tornei?

Um destino para nós eu criei, mas você não fez com que desse certo. Eu me mudei por completo para deixar você feliz e agora estou conversando com o espelho e me perguntando: Quem diabos é você?

Eu te amei tanto que fui capaz de construir uma mentira.

Por que você está triste? Eu quem deveria estar triste. Você diz que eu não sou mais como antigamente, mas eu apenas deixei de ser seu fantoche! Você diz que eu não te amo mais, mas não... eu ainda te amo, mais do que imagina, mas eu não quero lutar por um amor que nem existe.

Se você me amasse pelo o que sou, talvez tudo isso tivesse dado certo. Eu te amei tão loucamente que fui capaz de mudar só para virar seu brinquedo. Mas... agora eu não quero mais... Desculpe... Eu apenas estou cansada desse falso amor!

Sobre a autora: 
RAÍSSA SOBRINHO é estudante do 8° ano do Colégio Ofenísia Freire, em Aracaju-Se. Tem 12 anos e um gosto pela escrita desde muito cedo. Fã de K-Pop, dança contemporânea e mangás, já há algum tempo se arrisca no mundo das letras, mas, depois que teve contato com o seu professor de História da Arte, Vitor Vilas Bôas, autor do Diálogos Vitruvianos e colunista do AEB, Jornalismo de Boteco e aqui de nosso site, aceitou encarar o desafio de publicar um dos seus textos.

quarta-feira, junho 13, 2018

TANTAS VEZES MORRI DE AMOR


A gente passa por cada decepção nesta vida e até chega a pensar que não aguentará e que morrerá de desgosto. Mas a gente não morre, a gente supera, a gente cria cicatrizes e aprende a não ser tão bobo. Aprende a olhar melhor o outro, a reparar com calma e extrair a verdade dos olhos e da fala. 

Já morri de amor tantas vezes. De desgosto muito mais. A vida é assim: morte e ressurreição. Nesse mundo de desilusão a gente é fênix, minha gente. A gente sempre ressurge das cinzas. A gente sempre levanta do tatame e recomeça, pois a batalha não acaba em uma luta. Não é um round que define os nossos caminhos.

Tantas vezes eu morri de amor. Tantas vezes eu morri de desgosto. E hoje eu olho para cada cicatriz e relembro os lugares que passei. Olho com pesar e gratidão para cada pedrinha que me fez tropeçar. A gente cai e pragueja, mas lá adiante a gente agradece. São as quedas que nos tornam fortes. São elas que nos direcionam ao caminho certo. Cair dói. Isso é indubitável. Permanecer no chão, beijando o solo, acariciando a pedra, é opção nossa. 

A gente tem a mania besta de cutucar a ferida para que ela não sare. Porque a gente tem medo de não ter mais machucado para cuidar. A gente faz dos ferimentos “bichinhos de estimação”, porque é mais fácil conviver com uma ferida antiga. A gente tem medo de se machucar de novo, então nos abraçamos aos machucados antigos. 

Então, para hoje, eu só peço que cada baque nos torne pessoas mais atentas, que cada tombo nos fortaleça um pouco mais. Decepções são involuntárias. A gente não tem controle sobre as ações das pessoas. O que nós podemos fazer é decidir como reagiremos a elas. Que a gente reaja sempre muito bem. Amém.

segunda-feira, junho 11, 2018

PRECISAMOS FALAR SOBRE SUICÍDIO

Hoje participei da palestra “Gestão da Emoção” com o escritor Augusto Cury e me senti encorajada a falar sobre esse assunto que há dias penso em escrever. Falar sobre suicídio é um tabu e sugere-se que seja um assunto silenciado por acreditarem que a sua divulgação seja um gatilho estimulador. Entretanto, acredito que hoje, em meio a tantos casos, faz-se necessário à sua discussão.

Antes de vocês lerem o meu texto gostaria de pedir que vocês façam uma leitura livre de pré-conceitos e preconceitos. Que leiam atentamente e de coração aberto. Escreverei aqui como uma pessoa que perdeu 3 pessoas da família e alguém que luta diariamente contra esse sentimento.

Semana passada uma amiga tentou suicídio e quando eu soube fiquei em estado de choque. Mas ao contrário de muitos que disseram: “mas ela tem tudo”, “mas ela parece tão feliz”, “mais isso e aquilo”, eu apenas me peguei pensando sobre o quão pesada e avassaladora deve ter sido sua dor a ponto de atentar contra a própria vida. Eu pensei nela, lembrei de mim e das minhas inúmeras crises existenciais e de ansiedade. Eu olhei para o meu interior e enxerguei o buraco que há dentro de mim que, por mais que eu tente, não consigo preencher.

Nós precisamos mudar a nossa mente em relação ao suicídio. Quem tira a própria vida não quer de fato morrer. A pessoa quer viver, quer viver muito, mas não consegue. Não encontra condições suficientes e necessárias para levar a vida adiante. Quando eu lembro do meu avô e meus tios eu não os julgo por uma simples razão: eu sei o quanto a vida é pesada, porque eu a sinto diariamente me derrubando no chão. Há dias mais fáceis, mas nem todo dia é bom. Há dias que são angustiantes e por mais que eu explique aqui, que eu escreva, você não compreenderá. Porque é necessário estar na pele para sentir na carne.

Não é falta de Deus. E eu acho de uma extrema ignorância as pessoas atribuírem isso à religiosidade. O suicídio é o “ápice” de uma doença maior: a depressão. É, como muitos dizem por aí, a solução rápida para um problema que é temporário. Mas quem comete suicídio não tem tempo para pensar no amanhã ou avaliar se as coisas mudarão. Ele só pensa em acabar com aquela dor que sente. Ele só quer cessar com tudo.

Conheço inúmeras pessoas felizes que sofrem de depressão. Você também deve conhecer. Sabe esse colega de trabalho que ri de tudo e faz piada com tudo e todos? Ele pode chegar à casa e sofrer silenciosamente à noite. Sabe aquela pessoa que é admirada por todos e que tem a grama mais bonita da vizinhança? Ela também pode sofrer. Recentemente tivemos vários casos de famosos que tiraram a própria vida. Pessoas, aparentemente, com vidas perfeitas. Ou seja, a depressão é uma doença silenciosa e quase que invisível. É preciso que estejamos atentos a quem amamos para podermos identifica-la. Para que possamos apoiar quem amamos.

Há algum tempo decidi procurar ajuda profissional, porque percebi que não era autossuficiente e que eu não poderia me curar sozinha. Porque eu realmente QUERO VIVER, mesmo que minha cabeça fale que não. Porque eu tenho planos e sonhos que quero realizar. Às vezes nós precisamos entender que não temos real domínio sobre nossa vida e que muitas vezes precisaremos do auxílio de outras pessoas para seguir em frente; sejam elas amigos ou médicos.

Eu decidi por mim. 
Porque eu quero ver meus sobrinhos crescerem, porque eu quero conhecer vários países, porque eu quero ter meus filhos, publicar mais livros e plantar algumas árvores. Porque eu compreendi que minha vida não pode se resumir ao meu quarto escuro aos finais de semana. Porque eu entendi que a minha ansiedade nada mais é que o desespero por não saber por que caminho seguir. Mas eu estou disposta a encontrar esse caminho mesmo que a estrada seja árdua e que o fardo me doa. E se eu não conseguir carregar eu dou permissão a quem me ama a me ajudar a carregar.


Acreditem.
Eu quero viver.

Quero muito.

segunda-feira, maio 14, 2018

Sobre você



Acho engraçado como você pega a comanda e coloca no bolso para que eu não pague o lanche. Mas acho tão bacana porque você não se irrita quando, por um descuido, eu passo a comida no débito. Você ri e diz que sou geniosa, mas que está tudo bem eu ser uma baixinha encrenqueira. Que não dá pra mudar esse meu instinto de ser livre e que me gosta assim, de asas abertas, pronta para dar rasantes no céu.

Acho tão bom quando você me abraça do nada e me chama de coisas que só você entende. Ainda fico na dúvida se ser chamada de Filezinho de Merluza é bom ou ruim. Acontece que tudo soa tão bem vindo dos seus lábios, tudo é dito com tanto carinho, que não há como não sorrir e agradecer por ter você em minha vida. Às vezes me pego pensando nas reviravoltas que o mundo dá. Os caminhos que somos obrigados a percorrer para, no final das contas, regressarmos à largada inicial.

Acho tão bonito como você me inclui nas suas coisas, naquilo que não havia necessidade de eu estar. Daí você me lembra que não há segredos, que sempre há espaço para mim em seus sonhos e que onde você estiver eu estarei. Sorrio do teu jeito de ver o mundo e me encanto com a maturidade que você encara os desafios da vida. Acho incrível quando estou prestes a explodir e você me pega pela mão, me faz respirar devagar e olhar o problema por outro ângulo. Há sempre uma saída sem estresse, você diz. E eu sempre alcanço ela ao seu lado.

Acho tão fantástico o modo como você me vê. Talvez eu não tenha a mesma sensibilidade que você. Acho mais sensacional ainda lembrar a quantidade de qualidades que você me enumerou enquanto eu insistia em contar sobre os meus defeitos. E o modo como você me disse, olhando em meus olhos: o que é defeito para uns é qualidade para os outros. Não se deixe medir pelos olhos alheios, de quem não te ama e não te vê.

Acho incrível o modo como você vê a vida, eu repito.

Mas acho mais incrível ainda o modo que você me leva a me enxergar em você.

sexta-feira, abril 27, 2018

Quem deve ser prioridade?

Tem sonho que fica no papel por muito tempo, porque a gente não tem disposição para correr atrás ou porque caminha na direção oposta. Se a linha de chegada está à direita, você não a alcançará se for para a esquerda. Estou desde a manhã analisando onde venho errando nos últimos anos e cheguei à conclusão de que eu não tenho foco o suficiente e que não tenho como prioridade os meus sonhos.

Dói olhar para dentro de nós e enxergar as nossas falhas. Dói, mais ainda, saber que todo mundo é prioridade e você não. Tantas vezes eu já ouvi da minha irmã que eu precisava pensar mais em mim e que a minha generosidade apesar de bonita ainda ia me custar muito caro.

Eu preciso parar de abraçar problemas que não são meus, de deixar as minhas coisas de lado para ajudar os outros, de me deixar em segundo plano porque preciso socorrer quem me pede ajuda. Tem fardo que eu não preciso carregar. Tenho refletido bastante nos últimos tempos, em 2015 estava obstinada atrás de um sonho e deixei escorrer por entre os dedos por pura permissão minha, porque desviei o olhar do meu objetivo.

Não me arrependo dos abraços que dei e da mão que estendi. Mas eu ando bem cansada de ser boazinha, de sempre estar disponível para apagar incêndios que eu não acendi sequer um fósforo, de tentar resolver problemas que não são meus. Às vezes a gente precisa dizer “nãos” para que a consiga viver. Eu não aprendi a dizer, infelizmente. Mas espero, de todo o meu coração, inserir essa palavra no meu vocabulário. Hoje eu amanheci bem reflexiva em relação às minhas amizades, aos meus amores, ao que venho plantando e fico entristecida por enxergar que grande parte das minhas relações são infrutíferas.

Eu preciso aprender a separar o joio do trigo o mais rápido possível. Ou então perderei a colheita da minha vida. É como diz lá em 1 Coríntios 6;12: Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma.Que eu acorde para a vida e aprenda a me colocar em prioridade e pare de ser a pessoa que de tão boazinha passa a ser trouxa.

quinta-feira, abril 12, 2018

Ela está muito bem sem você, obrigada!



Ela está muito bem sem você, obrigada!

Não foi fácil ela te colocar na lista dos “nem devia ter começado”.  Mas ela finalmente conseguiu seguir a vida sem olhar as suas postagens, sem permitir que aquele sorriso bobo – põe bobo nisso – surgisse no rosto ao lembrar dos momentos em que estiveram juntos.

Sabe o que é? Ela percebeu que você era um babaca. Que se tornou “príncipe encantado” só pelo nível exaltado de carência dela. Ela tira e põe pessoas na vida dela quando quer. O amor-próprio dela grita. Enquanto ela quis se enganar com você, se enganou.

Bastou decidir consigo mesma que você era tão desnecessário na vida dela e assim, não merecia nem um minuto dos pensamentos dela; pra te enterrar nas emoções dela. Quando ela deixa alguém de lado, é uma vez só. E olha, muitas mulheres são de “idas e vindas”. Ela não.

Aquela mulher sabe que não precisa ter alguém do lado pra ser feliz. Ela é feliz com a própria companhia. Estuda, trabalha, cresce pessoal e profissionalmente. Tem muitos amigos, ama estar consigo mesma. Ela não precisa de você. O que tiveram foi um devaneio dela. Porque ela permitiu, ela quis.

Ao somar a tristeza e vazio que você provocava na vida dela e ver que era maior que as alegrias, ela teve certeza que você só serviu de experiência. Não há mágoas, ela é mais forte do que isso. Mas não espere mais que ela vá atrás, nem que ligue, envie mensagens/e-mails. Ela não vai mais te procurar. Sabe o que ela faz quando pensa em você? Rebate o pensamento com “como perdi meu tempo!”. Ela está muito bem sem você, obrigada! É uma mulher forte, batalhadora, corre atrás da própria felicidade. Não a deposita em mãos alheias.

E olha, daqui um tempo ela estará tão bem que você vai ser passado enterrado à sete chaves. Não vai provocar nada nela. Talvez uma curiosidade em saber que você continua sozinho, largado e por aí com umas e outras. Enquanto ela estará linda, amada e vivendo muito bem os dias dela. Sabe o mais intrigante de tudo isso? Ela aprendeu que não precisa de alguém do lado pra ser feliz! Ela aprendeu que o que for pra ela, vai se encaixar à vida dela naturalmente. Você e ela eram algo que exigia esforço demais. Não era pra ser mesmo.

Ela sofreu, ela correu atrás, ela lamentou pelas as outras. Ela chorou, ela bebeu, ela se acabou numa panela de brigadeiro. Mas ela se reergueu. Passou por cima de tudo e está cuidando de si. A vida dela é mais leve sem a sua presença.

As suas mentiras, ela jogou no mar. Ela não é mulher de desejar mal a alguém, vive como se você não existisse. Segue a vida, correndo na direção dos objetivos, cheia de amor-próprio. Ela ficou mais forte depois de tudo o que você provocou.

Segue a sua vida. Não perca o seu tempo pensando nela. Tentando saber sobre ela. Essa moça é do tipo que deixa de lado uma vez só. Às vezes em que ela foi atrás, era na tentativa de não deixar morrer o que vocês estavam construindo.


Mas agora, ela deixou de lado. E isso não tem volta. 


terça-feira, abril 10, 2018

Carta aberta ao meu ex


Há muita coisa entalada aqui dentro. Há dias que eu penso em você com um certo pesar; outros dias eu lembro com muita tristeza. Não há como dizer se, em alguns desses momentos, eu penso com amor. É tudo muito confuso o que ficou aqui dentro de mim e muito doloroso também. Com uma dor imensa no coração eu digo que sinto saudades de você. De quem fomos. De quem éramos. Sinto saudades de dividir minhas pequenas alegrias e minhas grandes conquistas. Dia desses conquistei algo tão grande e não tinha você para me parabenizar. Dia desses eu tomei café na xícara que você me deu, enquanto escutava a nossa música no Spotify. Dia desses eu peguei aquela caneta tinteiro que você me deu, no dia dos namorados, e fiquei pensando: “como diabos é que eu faço para usá-la?”

Há muita coisa presa na garganta ainda. Um monte de coisas que eu queria ter dito para magoar seu coração, para te fazer sentir a dor que eu senti. Mas há também tanta coisa que eu nem sei definir. Nem sei se deixei de te amar, a única coisa que sei é que você me faz falta do nascer ao pôr do sol. Da primeira até a última hora do dia. Tão estranho acordar e não ter você. Tão doloroso é sentir que nunca mais seremos. Tão triste é lembrar da gente, dos nossos dias juntos, de fechar os olhos e ver você me estendendo a mão e saber que você quis caminhar por outra direção. Sem mim.

Há muita coisa aqui dentro do coração. Tem dia que não dói tanto e nesses dias eu sorrio mais. Mas tem dia que é tão terrível, que me dilacera por dentro e eu choro feito uma criança. Hoje é um dia desses, sabe? Em que eu queria que tudo fosse apenas um pesadelo e que ainda fôssemos quem éramos um para outro. Eu sinto saudade do meu melhor amigo. Sinto saudades das suas piadas idiotas e das canções que você postava em seus stories para mim. Sinto saudades das suas selfies e de mandar fotos com caretas para você. Sinto saudades de te mandar longos áudios e de ouvir o seu sotaque bonito. Sinto saudades da sua filha – eu a amo tanto. Sinto saudades dos nossos planos, de imaginar nossas viagens e pensar como seria observar as auroras boreais ao seu lado.

Há muita coisa aqui em mim e eu não consigo esvaziar. Vez ou outra alguém toca no teu nome e eu sempre dou um jeito de te defender. Digo que a culpa não foi sua, que foi das circunstâncias e de toda a distância que nos separava fisicamente. Mas logo alguém me diz que você não me amou o suficiente e isso me dói o coração. Talvez eles tenham razão. Eu nunca saberei.  Eu disse que nunca mais ia escrever nada sobre você, mas eu não estou aguentando o peso dos meus sentimentos, ando tão sufocada, tão deprimida, que às vezes nem eu mesma me compreendo. Todos os dias eu acordo e me pergunto se você ainda pensa em mim, se também sofre como eu sofro, se ainda sou alguém importante para você, se você ainda ouve as nossas músicas ou se muda logo a estação quando elas tocam. Mas minhas perguntas não são respondidas e não há quem possa responde-las. Hoje meu coração dói de uma forma tão inexplicável que eu só queria que você chegasse e dissesse: é só um sonho ruim, eu nunca fui embora, eu sempre estive aqui. Mas eu sei que você se foi e até hoje eu não entendo o porquê. A gente tinha uma relação tão bonita, tão verdadeira, tão incrível. Como foi que você desistiu de mim? 

quarta-feira, março 07, 2018

Eu não perdi minha esperança

Sexta-feira passada meu coração me deu um falso alerta: eu estava morrendo. Respirei fundo. Contei até três e repeti a mim mesma que não, eu não estava morrendo. Era só a minha ansiedade batendo à porta. Entrei no banheiro, liguei o chuveiro e enquanto a água caía eu repetia: eu estou bem, eu estou bem, eu estou bem. Nada novo sob o céu. Há alguns anos venho lidando com essa visita desagradável e sempre inesperada. Nunca sei quando vou ter um surto. Sempre é doloroso. O ar me falta, meu coração acelera e a mente fervilha. Tão doloroso parecer uma bomba-relógio prestes a explodir.

De sexta para cá me isolei o máximo que pude. Tenho mais de cem mensagens para responder e a vontade que eu tenho é só de descansar. Às vezes a cabeça da gente pede descanso; ela pede silêncio. A minha vem pedindo paz. É como se ela dissesse: "tira férias, se cuida um pouco". E há alguns dias venho me permitindo desligar o celular ao chegar em casa, tomar um banho, assistir a novela com minha família ou simplesmente ir dormir.

Acontece que nem sempre dá para sumir por completo. A vida pede que a gente olhe com responsabilidade para as nossas obrigações. Então, aos poucos eu vou me obrigando a cuidar daquilo que é primordial. Este texto nem deveria ser tão pessoal, afinal o blog não é um diário. Mas ele acaba sendo reflexo daquilo que sinto. A gente escreve aquilo que há em nós. E há alguns dias venho lutado com esse desespero que se instalou dentro do meu peito.

Antes que você pense: "ela perdeu as esperanças". Eu quero te dizer que não perdi. Eu só compreendi que não dá para ser forte o tempo e que eu posso sofrer também. Que eu posso chorar no colo de Deus e dizer que eu não aguento. Que eu posso olhar para mim mesma e me abraçar como se fosse uma criança que acabou de se machucar ao cair. Que eu posso sim dizer que não quero falar com ninguém, que quero meu espaço e sofrer calada. Que eu posso entender a minha humanidade e ser um pouco vulnerável vez em quando. 

Esses dias eu decidi que caminharia devagarinho e que não maltrataria mais meu coração por causa das escolhas alheias, que não deixaria a minha mente me sabotar por quem sequer teve cuidado comigo, por quem nunca me amou ou por outros motivos mais que me assombram. Esses dias eu decidi que só me cabe aquilo que está sob meu controle e aos poucos vou percebendo que me abraçar foi a melhor decisão que eu tomei nos últimos tempos.


quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Eu bebi você


Eu bebi você em algumas doses de vodca barata dias atrás. Aproximadamente oito doses ou mais. Já não me lembro bem. A única coisa que me recordo é da coragem insana que me incentivou a te ligar. Olhava fixamente para o teclado numérico e o número – que recém havia deletado – pululava em minha mente. Apagar não adiantou. Senti que minha vida era um roteiro sertanejo cantado por Marília Mendonça ou, quem sabe, Milionário e José Rico.

Terceiro toque e o coração na goela. A arritmia latente não se dava somente pela bebida, pensei eu. Que adrenalina é ligar para alguém na incerteza do que ouvirá do outro lado. Quinto toque e antes que eu desligasse, que desistisse de você, ouvi a sua respiração e um alô aparentemente injuriado. Você queria saber o porquê de eu ligar àquela hora e disse que – pelo nosso bem – havíamos ficado no ano de 2017. Respirei fundo, a bebida havia evaporado e o álcool que bebi não foi capaz de adormecer a dor que naquele instante você causou.

Você parecia mais viva e a sua voz firme me mostrava que eu não era mais bem-vindo. Respirei fundo, soltei um “eu sinto muito por tudo” e pude ver – por um instante – os seus olhos revirarem em minha mente. Não era preciso ter boa imaginação para saber que essa seria a sua reação diante do meu desabafo. Você sempre foi tão previsível, não é mesmo? Ou será que foi só a saudade que deu um jeitinho de materializar você em minha frente? Nunca saberei ou terei certeza quanto a isso. A única certeza de que carrego comigo é de que não há mais espaço para mim em sua vida e coração.

O telefone quase mudo me golpeou ferozmente. Havíamos tantos planos sempre, tanta conversa a se jogar fora, a vida toda parava enquanto dissertávamos sobre o nosso dia; que ouvir somente a sua respiração do outro lado da linha me cortava o coração. Você já não tinha mais a mesma paciência de antes. Você parecia não se importar mais com as minhas idas à cidade vizinha atrás de soluções para o prego do meu carro; não se importava mais com as canções que tocavam ao fundo especialmente para você.

Esses dias andei ouvindo Kid Abelha e lembrei que te cantei alguns versos quando nos conhecemos. Outro dia, também, mudei a estação de rádio e ouvi a nossa canção tocar. Tanta coisa ainda me lembra você e o teu jeito bonito de ver o mundo. Dia desses eu tive um problema e pensei que se você não soubesse a solução, saberia – ao menos – me confortar. Só que você não estava aqui para me dar um sermão ou me apontar a direção. Às vezes penso que fiz a escolha certa ao sair da tua história, mas em dias cheios de tensão eu penso o quão seria bom te ver fechando os olhos ao ser abraçada por alguma canção que eu te dedicava. É. Eu ainda te vejo nas minhas canções e ainda há em minha playlist um pouco de você.

Eu bebi umas doses de vodca barata, eu bem sei. 
Mas era só um pretexto para criar um pouco de coragem e dizer que eu sinto uma puta falta de você. Nem precisa se estender ao telefone, pode desligar quando quiser, mas antes deixa eu te dizer: tem dia que é muito foda não ter mais você, tem dia que a minha playlist fica maluca e traz você em todas as canções e, é foda, muito foda, brigar com tanta recordação. Agora pode desligar, coração.

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Ouça seus amigos!


Acontece de você namorar alguém sem confiar completamente. Principalmente quando você acredita que o ser humano é capaz de se regenerar e de mudar. Aposto que você já se envolveu com alguém que desligava o celular na sexta-feira à noite e só dava sinal no início da segunda-feira ou que mentia olhando dentro dos seus olhos e te convencia a acreditar.

Mas daí você pensava: o celular deve ter ficado sem bateria, ele não é capaz de mentir olhando dentro dos meus olhos ou outras tantas razões, que você encontrava como desculpa, para convencer seu próprio coração que devia continuar dando chance àquela pessoa. Acontece que nem todo mundo é capaz ser honesto em uma relação e infelizmente a vida nem sempre é tão bacana a ponto de desviar os nossos caminhos desses, como diria lá no meu amado nordeste, embustes.

Nem todo mundo é capaz de identificar alguns desses sinais, principalmente quando a paixão está latente. Por isso, eu digo: escute seus amigos e ouça seus pais. 90% do que eles dizem sobre as pessoas que nos relacionamos é verdade; o problema é que nem sempre estamos dispostos a ouvi-los. Quantas vezes você ouviu de sua amiga: “esse cara não presta, amiga!” ou “ele vai fazer você sofrer”, e você simplesmente fechou os olhos, ouvidos e fingiu que nem era com você? Inúmeras vezes, não é mesmo?

Por puro conhecimento de causa eu afirmo que é importante dar uma atenção àqueles que nos exortam, é preciso observar os sinais e pesar as circunstâncias. Costumo dizer que desculpas constantes é sinal de falta de compromisso conosco. Quem deseja estar realmente ao nosso lado não faz da nossa vida a casa da mãe Joana, tampouco é displicente com o nosso coração. Quem deseja estar ao nosso lado é transparente e sabe a importância que é dividir a vida com outro alguém. Por isso, mas uma vez eu digo: se quiser perdoar, perdoe. Só não dê ao outro a falsa ideia de que tudo bem errar sempre, porque você sempre o perdoará. Há uma grande diferença entre perdoar e ser feito de trouxa. Não se enquadre, por favor, na segunda opção.

terça-feira, janeiro 23, 2018

Como eu amava te desconhecer


Abri mão de tanta coisa para ficar ao teu lado. Fechei os ouvidos às críticas e conselhos dos meus amigos. Abri mão de estar em lugares para estar contigo, porque acreditava que você estava ali comigo. No final das contas a gente só percebe que alguns esforços são desnecessários quando a vida te esfrega na cara o quão trouxa você era. Lembro que um dia você disse: “eu não sou tão bom quanto você imagina”. Não dei muita bola para o que li, porque não queria perguntar o motivo daquela frase. Deixei que ela passasse despercebida.

Você tinha o meu coração de uma maneira tão bonita. Nunca havia amado alguém até encontrar você. Com você fiz os meus maiores planos e por você eu deixaria o que construí. Tudo porque não te conhecia, não é mesmo? Hoje eu percebo que você tinha razão ao dizer que não era tão bom quanto eu imaginava. Eu te pintava tão bonito, tão justo, tão honesto, tão amoroso. Eu te desenhava como a melhor pessoa do mundo. Só que você era somente a projeção daquilo que eu sonhava. Você era um amor idealizado por mim.

Amava a sua forma de me contar sobre a vida, de cuidar dos meus passos e de mim. Amava toda a importância que eu achava que tinha. Assim como todas as outras deviam amar também. Olho para você e não consigo entender o porquê de tudo isso.  De você dizer que me amava e ter mais quatro pessoas em sua vida. Como você conseguia administrar tudo isso? Como você conseguia se mostrar presente a todas nós? Quanto sangue frio.

Olho para você e não consigo reconhecer quem você foi um dia. Tudo parece tão distante e sem sentido. É como se você nunca houvesse existido ou como se apenas tivesse morrido. Sabe quando alguém morre e choramos porque nunca mais o veremos? É assim que sinto. Quantas desconfianças eu guardei para no fim descobrir que tinha razão em nutri-las. Todas as moças que eu desconfiei e todas as saídas com telefone desligado escondiam traições e mentiras. Mil mentiras. Quantos corações mais você destruirá? Você nunca me amou, não é mesmo? Você nunca as amou. Você não ama ninguém a não ser você.

Como eu amava te desconhecer.
E sem lágrimas nos olhos, apenas com um buraco em meu peito – aquele que tanto te guardou, eu reconheço que não te amo mais. Pois seria uma violência contra meu coração ainda manter qualquer sentimento por você. De todas as coisas boas que você poderia ser em minha vida, de todas as boas lembranças que você poderia me deixar, você escolheu ser nada. Ser apenas um borrão em minha memória. Algo que me faz querer acordar quando, vez ou outra, eu sonho com você.

segunda-feira, janeiro 22, 2018

Oi, sumida!


Não lembro quantos shots de tequila bebi quando você se foi. Lembro apenas que fui amparada por uma amiga, enquanto tentava usar o toilet. Lembro dela olhando em meus olhos dizendo: "você não vai beber mais". Não lembro de muita coisa daquela noite, mas lembro que você mandou um "oi, sumida" para tentar me convencer que sentia a minha falta. Tentou justificar os seus erros e as decisões que havia tomado. É o melhor para nós dois, você dizia. Você sempre fez questão de deixar solto no ar que me amava e que se não ficássemos juntos era para o meu bem. Você dizia que eu era a pessoa certa na hora errada e quando fosse o tempo certo a vida cruzaria nossos caminhos novamente. 

Não lembro de muita coisa daquela noite, repito. Mas eu me recordo de cada lágrima que derramei por você, de cada fim de semana que me isolei dentro do meu quarto escuro, de quantas vezes eu não quis existir porque a dor me consumia demais. Você me fazia acreditar que eu era alguém difícil de ser amada e que as minhas qualidades eram um peso para você. Dizia que para estar ao meu lado você precisava mudar, mas que não era capaz disso. Não naquele momento. Então, você se foi e me deixou com meus pedaços no chão.

Olho para a mensagem piscando em meu celular e o seu "oi, sumida", e me pergunto até onde vai o teu cinismo em achar que eu realmente estava sumida de você. Estar longe de você é, sem dúvida alguma, uma das maiores bençãos recebidas até aqui. Estar longe de você é sinônimo de paz e tranquilidade. Estar longe de você é algo que pretendo manter até o fim da minha vida. É o melhor para nós dois, meu bem. Acredite.

E por acreditar nessa verdade eu só te peço uma coisa: esquece meu telefone, meu nome e que você já teve algo comigo. Esquece que algum dia eu te amei e que estive entre os seus braços. Esquece a minha fisionomia, a minha voz e tudo o que vivemos. Esquece que a vida cruzou os nossos caminhos e esquece, pelo amor de Deus, que existe a possibilidade de sermos amigos. 

Porque não tem.
Esquece.

terça-feira, janeiro 16, 2018

Eu que te amo tanto, ainda não te amo tudo.


É tão natural falar sobre você. É como dar bom dia a um transeunte na rua. É como acordar de manhã de pedir bênção aos meus pais. É como abrir os olhos pela manhã e agradecer pelo dia que nasce. É leve. É sereno. É doce. Falar sobre você é algo que me sai dos lábios acompanhado de um sorriso. Eu sempre rio quando vou contar algum causo teu. Eu sempre rio quando imito o teu erre. Eu sempre rio quando lembro que você me chama de baixinha invocada ou quando me abraça me chama de cheirinho meu.

Existe uma frase tão bonita por aí que diz: "eu que te amo tanto, ainda não te amo tudo". E eu olho pra você, para tudo o que vivemos até aqui, para todos os anos que dividimos e só tenho que agradecer por você existir e por inspirar em mim o meu melhor. Por me fazer próxima de Deus e me fazer compreender mais sobre a vida. Por me fazer ser mais justa e me repreender quando meu coração não entende as limitações dos outros.

A gente acha que sabe tudo sobre o amor até que vem alguém e desconstrói todas as nossas teorias. Até que alguém nos faz perceber que não sabemos nada e que somos uma gota na imensidão do mar. Obrigada por abrir os meus olhos para a realidade da vida. Obrigada por me fazer querer ser melhor a cada dia. Obrigada por me fazer enxergar bondade onde eu já não via mais esperança. Obrigada por desvendar o amor.

É tão natural falar sobre você.

segunda-feira, janeiro 15, 2018

Você é maior!


Às vezes as coisas saem do nosso controle e nos desesperamos. Antes de mais nada eu te digo: "você não é capaz de controlar tudo". Sei que saber isso não ameniza em nada as dores que possam surgir disso. Queria te dizer também que ser quem somos pode nos machucar mais que uma lança a se trespassar pelos nossos corações. Mas não há nada neste mundo que seja imutável. Magoamos quem amamos por puro despreparo ou porque simplesmente não nos atentamos aos sinais.

Nós somos um amontoado de questões. Somos a escola que frequentamos na infância, somos o primeiro trabalho que nós ingressamos, somos os debates que participamos na faculdade, somos e somos. Sempre seremos aquilo que nos cerca. Mas somos, ainda, aquilo que nos propusermos a ser. Hoje você me vê com meus defeitos muitos e a minha falta de habilidade em dar as rédeas ou ceder às gentilezas que me oferecem. Olhar para meu interior, a minha essência e me sentenciar a viver para sempre com os meus defeitos e olhar e dizer: você é incapaz de mudar, porque as pessoas não mudam.

Sentenciar alguém aos seus erros sem o benefício de perdão é acreditar na máxima de que pau que nasce torto, morre torto. A vida se desenrola muitas vezes de forma adversa do que desenhamos. Ninguém espera que uma manhã de sol se torne um dia tempestuoso. Ninguém em sã consciência aguarda um terremoto sendo que pode escapar dele. A vida é mesmo uma roda gigante e quando pensamos que alcançaremos o céu, estamos embaixo ouvindo o tiozinho dizer que é hora de descer.

A vida é injusta demais. Ela não te retribui a mesma benevolência que outrora você tivera. Até mesmo porque a vida não é uma troca. Amor não é balança em que pesamos o que sentimos. Cada pessoa é um universo particular e cada um lida de forma diferente com as tribulações que lhe surgem pelo caminho. Há quem diante de uma tormenta se jogue ao mar por puro desespero, há quem fique no navio esperando a morte porque não acredita que haja solução e há quem reme até os braços doerem e as mãos calejarem.

Tudo é questão de como olhamos para determinada situação. Como seria o mundo se todas as pessoas olhassem paras as dificuldades com olhos de pessimismo? Às vezes nós só precisamos olhar com calma para a estrada que percorremos para entender o motivo de caminharmos até ali. Às vezes é necessário manter a espinha ereta, olhar com serenidade e gentileza para aquilo e àqueles que amamos e entender o motivo de permanecermos e lutarmos tanto uns pelos outros.

Às vezes a gente só precisa olhar para nós mesmos, diante do espelho, e se perguntar: por que eu cheguei até aqui? Desistir na primeira tribulação é não reconhecer o caminho percorrido. É se ver menor que os problemas. Sendo que em tudo na vida, em tudo que nos dispusermos, seremos sempre maiores.


quinta-feira, janeiro 11, 2018

Hortênsias


Lilás era a nova cor do pecado porque eu mergulhava nos olhos dela todas as noites. E sim, não eram azuis, eram lilases. Bionda tinha os cabelos loiros, quase brancos como uma folha de papel e os lábios em formato de coração com pigmentação vermelho escarlate. Suponho que descrevê-la é impossível, porque não há como mensurar tamanha beleza.

Talvez ela seja uma deusa, dessas que dizem serem existentes em mitologia grega ou talvez seja um anjo tão doce e perfeito são suas feições. Contudo, não me atrevo a descrever minuciosamente os seus traços, porque pecaria com a minha visão grosseira e nada poética. Mas, digo: Bionda tem o cheiro mais doce e convidativo que meu olfato já experimentou sentir.

Eu estava distraído, não esperando absolutamente nada, quando ela me veio. O céu pintava-se de pontinhos brilhantes que facilmente podiam ser ligados, tornando-se animais, objetos ou simplesmente palavras. Céu de estrelas muitas e luar minguante. A lua não era cheia, igual aquelas que poetas costumam descrever em seus poemas, era imperfeita. E por trazer a imperfeição aos meus olhos foi bem quista. Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia então me alegrei por tê-la conhecido em uma noite minguante. 

E lá estava eu andando de bicicleta naquela cidade provinciana, que me acostumara a gostar. Andando de um lado para outro quando eis que ela me surge do nada. Tão rapidamente que não houve tempo de desviar. Acidente. Alguns arranhões, pouco sangue e um sorriso ao invés de choro, de palavrões. Ela deixou-me mergulhar pela primeira vez em seu doce olhar. Entreguei-me.

Ela falava sobre astronomia, dizia que desejava viajar a via-láctea e que conseguia enxergar estrelas em meus olhos. Soou-me poético. E ela disse realmente que era poesia, que eu era todo. E eu a beijei. E os olhos dela permaneciam abertos enquanto me beijava e os meus encontravam hortênsias ali. Ela dizia que olhava meus cabelos desgrenhados e que desejava saber se eu gostava de seus beijos. 

Não era falsidade. 

E ela me beijava sempre assim e eu adorava. Porque ela me lia com os olhos lilases dela, parecia ler com seus olhos abertos o que eu desejaria que ela me fizesse. E sabe, que todos os dias quando encontro aqueles olhos de hortênsias desejo piedosamente que continuem sempre abertos.

quarta-feira, janeiro 10, 2018

Ainda bem que você chegou


Marisa Monte canta a gratidão que há em meu coração por você ter chegado. Eu que tive meu coração dilacerado e me perguntei se algum dia voltaria a confiar em alguém. Eu que tive todos os meus sonhos jogados no lixo e vi todos os meus planos indo embora. Eu que chorei rios e mares pelo amor que eu jurava ser eterno. Eu que me vi perdida, olhando para o espelho, perguntando aos céus qual seria o próximo passo. Eu que deitei na cama, um final de semana inteiro, e só levantei na segunda-feira para trabalhar.

Não tenho escutado tantas músicas mais e tenho evitado seriados onde o amor impera. Meu coração se tornou um pouco duro, eu confesso. Mas cá dentro vejo que algo está mudando. Você consegue de mim as minhas maiores gargalhadas e devo admitir que a sensação de barriga doendo de tanto sorrir é, infinitamente, mais gostosa do que as famosas borboletas. Eu nem acredito na calmaria que se tornou a minha vida de uns tempos para cá. O temporal que me acompanhava, vez ou outra, se afastou de mim. Não há prenuncio de tempestade. Não há sinal de mudança de tempo. Só o azulzinho do céu abraçando a minha alma. Confortando o meu coração.

Eu devo ser muito clichê, mas todo mundo é um pouco quando se encanta por alguém. Tenho estado tão mais tranquila por saber que há você para dividir os meus dias, por ter você para contar um pouco dos meus anseios e medos, para tomar uma garrafa de café enquanto contamos sobre as complicações do trabalho ou simplesmente para maratonar Game of Thrones no final de semana. A vida tem sido bem generosa comigo, apesar de dizer a todo momento que não desejo ir tão a fundo e que devemos ir com calma. 

Você me olha nos olhos, me abraça pelo meio e me chama de baixinha geniosa. Ficamos ali no meio da sala, enquanto ouvimos Roxette, dançando sem mexer os pés. Você me envolve no abraço mais sincero e gostoso que já senti. Você me tem ali entre os braços e eu só sei agradecer, mais uma vez, por você ter chegado. A vida parece bem injusta quando nós sofremos, parece carrasca quando nos magoa, mas ao pouco vamos entendendo todas as suas razões. A gente cai agora para lá na frente se reerguer mais forte. A gente esfola um pouco os joelhos, mas logo tudo se cicatriza. 

A gente não entende porque algumas pessoas se vão até que outras cheguem.
Ainda bem que você chegou.

terça-feira, janeiro 09, 2018

Você tem de mim mais do que confesso


Você tem de mim mais do que confesso. Tem os meus pensamentos diários e o desejo de estar contigo em um barzinho qualquer. Você tem a minha atenção, mesmo quando insisto em negar que sinto saudades. Você tem o meu desejo, mesmo quando digo que as suas palavras não me convencem. Você tem os meus suspiros, mesmo quando desvio a conversa para algum assunto banal. Não sou dona de mim quando o assunto é você. Sou pensamentos perversos e sentimentos confusos. Sou uma vítima encurralada em uma viela escura de algum filme de terror. 

Você tem de mim mais do que confesso. Tem as palavras que se calam quando você me encosta na parede. Tem a minha gargalhada mais sincera quando me conta alguma piada idiota. Tem o meu coração em uma bandeja quando discutimos por alguma besteira. Tem a minha vontade de desbravar o mundo e de ser alguém melhor porque você é. Tem o meu desejo de me encontrar para me perder com você.

Você tem de mim mais do que confesso. Tem minhas notas no violão, as canções que venho cantando e uma porção de notas escritas no celular. Tem a minha vontade de estar contigo em uma manhã de domingo e o desejo de estar sozinho atrás do banco do seu carro. Tem o desejo latente do seu pulsar dentro de mim e o anseio de te pertencer calma e serena em teus braços. 

Você tem de mim mais do que confesso. Tem toda a inocência que preservei até aqui e toda a malícia que recém-adquiri. Tem toda a calmaria que me faz garoa nas manhãs de sábado e toda a devassidão que me transforma em um vulcão madrugada a dentro. Você tem de mim mais do que confesso. E por me ter tanto às vezes perco a minha identidade. E por me ter tanto às vezes não sei jogo a âncora ou se hasteio as velas. 

segunda-feira, janeiro 08, 2018

Você a deixou ir


►Leia ao som de Let Her Go, Passenger◄

Você muda a estação quando toca a música dela e o coração pesa quando você vê mensagens antigas. Você não imaginava que um dia os caminhos se descruzariam abruptamente e que ela abriria o coração para outro alguém. Você já não olha as fotos antigas, mas sempre há algo que lembra ela. Você toma a sua cerveja, naquele bar que ela queria ter ido, e o seu celular não traz mais as notificações dela. Ela já não te acompanha no seu dia a dia cansado e já não te segue em sua rotina. Ela te deixou em paz. Ela te deu paz.

Você já não dedica mais suas canções antigas e não ri da inocência dela. Você já não vê seus olhos piscarem para você e os seus beijos já não lhe são mais dedicados. Você a deixou ir. Você a pediu que fosse e ela  sem pensar duas vezes, seguiu porta a fora e não olhou para trás. Você já não a ouve cantar e o violão dela silenciou para você. Você já não sabe de sua vida, dos seus passos e dos desejos de seu coração. Ela também não.

Você fecha os olhos, navega nas memórias e percebe que não ela não voltará. O silêncio dela diz muito, o silêncio dela diz tudo. O silêncio dela é o que você queria. Você olha para o teto, mira o nada, e não sabe se sente está feliz com a sua partida ou se sente triste por não mais vê-la. Você olha para suas lembranças e afasta do pensamento, em um sacudir de cabeça, para não afligir seu coração. Você lembra da voz doce, mas lembra da voz irritada. Você lembra do olhar sincero, mas lembra da voz embargada de choro. Você sabe que ela o amou, agora já não sabe mais.

Você lembra dela.
Você lembra de uma pessoa que já não existe mais.

sexta-feira, janeiro 05, 2018

Não faça joguinhos, faça amor!


Em algum momento da sua vida você encontrará alguém que tentará medir forças contigo em relação ao sentimento. Essa pessoa te deixará no vácuo infinitas vezes, porque não quer demonstrar interesse demais. Sumirá alguns dias para mostrar que não é tão disponível ou só aparecerá em dias específicos: os da semana, para ser mais exata. Dito isso, já te adianto: não vale a pena embarcar em competição de quem se importa menos. Não faça joguinhos, faça amor.

A vida é tão curta para ficar esperando o outro se decidir se quer ou não. Para esperar que o outro se digne a te enviar uma mensagem convidando para sair. Não se submeta a viver esperando que o outro te note ou te queira. Se há joguinhos demais dê a partida por vencida e se levante da mesa. Você não precisa provar a ninguém que é um bom jogador. Você não precisa se manter em uma relação que te obrigue a lutar o tempo inteiro. Nós precisamos entender que relações não são ringues de batalha e compreender que "tá tudo bem" desistir de vez em quando. 

Pelo bem da sua saúde mental: se desligue de quem é desligado de você. As pessoas precisam compreender que desinteresse cansa e ser indisponível não é atraente. Se o outro te oferecer silêncio, retribua a gentileza. Não entre na paranoia de tentar provar que você é bom o suficiente ou de que "ninguém me ignora". Se o outro te rejeita, siga o baile e procure alguém mais acessível. A vida é grande demais e o nosso leque de possibilidades é infinito. Fique com quem faz questão de você e que aprecia a sua companhia.

Há uma linha muito tênue que separa o lances de relações promissoras. Quem te procura só quando quer não está preocupado em manter uma relação contigo. Um relacionamento é construído na constância, no diálogo e na permanência na vida do outro. Se você acha que tudo bem dar o seu tempo a quem te quer só quando convém, okay. Mas se você busca algo duradouro observe a atenção que o outro dedica a você. Quem nos quer de verdade abre a porta da casa, não uma fresta da janela. Quem nos quer de verdade procura nos oferecer o seu melhor. Você não precisa brigar por uma relação. E, por essa razão mais uma vez eu repito: amor não é ringue de batalha.

quinta-feira, janeiro 04, 2018

Não seja tão disponível


A gente pode dar vários conselhos aos outros, mas sempre pecaremos em alguma coisa. Aquele velho ditado: "casa de ferreiro, espeto de pau", já me vestiu lindamente em vários momentos da vida. Dia desses estava conversando com uma amiga e disse a ela que não deixasse de ter convívio social por causa do relacionamento dela. Logo eu que deixei de fazer inúmeras coisas para estar ao lado do meu ex-namorado, logo eu que não aproveitei meu aniversário - um dos dias mais especiais da minha vida - porque ele não se importou em "estar" ao meu lado, logo eu que desmarquei passeios, cinemas e saidinhas, porque queria ficar com ele.

Amar é realmente uma delícia, mas viver para isso é uma loucura. Olho para trás e penso que à época aquilo para mim parecia o correto. Hoje olhando a situação por um outro prisma percebo o quanto negligenciava a minha vida em prol de quem, em determinados momentos, não se importava realmente com os meus sentimentos. Deixar de aproveitar o aniversário e me trancar em um quarto, chorando, talvez tenha sido um dos piores episódios da minha vida amorosa até aqui. Descobrir que essa pessoa me traía naquele dia, então. 

Acontece que a gente ama, porque nascemos para o amor. E infelizmente ou felizmente enxergar com a razão nem sempre é possível. Mas de tudo o que aprendi até aqui, se me permitam aconselhar, eu afirmo: não desmarque seus compromissos por causa de uma pessoa. Não seja tão disponível. Nenhuma relação deve ser o centro da sua vida. Cada pessoa deve ter um momento sozinho, para curtir os amigos e espairecer. O amor é livre e pede a liberdade de ser e estar em qualquer lugar.

Estar ao lado de quem amamos é maravilhoso e quando se ama então, é divino! Entretanto, a gente precisa ponderar um pouco, pois até amor em excesso faz mal. Você pode ler esse texto e pensar: "ela está dizendo isso, porque foi traída". É, muito provável que você tenha razão. Porém, como sou da vibe que prega a resiliência tenho a política de pegar os limões que a vida me dá e fazer deles limonada. Dessa relação carrego comigo não apenas decepções e rancores, mas aprendizados que levarei para a vida. E o maior deles, talvez, é que nenhuma relação deve ser maior do que o apreço e o amor que temos por nós mesmos.

Ninguém vale a nossa paz.
Ninguém.

quarta-feira, janeiro 03, 2018

Você me olha



Você me prende contra a parede e eu não desejo me desprender de seus braços. A tua respiração me arrepia a pele e o meu coração bate descompassado. Meu interior é a Sapucaí tomada por várias escolas de samba. Você me beija os lábios e eu perco os meus sentidos. Já não sei se é domingo ou  terça-feira. Sei apenas que os dias se encurtaram e a saudade ficou para trás. Ali, no vão que separa o banheiro do teu quarto. 

Você me olha nos olhos e eu vejo o meu reflexo em tua íris. Sou vontade velada, desejo de estar e permanecer junto e dentro de ti. Você me abraça as pernas, abarca minhas coxas e já não sei onde começo e termino. Sei que é bom te ter ali tão íntimo e tão vivo em mim. Você me puxa os cabelos e já não consigo evitar minha respiração sôfrega que implora por mais força.

Você me encaixa em seu colo e minhas pernas tremem. Eu que sempre fui dona da razão e do controle me vejo descoordenada e sem domínio sobre o que vejo, sinto e faço. O vai e vem dos nossos quadris me faz desejar nunca mais sair dali. Você me toca os seios e os tem para si; e eu te olho nos olhos dizendo que sim, são teus. Todos teus. 

Você me abraça manso e diz que o relógio corre devagar quando estamos longe. Eu te abraço ainda mais forte e peço que ele ande vagarosamente enquanto nos amamos. Você me tem em seus meios e eu já não sei onde estamos. Sei apenas que a saudade é tempero, rio e digo que precisamos - vez em quando - de distâncias.

Você me olha nos olhos com doçura e eu percebo que de lascívia eles mudaram para ternura. Vejo o quanto é bom ser amada nos teus olhos castanhos e nas tuas mãos de músico. Você me beija a testa e me diz que a vida é pequena demais para a gente refrear o amor. Eu te olho nos olhos e apenas concordo. Você me olha, mais uma vez, e bem baixinho me diz: como é bom te ter aqui na minha casa, na minha vida e no meu coração.

terça-feira, janeiro 02, 2018

Adeus ano velho, feliz ano novo!


Olhava através da janela e os pensamentos pululavam na mente. A retrospectiva de 2017 tão agradável e, ao mesmo tempo, tão dolorosa. Sorri de alguns episódios e engoli a seco alguns. A vida nem sempre segue o roteiro do início do ano, não é mesmo? Lembrei dos sonhos que teci início do ano passado, da esperança que havia em meu coração, do amor invencível que carregava no peito e da moça apaixonada que eu era. Tanta coisa mudou de lá pra cá. 

Olhei para as árvores passando, apressadamente, e lembrei de quem se foi. Perdi pessoas para a morte e outras para a vida. Algumas me doeram bastante e outras me doeram o necessário. Às vezes nos lamentamos por quem foi embora, mas lá na frente entendemos que alguns ciclos precisam ser fechados. Algumas dores se anuviam com o passar dos dias e logo já não são mais sentidas. Há dores que, ao longo do tempo, criam seu próprio antídoto. Nada dói para sempre.

O ano que se passou me trouxe lições tão grandiosas e, deveras, me forjou no fogo. A gente acha que vai sentir saudades para sempre, mas percebe que até saudades se tornam amenas com o passar dos dias. A gente acha que não pode viver sem alguém até perceber que podemos. Até entender que o adeus dessa pessoa, que outrora parecia ser algo tão excruciante, apesar dos pesares, é até mais benéfico para você. Quem ama não consegue enxergar com a razão. Quem ama não consegue medir o mal que o outro nos faz ou o quanto ele mente e nos trai. 

Em 2017 eu descobri que o amor realmente norteia todos os outros sentimentos humanos. Mas compreendi, também, que ele não deve ser o condutor suprassumo de nossas vidas. Que é um baita erro entregar as rédeas de nossas vidas em suas mãos. Aprendi a duras penas que o amor deve andar de mãos dadas com a razão. E que eu preciso usar um pouco mais a minha racionalidade e deixar meu coração manteiga, vez em quando, fora de campo.

Olhei para trás com um pouco de pesar pelo amor que doei. Pensei em algumas situações, analisava e repetia em meu interior: trouxa, trouxa e trouxa. Respirei fundo duas ou três vezes, balancei a cabeça no intuito de sumir com as lembranças e, enquanto via a estrada ficando para trás prometi a mim mesma que não carregaria comigo nada do passado. Virei a página do calendário e trouxe comigo apenas os meus pertences, trouxe a minha gente e o que sempre esteve comigo. Trouxe quem sempre me amou de verdade.

O ano nasceu aí cheinho de expectativas e promessas. Dele eu tenho pedido pouco. Diferente do que se passou tenho suplicado ao meu coração que tenha um pouco mais de calma, que não acredite tanto mais e que observe melhor os gestos dos outros. Espero que esse ano eu seja mais de ver do que ouvir. De prestar atenção. Espero que esse ano eu não caía nas ciladas que meu próprio coração me prega. Espero que esse ano eu realmente compreenda que nenhum amor vale a minha paz e que o amor verdadeiro não habita na dúvida.

2017 se foi e eu deixei muita bagagem com ele. Tem hora que a gente precisa olhar para dentro de nós, organizar as nossas gavetas e reorganizar os nossos cômodos interiores. Dói se desfazer daquilo que amávamos, mas doerá mais ainda levar conosco uma bagagem que já não nos serve mais. Para o ano que se passou o meu muito obrigada e para o que nasceu as minhas, mais sinceras, boas-vindas. Obrigada por me dar a chance de recomeçar do zero.