terça-feira, janeiro 02, 2018

Adeus ano velho, feliz ano novo!


Olhava através da janela e os pensamentos pululavam na mente. A retrospectiva de 2017 tão agradável e, ao mesmo tempo, tão dolorosa. Sorri de alguns episódios e engoli a seco alguns. A vida nem sempre segue o roteiro do início do ano, não é mesmo? Lembrei dos sonhos que teci início do ano passado, da esperança que havia em meu coração, do amor invencível que carregava no peito e da moça apaixonada que eu era. Tanta coisa mudou de lá pra cá. 

Olhei para as árvores passando, apressadamente, e lembrei de quem se foi. Perdi pessoas para a morte e outras para a vida. Algumas me doeram bastante e outras me doeram o necessário. Às vezes nos lamentamos por quem foi embora, mas lá na frente entendemos que alguns ciclos precisam ser fechados. Algumas dores se anuviam com o passar dos dias e logo já não são mais sentidas. Há dores que, ao longo do tempo, criam seu próprio antídoto. Nada dói para sempre.

O ano que se passou me trouxe lições tão grandiosas e, deveras, me forjou no fogo. A gente acha que vai sentir saudades para sempre, mas percebe que até saudades se tornam amenas com o passar dos dias. A gente acha que não pode viver sem alguém até perceber que podemos. Até entender que o adeus dessa pessoa, que outrora parecia ser algo tão excruciante, apesar dos pesares, é até mais benéfico para você. Quem ama não consegue enxergar com a razão. Quem ama não consegue medir o mal que o outro nos faz ou o quanto ele mente e nos trai. 

Em 2017 eu descobri que o amor realmente norteia todos os outros sentimentos humanos. Mas compreendi, também, que ele não deve ser o condutor suprassumo de nossas vidas. Que é um baita erro entregar as rédeas de nossas vidas em suas mãos. Aprendi a duras penas que o amor deve andar de mãos dadas com a razão. E que eu preciso usar um pouco mais a minha racionalidade e deixar meu coração manteiga, vez em quando, fora de campo.

Olhei para trás com um pouco de pesar pelo amor que doei. Pensei em algumas situações, analisava e repetia em meu interior: trouxa, trouxa e trouxa. Respirei fundo duas ou três vezes, balancei a cabeça no intuito de sumir com as lembranças e, enquanto via a estrada ficando para trás prometi a mim mesma que não carregaria comigo nada do passado. Virei a página do calendário e trouxe comigo apenas os meus pertences, trouxe a minha gente e o que sempre esteve comigo. Trouxe quem sempre me amou de verdade.

O ano nasceu aí cheinho de expectativas e promessas. Dele eu tenho pedido pouco. Diferente do que se passou tenho suplicado ao meu coração que tenha um pouco mais de calma, que não acredite tanto mais e que observe melhor os gestos dos outros. Espero que esse ano eu seja mais de ver do que ouvir. De prestar atenção. Espero que esse ano eu não caía nas ciladas que meu próprio coração me prega. Espero que esse ano eu realmente compreenda que nenhum amor vale a minha paz e que o amor verdadeiro não habita na dúvida.

2017 se foi e eu deixei muita bagagem com ele. Tem hora que a gente precisa olhar para dentro de nós, organizar as nossas gavetas e reorganizar os nossos cômodos interiores. Dói se desfazer daquilo que amávamos, mas doerá mais ainda levar conosco uma bagagem que já não nos serve mais. Para o ano que se passou o meu muito obrigada e para o que nasceu as minhas, mais sinceras, boas-vindas. Obrigada por me dar a chance de recomeçar do zero.

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