sexta-feira, março 10, 2017

Eu te amo, mas não gosto mais de você.



É duro olhar para a nossa história e constatar que já não somos mais aquelas duas pessoas apaixonadas que moveriam céus e terras para ficar juntos. Que os nossos sonhos já não são os mesmos e que o certo seria seguirmos em direções opostas. É horrível amanhecer, olhar para os seus olhos e não me reconhecer mais em seu olhar. É triste sentir vontade de fugir dos seus abraços e me sentir constrangida, um peixe fora d'água, no lugar que antigamente era o meu refúgio, o meu abrigo. 

As coisas não têm andado como eu gostaria. Há dias que venho reparando que deixamos de ser um e voltamos a ser dois. Cada um com a sua vida, seus medos, suas opiniões e, infelizmente, seus caminhos. Não há como não olhar para a nossa história com um pesar. Ou aguentar o peso de meus olhos todas as vezes que sinto que a solução é te deixar. Onde foram parar aqueles dias felizes ou as promessas que fizemos um ao outro? Será que o meu erro é pintar uma história de contos de fadas ou de filmes hollywoodianos? Será que a rotina é realmente capaz de matar tudo aquilo que outrora sentimos? Questões sem respostas. Perguntas que sufocam. Apenas indagações.

Dia desses vi nossa história no trecho de um livro. A moça desolada, aos prantos, dizia: "eu te amo, Dexter. Amo muito. Só não gosto mais de você". Não pude conter as lágrimas que escorriam pela face copiosamente. Reli a frase e substitui pelo seu nome. Eu não imaginava jamais me ver nessa situação, me sentir uma intrusa em seus braços ou desejar que você não investisse mais em mim. Às vezes tenho dúvida se desejo voltar a ser desejada por você. Se desejo voltar ao que éramos, porque olho para o que vamos vivendo, para os dias que empurramos com a barriga e sinto, cada vez mais, que não há conserto. Eu te amo, Dom. Mas esse amor não é capaz de manter a nossa relação.

E hoje estou aqui sentada em frente ao computador – enquanto você está aí zapeando a TV à procura de um programa bacana  pensando em que momento deixamos de ser quem éramos. Mais um dia vai se passando, mais um mês se inicia, será que mais um ano terminará e nós permaneceremos iguais? Será que os nossos sonhos morreram a míngua, afogados na praia? Eu te amo, Dom. Mas não gosto da pessoa que você se tornou, dos seus reclames e a sua insatisfação com a vida. Não gosto da forma como você me deixou livre demais para viver os meus sonhos.

Desculpe despejar sobre os seus ombros a responsabilidade do nosso quase fim. Talvez você esteja certo quando diz que tudo para mim é prioridade e que assim vou vivendo uma vida faz de conta. Talvez eu erre muito com você, mais até do que eu realmente confesso. Desculpe por ser assim tão sonhadora e desejar sempre o fogo dos apaixonados. O problema é que eu não consigo ficar indiferente às nossas fotos, aos e-mails que ainda guardo e às recordações do início que ainda mantenho guardadas em um relicário.

Eu te amo, Dom. 
Mas nem sempre o amor é capaz de manter uma relação.


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