segunda-feira, maio 15, 2017

Largo tudo se a gente se casar domingo.


 
 
Sábado.
 
Fecho os olhos e consigo lembrar teu primeiro sorriso: largo e acolhedor. A vida é mesmo muito maluca. De repente estou ali, cortando alguns papéis e em poucos segundos estou mergulhada no olhar de um desconhecido. Poucos metros nos separavam. O teu olhar me fitava curioso como quem desvenda um mistério. Sorri de volta, timidamente. Sem perceber que dentro de mim algo novo nascia. Aproximei para recepcioná-lo e teu abraço pareceu um moletom a me envolver. Eu não parecia estrangeira entre os teus braços. Parece que fui feita para estar ali.
 
A gente tem uma mania de embonitar a vida. De esperar por encontros hollywoodianos ou cenas cinematográficas. Quando na verdade as melhores histórias acontecem assim, ao acaso, em um sábado à tarde, num lugar improvável e cheio de pessoas. A gente espera tanto aquela clássica derrubada de papéis, ou encontros em aeroportos, mas nunca espera um sorriso convidativo ou um abraço que parece casa.
 
Você me veio aquela tarde para mostrar o quão bonita é a vida. Para despertar em meu coração emoções desconhecidas e me fazer acreditar que sentimentos bons nascem em quaisquer circunstâncias. Você nasceu ali, como um feijãozinho enterrado em um pedaço de algodão, nasceu timidamente, sem muitas perspectivas e de repente suas raízes se alastraram por todos os meus cômodos. Tive que abrir janelas e escancarar as portas. Tudo por conta do teu sorriso-casa. Teu sorriso-lar. Teu sorriso-vem-morar-em-mim. Fui.
 
A gente sabe que é casa de alguém. Dá pra sentir quando se acomodam dentro de nós. Quando desfazem as malas e arrumam suas coisas. As roupas se misturam, as escovas se beijam, as peças íntimas dividem a mesma gaveta. A gente sabe que é a casa de alguém quando abrem as nossas janelas para o sol entrar, quando têm zelo por nossos quartos, e amor por nossas paredes. Somos casa de alguém quando no mundo há mil lugares a ir, mas nenhum se compara a nós. Quando fechamos a porta de casa e colocamos a chave no bolso. Vou só até a padaria, amor. Eu já volto.
 
E você me volta sempre. Volta com o mesmo sorriso-casa, sorriso-lar, sorriso-vem-morar-em-mim, e eu sempre vou morar em ti. Porque "quando eu te vi fiquei paralisado". E sim, eu largo tudo se a gente se casar domingo, segunda ou qualquer dia que tu desejares.
 
 
 

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